terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Clássicos da Literatura Marada: «Romance da Raposa», de Aquilino Ribeiro

Há muitos anos atrás, um ilustre letrado meu professor, de cuja companhia nós, os vivos, já tivemos a infelicidade de ficarmos privados, olhou para um escrito meu e perguntou-me se eu já tinha lido algo do Camilo Castelo Branco.

- Sim. - respondi. Ele volveu:

- Qual?

- «Amor de Perdição».

Logo se indignou:

- Epá, o «Amor de Perdição» é uma [palavra substituída por «caca»]! E do Aquilino Ribeiro?

E devolvi-lhe, para pena dele:

- Não.

Longo tempo depois, tive oportunidade de ter perante mim a mais célebre obra de Aquilino Ribeiro. Está bem, sem contar a alegada co-autoria do Regicídio. Falo, pois claro, de «Romance da Raposa». Um exemplar destes mesmos.

 

Para quem não se lembra, até se fez uma série de desenhos animados a partir deste livro há umas quantas décadas.

 

Este foi um conto que o autor escreveu para oferecer a um dos seus filhos pelo Natal do conturbado ano de 1924. É a história de uma raposa, a Salta-Pocinhas, nome pelo qual, aliás, toda a gente conhece este conto. Tendo crescido, viu-se forçada a sair da alçada dos pais. Daí em diante, vê-se metida em toda a espécie de encrencas, umas vezes de barriga cheia, outras esganada de fome. Porém, consegue sempre safar-se recorrendo a embustes, pilhagens, vigarices, enfim, a lixar o próximo.


A narrativa é engraçada mas acarreta dois problemas. Um é que parece ter princípio e meio mas não um fim definido, ou seja, um desenlace para toda a trama. Os acontecimentos limitam-se a sucederem-se. O outro é que o conto é um verdadeiro banho de sangue e uma ode à vigarice. Portanto, uma coisa para crianças à moda da Primeira República. Parece que a moral da história, a havê-la, é «se fores sério e honesto, nunca serás alguém na vida».


Veredicto: o «Romance da Raposa» é uma história interessante, esplendidamente bem escrita mas vazia de qualquer lição de vida séria ou bom exemplo e com uma dose de violência que jamais se pode coadunar com algo destinado a um público infantil. Outra coisa não seria de esperar de um escrito fruto da mente dum carbonário regicida acagaçado e gabarolas. Sim, foi isso que eu chamei ao Aquilino Ribeiro, indigno do Panteão Nacional, já agora. Chegamos ao fim do livro com um sabor amargo a que faz falta ali qualquer coisa. Uma pena, pois parecia um bom ponto de partida para uma obra de excelência, se tivesse sido revista e lhe tivessem limado as arestas.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!



sábado, 31 de outubro de 2020

O Regresso da T.G.V.-Mania: Tolice a Grande Velocidade

 Com o país de novo em processo de recessão, a sofrer uma queda abrupta do produto interno bruto e uma subida da dívida pública por causa do COVID-19, depois de um surpreendente 2019 que conheceu o primeiro excedente orçamental desde o Estado Novo, eis que o Governo anuncia uma medida estratégica para a economia. Reduzir as despesas em subvenções vitalícias? Reduzir as chefias e grupos de consultadoria em número e honorários? Acabar com as ruinosas parcerias público-privadas? Rescindir os altamente prejudiciais contratos de concessão? Parar de financiar bancos privados falidos? Reduzir os impostos sobre a produção e o consumo e investir nas empresas públicas que ainda restam para incentivar a economia? Não: a construção de uma nova ligação ferroviária entre Lisboa e Porto para o trânsito de T.G.V....


Onde é que eu já ouvi isto? Será aquela doença francesa outra vez, o «déjà vú»? Afinal estamos em 2020 ou cerca de uma década antes? Não sou contra o T.G.V., embora goste de coisas mais vagarosas, mas fico a pensar no seguinte. Não haverá algo melhor em que gastar o dinheiro que, aliás, nem sequer existe? Sim, é que o Estado Português há décadas que é deficitário. Portanto, que tal pagar as dívidas primeiro assim que houver alguns tostões?


E já agora, muitas das estradas nacionais estão uma lástima. Desde que a Junta Autónoma das Estradas foi inexplicàvelmente extinta nos anos 90 em prol de uma má privatização, o costume, que a rede viária estatal está quase ao abandono. Que tal restaurar a instituição e, porque não, as estradas?


E quem diz isso, porque não fazer o mesmo a outras empresas e instituições públicas extintas entretanto ou num estado lastimoso?


E uma vez que se começou a falar em comboios, note-se que metade da rede ferroviária portuguesa está ao abandono, bem como a generalidade das estações e demais estruturas, cortesia social-democretinata, certo, Senhor Cavaco? E que tal restituir a Companhia dos Caminhos-de-ferro Portugueses à sua condição anterior a esse malfadado executivo, recuperar infra-estruturas deterioradas que ainda subsistem e refazer as que forem possível refazer.


Como se vê, há muito por onde o Estado gastar dinheiro assim que o tiver e que é prioritário neste sector apenas. Isto é como uma obra: não se vai construir um primeiro andar, por muito sólido que seja, sobre uma rés-do-chão em ruínas, pois não?


Senhores que nos governam, vamos lá ganhar juízo, está bem? 


Que a caca esteja convosco!



P,S,: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

A «covidice» continua: advertências e sugestões minhas

 A situação está complicada, como disse, mas não é nada que não se antevesse com grande e óbvia previsibilidade. Como dizia Camões: «Rei fraco faz fraca a forte gente». Mas atenção, o nosso Primeiro-Ministro está a apresentar agora mesmo as novas medidas. Sempre quero ver o que vai sair daí. Espero que as decisões tomadas sejam sensatas e firmes, como eu sempre tenho dito desde o princípio e em particular desde o aliviar da situação, em Junho e Julho.


O Governo tem agido tarde, quando a situação já é muito grave e muitas vezes por pressão do Presidente Marcelo (se não é, parece) ou depois das autarquias e da população terem tido iniciativas por conta própria. A fiscalização das normas decretadas é pouco ou nada levada a cabo e a punição pelas infracções só não incorre em incoerência face à libertação de prisioneiros porque ninguém vê quem quer que seja a ser punido. E depois, que sentido faz proibir a circulação entre concelhos se a mesma se pode continuar a fazer de avião e comboio? Será que o coronavírus tem preferências ou tem medo de andar de avião e comboio?  E deve estar ao abrigo das regras do Espaço Schengen pois ir de Castro Verde a Almodôvar não pode ser mas saltitar de Portugal para Espanha e vice-versa tudo bem. Que sentido é que isto faz, Senhor António Costa? Por este andar, ainda haveremos de contar com uma terceira e uma quarta e uma quinta vaga e por aí a fora.

 

Quanto a mim, um ignorante, claro está, Não quer dizer que Portugal devesse paralizar outra vez. O que sugiro é um conjunto de acções mais localizadas, tais como as velhas e eficazes cercas sanitárias. Havendo um surto em determinada instalação, localidade ou região, esta ficaria com saídas e entradas interditas ou condicionadas e sujeita a um confinamento geral ou parcial, conforme os casos asim o exigissem. Tal solução, se bem vos lembrais, caros pombos amigos, foi empregue no Concelho de Ovar e nalgumas freguesias da Madeira e dos Açores, por exemplo.


Naturalmete que faz todo o sentido não direi um encerramento mas um mínimo de controlo de fronteiras, embora a primeira fosse mais desejável, tendo em conta a gravidade da situação no estrangeiro, em particular logo aqui ao lado, em Espanha. Poderiam assim passar infectados à mesma mas muitos seriam logo ali detectados, barrados e encaminhados para tratamento.


Por fim, controlo eficaz e punição dos infractores, sem os quais todo o resto é inútil.


Depressa se verão as melhorias, garanto. E se for preciso parar tudo de novo, qual o mal? Se todos morrermos, deixará de haver economia para salvar. Porém, se continuarmos assim, não me parece que cheguemos a algum resultado positivo.


Vamos lá ver agora o que o Governo tem para nos apresentar.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!


Stay Away Stupid

 O número de infectados pelo novo coronavírus está a aumentar a um ritmo alarmante, como era previsível. Um pouco por todo o Mundo, em particular na Europa, a segunda vaga da pandemia está desde há tempo demais a ganhar força e as autoridades tomam medidas ou retomam-nas após um período de lamentável relaxamento ou até desleixo. Quer dizer, não as portuguesas, que já durante a primeira vaga foram pouco rigorosas.


Recentemente, o Governo apresentou algumas hipóteses, de entre as quais se destaca a polémica eventual obrigatoriedade da aplicação de telemóvel Stay Away Covid. Falsa polémica, quanto a mim. Porquê? Porque jamais poderia ser posta em prática, independentemente de qualquer questão ética. Isto porque nem toda a gente que tem telemóveis capazes de comportar tal aplicaç a sabe usar ou sequer instalar. Aliás, nem todos têm telemóveis capazes de comportar a aplicação. Na realidade, e apesar do que as estatísticas possam dizer comparando o número de aparelhos em relação ao de habitantes do país, nem todos têm sequer telemóvel. Portanto, logo à partida, a proposta estaria estaria destinada ao falhanço.


Talvez fosse boa ideia o Governo deixar-se de palermices e começar a tomar medidas como deve ser. Mas isto digo eu, que sou ignorante e nada percebo de governação, quanto mais política.


Que a caca esteja convosco!



P.S.( não o do Governo): NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

terça-feira, 6 de outubro de 2020

E o Óscar vai para... parvoíce!

Eu nunca liguei aos grandes prémios do cinema, os Óscares. A sua atribuição é fortemente politizada e há uma tendência para premiar dramas apesar da manifesta qualidade técnica e interpretativa de outros géneros, em particular para com comédias e ficção científica, por muito bons que sejam. Pois recentemente, a Academia deu mais um passo para a limitação da atribuição destes galardões e a confirmação daquilo que acabei de referir com a publicação de novas regras para a elegibilidade dos nomeados.


De acordo com estes princípios, um filme só será nomeado se tiver um número mínimo de etnias minoritárias ou tratar de assuntos a elas referentes.

 

Os candidatos a Melhor Filme terão ainda de cumprir dois de quatro requisitos:

- que o protagonista do filme seja oriundo de uma minoria étnica;

- pelo menos 30% dos papéis secundários sejam atribuídos a quem seja oriundo de uma minoria étnica;

- o tema principal verse sobre os problemas de uma minoria étnica;

- que as figuras principais dos bastidores provenham de «grupos històricamente desfavorecidos», tais como mulheres, deficientes, homossexuais (lésbicas incluídas) e trans-sexuais, por exemplo.


Já estou a ver um filme candidato aos Óscares sobre uma mulher lésbica toda atrofiada de uma tribo perdida algures entre os Himalaias e as florestas húmidas da Cochinchina...


Tudo bem, parece-me justo dar relevo aos problemas dos que não costumam ter voz activa mas há algo que se sobrepõe a toda esta questão, a qual se manifesta em duas perguntas.

1 - Será este o meio ou a forma correcta de chamar a atenção para estes problemas?

2 - Em que é que estas medidas ajudam a refinar a qualidade da técnica, das interpretações e, em suma, da Sétima Arte?


Acho que não é preciso ser muito esperto para adivinhar as respostas.


Mais um tiro no pé da Academia.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Cuidado com ele (Parte 2)

 Já que andamos nisto, aqui vai mais uma pergunta. Qual é, de momento, o lugar mais perigoso do Mundo. Ninguém sabe? Pois é em Portugal.

Como se pode ver, é uma povoação bastante aprazível.


Sim, é COVIDE, localidade sede de freguesia do Concelho de Terras de Bouro, Distrito de Braga, bem plantada numa das mais graciosas e luxuriantes províncias portuguesas, o Minho. O pessoal aqui parece ter ar assustado mas é só aparência: apesar do nome, até agora não há notícia de infectados no local.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Cuidado com ele! (Parte 1)

 Qual é o jogador com o ataque mais perigoso do Campeonato Nacional de Futebol? Como não podia deixar de ser:


CORONA!


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Coronatrampa. Perdão, Trump!

Donald Trump e a sua esposa Ivanka foram contagiados com o novo corona vírus.

 O que é que eu disse ainda há uns tempos? Eu avisei.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Avante, Coronada, Avante!

É curioso. Num tempo em que festas, festivais e grandes ajuntamentos de gente em geral estão proibidos por causa da pandemia, o Partido Comunista não quer sequer ouvir falar da hipótese de abrir mão da realização da Festa do Avante. Desta feita, e dê por onde der, o grande evento de abertura da temporada política comunista realizar-se-á mesmo de 4 a 6 de Setembro.

Ficamos então a pensar. Que espécie de democracia vem a ser esta em que uns merecem mais que os outros e impõem aliás a sua vontade às entidades públicas? Porque é que o P.C.P. merece este privilégio mas a organização do Festival do Marisco ou das Sardinhas ou dos Tremoços daqui ou dali ou das feiras medievais ou das romarias da Santa Qualquer Coisa ou dos Ermais e Paredes de Couras e Sudoestes e outrens não? O que tem este evento de mais importante que os outros? Será que o coronavírus é selectivo? Será que o Comunismo é repelente de Covid-19 e os seus militantes são assim imunes? Vai na volta e ainda dizem que o coronavírus é social-democrata! Não consigo compreender.

Uma coisa é certa. Muitos dos comerciantes da zona decidiram fechar as portas por estes dias temendo os ajuntamentos e uma maior probabilidade de contágio. Daqui a uns tempos veremos se eles têm razão ou não. Porém, se ficam muito bem na fotografia, os camaradas do Comité Central é que não o ficam nada bem com tamanha imprudência. Uns aprendem, outros não.

Enfim, como diz a canção, «Avante, coronada, avante...».

Que a caca esteja convosco!


P.S.( embora aqui quase pudesse ser P.C.P.)
: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Novo Banco, Velha Bancarrota

Finalmente saiu a auditoria que o Governo mandou fazer às contas do Novo Banco. Entre 4 de Agosto de 2014 e 31 de Dezembro de 2018, a entidade resultante da resolução do Banco Espírito Santo somou um prejuízo de cerca de 4.042.000.000 (sim, quatro biliões e 42 milhões de euros, ou 4042 biliões, como hoje em dia se diz muito) de euros. Só para termos uma ideia melhor da dimensão do buraco negro e para agradar aos saudosos da nossa antiga moeda nacional, convertendo isto dá cerca de 810.348.244.000$00 (oitocentos e dez biliões, trezentos e quarenta e oito milhões e duzentos e quarenta e quatro mil escudos)!

Há muitos anos que eu digo duas coisas. Uma é que os sucessivos governos têm lidado muito mal com as questões relativas à banca. Falta fiscalização e justiça, o que, tal como noutras áreas, tem fomentado um clima de impunidade. Outra é que, sempre que um banco vai à falência, mais valia que as contas e todos os demais investimentos fossem pura e simplesmente liquidados, entrando o Estado com o que o banco em causa não tivesse. Sem dúvida que sairia muito mais barato ao Erário Público e aos contribuintes, ambos constantemente depauperados com as más condutas alheias.

Tenho dito, aposto, ponho as minhas mãos no fogo e que sirva de lição. Infelizmente, acho que vai continuar tudo na mesma. Toca de arrotar!

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Coronobifíces e covidalarvidades televisivas

Eu sei, estou farto de falar e ouvir falar da pandemia. No entanto, isto é como com os políticos: é manter a situação debaixo de olho que é para saber em que camas nos deitamos. Por isso, aqui vão mais duas bostecadas pombalinas.

 

I

Deixou de ser obrigatória quarentena de quem vá de Portugal para o Reino Unido. Os empresários da hotelaria, em especial no Algarve, regozijaram-se com a decisão do Governo Inglês. Segundo me parece, a população nem por isso. Nas horas seguintes, choveram reservas de viagens e estadias na região mais meridional de Portugal por parte de súbditos de Sua Majestade Isabel II, apesar dos preços dos terem triplicado ou mais, e dezenas de voos foram levados a cabo. Em poucos dias, a procura teve um aumento de 700%!

 

Se a situação me parecia aflitiva com tantos focos de doença e o comportamento irresponsável de muita malta de cá e de turistas quanto baste, como  não o há-de ser com o país agora a fervilhar de britânicos que, na sua maioria, é sabido por todos, não primam nem pela cautela nem pela sobriedade e nem pela esperteza e para mais vindos de nações cujos cenários são preocupantes? Quanto aos empresários, economistas e governantes pode estar tudo contente mas asseguro-vos que, entre a generalidade do povo miúdo, melhor seria que a quarentena se tivesse mantido nas Ilhas Britânicas ou então, não a havendo, que fosse feita à chegada de Portugal. Porém, já se conhecem os políticos portugueses.


II

Há dias atrás, creio que Sábado, vi no programa «360º» da R.T.P. 3 um comentário à situação de um convidado cujo nome não fixei. Ainda bem porque o meu cérebro tem mais que se encher que com estupidez que não a minha. Digo eu isto pela razão de ter ficado estupefacto com a surrealidade das afirmações do «especialista». Não vi a entrevista desde o início e apeteceu-me antes ir dormir do que ficar a ouvir tantos disparates juntos mas, entre outras coisas, fiquei espantado com o indignado apelo, quase ordem, que ele fez à comunicação social para parar com o fomento ao pânico perante o Covid-19, desvalorizando a pandemia, sua importância e consequências. Pois parece-me que essa alegada estratégia da comunicação social não tem tido grandes resultados, a avaliar por muitos comportamentos que se vêem. Boquiaberto e indignado então fiquei quando classificou o confinamento como uma parvoíce dos cientistas ou coisa parecida, não me lembro bem mas a volta é a mesma. Talvez ele ignore, na sua pequenez mental, que esses dias de recolhimento foram cruciais para evitar um cenário de maior gravidade, como se tem verificado noutras partes do Mundo.


É triste ver que há quem não veja o óbvio e não aprenda a lição. Há uns cujas lições peguem. Outros nem por isso. É este o caso. Cromos destes não prestam para a nossa caderneta.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

quinta-feira, 23 de julho de 2020

O Regresso de Jorge Judas

Está tudo doido.

Quando, em 2009, Jorge Jesus, então treinador de futebol do Sporting de Braga, se pôs a falar mal do Benfica, toda a gente começou a dizer logo que ele queria ser e ia ser o próximo treinador dos encarnados alfacinhas. Na altura, eu disse que era um completo disparate pois tudo parecia indiciar precisamente o contrário e que ele não iria nada treinar a equipa dum clube que tanto desvalorizava. Para minha surpresa, eis que ele apareceu mesmo à frente da equipa técnica, tal como o profetizado. Sim, profetizado. Nenhum argumento ou linha de raciocínio lógico o permitia afirmar. Logo, tal audaz afirmação só pode ser obra dum sapateiro de Trancoso em versão revisitada.

Em 2015, após uma temporada de sucessos, foi dito o contrário, que ele sairia e, pior ainda, para o Sporting. Mais uma vez achei isso uma parvoíce e lá me surpreendi de novo. Daí em diante, passei a alcunhá-lo sempre de Jorge Judas. Parece que não fui o único. A diferença é que ele nunca teve vontade de se pendurar numa figueira. Talvez não tivesse quem lhe indicasse o caminho.

Agora que estava em grande no Flamengo, aparece uma pseudo-polémica (que as gentes do Brasil são, em geral, tristemente apreciadoras dum bom escândalo) inexistente, ao que tudo indica, com uma senhorita de categoria como manda a Lei, ou não fosse Ana Paula Belinger advogada. De imediato, houve logo quem bradasse aos céus e os ventos espalhassem o boato segundo o qual Jorge Judas regressaria ao Benfica. Disse logo eu, sem qualquer hesitação:

- Mas está tudo doido? Ele outra vez no Benfica? Qual quê! O homem nem sequer é bem-vindo, ele nunca faria uma coisa dessas. É uma parvoíce como a do Mourinho voltar. Essa história é uma completa estupidez.

E como «três foi a conta que Deus fez», foi anunciada a contratação para a volta de regresso a Lisboa. E eu, apesar de Migas-o-Sapo, lá tive de engolir mais um dos meus congéneres, desta feita pela terceira vez. Resta saber é se assistiremos a uma confirmação da sua traição à Luz ou a uma redenção sua que o reconduza à santidade condicente com o seu glorioso apelido. Os almanaques e anais da história desportiva narrarão para as gerações vindouras os episódios que hoje os paineleiros e jornalistas da imprensa cor-de-bola apenas adoram conjecturar.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!



terça-feira, 7 de julho de 2020

Ironias do Destino: Bolsonaro Coronado

Eu sei que já chateia falar e ouvir falar tanto de COVID-19 mas esta é tão deliciosa que não pude resistir.

Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil, protagonizou uma sequela do ocorrido com Boris Johnson. Tanta troça fez desta nova pneumonia viral, a desvalorizou e rejeitou qualquer cuidado, atacando quem se apresentava mais sensato, que agora começou a apresentar sintomas da maleita. Fez os exames e estes acusaram positivo. Sim, Jair «Bolsonabo» foi contagiado pelo novo coronavírus.

Isto é que é mesmo ironia do destino. Pode ser que agora comece a levar a sério o problema que mata em peso no seu país, já para não falar no resto do Mundo, ganhe juízo e tome medidas.

Donald Trump que se ponha a pau, é o palerma que se segue.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Futebolopandemices

Escreve-vos isto quem tem à cabeceira da cama um quadro emoldurado do seu clube desportivo e, logo ao pé, um outro com o emblema. Pode parecer que o que eu vou dizer é fruto da circunstância dos resultados mas não é. Quem me conhece, sabe que eu sempre disse isto.

Apareceu o novo coronavírus. Começou a andar tudo por aí pneumónico e as competições desportivas foram, naturalmente, canceladas. Enquanto perdurou o estado de emergência, com o seu dever de confinamento, nem tampouco se ouviu falar de futebol. Aliás, nem sei como é que os vários diários futebolodependentes e pseudo-desportivos conseguiram sobreviver. Entretanto, passou aquela fase e o Campeonato Nacional de Futebol recomeçou. Quer dizer, só o masculino... de séniores... e da Primeira Divisão. E pronto, ficou tudo estragado.

Em primeiro lugar, interrogo-me ainda hoje quanto ao que justificaria uma situação de risco de contágio só para o entretenimento dum público ausente. Aliás, que piada tem jogar ou sequer assistir a uma transmissão televisiva ou radiofónica num recinto vazio, silêncioso, isento daquela matéria que faz os jogadores vibrarem, a batucada dos tambores, o toque das cornetas, os gritos, os assobios, os cânticos, o catalisador da euforia de quem disputa a partida, nos bancos, no campo ou à distância?

Em segundo lugar, porquê apenas retomar esta competição e não as outras? Esta tem mais direito que as outras ou quê? Então não somos todos iguais?

Problema: dinheiro. Este campeonato de futebol movimenta muito dinheiro, seja em publicidade, direitos de transmissão televisiva, transferências e tantas outras razões.

Outra questão ainda. Enquanto durou o confinamento, a comunicação social era mìnimamente visionável, se fizéssemos um pequeno esforço para ignorar a sobredosagem letal de pânico e aborrecimento com as referências quase exclusivas a COVID-19 nos noticiários. Agora regressou o circo mediático em torno do futebol, com os seus inúmeros comentadores, boletins, folhetins rascas, pseudo-polémicas e fofoquices sem qualquer interesse que fazem a anestesia geral da população nas últimas décadas. E já que falamos em coronavírus, sempre quero ver como é que vai ser quando o campeonato acabar. Lá vamos ter a Rotunda do Marquês ou, cenário mais provável, a Avenida dos Aliados a fervilhar de gente eufórica. Como se não bastassem já os ajuntamentos estúpidos e as inconsequentes e inexplicáveis festas que se sucedem todos os dias e noites, para difusão de uma doença que estava quase eliminada há um mês e tal atrás. Oh, que chato, lá teremos uma cerca sanitária a Lisboa ou ao Porto, como há 100 anos, ou o retomar do confinamento. Mas é bem feita, que é para ver se as pessoas aprendem.

Na minha muito humilde opinião, ou todas as competições eram retomadas ou não era nenhuma. Dadas as circunstâncias, como é óbvio nenhuma. Ou se cancelava pura e simplesmente todas elas ou logo se as retomavam quando houvessem condições de segurança para isso, nem que para tal as crónicas e almanaques registassem de futuro uma época 2019-2021, por exemplo.

E aqui fico a pensar no quanto miseráveis nós somos, pondo os interesses económicos e o nosso divertimento à frente da sensatez. Não há dúvida que nós, os Portugueses, estamos na curva descendente... mas da nossa civilização.

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 19 de abril de 2020

Manifestações pró-não-reeleições?

Por incrível que possa parecer, têm-se verificado no Brasil e nos Estados Unidos da América manifestações a favor de, respectivamente, Jair Bolsonaro e Donald Trump e exigindo o fim das medidas de restrição impostas para evitar a disseminação do novo coronavírus. Acho bem os apoiantes destes dois e outros que tais se juntem todos e se manifestem. Pode ser que assim não venha a sobrar nenhum palerma que os reeleja.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Pandemia que chateia pandemia dá 100 anos de alegria

A disseminação da pneumonia viral que nos assola hoje em dia tem tido, apesar de tudo, um efeito à partida inesperado. A obrigação de uma parte considerável da Humanidade em ficar confinada à sua residência provocou uma diminuição drástica do uso de veículos automóveis e muitas empresas de transportes públicos, em particular as companhias aéreas, que têm sido mais afectadas, reduziram consideràvelmente o seu tráfego ou paralisaram de um todo. Muita da indústria também teve de encerrar as portas a título provisório, ainda que indefinido. Desta forma, o consumo de combustíveis fósseis e a consequente emissão de substâncias poluentes quer para a atmosfera quer para os solos e as águas tiveram uma quebra significativa.

Graças a isso, temos podido assistir ao desaparecimento da característica névoa negra que obstrui a visão de muitas cidades por todo o Mundo, com particular notoriedade na China, ao regresso ao ar fresco e puro, aos aromas naturais e ao silêncio acompanhado do canto das aves em núcleos urbanos. A concentração de gases perigosos para a saúde diminuiu e as águas dos cursos de água clarearam como já poucos se lembravam. É assim que temos de novo e por exemplo Wuhan de novo com céu azul, veados em Odivelas e peixes de regresso aos canais de Veneza.

O problema é que o novo coronavírus há-de passar e os humanos hão-de continuar por cá. Sabendo como as pessoas são, será que aprenderemos a lição e nos esforcemos agora por manter este travão forçado à destruição do planeta e de nós próprios? Receio e lamento que não. Porém, pode ser que de entre os 6 biliões e tal que nós somos, alguns saibam reconhecer o benéfico dano colateral que o Covid-19 nos tem trazido por alguns instantes e, mais do que isso, que pandemia a sério somos nós. Não tenho a menor dúvida que os humanos é que são o verdadeiro mal do planeta. Pois se não nos transformarmos em benefício para a Terra e continuarmos a arruiná-la como temos feito até agora, então pode ser que esta ou qualquer outra doença nos venha a mostrar que uma pandemia que nos trave talvez seja a melhor coisa que o Mundo viesse a conhecer.

Não queremos que isso aconteça, pois não? E gostas desta calmaria e limpeza que se verifica actualmente, certo? Então vamos lá aprender e fazer por mantê-las e virmos assim a tirar proveito do nosso pequeno berlinde espacial da forma mais sensata, produtiva e prazeirosa possível.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!


sábado, 4 de abril de 2020

Cinema Purgatório: «1941 - Ano Louco em Hollywood»

Vamos desanuviar um pouco mudando de tema. Acho que todos nós estamos fartos de ouvir falar em COVID-19.

Faz hoje uma semana, passou na R.T.P. Memória um filme que muito me fez rir. Aliás, há muito tempo que não me ria assim. Talvez desde algum «Sharknado» ou «Shaollin Soccer», sei lá.

Steven Spielberg é um génio do cinema, conhecido pelos sucessos de«E.T.», «Tubarão», «Hook», «Goonies»,  «Parque Jurássico», «Gremlins», «Regresso ao Futuro», sei lá, tantas maravilhas coroadas pela imperdível saga de Indiana Jones. Sim, eu sei, também fez coisas mais estranhas, como aquela falhada adaptação d'«A Guerra dos Mundos», e trágicas, de entre as quais «Munique», «Resgate do Soldado Ryan» ou «A Lista de Schindler». Portanto, tirando temporadas pontuais mais depressivas, introspectivas ou simplesmente infelizes, o Mestre Spielberg soube levantar o ânimo, com agrado e sentimento de confiança, dos espectadores. Não há quem se sinta em baixo depois de ver a maioria daquilo em que o homem teve a felicidade de pôr a mão! Contudo, ninguém estava preparado para a onda de bom humor, qual maremoto de gargalhadas, que com brutal impacto atinge quem vê «1941 - Ano Louco em Hollywood».

 O filme, gravado em 1979, o que pode querer dizer muito, é baseado num facto real mas que se passou em 1942, não 1941. A 7 de Dezembro de 1941 deu-se o ataque a Pearl Harbor e os Estados Unidos da América entraram numa vaga de paranóia, receando serem atacados por forças japonesas a qualquer instante. É neste clima de nervosismo que alguém alega ter-lhe parecido ver algo a sobrevoar o céu de Los Angeles na noite de 25 de Fevereiro de 1942. Num impulso, iniciam-se os disparos e toneladas de armamento, de entre as quais mais de 2000 projécteis de 5kg, foram usadas naquela noite contra qualquer coisa que o mais provável é que não fosse nada, até porque nunca nada se encontrou ou sequer se viu em concreto. No meio desta loucura, morreram seis pessoas, o que não foi mau, tendo em conta todo o estardalhaço, que podia ter acabado numa tragédia de proporções catastróficas. O episódio ficou conhecido como a «Batalha de Los Angeles», uma espécie de versão americana mais avacalhada e não tão desastrosa da nossa Guerra do Mirandum.
Fotografia real da «Batalha de Los Angeles», então veiculada na imprensa. Notem-se as tracejantes, o fumo das explosões e os focos de luz.

Pretexto ideal para um avacalho cinematográfico total. Em «1941», um submarino japonês alcança a costa americana dias após o ataque à base de Pearl Harbor. O objectivo é atacar uma posição emblemática do estilo de vida dos Estados Unidos que cause um sentimento generalizado de desmoralização entre a população norte-americana. O alvo escolhido foi Hollywood. Só que há dois problemas. Por um lado temos um submarino de fabrico nazi com instrumentos suíços mas muito rascas. Por outro, o desconhecimento quanto à localização de Hollywood, que julgavam ser na zona costeira, quando afinal é no interior. Começam então a haver avistamentos de japoneses e de outros confundidos enquanto tais. Se a isto juntarmos um concurso de dança que dá para o torto, uma secretária com um fetiche por aviões e um piloto aviador mais ganzado na ficção do que o actor que o interpreta era na realidade, então temos a receita para uma barrigada de riso imprópria para quem padece de incontinência.

Parece-me a mim que, parvalheira à parte, este filme pode ser entendido como uma crítica à paranóia e gosto por armas características dos Americanos. De resto, a acção é galopante e a conduta das personagens parece errática, sem lógica nem sentido. Mas e daí? Quem não gosta de umas boas cenas de pancadaria à antiga, explosões a montes e raparigas com vestidinhos todos pipis?  É como ver o «Prato do Dia» só que com a Filipa Gomes a cozinhar no meio de tiros e murros.

Veredicto: se achas que a tua bexiga não aguenta, usa umas fraldas mas, por amor de Deus, se queres passar um bom bocado, vê este filme e vais ver que não só não te arrependes como vais ficar a trautear a marcha que o fez John Williams durante dias a fio.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Breve História das Epidemias em Portugal

Tem-se falado muito de «coisa nunca vista», «inédito», jamais se conheceu», etc., mas a verdade é que esta situação que vivemos com o COVID-19 não é inédita. Sempre existiram doenças e provàvelmente sempre hão-de haver. Mesmo epidemias também se verificaram muitas. Vejamos aqui uma brevíssima súmula delas em Portugal.

As informações para épocas mais recuadas da História são escassas mas, ainda assim, restam indícios de tragédias ao longo da Idade Média e da Idade Moderna.

1348 - Peste Negra - Chegou durante o Outono, trazida por mercadores vindos da Península Itálica. Matou entre um terço e metade da população nacional e deixou o país mergulhado no caos. A cada geração apareciam novos surtos, o que se prolongou até ao final do século XVII. De entre estes, alguns tomaram dimensão de epidemia. Porém, este primeiro foi o pior caso.

1569 - Grande Peste de Lisboa - Nova epidemia de peste negra, a qual foi particularmente preocupante em Lisboa, onde chegaram a morrer cerca de 600 pessoas por dia, num total estimado de 60.000 vítimas mortais.

1650 - Última epidemia de peste negra em Portugal.

Do século XIX em diante há mais informações. No entanto, não é só pelo conhecimento mas pela ocorrência que se pode concluir que este século e as primeiras décadas do seguinte foram o período mais crítico no que respeita a epidemias.

1833 - A cólera-morbo chega ao Porto durante o cerco aquando da Guerra dos Dois Irmãos, trazida por soldados provenientes da Bélgica para reforçar as hostes de Dom Pedro IV. Desconhece-se o número de vítimas mas terão sido mais que a causada pelo conflito que opunha liberais a absolutistas.

1855 - Inicia-se em Maio outro surto de cólera-morbo que alastrou a todo o país. Durou até 1857 e são conhecidos pelo menos 22.700 mortos.

1895 - Novamente a peste negra em Macau, grassando aí até ao fim do século. Talvez a partir daí, chegou ao Porto em Junho 1899, onde se prolongou até Janeiro de 1900. Apesar de tudo, dos 326 casos conhecidos nesta cidade, há a lamentar 111 mortos.

1917 - Tifo exantemático - novo tipo de febre tifóide. A epidemia prolongou-se desde Dezembro deste ano até Agosto de 1919, cifrando-se em 1481 mortos de 9035 infectados conhecidos.

1918 - Simultâneamente ao tifo, espalharam-se outras duas doenças, ambas de Junho a Dezembro. Uma foi a varíola, cujo número de infectados e mortos é desconhecido, em muito por causa da agressividade da outra doença, que abafou esta. A gripe pneumónica, conhecida por gripe espanhola, terá matado, de acordo com as estimativas da época, cerca de 59.000 pessoas. Porém, estudos mais recentes apontam para 135.257, de acordo com o estudo de Maria Antónia Pires de Almeida para o ISCTE.

Se formos a ver as medidas adoptadas durante estas epidemias e outros surtos que entretanto se verificaram  nos séculos XIX e XX, verificamos que são idênticas às estabelecidas hoje em dia: encerramento dos estabelecimentos de ensino e da generalidade dos serviços públicos, bem como muitos dos estabelecimentos comerciais e de hotelaria e restauração; cancelamento de eventos desportivos e culturais, missas, procissões, romarias, feiras e mercados; montagem de cercas sanitárias e hospitais de campanha; limitações às deslocações e acessos a lugares; quarentenas obrigatórias; indicação para as populações ficarem em casa; recomendações de higiene; tratamentos, dentro do possível em cada época; entre muitas outras, só para citar algumas.

«Em equipa vencedora não se mexe», certo?

O que há a reter nisto tudo é que este caso não é novo e soubemos aprender, de tal forma que os surtos têm sido menos graves do que foram em épocas recuadas. Em geral, as epidemias tiveram facilidade em grassar devido à falta de higiene, fome, miséria e instabilidade causada por guerras e convulsões sociais. Com cautelas, higiene, boa alimentação, paz e tratamentos, tudo se passará sem tragédias ou problemas de maior e cá estaremos para perdurar e fazer dos tempos que hão-de vir épocas melhores. Sobreviveremos, como outros antes de nós.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Soltar presos? Humm...

Foi renovado, e bem, o estado de emergência. Porém, de entre as novas medidas apresentadas, uma há que tem levantado uma série de questões. O Governo pretende libertar presos como forma de evitar a propagação da pneumonia viral nas cadeias. Porém, quanto a mim, e acredito que para muitas outras pessoas, esta é uma péssima ideia. Isto pelas seguintes quatro razões.

1 - Segurança dos próprios prisioneiros -  Parece-me lógico que manter os reclusos nas prisões é uma forma de os manter afastados do novo coronavírus. Há quem diga que a sobrelotação das prisões pode levar a que, havendo um contágio, a doença depressa alastre entre presos, guardas e outros funcionários. É verdade. Por isso, seria sensato fazer era exactamente o contrário, cancelando e mesmo proibindo as saídas precárias e que tais, bem como cancelar provisòriamente as visitas, tomar medidas sanitárias básicas, fazer desinfecções frequentes, usar meios de protecção e fazer controlos mínimos à entrada e saída dos estabelecimentos prisionais. A médio prazo seria indispensável contratar mais pessoal e construir novas prisões, algo de que há muito se fala. É que os prisioneiros não são muitos, o que não falta é gente que devia estar presa, as prisões é que são poucas.

2 - Penitência - Quem comete um crime, deve cumprir a pena a que foi condenado. Em Portugal desabituámo-nos a isso mas é assim é que é justo e tem de ser.

3 - Legitimidade - Com que autoridade vai ser detido e preso qualquer desrespeitador do estado de emergência quando, ao mesmo tempo, se libertam presos? Não faz sentido, é o total descrédito do Estado. 

4 - Impunidade - Libertar prisioneiros só vai ajudar a acentuar e confirmar o clima de impunidade que tem minado o país nas últimas quatro décadas. Se já hoje se acredita que se pode fazer tudo e mais alguma coisa sem esperar qualquer consequência, que mão no país terão as autoridades se o próprio Governo der o aval a esta derradeira desresponsabilização? Lembremo-nos que a justiça sempre foi a base da manutenção de qualquer sociedade e a principal competência e dever dos soberanos desde o início da Humanidade.

Ai, ai, ai...

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Bolsonarices (só mais uma vez... de inúmeras)

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, parece tentar rivalizar com Trump no que respeita a dizer e fazer asneiras. Desvalorizando a presente pandemia, tem dito toda a espécie de disparates e não só recusa medidas de contenção e combate à doença como pretende ver é toda a gente na rua, a trabalhar, de preferência. Ele próprio tem aparecido rodeado de pessoas.

Recentemente disse que «todos temos de morrer um dia».

É verdade, concordo plenamente. Talvez ele devesse continuar a dar mais uns abraços e beijinhos e dar o exemplo de morrer que é para nós vermos se terá sido mesmo boa ideia.

Posso adiantar uma resposta a esta dúvida? Acho desnecessária, certo?

Vá lá, pessoal, toca de ter juizinho e protegermo-nos a nós e aos outros e que a caca, não o novo coronavírus, esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

terça-feira, 24 de março de 2020

O mistério do papel higiénico

Há uma coisa que me tem feito confusão e constato que também a muita gente e já assisti a isto pessoalmente. Não sei porquê, ainda mal se começavam a verificar casos de infectados com o COVID-19 em Portugal e tampouco se falava em estado de emergência e já haviam pessoas aos magotes a comprar montes de pacotes.

Pacotes de quê? Bolachas? Manteiga? Sal? Açúcar? Haxixe? Batatas fritas? Não, papel higiénico. E fica-se com a pulga atrás da orelha a interrogarmo-nos quanto ao porquê de determinada acção. Pus-me aqui a pensar e ocorrem-me algumas hipóteses para o fenómeno. Acredito que algumas delas possam verificar-se ao mesmo tempo.

1 - Toda a gente acordou de manhã, foi aos seus respectivos gabinetes dos azulejos começar o dia a pôr a escrita em ordem e então não é que muitos repararam que tinham o papel acabado ou quase a chegar ao fim? Então, ter-se-á dado uma afluência simultânea de proporções épicas, com todos ao mesmo tempo a raparem das prateleiras de mercearias e supermercados a fofa banda celulósica. Ninguém quer que o Trump ou a Merkel, entre outros, deixem de receber os nossos faxes, pois não?

2 - A malta amedrontou-se com a chegada do novo coronavírus e pensou que era melhor aviar-se de tudo um pouco para permanecer em casa tanto quanto possível e evitar sair à rua, tal como foi recomendado. Ora há que arrecadar material, papel incluído.

Há sítios piores que Portugal Na Austrália, a escassez era tanta que uma família decidiu encomendar 48 rolos de papel higiénico. Porém, enganou-se ao fazer a encomenda e vieram 48 caixas, o suficiente para 12 anos! Esta sim é a «Senhora dos Papéis»! «You shall not craaaap!»

3 - Depois há outra: mais gente em casa para mandar barro. Pois, é que eu fico em casa e tu também. Muitos não vão trabalhar fora, escola não há e agora é ficar sossegadinho entre quatro paredes mais um arraial de gente. É o que eu digo, há que arrecadar reservas, como os esquilos arrecadam bolotas. Agora imagine-se se a malta tivesse filhos como há uns 40 anos. Aí é que era preciso um orçamento rectificativo.

4 - Para além disso, é preciso ter agora certos cuidados para não contrair esta pneumonia viral marada. Como as luvas e máscaras estão esgotadas há perto de um mês, qual a hipótese mais prática? Uma pessoa vai a marcar um código numa caixa ou terminal de multibanco ou carregar num botão para entrar no prédio onde fica o seu apartamento ou para falar por um intercomunicador ou qualquer coisa que implique pôr o dedo onde metade da freguesia põe (sim, seus badalhocos irresponsáveis, e isso inclui as zonas passíveis de uso de parquímetro da moçoila de cabeleira postiça e meias chungas de renda à beira da estrada, se é que me faço entender) e sempre pode recorrer a uma ou duas folhinhas do seu precioso rolo, as quais podem ser descartadas logo a seguir, não vá elas ficarem impregnadas de mais que sebo e unhaca, também com COVID-19. De igual modo e pelas mesmas razões, uma pessoa tosse, espirra ou assoa-se e tem sempre ali à mão o papel. Sempre sai mais barato e dá para mais tempo um rolo de papel higiénico que 20 ou 30 pacotes de lenços.

5 - Estado de emergência! Está a malasanha por aí disseminada e nós temos de ficar em casa para evitar contactos e assim prevenir contágios. Ao fim de uma semana ou mais de confinamento, há sempre quem se comece a queixar de que não tem nada para fazer e está aborrecido. Os pirralhos também não ajudam e passam o tempo a chagar  juízo e fazer belharetas. Felizmente, preveniu-se amplamente com uma generosa reserva de papel higiénico. Dá para imensas coisas, desde serpentinas gigantes, como faziam nos estádios há uns anos, simulações de fitas nas metas de maratonas imaginárias ou interpretações alternativas d'«O Regresso da Múmia» como nem o Brandon Frasier e a Rachel Weiss alguma vez ousaram levar à grandiosa tela da sétima arte.

Será algum destes o teu motivo? Serão vários? Haverá outro? Já se sabe, a necessidade e a imaginação fazem prodígios, principalmente a escorrer tinta e dar motivos de conversa.

Boas mumificações celulósicas! E já agora, não sejas parvo: se puderes, fica em casa!

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 23 de março de 2020

Pandemia e sua gravidade

Fala-se hoje muito no quanto grave é este novo coronavírus. Porém, já tivemos pragas bem piores. Portanto, digo-vos, como tenho dito a muita gente nos últimos meses, pelo menos até me enclausurar em casa:

Mais grave do que esta doença é o quanto a Humanidade se tem mostrado vulnerável ao rápido alastramento de uma enfermidade.

Vamos todos ser prudentes e seguir as indicações das entidades. Veremos que em poucos meses tudo se resolverá.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Lógica democrática... não sei é onde...

O partido Chega apresentou uma proposta para a aplicação de castração química em casos de violação e pedofilia. Desta vez, até Bloco de Esquerda e Iniciativa Liberal se mostravam abertos a esse debate. Curiosamente, e ao contrário do que seria de esperar, Ferro Rodrigues, Presidente da Assembleia da República e socialista, negou a discussão da proposta alegando que esta era inconstitucional. E eu a pensar que aborto e eutanásia também o eram... E porque não perguntar também às vítimas se houve ou não inconstitucionalidades nos crimes que sofreram?

Interrogo-me acerca de como seria se a proposta tivesse sido apresentada por outro partido. Teria também sido negada sequer a sua entrada a apreciação? Não me cheira. E isto não é falta de olfacto, é grave falta de sensibilidade democrática.

Parece que, 46 anos depois, há políticos de topo que ainda não aprenderam as regras do jogo democrático.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Coronados

Não, não tenho estado com esta nova pneumonia viral, é só indisponibilidade do computador. No entanto, já que se fala nisso, como é agora quase exclusivo, devo dizer que a malta aqui em Portugal pode ser apreciadora, ao contrário de mim, de Sagres, Cristal ou Super Bock mas, apesar disso, há por aí hoje em dia muita Corona...

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Refinada Selecção: Dr. Camisinha

Vê-se cada coisa na Internet. Umas são parvas. Outras são interessantes. Outras são violentas. Algumas têm o engenho de misturar o interessante ao caricato como forma de cativar a atenção. Este é um desses casos: o do Dr. Camisinha. 

Rodrigo Martins decidiu criar um canal no Youtube acerca de educação e saúde sexual, visando principalmente a promoção de comportamentos preventivos de gravidezes indesejadas e a transmissão de doenças. Nada de mais, não falta propaganda nesse sentido. Acontece que esta destacou-se pelo médico em causa aparecer nos seus vídeos dissertando de bata e... chapéu-máscara em forma de preservativo.

A estratégia não é nova. De facto, muitos candidatos em eleições no Brasil, país de onde provém este doutor, recorrem a esta técnica como forma de chamarem a atenção. E resulta, não resulta? Há é um efeito secundário. Qualquer espectador chegará à mesma conclusão que eu: que, por muito interessante que os vídeos sejam e os seus conteúdos acertados e cientìficamente correctos, o mais certo é tudo degenerar numa barrigada de riso. Ainda assim, gargalhadas com erudição.

O pretendido está alcançado. Muito bem mesmo, parabéns!

Que a caca esteja convosco!!!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Cinema Purgatório: «Guerra das Estrelas, Episódio IX: A Ascensão de Skywalker»

Faz agora por esta altura dois meses que fui ao Cine-Teatro João de Deus (alguém se lembra de ter falado dele há uns anos, fechado e abandonado?) ver o derradeiro capítulo da «Guerra das Estrelas».

Antes de prosseguir, advirto apenas para quem não viu ainda o filme, e friso o «ainda», porque vê-lo-á decerto, que as linhas que se seguem contêm alguns detalhes sobre a acção. Portante, se é esse o teu caso, NÃO LEIAS MAIS, VAI ANTES VER O FILME!!!

Este é o episódio em que fica definitivamente explicado o porquê daqueles bacanos imperialistas dos episódios VII e VIII serem a Primeira Ordem. É que há uma Última Ordem, que são os manos que vêm a seguir para acabar o trabalho dos primeiros. Em suma, tudo gira em torno desta malta e da continuação da aprendizagem da Rey, bem como da verdade sobre a sua origem e a sua demanda por trazer o equilíbrio à longínqua galáxia....

(Espero que os fãs tenham percebido esta.)

Vi e, claro, adorei! Passado este tempo, ainda o filme não me conseguiu sair da cabeça, o que é, aliás, compreensível para um fã. O enredo manhoso e complexo, os efeitos especiais alucinantes, as batalhas e duelos de cortar a respiração, o regresso  do Palpatine... aaaaaaaaaaahhhh! Porém, há uma coisa ou outra que fica em suspenso na nossa mente. Uma é a agonia e morte da Princesa/General/ex-Senadora/o que quer que seja Leia, que me deve ter escapado entre as pipocas e ido parar goela abaixo. A outra é: se este filme é «A Ascensão de Skywalker» mas os Skywalkers morrem todos. Que raio de ascensão é esta? Só se a ascensão aos céus. Não quereriam antes chamar-lhe «A Extinção de Skywalker»?

É certo que ainda deverão pingar mais umas histórias paralelas para fazer render o peixe mas as salas de cinema nunca mais serão as mesmas com o enrolar da fita na última exibição desta brilhante produção.

Mais um filme épico a juntar aos clássicos imortais da História do Cinema. Espectacular, alucinante, brutal, imperdível!

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

sábado, 22 de fevereiro de 2020

Portugal a caminho da eutanásia

Pois é, eu sabia. As cinco propostas para a legalização da eutanásia foram todas aprovadas, por incrível que pareça, o que ajuda bem a ilustrar os políticos que nós temos. Claro que ainda falta chegar à produção e aprovação de um diploma mas, mesmo que o Presidente Marcelo e o Tribunal Constitucional o chumbem, as regras do jogo garantem sempre a passagem e entrada em vigor da nova legislação, ainda que constitua uma aberração ética, moral e legal. Enfim, é mais um passo no retrocesso civilizacional. A esperança que reservo ainda, porque é a última coisa a morrer e não está sujeita à eutanásia, é que depois de tempos, tempos vêm. Pode ser que, um dia, ainda venha a haver quem saiba e consiga para grandes males dar grandes remédios e endireitar este país neste e noutros muitos aspectos. Caso contrário, tudo indica que, por este andar, apenas se aguarde um único e derradeiro destino a Portugal: a eutanásia. Alguém duvida? Então é comparar com outros inúmeros exemplos na História e esperar para ver.

Da minha parte, toda a gente que me conhece sabe que, dê por onde der, apenas pretendo para mim a morte com dignidade, que é a da coragem para enfrentar as adversidades e de pé, como uma árvore, a resistir ao fogo que a consome. Assim é o guerreiro, assim é a honra, assim é a dignidade.

Longa vida a Portugal!

Que a caca esteja convosco!


PS.(nada a ver com o partido e seus outros parceiros de morte assistida): NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Eutanásia: descivilizacionização ou a questionável dignidade da morte

Vai dia 20 a votação na Assembleia da República um conjunto de propostas que visam a despenalização e legalização da eutanásia, a possibilidade de alguém, face a uma situação de doença grave e incurável, determinar a sua própria morte. Apesar da polémica que envolve um tema tão sensível, pouco se tem falado do assunto. Interrogo-me quanto a se não se deverá ao generalizado desinteresse da população pela política, causado pelo descrédito geral da classe e, muito em particular da sobredita instituição.

Eu sei. Estou já habituado a abraçar causas perdidas e antevejo já que esta será mais uma. Porém, pode toda a gente que vier chamar-me antiquado ou o que quer que seja que eu sou contra a eutanásia. De facto, sou tão contra que nunca a apliquei a nenhum animal meu, e já tive muitos, nem o hei-de aplicar, seja por que razão for. Nós, humanos, ainda temos abstracção de raciocínio suficiente para pensarmos além do nosso instinto de sobrevivência. Eles não, pois, em geral, neles impera a sua necessidade de auto-preservação. Portanto, duvido que algum cão ou gato ou vaca ou ovelha ou galinha ou ser que tal decidisse suicidar-se ou pedir que o matassem, pelo que nunca poderia tomar por eles uma decisão dessas.

Vamos ser absolutamente objectivos. Pondo de parte todas as questões religiosas, que dariam pano para mangas de discussão sem que se chegasse a grande conclusão, apresento seis razões para a minha total aversão à eutanásia.

1 - A LEI - Este deveria ser o ponto onde a problemática se deteria. O Artigo 24º da Constituição diz que «a vida humana é inviolável». Posto isto, uma proposta que visasse permitir a eutanásia nunca poderia sequer ser apresentada por violar a lei fundamental do país. No entanto, toda a gente sabe que a Constituição é letra morta. Ninguém a respeita nem faz dela caso. Neste aspecto, a despenalização do aborto já deixou isso bem patente.

2 - MÉDICOS  E ENFERMEIROS TRATAM - O pessoal que tão devotamente labuta nos hospitais e centros de saúde têm o dever de tratar os seus pacientes. Lembremos o Juramento de Hipócrates, proferido pelos recém-formados em Medicina, em que se professa a defesa absoluta pela vida humana. Ora matar é, por natureza, contrário ao seu ofício, pelo que jamais uma situação dessas seria possível. Médicos e enfermeiros tratam, não matam. Por outro lado, como se sentiria alguém ao ser tratado por quem deliberadamente e no exercício do seu ofício matou outrem?

3 - SUICÍDIO POR INTERPOSTA PESSOA, ISTO É, HOMICÍDIO - No fundo, a eutanásia é suicídio, só que por interposta pessoa porque, não podendo o próprio cometê-lo, deixa determinado que alguém o faça. Portanto, suicídio é alguém acabar com a sua própria vida. Então e acabar com a vida de outrem não é homicídio? Ou será que temos aqui uma dualidade de critérios? Como pode um estado proibir a morte de pessoas alegando a inviolabilidade da vida humana e castigar quem o faz e, ao mesmo tempo, não punir quem o leva a cabo só por ter sido a pedido de quem morre? Parece que, nestas circunstâncias, a proibição não é absoluta e a Lei, afinal, não é igual para todos.

4 - OPORTUNISMO CRIMINAL - E já agora, não dará esta despenalização azo a que haja ocasião de se levarem a cabo assassinatos disfarçados de eutanásias? É que, por muito bem feita, bem intencionada, restrita e cautelosa que qualquer lei seja, há sempre quem encontre formas de a contornar para fins ilícitos. Alguns dirão que assim não valeria a pena haverem leis. É verdade, há sempre o risco de ilicitude, até mesmo usando a lei a seu favor. Porém, se não se fizer uma porta, não se poderá por ela entrar, certo? Uma vez que uma lei que despenalize a eutanásia não só não é necessária como não é lícita nem se enquadra nos padrões culturais da civilização portuguesa, não faz sentido criá-la. Mantê-la proibida forçará qualquer homicídio a ser tratado como tal. Legislar em seu favor pode permitir a ocorrência de graves crimes dissimulados e/ou desculpados como eutanásia. Alguém duvida? Pois lembremo-nos, por exemplo, do encobrimento de alguns assassinatos por via, por exemplo, do cada vez maior recurso aos crematórios. Acho que é escusado enumerar casos.

5 - ABERTURA DE PRECEDENTE - Em Portugal, país em franca decadência, dirá desta época a História em séculos vindouros, há a mania, principalmente da classe política, de, não se querendo ou podendo resolver um problema, deixa-se de o considerar como tal e ignora-se-o. Nas últimas décadas, temos vindo a assistir a uma espécie de «holandização» do nosso país. Com a despenalização do aborto, a situação chegou a um patamar de maior gravidade, posto que já nem os bebés estariam legalmente a salvo. Uma eventual legalização da eutanásia abriria um precedente para algo de consequências difíceis de equacionar mas que podem ser imaginadas por algumas mentes mais catastrofistas, se tivermos em conta que a população se está a tornar envelhecida e, por consequência, de difícil sustento para os actuais moldes da Segurança Social e custo orçamental elevado para o Serviço Nacional de Saúde, como o tratamento de algumas doenças não necessàriamente relacionadas com a idade avançada também o é. Não sei se me estou a fazer entender. A Caixa de Pandora está aberta. Resta saber quando é que alguém a conseguirá ou sequer a quererá fechar.

6 - ESPERANÇA - Imaginemos que se legaliza a eutanásia. Uma pessoa tem uma doença terminal e decide pôr termo à sua vida. No dia seguinte à sua morte, é descoberto um tratamento inovador que lhe minoraria o sofrimento, melhoraria a qualidade de vida ou até permitiria a cura da sua enfermidade. E agora? Como é que é?

Para além disto, há ainda a discussão em torno daquele frequente argumento da parte dos eutanasistas segundo o qual a eutanásia permite a quem o desejar uma morte com dignidade. Expressão curiosa, «morrer com dignidade», decerto inventada e proferida amiúde e maioritàriamente por quem goza de plena saúde e tampouco faz ideia do que é ser digno. Partindo do princípio que a eutanásia é um suicídio por interposta pessoa, isto é, um suicídio para quem morre, depressa se põe em causa a alegada dignidade. O suicídio é apenas uma forma rápida de contornar um problema. Ainda por cima, uma forma cobarde pois contorna-o porque não o consegue ou sequer pretende enfrentar. Pior que isso, empurra a culpa e a responsabilidade do acto para cima de outrem, o que faz da eutanásia uma acção egoísta... e daquele a quem se recorre um homicida, como já vimos.

Muitos dirão que eu não sei do que falo mas eu digo que tenho a perfeita noção do sofrimento inqualificável que faz qualquer herói desejar o termo da sua tormenta pela via do finado. E é aí que se revela a verdadeira dignidade. A morte com dignidade é a morte do guerreiro, é resistir e lutar pela vida até ao último instante, haja ou não esperança; é resistir à tentação dos doces facilitismos; é encarar com a possível coragem o sofrimento e com humilde resignação, de espada e cabeça erguidas, o abismo do derradeiro destino. Morrer de pé, como as árvores, isso sim, é fazê-lo com dignidade e ser-se dado como exemplo e merecedor da admiração geral.

Contra mim falo pois só Deus sabe se não virei a padecer as mais cruéis tormentas de que aqui falo.

Caros leitores. Não desçamos ainda mais nesta escadaria da degeneração civilizacional que tanto tem afectado a pátria lusa em particular e o dito «mundo ocidental» em geral. A solução reside sempre na vida e na prestação de cuidados em prol dela, nunca nos facilitismos da morte.

NÃO À EUTANÁSIA!!!

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Insanidade trumpiana (só mais uma)

Vamos rir um pouco? Ao ataque!

Donald Trump disse:

«Jamais deixaremos o socialismo destruir o sistema de saúde americano.»

E eu pergunto: que sistema?

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

O Regresso da P(h)oda Camarária

Caros pombos amigos

Começamos a década com um tema clássico, de há uns 13 anos atrás, o qual motivou uma chamada de atenção ao município da minha área de residência por ver que, ano após ano, a situação se repete.

Creio ser a vontade de todos usufruírem de uma aprazível caminhada pelas ruas, seja em trabalho ou por simples lazer, e ainda, principalmente por parte das autarquias tê-las apresentáveis para que os numerosos visitantes o possam igualmente fazer com todo o agrado. Porém, é complicado levar a cabo tais intentos com o estado em que o arvoredo dos espaços públicos fica depois dos frequentes ataques de que padece.

Nos dias que se seguiram ao Natal, seguia eu pela estrada quando vejo uma equipa a levar a cabo podas às árvores. A questão aqui é se se pode chamar de «poda» a cortar as árvores de modo a deixar-lhes pouco mais que o tronco. No meu fraco entendimento, não.
(Na fotografia, exemplo há anos, em Olhão.)

Um serviço destes é uma infelicidade a todos os níveis. Em primeiro lugar para as próprias árvores, que não fizeram mal nenhum para serem tratadas daquela maneira. Em segundo para quem o vê, porque só a alguém insensível não desagradaria este cenário grotesco. Em terceiro para as próprias autarquias, que ficam sempre mal vistas com estas acções, como ilustra o muito difundido termo «poda camarária» e a sua conotação negativa, e a perderem com prejuízos, pois por muito vigorosas que as plantas possam ser, muitas não sobrevivem a uma derreia destas, o que se traduz numa perda de propriedade e do investimento que com ela foi feito, ou seja, é deitar dinheiro fora. Não nos esquêçamos que o dinheiro das autarquias é público, ou seja, de todos. Pessoalmente, eu não gostaria de ver o meu dinheiro ser empregue em algo que é para estragar. Por outro lado, quando uma árvore sobrevive a uma situação destas, tende a responder com vigor, dando origem a muitos rebentos, o que lhe confere o aspecto dum manjerico. Isso obriga a que, na temporada seguinte, ou se tenha trabalho mais que dobrado se se pretende um acabamento de qualidade ou se repita o mesmo e errado procedimento.

Em suma, se quem faz trabalhos destes ano após ano ou só que fosse uma única vez fosse meu funcionário ou, não o sendo, eu soubesse que teria feito algo a outro assim ou com os meios de outrem, o mais provável é que eu o despedisse de imediato, o que decerto evitaria futuros prejuízos à entidade empregadora. Porém, entendendo que toda a gente merece uma segunda oportunidade, deixo aqui a sugestão quanto a que se não seria uma boa ideia fazer uma acção de formação a quem for fazer este trabalho, a qual poderia ser complementada com a supervisão no terreno de alguém entendido.

Fica aqui a minha chamada de atenção e consequente sugestão para que pequenos pormenores contribuam para um Portugal entre os maiores, com votos de um excelente 2020 para todos.

Boas podas! E bom ano novo!

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

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A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!