terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Mensagem de Boas Festas do Pombocaca

Caros pombos amigos

Chegámos mais uma vez àquela que muitos consideram a mais mágica, ternurenta e característica época do ano, o Natal. Eis a soma dos dias em que parece que tudo pode acontecer e acreditamos que é possível alcançar, como num sonho  da ingenuidade infantil, os mais prodigiosos e, contudo, as mais das vezes, mais simples desígnios. E é aqui que me interrogo quanto ao seguinte: se há nesta ocasião festiva um tão grande apelo à paz, à união, à fraternidade e alegria, porque não levar a cabo com igual intensidade estas intenções durante o resto do ano? Será que os nossos corações são como pilhas que se gastam ao fim do Dia de Reis e demoram quase um ano a recarregar? Não me parece.

Todo o ano, todos os anos, cada dia das nossas vidas constitui um desafio. Este faz-se, acima de tudo, a nós próprios. Se nós não nos tentamos superar, como será de esperar que toda a Humanidade evolua? A superação de um entrelaçada e cooperante com a superação de outro e destes com outros, isso sim contribui para o bem geral.

Vivemos uma época de transição muito estranha para algo que ainda é fortemente indefinido, em que a modernidade nos providencia uma qualidade de vida num padrão como nunca houve outrora e, ao mesmo tempo, parece prometer aniquilar-nos numa espiral de auto-destruição por via da degeneração ética, moral e intelectual, de uma existência de aparências onde a abundância e facilidade de acesso aos meios de comunicação social nos tem conduzido não à esperada proximidade mas a um paradoxal e progressivo afastamento, de esgotamento e desmoronamento ambiental e de avanço tecnológico que vai muito além ao das mentalidades de forma imprudente e perigosa. Está tudo preparado para correr muito mal. Porém, também estão os ingredientes juntos para que deste caldo de aspecto suspeito saia a melhor das iguarias.

Já que por algum lado é necessário começar, porque não dar o sinal de partida com pequenos gestos? Porque não deixar este computador da mão, como eu vou fazer a seguir, e seguir para junto da companhia de alguém? Porque não olhar para esse alguém, escutá-lo e falar-lhe? Acarinhar essa pessoa ou o(s) nosso(s) animal/animais de estimação ou até um outro que não tem quem vele por ele e necessite de uma mão amiga? Uma plantinha num vaso ou uma árvore? Se não podemos estender os braços a todo o Mundo, que tal fazê-lo a uma pequena parte em nosso redor? Se é o nosso desejo salvá-lo,  então se cada um salvar e guardar uma parte, todos juntos e com facilidade levaremos adiante a nossa vontade e com a suprema felicidade para todos.

Numa época em que se valoriza e fomenta tanto o individualismo e todos se debatem com ferocidade contra todos, não seria melhor trocar esta receita falhada e ruinosa da competitividade  pela bem mais proveitosa da cooperação. Da primeira já se sabe que nada de proveitoso pode vir mas da segunda só se podem esperar produtos virtuosos.  Numa época em que valores económicos inundam as preocupações e desejos das pessoas, tornando-as escravas do capital, até os próprios comerciantes e industriais disso estão bem cientes, de tal forma que é inútil às autoridades tentar lutar contra a «cartelização», pois sempre foi característica muito de nós, os Portugueses, senão de todos os humanos, agir em concertação, em modos associados, como forma de se protegerem e prosperarem, o que ao longo dos tempos só tem sido possível com união e diálogo, nunca com o fraccionamento da competição

Poderia ter aquela pequena criança recém-nascida ter sobrevivido há mais de 2000 anos e tornado mais tarde um exemplo para a Humanidade se os seus pais, os animais de curral, os anjos e os camponeses da região e até os reis magos do Oriente não se tivessem juntado em seu redor e partilhado com ele e uns com os outros o seu calor e amor fraterno? Não sei, talvez. Porém, decerto não teriam criado ali, naquele instante, algo tão exemplar, poderoso e possível de irradiar para todos os cantos deste nosso minúsculo berlinde sideral. Sigamos portanto esse exemplo e, garantidamente, ou não fossemos todos nós filhos de Deus, independentemente das nossas crenças, todos nós seremos messias e salvadores não só da Humanidade mas da vida em si e da maravilha que ela simboliza.

Boas Festas, com um muito feliz Natal e um ano novo de 2020 mais que promissor, concretizador.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

DiCaprio sofre... com o Jair Totonaro

Jair Bolsonaro afirmou que o culpado dos incêndios na Amazónia é...


... o actor, filantropo e ambientalista Leonardo DiCaprio!

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!!!!

Já todos sabemos que o Bolsonaro farta-se de dizer e fazer alarvidades mas não fazia ideia que ele era assim tão grande comediante. Melhor, enorme, pois só diz enormidades!

DiCaprio... AHAHAHAHAHAHAHAHUUUUUUUHUHUHUHUHUHUHOHOHOHOHOHOHOAOAOAOAOAOAOAOAOAOAOAOA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Ai, ai... que a caca... pffAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!!!!!!!
Que a caca esteja convosco!

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!!

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO... E AO DICAPRIO A INCENDIAR A AMAZÓNIA, AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!!!!!!!!!

P.P.S.: Ó Bolsonaro... GANHA JUÍZO!!!

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Descentralização da areia nos olhos

O Governo anunciou que três das suas cinquenta secretarias de estado vão passar a estar sediadas fora de Lisboa, embora aí vão mantendo gabinetes, como forma de descentralização estatal. Citando o jornal «Público», «a Secretaria de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, ocupada por João Catarino, ficará em Castelo Branco. O governante já estava nesta capital de distrito, onde tutelava a Valorização do Interior. Agora, esta pasta muda de mãos e passa a ser gerida a partir de Bragança. Aliás, Isabel Ferreira, secretária de Estado da Valorização do Interior, já está desde segunda-feira instalada em Bragança (onde vive). Finalmente, a Secretaria de Estado da Acção Social, de que é titular Rita da Cunha Mendes, terá sede na Guarda, a partir de 9 de Dezembro.»

Como é que eu hei-de dizer isto?

É curioso haver quem acuse outros de populismo e vá fazer a mesma coisa, só que de forma encapotada. Tal medida não é mais do que atirar areia para os olhos porque nada fica descentralizado. A descentralização pode e deve sim passar pela devolução e atribuição de competências às autarquias, as quais têm sido usurpadas por sucessivos governos ao longo das décadas, para não dizer mais, e não apenas de despesas acrescidas, como tem sido sempre o costume. Não há só descentralização dos encargos financeiros, mas também e acima de tudo da acção governativa.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

«Fim dos Chumbos» ou o «Romance da Raposa Rosa»

Começa mal o segundo mandato do executivo chefeado por António Costa.

O Governo apresentou no seu programa, à abertura da legislatura, a intenção de acabar com os chumbos dos alunos até ao 9º ano de escolaridade. Para isso, alega que a medida permitirá uma poupança de 250 milhões de euros (para os saudosos, 50.120.500.000$00, o que é uma soma considerável) por ano.

Tendo em conta que já conheci pessoalmente gente no ensino superior que mal sabia ler, gaguejando ao fazê-lo em voz alta, e escrever, o que é mesmo muito comum e mais ainda nem saber falar num português que se perceba, fico a pensar se uma decisão deste género não só não baixará consideràvelmente o nível de exigência e qualidade quer dos alunos quer dos estabelecimentos e do sistema de instrução em geral como não sei até que ponto os custos, diga-se, graves prejuízos, a médio e longo prazo não serão maiores que esta imediata e idiota poupança.

É certo que as contas públicas chegaram a um equilíbrio, ainda que muito precário, mas não será isto já um exagero com défice garantido?

Na minha muito ignorante maneira de ver, não se pode pensar só em questões orçamentais. O dinheiro não é tudo! Aliás, na governação, é até uma parte menor. Quem pensa o contrário, jamais terá aptidão para administrar. Os chumbos não só não deviam ser abolidos como deviam de ser reincrementados. Na instrução como em tudo, tem de haver critério, rigor, disciplina e exigência. Só assim se alcança a qualidade. Porém, hoje em dia assistimos a uma generalizada despenalização e desresponsabilização em todas as áreas. Toda a gente e logo desde cedo deve estar ciente de que a cada comportamento corresponde uma consequência. Ora se os alunos, que já de si em geral gostam de não ter aulas e nem por isso olham para a escola com grande respeito e menos receio (e eu sei bem o que digo, que já lá andei outrora), como podem eles agora estar motivados ou impelidos ao estudo ou a sequer pôr os pés numa sala de aulas se sabem que, aconteça o que acontecer, nunca chumbarão? Mais vale a pena nem lá irem, não é?

Ai se o P.A.N. me ouve, estou lixado, mas a verdade é que apanhar uma raposa com justiça nunca fez mal a nenhum aluno.

Quer-me cá parecer que os nossos governantes estão a comportar-se como uma Salta-Pocinhas «raposeta, matreira, fagueira, lambisqueira» que pensa que pode enganar os outros e encher a barriga com facilitismos e preguiças. Esquecem-se é que esta espécie de reedição do clássico de Aquilino Ribeiro só pode acabar por se parecer menos com o imaginário fabuloso infanto-juvenil da obra e mais com o percurso político e criminal do autor.

Cuidadinho, meus caros, guardai as vossas galinhas que a raposa Salta-Pocinhas anda por aí.

Que a caca esteja convosco!


P.S. (não o das raposas): NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Chega de extremos

Tem-se falado muito nos últimos tempos na chegada da extrema direita à Assembleia da República, da mesma maneira que os sociais-democratas e centristas gostavam muito de alcunhar os do Bloco de Esquerda de «esquerda radical» ou «extrema-esquerda» há quatro anos atrás, aquando das últimas eleições. Desta vez, o rótulo de «extrema-direita» visa um dos novos partidos com assento parlamentar, o Chega. Ora quanto a isto, há que ter dois factores em consideração.

1 - Não existe nem esquerda nem direita em Portugal. A noção de esquerda e direita parlamentares advém de duas origens. Uma, de, no Parlamento Inglês, já de longa data, os partidários de cada um dos principais partidos, o Trabalhista e o Conservador, se sentarem à esquerda e à direita do Presidente da Câmara dos Comuns. Outra, mais condicente com o que se verificou daí em diante, de aquando da constituição da Assembleia Nacional, em França. Os ânimos estavam muito exaltados durante a Revolução Francesa, o que levou a que os deputados ficassem dispostos desde os mais revolucionários, na ponta esquerda, progressivamente até aos mais conservadores, na ponta direita, como forma de evitar confrontos, o que era comum. Em Portugal, essa questão não se pode colocar. Já todos nós vimos partidos ditos de esquerda a levar a cabo o que se esperava de direita e vice-versa, pelo que a diferença, neste aspecto, não é notória e, logo, não faz sentido fazer esta distinção.

2 - Eu não sou militante nem simpatizante de nenhum partido em particular, pelo que me acho com legitimidade para afirmar o que se segue. Agora quem lê isto diz «isso dizes tu» e é verdade, eu não o posso provar. Apenas posso dizer que quem me conhece pode comprová-lo. Não tive ocasião de ver nem ouvir qualquer tempo de antena nem ver o que quer que fosse de campanha. Obrigações laborais. Foi isto uma pena porque eu gosto de estar sempre bem esclarecido para melhor fundamentar a minha decisão. Portanto, considerei que o trabalho efectuado pelo socialista António Costa e o seu Governo da Geringonça, com todas as suas vicissitudes, erros e atribulações em muitas vezes evitáveis, tem tido um saldo positivo para o país, como se pode ver na acalmia social e no primeiro excedente orçamental desde o Estado Novo! Porém, depois de terem saído os resultados das eleições, verifiquei a entrada de três novos partidos na Assembleia e, mais ainda e com surpresa, as fortes hostilidades, em boa parte vindas de uma alegadamente isenta e apartidária comunicação social, para com um dos novatos, o recém-formado Chega, a toda a hora apelidado de «extrema-esquerda», perigoso, racista, machista, xenófobo e muito mais. Todas as bancadas parlamentares tiveram ocasião de discursar no dia da abertura da nova legislatura menos o Chega. Então que espécie de democracia vem a ser esta... e que partido vem a ser este? Curioso quanto aos novos ocupantes do Hemiciclo, pus-me a ler as declarações de princípios, manifestos e programas destes três partidos, bem como do P.A.N., em torno do qual muito se fala, com ou sem substância. Ao fim de muita leitura, cheguei à conclusão que o proposto e defendido pelo Chega é mais credível, verosímil, sensato, lógico, exequível e proveitoso ao país que os do Livre, que é um Bloco de Esquerda com outro nome, ou não resultasse de dissidentes deste,  ou do Iniciativa Liberal, uma espécie de Bloco de Esquerda com tiques americanos. Não lhes vi qualquer indício que fosse contrário aos mais elementares princípios democráticos. Em suma, ou muito me engano ou a haver aqui algum radical, ele seria mais depressa identificado entre as fileiras do Bloco de Esquerda, P.A.N., Iniciativa Liberal, Livre ou mesmo P.C.P. do que entre os apoiantes do Chega. Muito surpreendido fiquei pelos ideais destes últimos terem cativado mais o povo miúdo do interior, Alentejo em particular, que as altas esferas dos eruditos.

Portanto, das duas uma: ou o Chega professa uma coisa e pretende levar a cabo outra ou, por detrás daquela agressividade aparente do André Ventura, há boas intenções. O tempo esclarecerá tudo e mais vos digo: se se verificar a segunda hipótese, os outros partidos que se ponham a pau pois depressa o Chega despertará os sensatos e subirá nas intenções de voto.

Em caso de dúvida, é só ler os programas, manifestos e declarações de princípios, como eu fiz.

Que a caca esteja convosco!


P.S. (não o reeleito): NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

«Fim da Inocência» - Versão Taralhouca em dois actos

Vai daí e pomo-nos a pensar como é que se poderia melhorar esta fantochada de má qualidade. A solução natural é pormo-nos na pele do mestre Quentin Tarantino, pelo menos naquele dos primeiros tempos pois parece que desde há alguns anos para cá a mestria esgotou-se e deu lugar a uma gratuitidade da violência.

Apresento agora uma versão taralhouca para o fim daquela estupidez literário-televisiva em dois actos.
Elenco

- Carlos Heleno, o Supervisor da Terra: Samuel L. Jackson.
- Ajudante deste (ninguém me pergunte por nomes que eu não quero ocupar neurónios com algo tão foleiro como aquilo a não ser para fazer troça dele): John Travolta.
- Supraconsciência: Bridget Fonda.
- Povo extraterrestre: figurantes.

Acto I
Cena Única

(Os dois extraterrestres acabam de chegar com a sua nave ao Sistema Solar e apreciam a vista sobre a Terra a partir da cabine de comando.)

Carlos Heleno - Ah, então é este o planeta?

Ajudante - Sim, é giro, não é?

Carlos Heleno - É pois!

Ajudante - Os tais seres que vamos eliminar chamam-lhe «Terra».

Carlos Heleno - «Terra»? (Faz uma carentonha.) Mas aquilo tem mais água que terra!

Ajudante - É, eu sei. (Fecha os olhos e franze a testa em sinal de resignação.) Eles são tão estúpidos. Dão-lhe um nome ao contrário do que é, adoram-no e desejam-no mas destroem-no... São umas cabeças de pirilau...

Carlos Heleno - A sério? Bandalhos! Vamos mas é limpá-los logo.

Ajudante - Calma, tem de ser como manda o protocolo. E ademais, tu até gostarias deles, os «humanos». Eu já fui ali umas quantas vezes, durante uma coisa que eles fazem a que chamam «Carnaval», onde uns andam despidos e outros com umas fatiotas bizarras, a fingir serem o que não são.

Carlos Heleno - Criaturas peculiares...

Ajudante - Deveras, meu caro. Mas apesar das maldades que fazem, mesmo uns aos outros, por vezes revelam bondade, em especial nas coisas pequenas.

Carlos Heleno - Ai é? Como assim? Dá lá aí um exemplo.

Ajudante - Olha, eles gostam de ter outros animais, plantas e seres em geral aos seus cuidados. Na maior parte das vezes, até tratam bem deles. Imagina tu que dão-lhes nomes. Dão até a objectos. Alguns nomes são engraçados, outros são parvos. Melhor, eles têm de ingerir coisas a que chamam de «comida» para se manterem vivos e até à comida dão nomes. Mas a coisa mais estranha é que eles falam, só que não de igual modo em todo o lado.

Carlos Heleno - Ai não? São mesmo estranhos...

Ajudante - É, são pois. Olha, ali naquele lado (aponta para o planeta), é um lugar chamado Estados Unidos da América. Os humanos de lá chamam a uma comida «quarto de libra com queijo». A mesma comida do outro lado do mar, naquele sítio chamado França, já tem um nome diferente.

Carlos Heleno - Ai eles lá não lhe chamam «quarto de libra com queijo»?

Ajudante - Não, pá. Eles lá têm o Sistema Métrico.

Carlos Heleno - Que é isso?

Ajudante - Não sei, é lá qualquer religião deles ou jogo ou o camandro.

Carlos Heleno - Então como é que lhe chamam?

Ajudante - Chamam-lhe «royale com queijo».

Carlos Heleno - «Royale com queijo»...

Ajudante - Ouve lá. Então tu és o Supervisor da Terra e não sabes nada sobre ela?

Carlos Heleno - Não, eu fui recentemente recolocado. Eu estava em Alderan mas um indivíduo dum gang rival, o Império Galáctico, rebentou com aquilo. Como o gajo daqui andava a fazer bosta, a Supraconsciência «despachou-o» e mandou-me para cá a semana passada.

Ajudante - «Despachou-o»?

Carlos Heleno - Sim, ela despediu-o.

Ajudante - Chiça! Rameira intragável e sarnenta! Então e agora como é que ele vai orientar a mulher e os filhos?

Carlos Heleno - Acho que o cunhado lhe arranjou lugar numa fundição. Sempre é melhor que isto.

Ajudante - É, podes crer...

(Fez-se silêncio por alguns instantes.)

Ajudante (hesitante) - Ó Carlos Heleno...

Carlos Heleno - Sim?

Ajudante - Eu às vezes ponho-me a pensar...

Carlos Heleno - Sim? Tu fazes isso?

Ajudante - Sim... É que... Tu já viste o que nós fazemos? Andamos por aí, dum lado para o outro, e somos pagos, mal pagos, para enganar e matar viventes e destruir planetas... só porque a Supraconsciência manda. No fim, nós somos uns meros lacaios. Fazemos-lhe a papinha toda e ela é que fica cada dia mais poderosa.

Carlos Heleno - Sabes que mais? Tens razão! A gaja é bera e anda a usar-nos.

Ajudante - É! E depois nós é que ficamos como os maus da fita. Ela anda a parasitar-nos e a xaringar-nos o juízo e a reputação!

Carlos Heleno - Nunca tinha pensado nisso! Espera lá que ela já vai ver a quem é que anda a puxar o rabo.

(A nave fez inversão de marcha e entrou no hiper-espaço de volta à proveniência.)

Fim do primeiro acto.

Acto II

Cena I

(De regresso ao seu planeta de origem, Carlos Heleno e o seu ajudante pediram uma audiência com a sua patroa, a Supraconsciência. Chegaram junto dela, num amplo espaço de intensa luz branca.)

Carlos Heleno - Ó patroa! Podemos entrar?

Supraconsciência - Já entraste, tu e o teu ajudante.

Carlos Heleno - Excelente!

Ajudante (fecha a porta atrás de si) - Chefe, nós pedimos a audiência e estamos aqui porque temos uma coisinha a dizer.

Supraconsciência - Eu sei.

Carlos Heleno - Ai sim?

Supraconsciência - Sim.

Ajudante - A sério?

Supraconsciência - A sério. Eu sou a Supraconsciência. Eu sei tudo, pois claro! Se vos vejo aqui, é porque há algo para me ser dito.

(Os dois extraterrestres  fazem esgares de constatação da lógica da batata.)

Ajudante - Ah, bom...

Carlos Heleno - É que nós estamos fartos de sermos os moços de recados sujos. Andamos a fazer todo o trabalho de vilões para que tu, chefe, fiques mais poderosa.

Supraconsciência - Sim, e daí? Não é preciso ser Supraconsciência para saber isso.

Carlos Heleno - E daí que estamos fartos de sermos parasitados por ti, sua pêga chica-esperta armada em divindade. Agora é hora de cancelar o nosso contrato. (Saca de uma arma de raios laser super-concentrados e aponta-a à Supraconsciência.)

Supraconsciência - E é com isso que vais «cancelar o contrato»?  Tu? Mais ninguém? Só com esse pingalheto?
Ajudante (saca igualmente da sua arma) - Não, comigo também, mais esta menina. E com estes nossos amigos.

Cena II

(A porta abre-se e entra no compartimento toda a população do planeta, vermelhinha e chifruda, furiosa e de armas em riste.)

Supraconsciência (surpreendida e zangada) - Que rio de chibança vem a ser esta, seus cornudos dum cabresto? Porventura foi esquecido que essa bodega é uma violação à Lei? À minha lei?

Ajudante - Nem por isso. É que nós estamos a borrifar-nos para ti mais para a tua lei. Nós somos sacanas sem lei.

Carlos Heleno - Pois é, gaja! E agora, como é que é? Já pias fininho. Pois para que não fiques sem palavras, vou dar-te algumas dum texto que eu li. «Exequiel 25:17...» Ai como é que era o resto? Esqueci...

(Soa um tiro e logo depois, por impulso instintivo, todos desataram a esmifrar a Supraconsciência com tiros, a qual ficou feita passador por entre gritos até jazer cadavérica no chão, mais rilada que um saco de plástico num ninho de ratos.)

Ajudante - Calma, pessoal, alto! (Esbracejava e gritava e só algum tempo depois é que os tiros pararam.) 

Carlos Heleno (igualmente satisfeito mesmo sem se lembrar do texto que leu) - Huum... bem... também serve. Vamos a umas «jolas»?

Ajudante - «Bora»!

Alguém da multidão (grita) - Rodada de borla para todos!

( A populaça exultou de alegria e deixou o salão aos poucos.)

FIM

É mau, não é? Pois o original é pior ainda.

Que a caca esteja convosco!!!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

«Fim da Inocência - A Idade da Palermice»

Continuando a análise a audiovisuais, tive a possibilidade de ver a mini-série em três episódios «Childhood's End - A Idade de Ouro», inspirada no romance de Sir Arthur Charles Clarke, «Fim da Inocência». A série prometia ser espectacular. Contudo, foi uma completa desilusão.

Episódio 1 - «Uau, isto vai ser do caraças!»

Episódio 2 - «Então? Isto não anda?»

Episódio 3 - «Quê!? Isto?!»

Sim, é verdade. Vi há anos atrás o «2001 - Odisseia no Espaço» e detestei o filme. Fiquei a pensar que decerto o livro que o originou deveria ser muito mais interessante. Agora que vi o «Fim da Infância», começo a ficar preocupado. É que ou as adaptações dos livros do Arthur C. Clarke são todas más ou as únicas coisas de eito que o homem fez foram as suas invenções e o «Mundo Misterioso» e sucedâneos.

ATENÇÃO: CONTÉM TODO O DESENROLAR DA HISTÓRIA ( QUE, ALIÁS, É MÁ).
Resumindo, a história trata dum dia normal em que, de repente, aparecem montes de enormes naves extraterrestres e só falta o Will Smith para termos uma reedição do «Dia da Independência». Assumindo a forma de entes queridos falecidos, o Supervisor da Terra, Karelen ou coisa parecida, manda mensagens tranquilizadoras a toda a gente. Depois, rapta um agricultor, que faz seu intermediário com os líderes mundiais de modo a, como quem não quer a coisa, fazer valer as suas vontades. O crime, as doenças e o sofrimento em geral acabam e a Humanidade entra na sua Idade de Ouro. Anos depois, uns 19, se bem me lembro, o Mundo é muito diferente. Não há poluição nem fome, nem sequer religiões, cultura ou investigação científica, e todos os países abdicaram das suas independências em favor de uma Federação Mundial. Então, o Supervisor decide mostrar a sua verdadeira forma, que é tal e qual ao estereótipo de demónio. Nem por isso a malta se importou. Só num único lugar, a Nova Atenas, permaneceu a vontade de continuar a viver como antes. Entretanto, há um cientista muito desconfiado com a marosca que insiste em continuar a pesquisar. Paralelamente, há uma mulher que tem um filho estranho e dá à luz uma filha, a Jennifer, ainda mais bizarra e dotada dum imenso poder oculto. Esta miúda revela-se uma espécie de agente infiltrada para lixar o Mundo. De repente, os extraterrestres fazem um rapto colectivo de todas as crianças do planeta e os humanos deixam de poder ter filhos. Em desespero, o Presidente da Câmara Municipal de Nova Atenas rebenta com a última cidade livre com a sua bomba atómica caseira. Estúpido. Entretanto, o cientista infiltra-se num cargueiro que vai até ao planeta dos mafarricos, um verdadeiro inferno, e estes explicam-lhe que eles estão a fazer aquilo à Terra, tal como fizeram a muitos planetas antes, porque uma tal de Supraconsciência, uma coisa lá do sítio que tem a mania que é Deus, assim lhes manda. No fim, ele deseja voltar à Terra. A Jennifer acaba de sugar toda a força vital do planeta e este explode. Era uma vez o Mundo, ponto final.

E nós ficamos a pensar: «isto é tudo tão estúpido...»

Eu não li o livro, pelo que é difícil extrair ilações de uma mini-série que, com certeza, o resume muito. Tudo deve ser melhor explicado no livro e, se não o for, temos o caldo entornado. É que muitas coisas não fazem sentido.

1 - Vêm os extraterrestres e quase todos nós, de repente, deixamos de acreditar no divino e em todas as religiões.  Ainda por cima quando os visitantes cósmicos são... como é que eu hei-de dizer, a fotocópia dos demónios, se é que não o são. Está bem que um acontecimento desta natureza põe em cheque as nossas crenças e leva-nos a questionar bastante mas não é de prever que, dum dia para o outro, tudo quanto é templo ficasse abandonado. Para isso só um jogo do Benfica ou da selecção. Os homenzinhos do outro mundo que não subestimem o poder do futebol.

2 - Vêm os extraterrestres e a cultura, de repente, desaparece. Tal como a religião, não faz sentido. Porquê? «Ai, há umas naves espaciais no céu com seres doutro planeta. Como tal, vou deixar de ir ao cinema, fazer desporto, dançar o fandango, ouvir uns faduchos, caiar a casa, comer bacalhau à Brás, ler livros da J. K. Rowling e ter qualquer manifestação de índole cultural.» É absurdo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. É absurdo.

3 - Vêm os extraterrestres, com toda a sua tecnologia e conhecimento, aliás nunca demonstrado, e, de repente, toda a gente acha que não vale a pena pesquisar mais e todas as investigações científicas cessam. Mas está tudo doido? Só o simples facto de se mostrar haver vida noutro ponto do Universo bastaria para acicatar ainda mais a curiosidade, agudizada pela constante aura de mistério que envolve os chifrudos vermelhos. Logo, a pesquisa não acabaria, antes se intensificaria. E depois haveriam sempre matérias sem resposta quer eles tivessem vindo quer não.

4 - Vêm os extraterrestres e, de repente, os países abdicam todos das suas independências em favor de uma Federação Mundial fantoche controlada pelos «Soberanos», isto é, os extraterrestres. Meus caros, mal Flamengos e Valões se dão uns com os outros e se mantém com dificuldade uma Bélgica unida, ou uma Espanha, quanto mais todos os povos do Mundo. A variedade de culturas, opiniões e maneiras de viver e encarar o todo é demasiada para haver uma sujeição a uma única autoridade central. Na Península Ibérica foi um desastre, a nível europeu não funciona, em todo o Mundo é tão possível quanto chá sem água.

5 - Vêm os extraterrestres e, de repente, vamos aceitar tudo o que eles mandam, nem que sejam a cara chapada do Diabo. Está-se mesmo a ver. Podem ser imensamente poderosos mas isso não queria dizer que baixássemos os braços, muito menos que nos tornássemos que nos tornássemos em pouco mais que gado estúpido em estado vegetativo. Por acaso o Santo Condestável desistiu em Aljubarrota perante o poder de Leão e Castela? Terá Xanana Gusmão fugido à vista da imensidão e força brutal da Indonésia? Viriato e depois Sertório renderam-se apesar da impossibilidade estatística de poderem vir a derrotar o Império Romano? Não, nunca, quer no caso daqueles, vencedores, quer no caso destes, derrotados. E depois aparece-nos Lúcifer em pessoa ou um sósia dele e jogamos foguetes ao ar? Não me parece. Será caso que não ocorreria a mais ninguém senão àquela jeitosa que afincou uma cartuxada no Karelen que, se os demónios são representados  como aqueles alienígenas eram, por alguma razão seria?

6 - Então e os palermas dos sobreditos extraterrestres? Destroem mundos inteiros porque a ressabiada egocêntrica da «Supraconsciência», uuuuiiiii, a «Supraconsciência...», lhes diz para o fazerem? E porque o fazem? Aaam... porque sim. A verdade é que nunca tinham pensado muito no assunto. É que até estes diabretes são umas cabeças de vento estúpidas até à quinta casa.

7 - Já agora, o que é que fazia o Presidente da Câmara de Nova Atenas com uma bomba atómica caseira? Isto é como aqueles que não se querem casar com medo que a coisa dê para o torto mais dia menos dia e depois tenham de se divorciar. Se aquele gajo tinha a bomba é porque já contava com vir a usá-la. Se, de facto, acreditasse no seu projecto, não a tinha. O mesmo é com os outros, que se casariam ou nem sequer se relacionariam.

8 - Então deixamos todos de trabalhar, certo? Pois se nada se produz, como é que vamos ter comida, roupas casas, carros, arranjos e outros bens e serviços importantes? Já sei, vamos aprender com o Luís de Matos a fazê-los aparecer do nada. Deve ser isso.

Ao menos numa coisa estamos de acordo. Se viesse a haver uma tipa demoníaca que viesse destruir o Mundo, ela só se poderia chamar Jennifer. Porquê? Ora vejamos alguns exemplos.

Jennifer Love-Hewitt


Jennifer Ellison
Jennifer Lawrence
Jennifer Connelly

É que, bem apreciado o caso, por muito que nós as achemos divinais, a única coisa que nos vai sair da boca é que elas são dos diabos!

Quanto à série, é decepcionante. Passamos o tempo todo à espera que a história evolua e se mexa mas não só não passa da pasmaceira como descamba num apocalipse de estupidez. Tal como no «2001 - Odisseia no Espaço», falta-lhe ritmo e emotividade. Não há reacção, só um incompreensível conformismo, resignação pateta e ingenuidade ao extremo da cegueira. Inverosímil, inconsequente e absurdo. Em suma, é algo a NÃO VER pois resultaré na na perda irrecuperável de preciosas horas de vida que poderíamos ter empregue em coisas sem dificuldade mais produtivas, nem que fosse a dormir ou a jogar ao berlinde.

Lamento, Arthur, mas parece-me que não davas uma para a caixa, fora dos documentários.

Vou ver pornografia, sempre tem um argumento melhor ao deste lixo televisivo e talvez literário.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Como deveria ter acabado a «Guerra dos Tronos», uma sugestão

Posto isto, como é que deveria ter acabado a série erradamente traduzida por «Guerra dos Tronos»? Eis uma sugestão minha, certamente questionável como o é qualquer outra.

O Lorde Varys... bem, esse merecia morrer, que já me irritava. Por isso, que se lixe.

O Jamie ficava sossegadinho da vida e reconhecia que a Brienne era a mulher da sua vida. Afinal, ele gostava era delas tanganhonas, com garra! 

A Arya aceitava o pedido de casamento mas, ainda assim, sempre seguia nas hostes rumo ao Poiso do Rei (qual «Porto Real» qual carapuça). Depois da tomada, sim, haveria boda.

Às portas da cidade, a Cersei ameaçava matar a Missandei se a Daenerys não desistisse e se rendesse. A Mãe dos Dragões manda-a à fava e a Cersei manda degolar a rapariga. Esta esquiva-se dos braços que a mantêm cativa e atira-se da muralha. Nisto, o dragão que sobrou faz um voo rasante ao ângulo entre o chão e a muralha e apanha a aia da sua mãe contra-natura antes que ela se estatele no chão.

Aquando do ataque à cidade, as tropas fiéis a Cersei rendem-se.  Daenerys aceita a rendição, perdoa a soberana caída em desgraça e dá-lhe a possibilidade de tomar um barco e partir para o exílio. A seguir, a nova rainha é aclamada e coroada. Ela e Jon casam-se e dão origem a uma nova dinastia. Afinal, quem disse que ela era estéril? Uma bruxa? Claro. Se a Maria Helena ou a Maya o dissessem, o público acreditaria? Bem me parece. E depois, como era costume entre os Targaryens casarem entre si, como os antigos governantes egípcios faziam, não havia problema.

Quanto ao palermóide das Ilhas de Ferro, esse não desiste e a Arya acaba por lhe tratar da saúde.

Já agora, aquela coisa do Norte se separar... não funciona.

Outra hipótese seria seguir a sugestão ultra-totó e, porém, brilhante que vemos no vídeo que se segue dum fã. De certeza que seria um final e pêras!

https://www.youtube.com/watch?v=G0mncEl4nVU

Contudo, como foi feita caca a montes, resta-nos continuar a imaginar como poderia ter acabado a mais brilhante série épica de sempre.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Treta dos Tronos (sim, ainda continua a azia geral)

E já que falamos de finais da treta, lembro-me ainda da série épica que recebeu mais um prémio, o Emmy de Melhor Série de Drama há poucos dias, apesar do coro de protestos dos próprios fãs. É que drama foi o que, de facto, houve nos últimos dois episódios.

Que porra de ideia foi aquela da Arya recusar o pedido de casamento do bastardo Baratheon e partir em busca do que pudesse haver além-mar? Deu-lhe a panca do «deixa-me cá seguir o exemplo dos navegadores portugueses e pôr-me a descobrir que, como diz a canção, navegar é preciso», de certeza.

E a do Jamie Lannister ter abandonado a Brienne de Tarth para ter ido para junto da Cersei? Deve ter tido saudades do cabedal suave da sua maninha, não foi?

Ou aquela do Jon Snow, perdão, Aegon Targaryen, ter sido novamente desterrado para a Vigia da Noite?

Que raio, já agora, de eleição manhosa do novo rei? Que argumentos mais rançosos aqueles? «Uma boa história, é do que as pessoas gostam e logo um rei deve ter.» Afinal isto é uma eleição ou é uma sessão do «Levanta-te e Ri»?

E porque não Bran Stark, o Corvo de Três Olhos Aleijadinho, como rei? Um tipo que tudo vê quando se põe como se tivesse chupado umas brocas mas que, de resto, permanece pouco mais que apático, como se estivesse a curtir as ganzas recém fumadas? Sem dúvida que o Mundo conheceu soberanos mais fracos e que na ficção tudo é possível mas pede-se algum bom-senso.

Mas acima de tudo: o que é que calhou mal no jantar de quem escreveu esta temporada para pôr a Daenerys a destruir a capital depois desta se ter rendido? Mais ainda: porque é que os seus soldados haveriam de a seguir numa tão estúpida e contra-producente empreitada? Só seria desfavorável a eles e, principalmente, à nova rainha!

Já agora, alguém reparou no discurso megalómano dela? Aquele valiriano soava muito a alemão. Talvez lhe faltasse um bigodinho à escovinha e uma braçadeira com suástica.

No seguimento disso, temos uma rainha morta, com um punhal cravado no peito, um trono de espadas, um indivíduo suspeito, o Jon Snow, ao pé do cadáver e um dragão magoado e furioso com a morte da sua mãe. Que conclusão daí se tira. «Teria sido o gajo que se andava a arrefinfar à minha mãe e que não concordara nada com aquela destruição e morticínio gratuitos que fizera dela um novo suporte de cozinha para cutelos ou foi ela que se descuidou e espetou-se fatalmente ao sentar-se no Trono de Ferro tão à bruta que até lhe arrancou um facalhão? Não tenho qualquer dúvida, a culpa é da porcaria do trono, matou a minha mãe! Porque é que não fizeram uma coisa suave, em madeira? Vou mas é derreter esta trujia antes que alguém mais se aleije! BRRRRRAAAAAAHHHH!!!» 

Em poucas palavras, vê-se perfeitamente que quiseram despachar a série e acabaram-na à pressa. Grande porcaria...

Que a caca esteja convosco!



P.S.(não o que ganhou as eleições ontem): NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!

terça-feira, 24 de setembro de 2019

O Nosso Final Frouxo em Havana

Tenho sido um espectador assíduo da série da R.T.P. «O Nosso Cônsul em Havana», a qual acompanha a passagem de Eça de Queiroz por Cuba no desempenho do cargo de Cônsul de Portugal em Havana. Devo dizer que gostei muito da série, e não foi só por causa dos olhinhos entusiasmados (e não só) da actriz Mafalda Banquart. Narrativa histórica ligeira mas interessante, sóbria, polida, séria e com uma pitada de humor, soube captar a atenção de espectadores como eu ao longo de 13 episódios. Dir-se-ia que Francisco Manso estava de parabéns com a sua obra. O décimo quarto constituiu uma surpresa mas pela negativa, surpresa esta por ser o último episódio. Havia tanto ainda para deslindar que foi para mim um espanto o súbito término da série. Está bem, os capangas do mânfio de serviço levam uma chumbada cada um mas e que é feito dos seus mandantes? E do Capitão-General Governador de Cuba? Então e o casório da Dona Antónia com o Professor Torradellas? Teria sido interessante incluí-lo, ou ao jantar para o qual seguia o Eça de Queiroz quando foi atacado, nem que fosse de relance. Então e já que a questão ficou mais ou menos esclarecida, que é como quem diz num impasse, quanto à Molly Bidwell, como é que ficou a coisa quanto à Anna Conover? Ela encontra o marido ou prefere continuar a afiambrar-se ao cônsul? É que a actriz Leonor Seixas foi anunciada com um certo destaque para esta série mas mal apareceu nos seus episódios terminais. Bem, uma coisa é certa, Eça com nenhuma se casou: a acção passa-se entre 1872 e 1874 e só veio a casar em 1885 com Emília de Castro. Os chineses escravizados viram também a sua situação regularizada e as suas vidas melhoradas ou nem por isso? Parecendo que não, dava ideia que esse tema era quase central na narrativa. E depois o remate final com aquela estranha prolepse até aos anos 90 do século XX. Acaba tudo de repente e nós ficamos a pensar «quê?!» Talvez não fosse defeito estender a narrativa por mais uns dois episódios, não?

É uma pena tudo acabar assim, com um sabor semelhante ao que tivemos ao ver os últimos dois episódios dum afamado «jogo de tronos»...
Pois é, até ele ficou admirado com esta.

Vá lá, para a próxima há-de ser melhor.

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Haverá sempre um amanhã?

A canção dos Íris diz que «há sempre um amanhã» e acredito que sim, agora se ele será para nós, humanos, isso é que já não sei.

Está aí mais uma cimeira do clima, desta vez promovida pelo Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, o nosso bem conhecido ex-Primeiro-Ministro António Guterres. O objectivo é o do costume: criar compromissos sérios e que sejam, de facto, levados avante para, literalmente, salvar o Mundo.  Porém, a tarefa está longe de vir a ser bem sucedida, e falo dos compromissos, quanto mais da sua execução. Se Portugal foi um dos países a apresentar intenções e medidas concretas que visam a neutralidade carbónica em 2050, outros têm líderes que não parecem muito importados com o processo de extinção em massa que está em curso. Trump, pois claro, tem sido sempre um acérrimo céptico quanto à evidência do aquecimento global, que isso para ele é só uma estratégia económica da China. O Primeiro-Ministro da Austrália está muito apostado em incentivar a exploração e uso do carvão mineral, altamente poluente. Bolsonaro está-se a borrifar para se a Amazónia acaba de arder e como se não bastasse o Pulmão do Mundo estar a definhar com rapidez alarmante, as grandes florestas da Indonésia ardem propositadamente com intencionalidade em prol de plantações e produções industriais de óleo de palma. Estas, entre outras inúmeras e gravíssimas situações, a par do insucesso de todas as cimeiras e acordos anteriores, pintam um cenário muito negro para o desfecho da reunião de líderes mundiais.

Caros amigos pombos. Esta é uma guerra de proporções planetárias e nós estamos a perder por muito. Há décadas que o alerta soou mas não só o problema não teve nem melhoras nem resolução como se agravou em proporções nunca vistas. Se o conhecimento não nos levou a uma sábia convivência no Mundo com todo o legado recebido, então não nos resta muito mais senão esperar para morrer. Temos cerca de uma década para inverter o rumo dos acontecimentos, o que é quase impossível. Da minha parte, continuarei a fazer os possíveis. Porém, sinto que estou a perder a esperança na Humanidade. Adoraria que desta reunião e de actos isolados dos príncepes das nações saíssem não promessas mas obras que me fizessem sentir que não estou a remar contra a maré. No dia em que eu e os outros resistentes nos cansarmos de remar, Deus nos acuda!

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Pseudo-ambientalismo anti-vacum = estupidez

A Universidade de Coimbra vai banir a carne de vaca das cantinas a partir de Janeiro de 2020. Esta decisão prende-se com questões ecológicas, visto que o tubo digestivo das vacas produz gás metano, que é um forte causador de efeito de estufa e consequente aquecimento global.  A Associação Académica e o Ministro do Ambiente, entre outros, aplaudiram a decisão. Pessoalmente, eu considero que é uma completa parvoíce.

É verdade que uma molécula de metano tem uma capacidade causadora de efeito de estufa 25% superior a uma de dióxido de carbono mas vamos lá assentar os pés na terra e pensar de forma clara e racional. Por cada vaca que existe e que esporàdicamente se peida, quantos carros, camiões, autocarros, aviões, comboios, geradores, centrais energéticas, barcos, moto-serras, corta-relvas e sei lá que miríade de maquinaria que emprega combustíveis fósseis na sua laboração manda para a atmosfera toda a espécie e mais alguma de gases poluentes e causadores de efeito de estufa? E quantas queimadas e incêndios não fazem o mesmo? Já agora, porque não, às bufas e rateres de quantas manadas não equivalerá só que seja uma erupção vulcânica ou o fogo-de-artifício que uns drones fazem numas refinarias sauditas?

Este é um tema sério e esta decisão absurda só serve para a ridicularizar.

Vamos lá deixar-nos de extremismos e ganhar juízo, está bem?

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Ponderações Filosófico-Meteorológicas: bom e mau tempo

Já que se fala em chuvinha...

Há duas coisas que me irritam quando alguém fala do estado do tempo.

Uma é aquela estranha tendência de se desejar sempre as condições atmosféricas opostas àquelas que se verificam. Passa alguém a desejar durante uma temporada que refresque e se a temperatura baixa, logo se queixa do frio. Se se queixa do Sol, logo passa a amaldiçoar as nuvens dum mero aguaceiro. E vice-versa. As pessoas nunca parecem estar satisfeitas com o que têm. Arrisco-me quase a teorizar se não será este um reflexo transposto a esta matéria da estranha ambição e constante insatisfação que atiça os espíritos contemporâneos. Hoje em dia todos querem o que não têm, querem mais... e até da atmosfera o requerem!

Outra é a visão nórdica e heliófila do estado do tempo. Segundo esta concepção muito em voga, o Inverno é tristonho e mórbido, enquanto o Verão é alegre e festivo. De igual modo, mau tempo é chover e bom tempo é fazer Sol. Há ainda malta que parece sempre fascinada com aquilo que consideram uns «excelentes e animadores 30 e tal ou 40 e tal graus de temperatura»!

Que tenho eu a dizer quanto a tudo isto? Perfeito DISPARATE!

Em primeiro lugar, é bom que as pessoas queiram mais como forma de evoluírem e se melhorarem mas há um limite até ao qual esta vontade de terem o que não têm pode ir. Esse é a constância. Se a toda a hora se deseja algo diferente, deixa de haver constância, o que é característico dos humores voláteis. Ora a volatilidade só trás instabilidade. Neste caso do estado do tempo, só há três coisas que se podem fazer:
1º - zelar para que se evite, tanto quanto possível, as alterações climáticas (e, infelizmente, estamos muito em défice neste aspecto);
2º - agir preventivamente face a qualquer condição atmosférica que possa aparecer;
3º - tentar obter o melhor proveito possível de qualquer condição atmosférica .

Em segundo lugar, e de certa forma relacionado com o sobredito, o Inverno é tão triste ou alegre quanto a Primavera, o Verão ou o Outono. Se nos habituarmos a ver no Inverno um tempo negro e solitário, associá-lo-emos sempre a uma época de infelicidade, tal como acontece com as outras estações e o que lhes é considerado característico.  Ora isso é um ponto de vista muito do Norte da Europa, onde os Invernos se processam em escuridão prolongada e gelo tão grande, aos nossos olhos, que parece que a vida paraliza, se é que não é destruída. Porém isso é meramente psicológico pois a vida continua sempre. Se nos habituarmos a ver as estações do ano todas como elas são, então saberemos sempre tirar proveito delas e chegaremos à conclusão de que todas elas são boas.

Na minha terra, a chuva é rara, pelo que as pessoas costuma(va)m dizer que«bom tempo é chover». Hoje, em geral, é tudo ao contrário e bom é fazer Sol. Ora então, será bom tempo fazer Sol um ano sem largar uma pinga de água, como já aconteceu aqui onde moro? Quer-me cá parecer que não. 

Bom tempo, meus caros, é a ocorrência de qualquer condição atmosférica que, pela sua intensidade e duração, se mostre benéfica. Ao invés, o mau, pelas mesmas razões, é aquele que traga malefícios. Chover brandamente por uma semana pode ser bom e à bruta por meia hora pode ser desastroso tal como fazer Sol por uma semana pode ser bom mas por um ano ser uma calamidade.

Já agora, quanto ao bom que uns dizem ser as altas temperaturas, dizem-no porque nem as gramam um ano dia-a-dia nem têm de trabalhar sujeitos a elas, senão logo viam o quanto «boas» são.

Que a caca esteja convosco!


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Com arrefecimento é que eu A Gosto!

Sei que há quem me vá dar no juízo mas... que se lixe.

Temos tido um Verão quente, tórrido até, como é costume. Porém, passou-se o mês de Agosto e eis que tive o verdadeiro prazer de passar mais do que uma vez pela melhor situação que se pode esperar para as jornadas estivais: chuva. E foi coisa a preceito, com trovoada que se visse e ouvisse umas boas esgarroadas de regime torrencial. Pois quanto a isso só tenho a dizer «magnífico». Não fosse o receio de me dar cabo duns trabalhos pendentes e a proibição por risco de incêndio e eu até jogaria foguetes ao ar. Contudo, há que haver bom senso. Temporais como o de Madrid a semana passada também é coisa que não é desejável. Eu digo é que, como natural de uma região onde raramente chove, uma pinguinha ou outra de vez em quando é sempre bem vinda... mas sem exageros, senão lá para baixo ainda a malta de Albufeira me manda prender.

As pessoas devem achar-me esquisitóide e com razão mas eu passo a explicar. Há três alturas em que eu tenho um enorme gosto em que chova, não podendo ser, no mínimo uns três dias por semana: Ano Novo, Carnaval e Agosto. É que em todas estas ocasiões há malta a precisar de um refresco de ideias. Na primeira, com as bebedeiras que desidratam o organismo. Na segunda, com a malta que, em pleno Inverno, lhe dá uns calores e põe-se quase em pêlo, bem a precisar de despertar do evidente sonho. Na terceira porque muitos adquirem o comportamento contra-natura de se sujeitarem aos maiores calores e espalajarem-se ao Sol que nem lagartixas para depois ficarem a descamar e reservarem lugar nas unidades de Oncologia daqui por uns anitos. Não percebo, seja em que época for, porque é que as pessoas se expõem em vez de se resguardarem. A toda essa malta, boas chuvas!

Já que se fala em chuva de Verão, tenho ouvido gente a queixar-se desta estação não estar a ser quente como a de outros anos. Quê, queixam-se? Como acontece todos os anos, há sempre alguém que se baseia em toneladas de estudos para afirmar que «este é que vai ser o Verão mais quente alguma vez registado em Portugal». Ora, as temperaturas um pouco por toda a Europa têm batido records históricos, os glaciares por todo o lado derretem a olhos vistos, a Amazónia literalmente esfuma-se, as secas deixam de serem sucessivas a serem uma só contínua. Ao invés, em Portugal até não tem sido muito exagerado, tirando períodos pontuais. E a malta ainda se queixa?! Deve ser o calor a afectar-lhes a caixa dos fusíveis. Pois se este Verão tem sido menos impiedoso na pátria lusa que nos outros lados (até agora, que agora em Setembro logo se verá), então é motivo não de queixa mas antes de alívio e regozijo.

Como já digo coisas sem nexo, acho que devo estar a ficar afectado pelo calor, que aqui é bastante. Vou deixar-vos com estes pensamentos e eu aqui fico a pensar, com saudade, noutros mais frescos.

Que a caca esteja convosco!


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domingo, 4 de agosto de 2019

Fazenda Jurássica: Quem Quer Amedrontar-se Com Galinhorraptors

Caros colegas de pombal.

Deve ser por demais evidente que o trabalho não me permite vir com tanta frequência teclar e obrar a preceito ao Pombocaca. Mesmo ver televisão é algo que se tornou quase uma raridade. Porém, ainda vou tendo tempo para vislumbrar uma coisinha ou outra.

Uma das coisas que vi, para aí uns quatro episódios, ou pedaços deles, foi o... nem sei se lhe devo chamar concurso ou qualquer outra coisa... enfim, programa «Quem Quer Namorar Com o Agricultor».

Sim, sei o que passa agora pela vossa cabeça. Apesar de tudo, reconheci-lhe algum interesse, quer nas paisagens e lugares, quer nos animais, culturas, técnicas e máquinas. Contudo, algo deixou-me deveras intrigado. Parece generalizado entre as mulheres o pânico a galinhas.

Espera lá: galinhas?! Mas que raio. Então por que carga de água? No meu tempo, comparar alguém a uma galinha era chamar-lhe medricas! Alguns até o fazem para chamar a alguém imbecil e desmiolado, injustamente, diga-se de passagem, pois são criaturas até com um bom grau de inteligência, mesmo comparando-as com alguns porcos rabinos erectos que para aí andam. É certo que se diz que as galinhas serão, alegadamente, descendentes dos temíveis Velociraptor mongoliensis ou osmolskae, predadores de topo da época em que os dinossauros reinaram sobre a Terra, mas não será de esperar ver uma ave de capoeira sacar-nos um braço se estiver a chegar a hora da paparoca ou sentir a sua postura ameaçada. 

- Ai, ela vai-me picar! Ai que bicho medonho! Ai, ela pica! Está a picar-me! AAAAAAAHHHH!!! - grita alguém. Pica e vai continuar a picar se não tirares daí a mão... ou se ela não fugir com medo de ti! Porém descansa. Ainda que algumas arrefinfem os seus bicos um bocadinho mais à bruta e às vezes aleijem, não é de esperar saírem por ali as tripas ou sequer uma pinga de sangue.

Vá lá, são só galinhas, nada de mais. Não fazem mal a ninguém. Já com os galos não é bem assim. Mas afinal, quem são elas? São mulheres... ou são... galinhas?

Que a caca esteja convosco!


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quarta-feira, 26 de junho de 2019

Alguém devia ver o que se passa com os aterros sanitários

Lembro-me quando há uns 20 e tal anos começou a achar-se entre a classe política que os aterros sanitários eram a brilhante solução para o lixo. Em teoria, este, tratado convenientemente, seria acomodado em segurança em lugares próprios, em buracos que depois seriam cobertos. Não sei se seria só a mim mas esta conversa deixava-me desconfiado que isto seria apenas uma outra maneira de lixeira: até então eram a céu aberto e agora passariam a ser cobertas, debaixo do chão. Ou seja, como é costume em particular nesta nossa malfadada Terceira República, se um problema deixar de ser visto, deixa de existir.

Não sei nada em concreto, pelo que não vale a pena choverem perguntas, mas tenho ouvido relatos e conversas preocupantes acerca dos aterros sanitários e de certas constatações nas regiões onde estão inseridos e suas imediações. Assim, seria interessante algum responsável de alguma entidade pública dar uma vista de olhos de surpresa num qualquer aterro ou inquirir quem lá trabalha ou trabalhou pois estou certo que terão mesmo muito para contar. E se um funcionário municipal não for capaz de lidar com a situação, talvez seja melhor recorrer a alguém do Estado e até mesmo da Polícia Judiciária. Garanto que jogará as mãos à cabeça.

Vou só dar umas dicas. E que tal fazer umas análises às águas subterrâneas ou dos cursos situados num raio de umas quatro léguas de qualquer aterro sanitário? É que em muitos deles não há nem peixes nem rãs nem sapos e, nalguns casos, nem sequer vegetação. E por qualquer motivo os javalis, que não são das criaturas mais asseadas, garanto-vos, chafurdam em qualquer poça mas destas águas nem sequer se aproximam.

Desafio quem quer que seja. Por favor, veja o que se está a passar com os aterros sanitários, nem que seja só para que se chegue à conclusão que o problema tem outra origem. Porém, com base no que se diz à boca cheia, não me parece que assim seja.

A bem da saúde pública, do meio ambiente e do futuro, quem de direito e dever se mexa!

Que a caca esteja convosco!


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domingo, 2 de junho de 2019

Realidades da ficção ou ficções reais?

«Teorias da Conspiração», da R.T.P.:

Qualquer semelhança com a ficção é mera coincidência!

Que a caca esteja convosco!





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quarta-feira, 17 de abril de 2019

Mais uma vez os combustíveis

Que emoção, parece que estamos a reviver os dias do bloqueio dos camionistas, em 2007!

Emoção? Muitos não lhe chamarão assim. Têm razões para isso. À semelhança de então, a presente greve dos motoristas de transportes de matérias perigosas tem paralisado o país por via da falta de combustível. E ainda só vamos no terceiro dia do protesto! Por consequência, para além de alguns desacatos e atrasos nos transportes e serviços, outros bens de consumo devem vir a sofrer quebras nas disponibilidades aos adquirentes ao mesmo tempo que os preços terão uma previsível subida dos preços, se não houver acordo entre as partes.

E porquê emoção? Porque é nestas ocasiões, tal como há 12 anos, que se torna evidente a enorme vulnerabilidade do sistema e a sua dependência dos combustíveis e surgem os respectivos questionamentos. Já nessa altura (como já lá vai tanto tempo...) se discutiu aqui a matéria e tudo me aponta para a mesma conclusão.

Certo, os combustíveis fósseis não são solução. Aliás, são o problema. Que alternativas então? Ora há os biocombustíveis. O problema é que, embora emitam menos gases poluentes, emitem-nos à mesma, pelo que são bons mas para uma fase de transição, para máquinas que já trabalhem com combustíveis mas se pretenda que passem a usar outros menos marcantes para o ambiente pela negativa.

Gás. E porque não? Há métodos de produção de gás a partir de fontes não fósseis. Só que coloca-se o mesmo sobredito.

Electricidade, a preferida dos amigos do ambiente. Problema é esquecerem-se que não há ainda uma verdadeira cadeia de tratamento de baterias usadas, que requerem o uso de matérias perigosas, como o chumbo e o electrólito, para não falar no plástico que as estrutura e reveste. Mais digo: como se viu no «Sexta Às Nove» do passado dia 12, o lítio é um componente crucial para qualquer bateria que se deseje poderosa e duradoura mas o custo ambiental e social da sua exploração é pesado demais, o equivalente a uma chaga hemorrágica com tendência à gangrena. Portanto, ou se descobre outro material e outra técnica ou a hipótese, à partida apelativa, depressa se verifica um fracasso.

Nuclear? Não, obrigado! (Será que o Jacques Chirrac ainda se lembra disto?) É demasiado perigoso e as consequências remetem-se para um muito e complicado longo prazo.

Muitas outras opções há mas, para já, fiquemo-nos por aqui.

Portanto, que fazer? Aponto três hipóteses.

1 - Usar os recursos disponíveis de maneira sensata. Claro que dizer isto a um consumidor voraz ou a um empresário do petróleo é o mesmo que um comerciante não querer receber pelo que acabou de vender ou dizer a um cão esfomeado para não comer um biscoito. Porém, vale sempre a pena incentivar o uso de bicicletas e transportes públicos e a prática de caminhadas. Aliás, por alguma razão temos pernas e pés. Prefira-se o uso de engenhos manuais ou movidos por fontes renováveis, reduzindo o daqueles movidos a combustíveis fósseis ao necessário. Ao mesmo tempo, urge levar adiante um verdadeiro, sério e intenso programa de reflorestação geral de Portugal e, porque não, do Mundo. É crucial como forma de controlo ambiental e forma de minorar os efeitos da poluição atmosférica.

2 - Usar várias fontes energéticas. Tal como na lavoura, em que a monocultura esgota os terrenos em determinados nutrientes, empobrecendo o terreno e propiciando o desenvolvimento de doenças e pragas, também neste sector se vê que, estando tudo dependente dos derivados do petróleo, os problemas surgem assim que ele escasseia. Portanto, havendo uma multiplicidade de fontes, a vulnerabilidade seria inferior.

3 - Não direi em tudo, até porque é evidente que não seria possível, mas para deslocações mais curtas e certa gama de trabalhos, porque não esta solução que eu já tenho referido e podia ser regeneralizada?

Eu sei, é esta a parte em que toda a gente se ri e diz que eu sou parvo. Contudo, creio que essas afirmações provêm tanto do desacostume como da impraticabilidade de acomodações para as bestas em grande parte das actuais áreas urbanas e do facto de nos termos habituado a ver algumas viaturas de tracção animal de mau aspecto e funcionalidade degradante tanto para o animal que lhe dá o movimento quanto para o(s) que é(/são) transportado(s). Esquecem estes que outrora existiram veículos elegantes e alfaias de trabalho com uma sofisticação com que hoje só se sonha ou recorda em museus e entre os idosos que tiveram a ventura de usufruir deles. Que poderia hoje haver se as técnicas e os materiais tivessem aperfeiçoado e as regulamentações tivessem melhorado?

É só um conjunto de sugestões que pode ter alguma aplicação, cada uma no seu contexto.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Aborrexit

Será que não há quem dê uma mãozinha ao Reino Unido e o ajude a sair de vez da União Europeia? É que desde há coisa de um ano que pouco mais se fala na comunicação social que do chamado «Brexit». «É já daqui a 9 meses, 3 semanas, 5 dias, 18 horas, 34 minutos e 51 segundos!» «Vai ser votada uma 345ª moção sobre a saída sem acordo ou com acordo limitado e restringido ao raio que o parta na Câmara dos Comuns do Parlamento Inglês.» «Chumbada a nova proposta sobre o que quer que seja relativo ao processo de saída da União, em Westminster.» «Mais um adiamento para a saída do Reino Unido, agora para 30 de Fevereiro de 30020.» «As olheiras da Theresa May são tão grandes que ela já se parece com a Angela Merkel.» «Brexit, Brexit, Brexit...» 

AAAAAAAH!!! NÃO HÁ PACHORRA!

Porque é que aqueles palermas não se deixam de reticências e hesitações e pura e simplesmente deixam a União Europeia? Eu sei que as pessoas em geral não me concedem a razão mas insisto que, à partida, o Reino Unido tinha tudo a ganhar em sair da União. Basta lembrar, entre uma miríade de outros factores, que é um dos maiores contribuintes para o orçamento comunitário, pelo que a saída de riqueza neste campo cessaria com o fim da ligação a Bruxelas. Deixavam de correr uns quantos subsídios, claro. Mas e daí? Ao invés, não teriam mais os burocratas federalistas de Bruxelas a mandar e desmandar nos assuntos internos. Tudo mais é pura especulação, até porque o Reino Unido não pertence ao Espaço Schengen e tem uma gestão de fronteiras própria. O problema é que permitiu-se que se falasse demasiado no assunto e durante demasiado tempo. A incerteza é um repasto inflamável para qualquer teoria de cenário catastrofista e a questão tem sido propositadamente ampolada de modo a fazer parecer que qualquer episódio de secessão dentro da União Europeia é trágico, dramático e de consequências apocalípticas.

Portanto, e quanto a mim, a primeira coisa que deveria ser feita seria a demissão da Primeira-Ministra Theresa May, que tem gerido mal o assunto, ao qual parece ter reduzido, ou pelo menos destacado, com infelicidade a sua governação. E como o Parlamento Inglês também não se tem portado muito bem, nada melhor que clarificar a situação com eleições legislativas. Em terceiro lugar, definir uma data para a saída. Nada de adiamentos, é chegar ao dia e pôr um ponto final na malfadada relação. Se há acordo ou não com a União, quanto a mim, é irrelevante. Se não o há, logo se negoceia depois com cada uma das partes envolvidas, sejam estados, empresas ou particulares. De resto, pouco ou nada muda.

Vá lá, vamos dar o passo em frente que já ninguém aguenta mais esta lenga-lenga. Até os mais cépticos verão de futuro que, apesar de tudo, a melhor coisa que podia ter acontecido às nações britânicas foi terem virado costas à União Europeia. Pena é nenhum outro lhe seguir o exemplo, e há quem razões tenha avondamente para o fazer. Deverei nomeá-los? Será necessário mesmo?

Continuo a dizer: a União Europeia deveria ser uma plataforma de entendimento e cooperação entre estados independentes e não uma espécie de conjura centralizada pró-federal. Nos moldes actuais, não há futuro possível.

Avante, Bretões!

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Hora, mudar ou não mudar? Brevíssimas considerações

Estamos de novo e desde há algumas semanas em horário de Verão. Pois é, a hora mudou. Entretanto, o Parlamento Europeu aprovou a proposta que visa o fim das mudanças de hora, ora para a de Verão, ora para a de Inverno. Quer isto dizer que, a partir de 2021, o horário vigente vai passar a ser sempre o mesmo, tal como já era até há umas décadas atrás. Claro que, como não podia deixar de ser, logo uma série de entendidos veio declarar um rol de malefícios da medida, apesar de uma sondagem indicar que 85% dos Portugueses ser contra a mudança de hora.

Ora bem: o simples conceito de «mudar de hora» já de si é parvo.  Não tem lógica nem faz qualquer sentido visto que o tempo é sempre o mesmo, uno e constante, independentemente do que diga qualquer Einstein das Couves. Note-se que aqui eu não me refiro a matérias de Física.

Depois é o aspecto prático da coisa. Dizem que é por uma questão de poupança energética. Esquecem-se é que a electricidade, por exemplo, que se poupa num período, acaba por ser despendida no outro. Logo, nada se poupa. A única praticabilidade que encontro neste costume bizarro é a facilidade com que se constitui uma espécie de comédia irritante às custas de gente que chega demasiado cedo a um sítio numa altura do ano ou atrasadíssima noutra, esquecendo-se do estúpido detalhe de que algum cromo do passado, daqueles que têm a cola tão ressequida que já não pegam na caderneta nem com Super-Cola 3, se lembrou que seria baril deixar os outros atarantados com pôr os relógios a andar mais para a frente ou no sentido retrógrado e com as imensas discussões que isso geraria nos dias anteriores quanto a se a hora adiantava ou atrasava quando no fim aquilo é sempre a mesma enorme e fétida porcaria. Se o objectivo prático era esse, então foi bem sucedido porque só o constante falatório sobre o «Brexit» consegue ser mais irritante que duas velhotas em debate quanto a se a hora muda para a frente ou para trás. Não muda, nós é que mudamos!

Mas há aqueles que dizem que, se a mudança de hora acabar, nós vamos andar muito atarantados. Acordamos e levantamo-nos de noite, o nosso relógio interno fica desregulado, a síntese de Vitamina D desequilibra-se, nós ficamos passadinhos dos carretos e com aspecto de Drácula e é o colapso da economia e da sociedade e o fim do Mundo em cuecas. Talvez essa malta se esqueça que, antes de começarem as mudanças de hora, já existia Humanidade, sociedade, civilização até e nada daí advinha ao Universo. Mas isto sou eu que digo, talvez seja melhor o leitor confirmar. 

E se a hora deixar mesmo de mudar? Uns dizem que deveria vigorar o horário de Verão. Outros, o de Inverno. Há argumentos para todos os gostos a favor e contra mas não há pachorra para tal maçada.

Em suma, por favor, acabe-se mas é com esta tolice de fazer os relógios saltitarem num constante avança-recua! Acabam-se as confusões, as re-habituações, os atrasos ou adiantos e ponho as minhas mãos no fogo em como nenhuma consequência nefasta o restauro desta ordem horária trará. Quanto a que horário deverá ficar, porque não o mais próximo possível à hora solar, que é a que é a natural, ou seja: o de Inverno? Não faz mal nenhum ir para a caminha mais cedo e levantar com o nascer do Sol ou antes disso. Já lá diz o provérbio que «deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer». Não há nesta hora qualquer mal e tudo é uma questão de hábito.

Senhor Primeiro-Ministro e demais senhores governantes. Sejamos sensatos e acabemos com esta troca-baldroca relojoeira, como já em tempos António Guterres levou a cabo. Cedo vós mesmos, que vos mostrais avessos à decisão, vereis que é muito prático e benéfico e é tão simples quanto não fazer nada.

Que a caca esteja convosco! 


P.S.(faz sentido, que é quem está no poder): NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

sábado, 2 de março de 2019

Pugna ou Purga?

A esta hora, toda a gente deve estar a pensar que eu estou sempre cravado no Festival da Canção, até porque quase todos os anos eu comento-o. Não é verdade, acho mesmo que o Festival está há décadas em decadência. A questão é que é um verdadeiro tubo de ensaio que serve de amostra à sociedade.


Quando pensávamos que nada mais nos haveria de surpreender, eis que a segunda semi-final nos apresentou uma série de temas, quanto a mim, melhores do que a da primeira mas com uma estranheza superior num deles ao já, segundo parece, imortal música de Conan Osíris. Surma, com o seu «Pugna».
 

Tive de o ouvir e ver algumas vezes para me conseguir aperceber daquilo que presenciei pela televisão. Um tema hipnótico, com um toque fantasmagórico e bastante monocórdico. Este sim foi um daqueles momentos «mas que raio» mais intensos que um Nirvana invertido.

Ora vamos lá ver se entendo. Este é, ou há muito tempo atrás foi, o Festival da Canção. Ora festival é, até porque sempre que olhamos para uma edição, ainda mal ela está a começar e já dizemos que vai ser uma festa. Da canção é que já nem sempre. É que para algo ser canção, é preciso que se cante. De facto, têm aparecido artistas que cantam e bem. Outros não tão bem. O já referido bárbaro da mitologia egípcia também canta. A menina Pugna é que ainda não deu mostras disso. Falar com entoação sob um tratamento electrónico de voz não sei se será bem cantar.

Como dizia a minha avó, «o Mundo para ser Mundo tem de ser composto de tudo». E contudo, no que respeita ao Festival, que saudades doutras eras... Eu sei, sou um bota de elástico...

Que a caca esteja convosco! 


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Telemóveis descartáveis... e sem rede

Vou confessar-vos uma coisa. As tecnologias têm um pequeno problema comigo. Não sei porquê, tudo de mais sofisticado neste campo tende a recusar-se a trabalhar comigo como deve ser ou simplesmente a trabalhar. Mais faço com um lápis ou uma daquelas simples mas sempre eficazes esferográficas BIC Cristal do que com um gingarelho daqueles XPTO e para mim tabletes só mesmo de chocolate.

Com computadores e telemóveis tenho mesmo um relacionamento que mais parece um caso clínico, para os padrões da Modernidade, apesar de lhes reconhecer grande utilidade prática. Dou-me melhor com máquinas de escrever ou melhor ainda com papel do que com computadores, que encravam e avariam constantemente. Telemóveis então são máquinas muito inoportunas, com pouca ou nenhuma cobertura de rede em muitos locais, sorvedouros de dinheiro só superados por automóveis e daquelas coisas que permitem tanto que nos estejam constantemente a azucrinar a mioleira que dá vontade de rebentar com eles. Hoje em dia então, chegámos ao estranho paradoxo dos telemóveis fazerem tudo e mais alguma coisa (gravações de som, vídeos, fotografias, acesso à Internet,troca de mensagens,...) que às tantas duvido que ainda façam aquela que, originalmente, era a sua função primária: telefonemas.

É como os mais recentes «Telemóveis», o estranho tema que Conan Osíris levou à edição deste ano do Festival da Canção. Talvez seja só de eu ser um sacana jarreta ou um antiquado mas quer-me cá parecer que talvez este telemóvel esteja com problemas de rede, se é que eu me faço entender. No entanto, merece todo o mérito pela crítica de costume e pelo entretenimento garantido. É que a par da estupefacção inicial, que nos deixa a captar mal o sinal, as gargalhadas não cessarão com este momento «mas que raio». Sem dúvida que o Festival da Canção tornou-se num espectáculo de variedades, do mais talentoso ao mais grotesco, em particular nesta... e não é de agora. Mais estranho ainda é que o júri não achou grande graça mas o público conferiu-lhe uma votação notável.



Tenho de ir andando, que esta, digamos, música, deixou-me meio zonzo. Acho que é a bateria quase esgotada... de tanto rir!

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

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AVISO IMPORTANTE: DADO O ELEVADO TEOR EM EXCREMENTOS CORROSIVOS, NÃO SE RECOMENDA A VISUALIZAÇÃO DESTE BLOG EM DOSES SUPERIORES ÀS ACONSELHADAS PELO SEU MÉDICO DE FAMÍLIA, PODENDO OCORRER DANOS CEREBRAIS E CULTURAIS PROFUNDOS E PERMANENTES, PELO QUE A MESMA SE DESACONSELHA VIVAMENTE EM ESPECIAL A IDOSOS ACIMA DOS 90 ANOS, POLÍTICOS SUSCEPTÍVEIS, FREIRAS ENCLAUSURADAS, INDIVÍDUOS COM FALTA DE SENTIDO DE HUMOR, GRÁVIDAS DE HEPTAGÉMEOS E TREINADORES DE FUTEBOL COM PENTEADO DE RISCO AO MEIO. ISTO PORQUE...

A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!