sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Inspirações cavaquistas? Não,obrigado!

 De facto, não sei se os partidos querem ganhar as eleições ou perdê-las. Interrogado quanto a qual a pessoa que mais inspirou a sua vida, Luís Montenegro respondeu que, no campo da política, foi Cavaco Silva. Não sei se será apelativo ao eleitorado afirmar que se é um seguidor dum ditador de baixa categoria. Enfim, é a nossa democracia...

 

Que a caca esteja convosco!

 

 

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Pinto da Bosta, o «Medíocre»

 


O grande Jorge Nuno Pinto da Costa voltou a apresentar-se como candidato à Presidência do Futebol Clube do Porto, cargo que ocupa com astúcia e pulso firme e pesado desde 1982. E contudo, podem as décadas terem-se sucedido que a estratégia seguida é sempre a mesma: intimidação e repressão dos adversários e opositores e uso das entidades «de Lisboa» e da comunicação social como o seu bode expiatório, entre outras hipotéticas que as vozes e as letras replicam mas que as entidades não têm dado como provadas.

Pinto da Costa chegou ao seu auge há muito e não precisa provar mais nada a ninguém. É um líder incontestado, carismático e emblemático dos portistas. É uma verdadeira lenda. Podia ter saído em glória pela porta grande, retirando-se no momento certo. Porém, grudou-se ao poleiro como um Salazar do faz-de-conta-que-é-só-futebol e não larga o osso por nada deste Mundo. Como se costuma dizer, «não mija nem desocupa a moita». Às custas disso, vai começando a aparecer oposição e questionamento interno. Qualquer dia, não largando a direcção do clube a bem, largá-la-á não o querendo.

Passados tantos anos, continuo a interrogar-me quanto ao como é possível uma pessoa que se considera descaradamente imune à justiça e apela à violência não foi ainda indiciada pelas autoridades de nada do que é evidente perante os olhos de todos. Há tanto por onde escolher e não sou eu quem o diz, é do senso comum: corrupção, associação criminosa, incitação ao ódio, senão mesmo sedição, tal não é o sentimento de unidade nortenha e consequente aversão anti-Sul, Lisboa em particular, que tem fomentado.

Talvez seja este o presidente que o clube portuense merece. É pena é ver o homem que tornou uma pequena colectividade desportiva regional num clube internacional ser também o responsável pela sua ruína. É como dizia Camões: «ó glória, ó vã cobiça», pois tão grande e glorioso quer o homem ser que nem tem noção da sua mediocridade. Citando ainda outro artista a respeito do mesmo, já lá dizia Mr. T: «I pitty the fool!»

Que a caca esteja convosco!

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Perder ou não perder, eis a questão

 Juro-vos que não consigo compreender se P.S. e P.S.D. querem ganhar as eleições ou perdê-las. A sério, basta ver as condutas de ambos. Tanto num partido como no outro, os escândalos com acusações e investigações de casos de possível corrupção sucedem-se. O Partido Socialista mantém-se no poder com um governo demissionário que, apesar disso, continua com plenos poderes, pelo menos para o que lhe interessa, o que não deixa de ser um contra-senso. A cada passo, mete o pé na argola, seja com medidas tomada ou propostas e promessas para o futuro. Um novo e questionável líder, Pedro Nuno Santos, foi eleito para suceder a António Costa na liderança dos socialistas. Não sei é se terá pedalada e carisma para suceder na chefia do Governo. Se tal acontecer, talvez seja graças a Luís Montenegro, que me parece ainda menos susceptível para subir ao mais alto cargo da nação. (Ora essa, ninguém diga que não, que toda a gente sabe que é o Primeiro-Ministro quem realmente governa o país.) Para ajudar a compor o ramalhete, o Partido Social-Democrata , já de si com um passado pesado e um presente pouco melhor, ainda recompôs a Aliança Democrática, coligando-se, ninguém compreende bem porquê, a dois partidos moribundos. O Centro Democrático Social, que Paulo Portas arruinou e o «Chicão» acabou de sentenciar, há muito tempo que não existe enquanto partido, sendo há décadas uma mera filial do P.S.D., nesta legislatura sem sequer ter representação parlamentar.  O Partido Popular Monárquico, destruído pela acção fratricida nefasta dos manos da Câmara Pereira, a ponto do próprio Dom Duarte considerar que não representa os monárquicos portugueses, foi a força política menos votada nas eleições legislativas de 2022, com apenas 260 votos. Olhando para o porte e a conduta do seu dirigente, compreende-se. O mais provável é que nem sequer os militantes todos do partido nele tenham votado. Portanto, se a ideia era agregar mais votos com o intento de obter mais um ou dois deputados, tudo saiu ao contrário, visto que as sondagens apontam para que P.S.D. a concorrer a sós tenha maior votação que a A.D. em conjunto.


Uma coisa é certa. Quem quer que ganhe as eleições, acontece-lhe como o Benfica no Campeonato de Futebol: vence mas não convence.


Que a caca esteja convosco!



P.S. ou P.S.D., tanto faz que é tudo farinha do mesmo saco: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Borda d'Mete Água

 Caros pombos amigos, muito bom e feliz ano novo!


Quem não conhece o «Borda d'Água», o mais famoso almanaque de Portugal? O mais provável é que mesmo quem não tenha nunca comprado ou sequer lido a célebre «folhinha» já tenha, no mínimo, ouvido falar dela. Porém, e como «no melhor pano cai a nódoa», até aqui é inevitável que apareça uma ou outra falha.



Tirando uma ou outra inexactidão no que respeita aos dias de alguma feira ou mercado, o que é inevitável, pois são tantos, tem sido recorrente desde há alguns anos um erro bem mais evidente. Este tem surgido na última página, no bem conhecido «Juízo do Ano». Nele costumam apontar-se alguns problemas e críticas e possíveis soluções bem como fazer a caracterização e prognosticação do ano em causa. Ora uma das indicações refere-se ao planeta regente.


A muitas pessoas isto passa despercebido e assimila a informação porque não compreende o porquê de ser assim. Pois eu passo a explicar. Na Antiguidade Clássica, com a sucessão dos anos tornou-se notória uma ciclicidade de tudo: do estado do tempo, da natureza das colheitas e sua produtividade, das criações de animais domésticos e selvagens, dos acontecimentos, das características gerais das pessoas, dos acontecimentos, enfim, de tudo. Na Roma Antiga, atribuíram-se estas características às correspondentes divindades que supostamente as possuíam ou nelas influíam. Consequentemente, a cada divindade correspondia um astro. Portanto, os Romanos consideravam que cada ano estava debaixo da influência de um desses astros, aos quais chamaram de planetas regentes, os quais variavam, bem como a natureza do ano que regiam, consoante o dia da semana em que o ano começava. Ainda hoje, em várias línguas, como castelhano, francês ou inglês, por exemplo, isso é evidente nos nomes atribuídos a alguns dias da semana. As correspondências, para simplificar a explicação e não me alongar mais com detalhes, são as seguintes:

Domingo..............Sol

Segunda-feira.......Lua

Terça-feira.............Marte

Quarta-feira..........Mercúrio

Quinta-feira...........Júpiter

Sexta-feira..............Vénus

Sábado...................Saturno


Posto isto, voltemos ao «Borda d'Água», que desde há uns anos que parece não atinar com o planeta regente. Eu tenho exemplares de quase todos os anos das últimas três décadas e tal, acho que só falta um, mas aqui à mão tenho o de 2023 e o de 2024. No primeiro, o planeta regente era o Sol mas a «folhinha» diz que era a Lua. No segundo, este ano, rege a Lua mas a «folhinha» diz que é Saturno.


Então, pessoal? Quer os leitores acreditem quer não neste assunto, ao menos sejamos rigorosos. Não sei o que diz «O Seringador», se é que faz menção a este detalhe, mas não queremos que o «Borda d'Água caia em descrédito, pois não?


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 24 de dezembro de 2023

Mensagem de Boas Festas do Pombocaca

 Caros pombos amigos


Prometo não me demorar muito desta vez a atrapalhar a vossa consoada, até porque eu também tenho coisas bem mais importantes que ficar à frente dum ecrã de computador. Todos os dias são ocasiões importantes para isto mas, face à importância que é atribuída à quadra festiva por que passamos e ao ambiente de que ele se reveste, este é o tempo por excelência para olhar para as pessoas cara-a-cara tanto quanto possível e conviver com elas e não para ficar a olhar para ecrãs.


Mais um ano está quase terminado e para a História fica como outra jornada terrestre em torno do seu astro-rei não de iluminação, seja em sentido literal ou figurado, mas de egoísmo, estupidez, ódio e guerra. A Humanidade progride tecnològicamente a olhos vistos, demasiado depressa até para a evolução das mentalidades ou mesmo para a compreensão das descobertas e inovações que se vão sucedendo a um ritmo cada vez mais acelerado. Fazendo aqui um breve aparte, não estará a Humanidade a transformar-se num gigante com pés de barro? Arrisco uma resposta: sem dúvida que sim. Mas retomemos o fio condutor da explanação. Ao invés dos sucessos que se vão verificando nas áreas das ciências e das tecnologias, o ambiente e a Natureza em geral no Mundo vão-se deteriorando a olhos vistos. As pessoas continuam a sua rota destrutiva e auto-destrutiva olhando só para si e obcecadas por dinheiro, sucesso, fama, poder... futilidades! Todas aquelas coisas que são a delícia dos nossos sentidos mas que, uma vez passada a concessão vitalícia que é dada aos nossos corpos, deixam de servir para o que quer que seja. Estes e outros estúpidos caprichos têm manchado a nossa pequena esfera celestial, o nosso paraíso, de dor, tristeza e ódio. O ano passado, vimos um grande conflito sem sentido começar, de entre muitos outros que não chegam aos nossos conhecimentos, contenda esta que continua e nem se sabe quando é que possa vir a ter um termo, apesar do morticínio e da destruição que tem provocado. Eis que este ano um outro ainda mais brutal nos tem chocado, motivado pela fúria cega duns e pela sede de vingança sem limites de outros. E assim temos a morte espalhada em regime de produção industrial. Mas mesmo nas terras pacíficas a miséria progride como uma peste, com mil e uma formas de exploração dos próprios congéneres, já para não falar das outras espécies ou sequer do próprio planeta que nos alberga e dá vida. Tanta e tão crescente pobreza para uma tamanha e sempre maior e galopante ganância.


Para quê, meus amigos? Para quê isto, Humanidade? Um dia, todos nós, sejamos grandes ou pequenos, ricos ou pobres, poderosos ou humildes, não deixaremos para trás os nossos corpos inanimados sem que possamos levar connosco o que quer que seja que arrecadámos nesta vida? Então para quê a roubalheira, o ódio ou a exploração se no fim isso não nos vai valer de nada?

Visto de outra maneira, aonde chegou o que quer que fosse ou quem quer que fosse com a matança e a espoliação alheia? Não caiu por terra o poderoso Império Romano? Não se decompôs e ruiu a União Soviética? Contudo, e por outro lado, não é a crença de boa parte da Humanidade a fé na vida e palavra de Jesus Cristo? E porventura levou ele a sua passagem na Terra a espalhar o ódio, a roubar, matar, enganar ou explorar o alheio? Não! Ele levou a todos uma mensagem de paz, amor e fraternidade. O seu próprio nascimento, que comemoramos nesta época do ano, foi em si um exemplo de harmonia, alegria e proximidade entre todos. O burro não escocinhou a vaca, a vaca não escorneou o burro, a Virgem Maria e o São José não andavam à estalada, os visitantes não se degladiavam entre si, os reis magos não trouxeram armas nem venenos e os anjos não aniquilaram nada nem ninguém. E foi assim, que várias espécies e raças, todos juntos em prol dum bem maior, reunidos em torno de um recém-nascido indefeso e à partida sem esperanças, triunfaram. Com ódio, Herodes pereceu. Com amor, Jesus venceu! Então se eles todos juntos em harmonia triunfaram, porque não haveremos nós?


Meus irmãos e amigos. Ignoremos toda a parvatagem que nos tolhe o pensamento e, já agora, larguemos os computadores, telemóveis e televisões e olhemos e abracemos aqueles que temos logo ao pé de nós, seja um familiar, um amigo, um desconhecido, um inimigo, um cão, um periquito, um peixe-espada, uma iguana ou uma azinheira. Decerto a nossa vida e o Mundo parecerão muito melhores. Mais do que isso: serão muito melhores.


Boas festas a todos, com um santo Natal e um excelente 2024 repleto de saúde e esperança, são os sinceros votos do pessoal do Pombocaca: Migas-o-Sapo, X-Filer e Inácio Balakov.


Que a caca esteja sempre convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

P.P.S. (Não, não é um novo partido político.): A esta hora, já toda a gente deve estar a pensar que eu me esqueci de alguma coisa, nomeadamente do brinde, não é verdade? Pois não me esqueci não! Aqui está, com abraços e uma boa dose de... calor humano para todos!



domingo, 5 de novembro de 2023

Verdade de Marcelo

 Tem havido nos últimos dias uma enorme polémica quanto ao que o Presidente Marcelo disse ao Embaixador da Palestina, nomeadamente que desta vez tinham sido alguns palestinianos a iniciar o conflito. No fundo, é a constatação de um facto e algo que toda a gente diz. Porém, parece que isso calhou mal a algumas pessoas por cá, e de forma bastante exaltada, como se nós tivéssemos algo a ver com isso.

Não percebo o problema. Por acaso ele disse alguma mentira?

Parabéns, Excelência. A verdade é para ser dita.

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!



domingo, 29 de outubro de 2023

Em louvor das cisternas, parabéns Lisboa!

 Estão em curso as obras em Lisboa com vista a melhorar a drenagem e evitar assim os nefastos efeitos de potenciais inundações. Uma tuneladora, a H2O, vai ser a responsável pela execução dos trabalhos. Fabricada na China, pesa 70 toneladas e estima-se que avançará a um ritmo de cerca de 10 metros por dia.  Vai abrir dois túneis: um desde Monsanto a Santa Apolónia, com cinco quilómetros e meio de comprimento, e outro de Chelas ao Beato com cerca de um quilómetro. A primeiras águas, cheias de sujidade, serão ainda desviadas para estações de tratamento. Haverá ainda uma central mini-hídrica para a produção de electricidade. No entanto, para mim, a grande novidade é o aproveitamento de água em grandes reservatórios subterrâneos para posterior uso em rega de jardins e lavagem de espaços públicos.

Esta última medida não é novidade. Aliás, era comum até há poucos anos a construção de tanques e cisternas quer a nível particular quer, até há uns tempos um pouco mais recuados, a nível público. Ainda existem algumas dessas antigas cisternas tanto por terras de Portugal, como me lembro agora, por exemplo, da que há no castelo em Silves, como em partes do Mundo outrora sob a alçada dos Portugueses, com particular destaque para as antigas praças do Norte de África, em muitos casos ainda ao uso. Novidade sim, quanto a mim, foi alguém ter tido o bom-senso de olhar para o passado e ver nele uma lógica e sensata medida com potencial para aplicação futura, o que é particularmente evidente e crítico numa época em que a escassez de água se promete agravar.

Sem dúvida, um exemplo de louvar a seguir, retomar e dar continuidade um pouco por todo o lado! Muitos parabéns!

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Mistério Episcopal

 Há três dias atrás, Dom Américo Aguiar tomou posse como Bispo de Setúbal. A diocese sadina estava em situação de sede vacante, ou seja, sem bispo, desde Março de 2022. Esta seria uma notícia comum e quase imperceptível se não fosse um pequeno conjunto de dados adicionais.


Dom Manuel Clemente

Como se sabe, Dom Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa, tinha por seu bispo-auxiliar Dom Américo Aguiar, que entretanto o Papa Francisco agraciou com o estatuto de cardeal. Estando Dom Manuel prestes a chegar ao termo do seu exercício como Patriarca e sendo Dom Américo o seu auxiliar e igualmente cardeal, este seria o sucessor natural daquele. Porém, sem que se compreendesse bem o porquê, o Papa decidiu nomear antes um ilustre quase desconhecido, Dom Rui Valério, até então Bispo das Forças Armadas, para o cargo de Patriarca. Já o Cardeal Dom Américo, a quem, supostamente, tantas virtudes são atribuídas e de tantos feitos é merecido agradecimento, foi nomeado Bispo de Setúbal.


Dom Américo Aguiar



Dom Rui Valério

De certeza que o Papa Francisco sabe o que faz mas, não querendo desmerecer nem retirar mérito a Dom Rui Valério, que decerto o tem, a qualquer leigo ou mesmo clérigo que não esteja a par das razões e intenções do Sumo Pontífice, a nomeação do Cardeal Dom Américo Aguiar para a Diocese de Setúbal parece quase assemelhar-se a um prémio de consolação, senão um castigo. Como diria a antiga sabedoria popular, é como «ir de cavalo para burro». E note-se que os burros nem de perto nem de longe são inferiores aos cavalos.


Às tantas, isto é só impressão minha e eu estou errado.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!


Estado da Nação

Ocorreram-se duas grandes tragédias: o início do ano lectivo e o início da nova legislatura. Há dúvidas? Quanto a uma, não há. Quanto à outra, só as há para quem nunca foi à escola, quer como aluno quer como professor ou outro profissional do sector quer como encarregado de educação. Mas adiante. Pois é, está aí uma nova temporada na política. No fecho da legislatura anterior, como é costume, fez-se o debate do estado da Nação. Não o vi nem li nem ouvi mas cheira-me que deve ter sido o habitual: o Governo diz maravilhas sobre a sua acção, o partido que o suporta e constitui apoia e os restantes partidos fazem um cenário de catástrofe. Na maioria dos casos, a verdade anda algures ali pelo meio... ou afastada de todos eles. Agora que os políticos voltam à carga, para mais com eleições à vista, ainda que distantes, se bem que tudo seja feito em prol das eleições, vamos relembrá-los do estado da Nação, lembrete este feito por quem não é político nem quer nada com política.

 

Portugal é um país em constante crise. O Orçamento de Estado pode ter tido um excedente em 2019 pela primeira vez desde o Estado Novo e vir a ter outro este ano mas o equilíbrio é tão precário que basta algo, seja simples ou complexo, para o destruir, como aconteceu depois com o Covid-19 e com a invasão russa à Ucrânia. Fazem falta medidas de fundo e, acima de tudo, estabilidade. E não digo de governos, porque a História tem-nos indicado que alguns deles, como os de Cavaco Silva, Durão Barroso, Santana Lopes, José Sócrates ou Passos Coelho, pior fizeram com tão longas durações. Digo de organismos, de instituições, de valores e procedimentos.

 

Pouco se cria e produz. Só para se ter uma ideia, mais de 80% dos cereais consumidos são importados. São raras as explorações agrícolas e pecuárias e cada vez menos, estranguladas por secas, tempestades, impostos brutais, seguros que ou não se fazem ou, fazendo-se, custam uma fortuna, despesas crescentes e mão-de-obra cada vez mais reduzida. Se a base da economia, que é a agricultura, falha, então todo o resto falha também. De igual modo, temos a indústria. Tal como a agricultura e a pesca, na sua maior parte em moldes literalmente medievais até à primeira metade dos anos 90, a indústria, já de si escassa mas pontualmente com notável dimensão, levou golpes quase mortais a seguir à Revolução dos Cravos mas ainda resistiu até cair por terra perante os subsídios à não-produção e à concorrência impossível que se seguiram à ratificação do Tratado de Maastricht, que não é ao acaso que ficou conhecido como o «Tratado Mais Triste». Note-se que as grandes empresas do sector, como a C.U.F. ou a Siderurgia Nacional ou a Casal, entre outras, foram as que mais padeceram com esta situação. Desta feita, também daqui pouco se apura. O produto final é deficitário. Portugal é extremamente dependente do estrangeiro. Faziam falta medidas para incentivar e proteger as actividades ligadas ao mar e ao campo e à transformação dos bens que aí advêem, com promoção da benéfica salvaguarda ambiental, tanto para o bem-estar comum como para o rendimento dos próprios empreendimentos.


Pretende-se entre os empresários e os políticos cativar a vinda de estrangeiros para contrariar o défice demográfico e suprir as necessidades de mão-de-obra laboral. Esta medida, bem como a captação de investimento estrangeiro, como veremos num texto futuro, é desastrosa do ponto de vista económico. Do ponto de vista social, apenas breves apontamentos. Muitos têm culturas de origem muito distintas das nossas e nem sempre compatíveis. Atrás deles vêm com frequência redes de tráfico e exploração humana e de droga, entre outros. Como se não bastasse, também são olhados pela  população nativa com pena, derivado às más condições em que mormente vivem e trabalham mas de igual modo com desconfiança por estas razões e por receberem benefícios estatais que muitas vezes nenhum dos naturais recebe. Pior do que isso, caiu-se no exagero de hoje em dia retirarem-se os filhos aos pais com uma leviandade absurda. Os miúdos não têm a roupa sempre imaculada? Faltaram à escola? Têm as vacinas atrasadas? Não têm um quarto pipi cheio de bonecos e consolas? Depressa as autoridades os tiram de entre os seus desgostosos progenitores para irem para adopção ou para uma instituição qualquer onde de tempos a tempos acontece um ou outro escândalo. Isto, claro, se as crianças e os pais forem portugueses. Se forem estrangeiros, não há problema. Quantos gaiatos filhos de estrangeiros não abundam pelo país que andam por aí (e garanto mesmo que os há) descalços, nus ou quase, seja Verão ou seja Inverno, porquinhos, todos ranhosos e ramelosos, com as gadelhas farripentas em rastas que lembram ninhos de ratos, que não têm qualquer vacina e não vão à escola, ou pelo menos a nenhuma que seja reconhecida oficialmente? E, no entanto, se forem estrangeiros ou de alguma comunidade ou grupo étnico minoritário, jamais serão retirados aos pais, até porque por vezes nem se sabe bem ao certo quem eles são. Desengane-se quem pensa que não: o racismo é um problema de origem política. O receio da classe política em dar a entender que Portugal não é um país hospitaleiro e acolhedor tem lentamente vindo a causar isso mesmo. Tanta é a hospitalidade que há 30 anos que vivemos de portas literalmente escancaradas, com um país sujeito a tudo. E, contudo, se uns aderem à sociedade com plenitude, muitos não se integram e nem se querem integrar, mesmo tendo todas as condições para isso, vivendo em comunidades isoladas e fechadas sobre si próprias. Posso garantir e pôr as minhas mãos no fogo por esta afirmação. Se se perguntar às pessoas acerca dos estrangeiros, ninguém dirá a alguém de fora crítica negativa alguma deles com receio de ser acusado de racismo e xenofobia e ainda vir a ser multado ou preso. Porém, longe de repórteres, políticos e autoridades, entre vizinhos, familiares e amigos, poucos talvez serão os que não digam que o melhor que podia acontecer era eles serem remetidos às suas proveniências, pelo menos em grande parte dos casos. É necessária fiscalização, agilidade na justiça, igualdade de tratamentos entre Portugueses e estrangeiros e entre estrangeiros (que os há com maiores direitos que outros) e critérios de admissão de imigrantes. É urgente e crucial proceder não a um fecho mas a um controlo mínimo de fronteiras como forma de prevenção da criminalidade e da fuga à Justiça.


E já que se fala de justiça, Portugal tem um sistema judiciário e penal que cada vez mais se vai tornando brando e permissivo. Os processos em tribunal duram anos e anos sem fim quer derivado à carga burocrática quer ao imenso volume de trabalho, sempre a par da crónica falta de pessoal, quer à conduta de muitos advogados que têm por hábito arrastar os processos e interpor sucessivas acções com vista a fazer render o seu trabalho, algo que, felizmente, os últimos bastonários têm vindo a tentar combater. As penas são, em geral, muito brandas e mesmo essas são pouco aplicadas. De facto, arranja-se um pretexto para desculpar qualquer delito. Com frequência, um argumento ligado à Psicologia ou à Medicina livra alguém de uma condenação. Para dizer a verdade, pouca gente é condenada. Só o são os desgraçados que cometem pequenos delitos e não têm como se defenderem e os que devem algo ao Estado. Ai do que se esquece dum desconto para a Caixa ou foge aos impostos e é descoberto. Esse fica logo desgraçado para o resto da vida e até para aí a décima geração que lhe suceda. Em todos os restantes casos, o criminoso ou não é condenado ou a sê-lo incorre numa pena ligeira ou apanha uma um bocado mais vigorosa mas em qualquer dos casos acaba por, o mais provàvelmente, sair a um terço ou a meio da pena, e isto se não beneficiar entretanto de algum perdão ou indulto. A acrescentar a tudo isto, ainda há disposições muito contraditórias do Governo, como aconteceu durante o confinamento, em 2020, em que era prometida prisão aos prevaricadores sanitários mas ao mesmo tempo soltavam-se os prisioneiros... Prisões são como os tribunais: poucas. Paralelamente, postos da G.N.R. e esquadras da P.S.P. são cada vez menos. Os agentes da autoridade, com a sua força progressivamente enfraquecida, nem ousam entrar em certas áreas problemáticas nem intervir em certos tipos de situações. Estes factores todos conjugados têm ajudado, desde há quase 30 anos, a criar sensações mais e mais vincadas de insegurança, impunidade e desresponsabilização. É crucial para a sobrevivência do Estado e do nosso país dotar as forças de autoridade de poder, sem que, porém, se as deixe cair no abuso; reabrir os tribunais encerrados e, se e onde necessário, criar novos e com mais competências; criar novas prisões, quem sabe até, funcionando de forma a promover a produtividade, como empresas, por exemplo, e note-se que eu não estou a falar dos impensáveis trabalhos forçados; dotar a legislação e os organismos de maior agilidade; tornar as penas pesadas; acabar de vez com as amnistias, os indultos e o cúmulo jurídico; contratar mais pessoal; cultivar desde cedo nas pessoas, crianças em particular, uma cultura de responsabilidade, solidariedade, castigo em caso de prevaricação e justiça; tanto mais que nem sei dizer.


Hoje em dia, parece que em pouco mais se investe que no turismo e no sector imobiliário. Daqui resulta que tudo é feito com vista não aos naturais mas aos forasteiros mais endinheirados. Uma família de portugueses que pretenda comprar ou arrendar um imóvel ou empenha-se com dívidas até ao fim da terceira ou quarta geração que lhe suceda ou passa a conhecer o céu como seu tecto. Ao invés, tudo os nossos põem à venda. «Pode ser que algum estrangeiro lhe pegue», afirmam amiúde. Por consequência, e como o nível de vida nos principais países de procura é bastante superior ao nosso, os preços dos imóveis dispararam nos últimos dois anos. Há até agências imobiliárias, coisa da qual há 20 e tal anos toda a gente se ria, focada em negociar apenas com clientes desta ou daquela nacionalidade. Poucos de entre os Portugueses conseguem comprar casa ou sequer arrendar pois a ganância de muitos senhorios leva-os a arrendar as casas ao dia ou à semana a valores exorbitantes. E nisto, continua-se a destruir o nosso património cultural e natural e a construir desenfreadamente. Urbanizações e blocos de apartamentos, isto é, gaiolas, brotam que nem cogumelos no Outono de outrora. Há casario suficiente talvez para mais do dobro, senão triplo, da população. Mas este não se destina a ser habitado, apenas a que se passem férias. Podem faltar hospitais e outras importantes infra-estruturas mas há hotéis e supermercados com fartura e em aumento exponencial de quantidade. Sem exagero, a oferta é, de muito longe, bem maior que a procura em muitas localidades. Faz-se tudo com vista ao turismo, com sacrifício também da nossa genuinidade enquanto civilização. Quem não conheceu Portugal até aos últimos anos do século passado, esqueça, que não o conhece mais. Muito do que se vê ou é país abandonado, que é onde ainda se consegue encontrar algo de autêntico, ou é encenado para os turistas apreciarem ou é igual ao que se vê em qualquer outra paragem turística. Resta saber é o seguinte. Se se elege o turismo como grande desígnio nacional, como  é que este vai ser sustentado? Isto é, como é que vamos fornecer consumíveis e equipamentos para o sector? É que, visto que pouco ou nada se produz, terá de se comprar ao estrangeiro, tornando Portugal ainda mais dependente. E se há uma nova pandemia ou uma outra guerra qualquer, como é que se vai desenrascar toda uma economia assente numa monocultura? Conclusões: é necessário combater a especulação, fiscalizar os arrendamentos, limitar severamente as licenças de construção e abertura de grandes espaços comerciais e de hotelaria e alojamento local, proteger o comércio tradicional e, se necessário, tabelar os valores das rendas e das áreas para venda de acordo com um conjunto de parâmetros, senão o mesmo nos bens de primeira necessidade, ou pelo menos as margens de lucro.


O ensino é um dos males crónicos de Portugal, a par da saúde e da justiça. Cada vez mais, a qualidade da instrução pública é pior. É facto sabido por todos que o objectivo das escolas hoje em dia não é ensinar algo às crianças e adolescentes mas sim ocupar o seu tempo. Prova disso é o crescente e incompreensível aumento da carga horária e da escolaridade obrigatória. De igual modo, os alunos e futuros adultos são mais ignorantes a cada geração que passa, ou seja, o que um aluno sabia outrora no fim da Escola Primária, muitas vezes nem no termo da Escola Secundária um dos de agora sabe. É verdade que os conteúdos mudaram mas há coisas que são básicas e, só para dar um exemplo que testemunhei, há gente que chega ao ensino superior sem saber sequer ler ou escrever, quanto mais fazer contas. E depois não é de admirar que os membros da Academia das Ciências não percebam nada e só digam disparates acerca da língua portuguesa e seu funcionamento gramatical e sim, estou mesmo a referir-me ao Novo Acordo Ortográfico. Nem falo sequer da Matemática, já de si um problema pegado e agora com novos métodos de fazer cálculos que mais estorvam que ajudam. Portanto, será boa ideia reter por obrigação os jovens na escola durante, pelo menos, 12 anos? É que, sem exagero, muita gente hoje em dia, gente que se espera ser o futuro da Nação e da Humanidade, chega a uma avançada idade, frequentemente já adulta, em que nada mais sabe fazer que ir às aulas.  Como se não bastasse, os programas mudam. É sempre preciso que haja um ou outro ajuste às matérias pois há sempre novas descobertas científicas, acontecimentos, factos e obras de arte, entre outros saberes, mas não é bom que hajam tantas e tão constantes alterações que em nada beneficiam o sistema. De igual modo, há o constante receio de uma vida de incertezas que paira sobre os professores, uma vergonha estatal que se repete a cada ano que passa, apesar de ter solução fácil. Se não são as colocações que mais parecem desterros ou a vigilância mútua a que são obrigados, que os faz parecer mais militantes comunistas do que profissionais da instrução pública, são os alunos piores a cada geração que se sucede e os ainda mais complicadinhos e amiúde brutos pais e outros encarregados de educação. Acrescente-se ainda que as escolas, as que se vão mantendo, com os inúmeros fechos a que temos assistido desde os finais dos anos 80 e inícios dos 90, se vão convertendo em antros de maltesaria, onde se pode cultivar o conhecimento mas nem sempre das melhores matérias. Mais vos digo com plena certeza: que quanto mais se sobe no grau de ensino, mais problemático ele se torna. Chega-se ao Ensino Superior, que como o nome indica é o que está acima dos outros e do qual se espera uma consequente atitude superior face à realidade, e logo à partida os recém-chegados são brindados com uma temporada de achincalhamento, vexame e mal-criação, pelo menos um mês de tempo perdido com partidas de mau gosto, insultos e judirias, entre outras acções que são desnecessárias e raramente têm graça. É a introdução para uma vivência académica que, como mais tarde se verificará, com perturbadora frequência versa sobre questões anatómicas e efeitos de substâncias várias nos organismos, se é que eu me faço entender, para desgosto e vergonha dos pais, que a custo sustentam esta vida de em quem depositam tanta esperança e futuramente daqueles que, uma vez passada esta fase, se pretendem profissionais de topo respeitáveis. Pois quem quer ser operado por um cirurgião que outrora passava as noites em copofonia e ganzas, por exemplo? Ou um advogado que se metia em deboches? E é neste caldinho de ingredientes voláteis que se vai cozinhando a gente a quem nós deixaremos o nosso legado. Juntemos a este triste cenário o crescente negócio que existe em torno da tecnologia. Outrora, as escolas de pouco mais dispunham que mesas e cadeiras ou carteiras, um quadro de ardósia, giz, mapas e cartas. Os alunos também não precisavam de grande coisa: primeiro loisas de ardósia e depois lápis, canetas, borrachas, apara-lápis e pouco mais, para além de cadernos e livros, aliás poucos e pequenos. Mais tarde, os livros aumentaram em número e tamanho, que as editoras querem sempre ganhar mais uns tostões. No entretanto, surgiram as calculadoras, primeiro proibidas, depois permitidas e por fim obrigatórias e caras. Agora, tudo se pretende informatizar e, como tal, há computadores para tudo, dois para cada aluno, um na escola e outro em casa, mesmo que seja este um negócio ruinoso para o Estado, que em nada sirva para melhorar o ensino e que os jovens alunos, olhando para eles como (perigosos) brinquedos, os usem para tudo e mais alguma coisa menos para os deveres do estudo. Os livros então, guardiões do saber desde os tempos mais remotos da escrita, parecem votados ao esquecimento. Tanto há que se pode fazer neste sector. Reabram-se escolas, contrate-se pessoal, dê-se aos professores estabilidade de vida e carreira com o fim dos desterros absurdos e das avaliações mútuas entre professores. Banam-se por completo das escolas e estabelecimentos de ensino superior os telemóveis e afins, as calculadoras e os computadores das salas de aulas não relativas à Informática. Proíba-se e criminalize-se a praxe e promova-se a sã convivência entre os alunos, assim como estilos de vida saudáveis e responsáveis.


A saúde é um contra-senso pois deveria chamar-se «doença». As médias de acesso aos cursos de Medicina e Enfermagem são altíssimas, o que leva a que poucos alunos consigam entrar neles. Porém, mandam-se vir médicos estrangeiros cujas médias de acesso nos cursos que frequentaram são bastante inferiores e os requisitos de formação e ensinamentos são, em geral, menores que os praticados entre nós. Também acontece daqueles que não conseguem entrar nos cursos cá irem para o estrangeiro para frequentarem similares formações mas com médias de acesso bastante inferiores. Os médicos e enfermeiros são cada vez menos e trabalham muito mais do que aquilo que era suposto. De facto, é como se trabalhassem cerca de mais quatro meses por ano do que qualquer outro profissional. Muito do serviço tem de ser assegurado por tarefeiros, muitos deles sem formação na área, ou por profissionais estrangeiros que nem sequer percebem as queixas dos pacientes, por muito bons que possam ser. Os hospitais, menos do que os que existiram nos anos 80, são, porém, muito maiores, o que não é necessàriamente bom pois se concentram meios, também concentram problemas que se controlam com maior dificuldade que os que surgem em unidades mais pequenas. Centros de saúde ora abrem ora fecham. Maternidades são cada vez menos e é comum certos serviços de hospitais e centros de saúde encerrarem temporàriamente ou definitivamente por falta de tudo e mais alguma coisa, provocando sobrecargas naqueles que ainda funcionam. Listas de espera para consultas, exames e cirurgias podem alongar-se por meses ou anos. quantas pessoas não são chamadas para uma tão aguardada operação longos períodos depois de já terem morrido? As condições de trabalho deterioram-se. Tudo parece correr mal. Parece que a acção aquando do pico da pandemia foi o lendário canto do cisne da saúde portuguesa. O Serviço Nacional de Saúde, exemplo louvável em todo o Mundo, corre assim o risco de acabar, deixando uma população empobrecida à mercê de seguradoras e privados. «Viva o liberalismo», certo? A Psiquiatria então é o parente pobre da família da Medicina. Não dá votos, pelo que os políticos em geral a preferem ignorar. Nada mau para um tempo em que as condições de vida e o aumento expectável da longevidade têm potenciado um aumento dos problemas mentais. E é assim, com tudo isto, que os profissionais da saúde, sejam de longa data ou recém-formados, fogem do serviço público e abraçam o privado ou uma carreira no estrangeiro, onde podem ser valorizados, onde trabalham despreocupados e sem sobrecargas de horário e labor e são recompensados pelos valorosos préstimos que providenciam. Melhorem-se os hospitais e centros de saúde existentes e reabram-se outros, também no que respeita aos psiquiátricos, como é o caso do Hospital de Rilhafoles, o Miguel Bombarda, por exemplo. Baixem-se as médias de acesso aos cursos. Contrate-se mais pessoal e livre-se-o de sobrecarga laboral. Dotem-se as unidades de saúde de meios. Inclua-se a Medicina Dentária de uma vez por todas no Serviço Nacional de Saúde. Há tanto que se pode fazer que nem sei como o condensar aqui!


Os transportes estão em crise. As estradas são muitas e grande parte delas está em mau estado. A Junta Autónoma de Estradas mantinha as nacionais, o que já não acontece, visto que o organismo centenário foi extinto em 1999. Daí em diante, os sucessivos governos têm empurrado as  competências das manutenções para as autarquias, cada vez mais atulhadas em deveres e vazias de rendimentos. Os transportes rodoviários têm tido um grande aumento mas só nas zonas urbanas e do litoral, que no interior vão-se tornando raros ou mesmo inexistentes. Não nos iludamos com o saldo positivo nas contas da C.P., o que não acontecia há mais de 100 anos, quando a Companhia era um verdadeiro estado paralelo, como o foi até meados da recente década de 90. Os caminhos-de-ferro têm tido algum investimento nos últimos anos mas é inegável que a sua época áurea parece ter acabado.  Restam apenas memórias, ruínas e uma circulação que apenas é notável e intensa na Linha do Norte e nas áreas suburbanas de Lisboa e Porto.  E se a situação na ferrovia é triste e vergonhosa, que dizer dos transportes aéreos? Em 2015, António Costa fez bandeira de campanha a reversão da privatização da T.A.P. numa altura em que a companhia dava prejuízos avultados. Agora que é rentável, tendo tido os melhores resultados financeiros de sempre, pretende-se-a privatizar ao desbarato. E volta e meia e lá vem a questão do novo aeroporto de Lisboa, que a Portela é pequena e está sobrelotada. «Faça-se na Ota ou em Rio Frio», dirão aqueles que não se importam com a destruição de campos agrícolas, os poucos em exploração que restam. «Faça-se em Alcochete», opinam outros que se estão a marimbar para a fauna da região e para o facto da subida do nível do mar vir a deixar tudo alagado daqui a poucos anos. Construiu-se há poucos anos um enorme aeroporto em Beja, gastando-se uma fortuna, para ele estar agora às moscas! Porque não dotá-lo de acessos e fazê-lo render cumprindo a função a que foi destinado? E dos transportes navais nem falo porque quase não existem entre nós que somos os «heróis do mar»... ou éramos. Até os estaleiros quase desapareceram, uns pelas circunstâncias da economia, outros pela gestão questionável e outros falidos de propósito para serem vendidos, como é o supremo exemplo dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Arranjem-se estradas, que só isso já é uma tarefa ciclópica, e concluam-se as que estão a meio fazer. Restaure-se a Junta Autónoma de Estradas e a C.P. nos moldes em que antes funcionava. Dotem-se ambas das condições para poderem laborar decentemente. Reabram-se oficinas, linhas, ramais e estações. Admita-se pessoal, não para encher quadros superiores, sobrecarregando as entidades de despesas inúteis, mas para os que dão o seu contributo no terreno. Mantenha-se a T.A.P. pública mas bem gerida. Restaure-se a Marinha Mercante. Reabram-se os estaleiros navais e criem-se novos, se necessário.


O Mundo está mudado. Portugal também. O clima não é como era. Chove cada vez menos, menos vezes e durante menos tempo. Por vezes, lá vem uma pinga de água mas de bruteza, em temporais que fazem estragos e causam avultados prejuízos. Tirando isso, em particular no Sul do Território Continental, é a seca. Barragens quase vazias, rios, ribeiras e barrancos que desapareceram ou mal correm e vastas áreas tórridas e secas. Batem-se recordes de temperatura a cada passo. São os efeitos da nossa acção nefasta, que se manifesta agora em alterações climáticas. Sabemos as causas e como agir para tentar repor o estado original ou pelo menos minorar os males por que passamos e que hão-de vir. No entanto, preferimos continuar a viver as nossas vidinhas, olhando para os nossos umbigos, mergulhados no nosso egocentrismo, convencidos de isso são lenga-lengas ou que sòzinhos não fazemos nada. E assim, continuamos a consumir combustíveis fósseis a montes e eu contra mim falo, que também o faço, lançando para a atmosfera gases nocivos que ainda acentuarão mais o efeito de estufa. Essas e outras substâncias e não só para os céus mas também para a água e para o solo. Pior ainda é a destruição contínua e acelerada da vegetação, que ajudaria a reter a humidade, regular a temperatura, fixar os solos e fornecer oxigénio. Há de tudo e para todos os gostos. Por um lado, é a voracidade da especulação imobiliária, que dita que se deve construir em todo o lado e de qualquer maneira, seja viável ou não. O próprio Estado não se contém, pois governo que é governo tem de deixar a sua marca de passagem. Se não pode construir num determinado sítio, alega «utilidade pública» para poder fazer o que lhe apetece. E nisto, por meia dúzia de tostões que dali a poucos anos não serão nada ou pela mania de deixar lembretes edificados, destroem-se vastas áreas de floresta e campos agrícolas. Por outro lado, são os incêndios, potenciados em grande parte por negligência e, acima de tudo, por mãos criminosas que actuam em prol de interesses de ordem vária, desde o imobiliário à caça, à vontade de aniquilar determinada espécie animal reintroduzida ou xaringar um vizinho, até à indústria da celulose e a necessidade das empresas de meios de combate aos fogos, segundo reza a imprensa e é aquilo que a arraia miúda tem por senso comum. Incêndios estes que têm sido muito facilitados pela desorganização das forças que os combatem, entregues ao comando central de gente que não conhece os terrenos em vez de o ser, como era, àqueles da terra, que a têm de cor na cabeça; pelo clima cada vez mais quente e seco e consequente escassez de água; e pela progressivamente mais comum monocultura hortofrutícola e florestal. A cada dia que vemos, é brotarem a olhos vistos pomares intensivos de abacate, citrinos e sebes de oliveiras atrofiadas, cuja prática, inviável a médio prazo, é prejudicial aos terrenos, à biodiversidade e às populações humanas das proximidades, que mal podem sair à rua em  certos dias, tal não é a quantidade de produtos necessários ao sucesso daquelas culturas, para não falar no grande consumo de água e nutrientes do solo e à disseminação de pragas. Como se não fosse aberração suficiente, eis o eucalipto, uma árvore importada no século XIX para uso em jardins mas que depressa se descobriu ser a pedra filosofal da indústria da pasta de celulose. Desde a liberalização da cultura decretada por Assunção Cristas, durante o Governo de Passos Coelho, que a área de eucaliptal aumentou exponencialmente a ponto de Portugal ser o segundo país do Mundo com maior área coberta por eucaliptos em proporção relativa, sendo só superado pela Austrália, de onde são oriundos. Nada mau para uma espécie que esgota e contamina a água e os solos, inutilizando-os com a substância venenosa que segrega das suas folhas e cascas, a qual, como se não bastasse, é altamente inflamável. E depois, é ver o empobrecimento dos solos e a voracidade da progressão de qualquer incêndio florestal. Qualquer não, que nos terrenos sob a alçada da Navigator não. É que eles têm gestão da floresta e corpos de sapadores próprios e independentes da Protecção Civil. 

E por falar em água, que dizer da decisão do Governo, há uns anos atrás, de mandar desmantelar mais de 200 barragens porque eram consideradas «obsoletas»? E que dizer também do crescente consumo e desperdício de água? Gasta-se hoje uma enormidade inqualificàvelmente superior de água hoje, que é escassa, do que outrora, quando era relativamente abundante.

Portugal está, segundo os nossos governantes, na vanguarda da luta contra as alterações climáticas. Mas a que preço e com que eficácia? Dou um exemplo do que estou a tentar dizer. Recentemente, fiz uma viagem desde Odemira até às Termas de São Pedro do Sul e tal não foi o meu espanto perante três coisas. Uma, a vastidão do eucaliptal. Já falei sobre isso. Outra, a profusão dos olivais intensivos, que também já referi. Uma outra, porém, foi para mim uma novidade. A cada passo deparava-me com manchas de floresta arrasadas para que se pudessem montar campos de painéis fotovoltaicos. Fiquei pasmado. Estavam um pouco por todo o lado a destruir o património natural com o intuito de edificar fontes de energia limpa como meios de protecção dessa mesma Natureza. E não esperemos por menos, que, segundo consta, há uns vastos montados perto de Sines que irão à vida em breve por força da implementação de mais e mais campos de painéis solares. Mas que raio de contra-senso vem a ser este? Isto é uma completa subversão de tudo! Mas isso não é novidade. Já outrora os aterros sanitários foram usados para substituir as lixeiras quando na realidade são lixeiras só que para ficarem debaixo da terra. Uma pesquisa brevíssima aos cursos de água e lençóis freáticos das suas imediações revelarão o alegado sucesso desta medida. Garanto.

Enfim, são tantos e tão vastos os problemas, desafios e atentados ambientais de que o nosso país sofre que é impossível enumerá-los. É absolutamente crucial implementar medidas de prevenção e punição de comportamentos atentatórios ao ambiente, aumentar e agravar a moldura penal contra os crimes ambientais, criar mais estações de tratamento de águas residuais e aproveitar a água daí resultante para regas e lavagens, como já se faz nalguns sítios, criar centrais de dessalinização de água, construir cisternas públicas para os fins já referidos, senão mesmo para tratamento e consumo, como era comum até há escassas décadas, e incentivar a construção de cisternas particulares. E porque não construir uma rede de condutas e canais que interligasse rios e barragens? É verdadeiramente vital levar a cabo uma vasta campanha a nível nacional de reflorestação com espécies autóctones. Promova-se a pastorícia moderada e sustentável como forma de desmatação e prevenção de incêndios. Restrinja-se a monocultura em horto-fruticultura e proíba-se o olival intensivo e os novos eucaliptais, promovendo a deseucaliptação de Portugal em prol do retorno às espécies nativas. Reintroduzam-se espécies vegetais e animais desaparecidas como forma de ajudar a fomentar a biodiversidade, para além das medidas já sugeridas. Regulamente-se quanto antes a introdução de campos fotovoltaicos. Proíbam-se os aterros e tratem-se como possível os já existentes. Puna-se com severidade e seriedade o crime de fogo posto, que em certas circunstâncias deveria ser classificado de crime contra a Nação. Porque não através de prisão mas também multas, indemnizações e trabalhos de limpeza, arranjos, replantações, tudo em prol do restabelecimento das condições anteriores aos estragos por eles provocados, bem como a prestação de serviços em unidades de queimados dos hospitais?

Já que se fala em incêndios, que dizer do «síndroma de Pedrógão», de que o Governo de António Costa padece? Criticado pelas vítimas dos incêndios de 2017, o Governo decidiu evacuar as zonas que considera de risco em caso de incêndio, deixando-as sem ninguém para as salvar. E os bombeiros nem sequer podem combater os incêndios sem ordem para tal. Por isso, deixa-se arder. Depois, aqueles «pavões de Estado» vêm gabar-se de não haverem vítimas quando estas perderam as casas, os pertences, os seus animais, com frequência tudo o que tinham. O que eles não querem saber é que para muitos que viram ali consumirem-se pelas chamas os ganhos de uma vida, perderem o que tinham é o mesmo que morrerem. Que pensa alguém com 70 ou 80 e tal anos vir a ter de novo? Como pensará alguém idoso reerguer-se e recuperar? Não pensa. Aquilo era a vida deles. Para eles e outros, perder tudo o que tinha é o mesmo que perder a própria vida. Eles estão com o corpo vivo mas morreram ali. Note-se que em áreas onde as pessoas ficaram escondidas a lutar pelos seus bens, estes foram salvos. E, já agora, que as vítimas de Pedrógão morreram não nas suas casas mas a caminho da fuga. Note-se também que há outro objectivo para a evacuação das zonas afectadas, que é o de ninguém ver o que ali se faz... ou não se faz. Se assim não fosse, os repórteres da comunicação social poderiam entrar nessas áreas. Estes comportamentos têm de acabar de vez.

O centro da nossa civilização, a administração central, está em grave crise. Os serviços funcionam mal ou não funcionam, apesar da introdução de sistemas e serviços informatizados. Antes, que era tudo com papel e paciência, tudo funcionava bem melhor. Se alguém duvida, vá a uma repartição de Finanças, por exemplo, onde terá de esperar uma hora ou mais só para tirar a senha que lhe permite vir a ser atendido e mesmo isto sem garantias de o vir a ser. Nuns serviços, o pessoal é pouco. Noutros, está mal distribuído. Nuns as tarefas são ingratas, posto que se faz o possível com pouca gente e poucos ou nenhuns recursos. Noutros, impera a preguiça de gente que apenas está ali a fazer passar o tempo para chegar o fim do mês e receber um ordenado que não merece. E se nas esferas altas é assim, a nível autárquico é pior ainda, tanto para um lado como para outro. Mais grave ainda. Corromper alguém por ali, segundo consta, é relativamente fácil.

As autarquias estão quase vazias de poderes, competências e rendimentos, que foram sendo usurpados pelo Estado devido à acção danosa de sucessivos governos. Sempre que se fala agora em «descentralização», isso é sinónimo de empurrar despesas para as autarquias. Daqui resulta que estas têm de ir buscar receitas a licenciamentos de obras, impostos e outras fontes, algumas delas nem por isso lícitas.

O Estado tornou-se em pouco mais que uma máquina de cobrança de impostos. Os políticos vivem em função das suas ambições e usam as eleições com esse propósito. Portanto, em parte do tempo, os cidadãos são eleitores. Em todo o resto são contribuintes. A Assembleia pouco mais é que uma câmara de apoio ou derrube de governos, consoante a sua composição. O regime diz-se «democrático parlamentar» («para lamentar», diria eu e não só) mas quem manda é o Governo. Os partidos eleitos, sem que representem a população e eleitos por um conjunto de eleitores descontentes cada vez mais reduzido e nutrindo descrédito para com os políticos, são sempre os mesmos, revezando-se periòdicamente no poleiro. Poder-se-ia dizer com um certo grau de certeza que Portugal não é regido por uma democracia (ou por uma «democretinacia», como dizia o «Borda d'Água» há uns anos, talvez mais tino) mas por uma partidocracia. A Presidência da República, vazia de poderes, é meramente simbólica, um ambicionado triunfo para o culminar de uma carreira política. Para além de cobrar impostos, e são dos mais altos da Europa, sem que se isso se reflita na qualidade dos serviços e benefícios estatais, o Estado pouco mais faz. É, aliás, vassalo e subserviente às instituições da União Europeia, que compram a independência portuguesa por meio de fundos comunitários e subsídios. Só para se ter uma ideia, é tamanha a interferência destas nos assuntos internos que qualquer negócio é escrutinado pela União e até os orçamentos de Estado só são válidos depois do aval da União. É também dela a moeda que por cá circula, posto que Portugal abdicou da sua soberania monetária em 2001.

Os Portugueses são uma espécie em vias de extinção. Parece que somos muitos mas estamos em decréscimo. Há cerca de 100 anos, éramos poucos mais que três milhões mas parecíamos estar em todo o lado. Hoje somos cerca de dez milhões, talvez menos, e, apesar disso, mal se vê um. É um mistério.

Vivemos muito mas mal. Há muitos idosos mas bebés são cada vez menos. Como se não bastasse, abundam os que deixam o país para procurar dias mais afortunados noutras paragens. É verdade que nos últimos anos têm regressado bastantes portugueses mas falta algo mais. De entre os que restam, a esmagadora maioria da população atafulha-se em cidades do litoral, onde a qualidade de vida deixou de ser a que era. No interior, escolas, correios, caminhos-de-ferro, hospitais, tribunais, postos da Guarda, enfim, toda uma variedade e quantidade de serviços públicos ou foi reduzida ou simplesmente suprimida. Consequentemente, e a par de outros factores, tudo aquilo que podia empregar e sustentar as populações em várias vertentes ou desapareceu ou quase. Metade do país está abandonado e um terço o Estado nem sabe a quem é que pertence. E garanto: muita já não pertence a ninguém. Nesta parte do território, Portugal morreu, já não existe a não ser no mapa e nos vestígios que restam. É crucial criar condições para a criação de emprego no interior, as quais têm de passar pela reabertura e expansão dos serviços entretanto interrompidos por décadas de má governação. Carecem incentivos à natalidade. Deve persistir-se no retorno dos emigrantes à sua terra, a única terra onde um português faz sentido. Há que promover uma distribuição mais uniforme e sensata da população, o que só resultará em maior facilidade e agilidade administrativa e na promoção da saúde e da ordem públicas.

Reafirmo aquilo que disse: nós, os Portugueses, somos um tipo de «espécie em vias de extinção».  Não só somos cada vez menos como somos uma gente em estado de corrompimento. Adaptamo-nos tão bem aos outros povos, culturas e realidades que acabamos por até nos esquecermos de quem somos. Quem sai do país pode enriquecer-se em conhecimento e experiência de vida mas perde algo de si e da «Portugalidade» quando a ausência se prolonga, ainda que possa reter em si as suas origens com todo o sentimento que o caracteriza. Por outro lado, a globalização trouxe consigo uma crescente miscigenação das populações e uniformidade cultural. Aquela variedade que se via nos livros e nos programas de televisão até aos finais dos anos 80 ou princípios de 90 desapareceu um pouco por todo o Mundo. Hoje, todos nos vestimos de igual, comemos igual, pensamos igual, agimos igual, construimos igual, tudo igual. Ir a Lagos ou a Almada ou mesmo a uma terra fora do país tem um sabor muito semelhante pois tudo o que de novo aparece tem uma grande semelhança. Até há uns 20 anos, no mínimo, viajar era uma experiência de vida, com obtenção de novos conhecimentos e contacto com outras realidades. Agora não. Acredito até que, num prazo de umas duas gerações, para ser optimista, muitas das tradições, costumes e testemunhos da vivência antiga terão desaparecido. É que há uma grande facilidade e rapidez de assimilação de estrangeirismos, mesmo que não tenham qualquer significado na nossa cultura, e mais de parvoíces que de coisas virtuosas, como aliás é o hábito, os quais vão substituindo o que por cá se fazia. Quem mais canta janeiras? Quem salta fogueiras? Quem anda ao bolinho ou a pedir pão por Deus? Uma feira ou um mercado? Uma procissão ou romaria? Quem é que vai a bailes? Muito disso é algo em que têm parte mormente velhos. Mesmo os ranchos folclóricos são em grande parte constituídos por gente idosa, que é aquela para quem aquilo ainda é um reflexo distante de uma vivência que conheceram. Para os mais novos, aquilo não tem qualquer significado, é uma coisa de museu que nunca vivenciaram nem hão-de conhecer. Se juntarmos a isso um povo cuja identidade própria se vai desvanecendo, depressa nos deparamos com várias questões. O que é que nos diferencia no aspecto, nos hábitos, nas edificações e trajes dos Espanhóis, Italianos ou Americanos? O que é que faz de nós os Portugueses? Será por termos nascido em Portugal? O que não faltam são estrangeiros que nascem em Portugal e, portanto, detêm a cidadania portuguesa. Mas o que haverá de comum ou distinto entre um deles e um português cuja sua gente é natural daqui desde há tempos imemoriais?

A verdade é que a linhagem portuguesa tem-se diluído mas também enfraquecido por numerosos outros factores. Há pouco mais de 20 anos, este nosso «povo de brandos costumes», como se dizia, era, em geral, de recursos muito mais reduzidos, grande parte pobre mesmo, mas as pessoas eram muito mais unidas e solidárias. Davam-se umas com as outras, confraternizavam, juntavam-se para se ajudarem mùtuamente e com pouco alegravam a sua vida. Tinham valores a defender. Em menos de uma década, tudo mudou radicalmente. A melhoria das condições de vida e dos rendimentos não trouxe a felicidade desejada. As pessoas tornaram-se ambiciosas e passou a prevalecer e a ser fortemente incentivada a competitividade em detrimento da cooperação. Também passou a ver uma verdadeira exigência de sucesso. Alguém tem de ir sempre mais além e ser melhor que os outros, a vida passou a ser uma ode ao egocentrismo. O grupo pouco ou nada interessa, o indivíduo é hoje o centro de tudo. Que é feito dos vizinhos, amigos e familiares que se juntam para uma colheita, uma sementeira, a construção dum barraco ou qualquer outro labor? Se não houver dinheiro envolvido, já ninguém se mexe.

 

De facto, as pessoas tornaram-se dependentes do dinheiro. Para tudo há subsídios, sem os quais nada se faz nem produz. Eu disse dependentes? Não, obcecadas. Abunda gente que é capaz de vender a alma ao Diabo por mais e mais dinheiro. Não importa a dedicação que um pai ou avô tenha tido na execução de algo. Se puder render uns trocos, vende-se. Há uns pássaros ou uns coelhos ou veados ou uma vegetação única qualquer naquela zona? Que interessa a Ecologia se uma mina ou fábrica ou urbanização ou empreendimento hoteleiro ou eucaliptal rendem depressa e bem o que jamais mato e bicharada darão? Arrase-se tudo e faça-se correr dinheiro! E que interessam as trabalheiras, o sofrimento que gerações sem fim tiveram ao logo de séculos para que os seus descendentes e herdeiros pudessem ter uma vida melhor em terras e casas mais ricas e aprazíveis? Isso, para muita gente dos tristes dias que correm, não significa nada, nem que o que comam pudesse ser criado com a rega de sangue dos seus antepassados, porque tudo o que se vê à frente dos olhos são cifrões.

 

Tão mau ou pior que isto é o que se passa a respeito da corrupção dos costumes, que antes envolvia quase sempre favores e compadrios e agora, para além disso, mete muito dinheiro ao barulho. Estima-se que cerca de 5% dos orçamentos de Estado se perca por motivos de corrupção. É aliás, do senso comum, por vezes até com algum exagero, que muita corrupção há entre as altas camadas da economia, como se tem visto com os sucessivos escândalos na banca, e na governação, mais a nível autárquico que estatal, segundo é narrado periòdicamente na comunicação social. Porém, como dizia Camões, «rei fraco faz fraca a forte gente». «O exemplo vem de cima», dirá a sabedoria popular. Não falta quem aponte o dedo a determinado banqueiro, político ou empresário por causa deste ou daquele esquema mas muitos dos que fazem estas acusações não hesitam em dar uns tostões extra a um inspector dum centro de inspecções automóvel para passar o seu veículo, a um fiscal da câmara para fechar os olhos a uma determinada obra ou a um qualquer profissional para lhe facilitar certo intento, projecto ou informação, por exemplo, e pior que isso, a afirmar a acção como normal e até incentivando os outros a seguirem-lhe o exemplo. Tudo se tornou hoje dado como garantido. Se não o há, o dinheiro compra. Se não se adquire às boas, viram-se para outro lado, certo ou não, o que importa é que seja fácil e rápido.

Como se não bastasse, há uma profunda crise de valores. As noções de bem e mal, certo e errado, família, casamento, fé, trabalho, honra, tradição e tudo e mais alguma coisa têm sido sucessivamente postas em causa e subvertidas. O que até há escassos anos era motivo de louvor, hoje é ridicularizado, desprezado e alvo de críticas. Tudo, até as pessoas, se tornaram descartáveis. Por consequência, com preocupante frequência os relacionamentos profissionais e afectivos interrompem-se e depressa dão lugar a outros. A nada se deve fidelidade e, como tal, nada é duradouro, de que resulta sempre uma vida instável, cheia de atribulações e conflitos. É enorme a leviandade com que muita gente rege as suas vidas. Noutro tempo, e nem é preciso recuar uma geração, dir-se-ia uma vergonha, algo entre a falta de juízo e o deboche. A prostituição tornou-se aceitável quando antes era reprovável. A eutanásia foi aprovada quando outrora ninguém a ousaria sequer discutir, de tão aberrante que é. O aborto pode ser macabro mas pode ser feito que nem se pagam taxas moderadoras, ainda que uma operação ao coração pague e bem.

Também de vícios se faz a vida dos Portugueses de hoje. De acordo com estudos levados a cabo ao longo dos anos, o jogo a dinheiro disparou, principalmente depois da profusão de aplicações de telemóvel e «sites» de apostas via Internet, ainda que a predilecção incida sobre as fáceis, rápidas e acessíveis raspadinhas. Largos milhares de pessoas pediram até para serem afastados de jogos e impedidos de entrar em casinos. Sem que haja razão aparente para isso, consomem-se medicamentos anti-depressivos entre os Portugueses como em poucos mais povos no Mundo e decerto muito mais que entre aqueles alvo de guerras, perseguições ou tiranias. Apesar de toda a informação que há, acessível a todos desde as escolas à comunicação social, o consumo de droga, bebidas alcoólicas e tabaco aumentou exponencialmente na última década, em particular entre as mulheres, minando ainda mais um povo já de si enfraquecido por numerosos outros factores. Também aos prazeres do corpo se dá nos dias que correm uma importância exagerada, como se não fosse um de múltiplos aspectos da vivência própria, conjugal ou em grupo mas o parâmetro maior a ter em linha de conta. De uma maneira geral, se até há pouco tempo a noção de estética passava também pelos dotes espirituais, hoje em dia vive-se a hegemonia da procura pelas sensações corporais mesmo que elas acabem por danificar ou até destruir o próprio corpo.
 
Os mais velhos, outrora olhados com reverência e tratados em conformidade com a ideia corrente de que «a idade é um posto», poços de conhecimentos e experiências de vida, gente apta para ajudar no que fosse necessário com os seus conselhos e ensinamentos, constituem uma faixa etária em crescimento. Porém, como a modernidade tornou tudo muito rápido e, consequentemente, obsoleto e descartável, os idosos depressa ficaram ultrapassados. Se nem muitos dos novos conseguem acompanhar uma tão rápida evolução dos tempos e da tecnologia, como o poderão aqueles cujo Mundo que conheceram não é o mesmo que agora existe?  Para além disso, para muita gente eles tornaram-se um empecilho que só serve ou para tomar conta dos filhos e netos, se porventura ainda houver algum, ou para ter um tecto ou uma reforma de que se possa tirar proveito. A cada passo, é ver notícias de idosos vítimas de agressões e maus tratos por parte daqueles que são sangue do seu sangue ou então de abandonados em hospitais ou depositados em lares da terceira idade, uns bem equipados e onde se cobra uma fortuna e outros buracos à margem da Lei onde os tratos parecem saídos de contos de terror. Depositados? Não, despejados. E ali ficam, selinificando-se até morrerem. No fundo, fazem aos seus pais e avós o mesmo que fazem aos seus antigos animais de estimação, é tudo pela mesma bitola. O que os novos esquecem é que estão não só a aniquilar uma parte da população que muito tem de precioso como a dar um péssimo exemplo às gerações vindouras. Um dia serão também velhos e os novos talvez apliquem neles aquilo que viram fazer e lhes foi dado como exemplo. Aí veremos se terão achado boa ideia ao desprezo ou violência a que votaram os seus antecessores na árvore genealógica.

Da fé nem sequer falo pois tem havido um considerável afastamento dos Portugueses da devoção a Deus, à qual se deve também muito a conduta de maus clérigos, em particular da Igreja Católica, representante da corrente mais seguida ainda pela esmagadora maioria do povo. Uns viram-se para seitas sensacionalistas ou ocultistas que avançam por entre a degradação católica, ganhando-lhe espaço e fiéis. Outros optam por visões mais exóticas, com um destaque para as crenças do Oriente. No entanto, na maior parte dos casos é o ateísmo que ganha espaço, como se a espiritualidade e a fé não existissem e as religiões fossem todas obras de ficção, o que não é de estranhar num Mundo cada vez mais materialista e tecnológico. Esquecem-se é que a ciência não nos afasta da religião, como muito se diz, mas é sim um contributo quer para a sã convivência entre as pessoas e delas para com o Universo em que nos inserimos e para uma maior aproximação e compreensão da verdadeira dimensão e natureza de Deus. Contudo, olhando para tudo o que vimos e haveremos de ver, bem pesadas as coisas, o plano divino deverá estar deveras desagradado com Portugal... e não só.

No passado dia 5 deste mês, mais do que a comemoração dos 113 anos de má memória da República, completaram-se 880 anos da assinatura do Tratado de Zamora, que reconheceu Dom Afonso Henriques como rei e Portugal como um reino, o que na prática equivaleu ao reconhecimento da sua independência. No entanto, não sei se devo dar os parabéns ao nosso país pelo aniversário, se por com esta idade se conseguir aguentar apesar de tamanha decadência ou se hei-de ficar triste com esta triste sina. É que Portugal está, literalmente, sem rei nem roque. Muitas vezes, olho para nós e só uma pergunta me vem à cabeça: o que nos aconteceu? Quero eu com isto interrogar-me com o como é que foi possível chegarmos ao que chegámos e ao que haveremos de chegar quando tudo isto era perfeitamente previsível e evitável pelo quão óbvio e de caras era.


O cenário é mau, muito mau mesmo, mas há que não desanimar. Nem tudo está mal ou corre mal no país. Há outros bem piores, com caminhos bem mais tortuosos e atribulados pela frente. Também não nos faltam exemplos de esperança. Há gente a apostar na sua terra, no seu país. Há explorações agrícolas e unidades industriais responsáveis e amigas do ambiente e dos seus funcionários que apostam em produtos de qualidade, frutos de inovação, dedicação e formação. Há manufacturas e particulares apostando em dar continuidade a saberes antigos, resgatando-os de uma concorrência impossível com a produção fabril em série e subsequente extinção certa. Há campanhas de reflorestação, de limpeza de cursos de água, praias e outras áreas e salvaguarda de espaços naturais e espécies ameaçadas. Há locais que são marcos na nossa memória colectiva e referências culturais que têm sido alvo de recuperação, salvos da ruína certa e do esquecimento. Há quem procure compreender melhor o presente e o futuro pesquisando o passado quer no terreno quer nos registos. Há quem procure ainda manter memórias e dar continuidade a tradições. Há instituições que zelam pelos direitos e pelo bem estar animal e também pelos que de entre nós, humanos, são mais desfavorecidos ou se sentem ameaçados. Há-de haver sempre alguém com bom-senso, bondade, fé, dedicação, honra, solidariedade e vontade de trabalhar e seguir em frente que nos faça acreditar que também a esta adversidade, desta feita muito mais grave porque intrínseca, o nosso velhinho Portugal também há-de conseguir resistir e seguir em frente para que a estes quase 1000 anos outros e outros e muitos outros mais se sucedam, fazendo dele não uma recordação num futuro livro esquecido mas um virtuoso exemplo a seguir pela Humanidade e para ele um farol de esperança. Basta-me isso para, seja em que condições for, já me deitar e dormir descansado com a certeza dum amanhã alegre e melhor que o dia de hoje.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!



domingo, 1 de outubro de 2023

Governo e T.A.P., aterragem de emergência ou despenhamento?

 Não consigo mesmo compreender a política em geral e o Governo em particular. Aquando das eleições legislativas de 2015, António Costa fez bandeira de campanha a promessa da reversão da privatização dos Transportes Aéreos Portugueses, companhia então em graves dificuldades financeiras e com um prejuízo significativo. Cumpriu a sua promessa e mereceu os aplausos que obteve. Ainda que afectada por polémicas artificiais, senão hipotèticamente propositadas, segundo alguns dizem, agora que a T.A.P. é lucrativa, o Governo de António Costa faz bandeira... da sua privatização! Mas será que isto faz algum sentido? Afinal, os socialistas pretendem a reeleição futura ou a queda do executivo? Não percebo.


Parabéns, assim é que é saber dar sempre o passo em frente... estando à beira do abismo.


Que a caca esteja convosco!



P.S.(nada a ver com o partido): NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 17 de setembro de 2023

«Cavaco, porque não te calas?»

 Cavaco Silva lançou mais um livro. Não o li nem faço intenção de ler pois os seus escritos publicados desde que deixou a Presidência da República têm sido pouco mais que exercícios de exaltação e enaltecimento da sua acção governativa em que critica todos e mais alguns, em particular os seus opositores, e se põe a mandar postas de pescada, palpites, recados, falsas recordações e lições de como governar como deve ser. Deve ter muita legitimidade e moralidade para o fazer quem durante 10 anos como Primeiro-Ministro governou o país de forma ditatorial, e não sou, nem de perto nem de longe, só eu que o senti, vivi e digo e numa outra década como Presidente da República foi um promotor da instabilidade e, mais ainda, alguém cujo próprio pai afirmava ser «pior que nove Salazares».


Resta saber é, citando João Carlos, antecessor de Filipe VI no trono de Espanha, quando se dirigiu ao líder venezuelano Hugo Chavez, porque é que o Cavaco não se cala? Ele que fique quieto, sossegado e goze a reforma sem chagar o juízo aos outros. Eu não o vou chatear, porque é que ele continua a atormentar-nos? E acima de tudo, porque é que a comunicação social ainda lhe presta atenção? É um mistério da Humanidade.


Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 30 de julho de 2023

Caca Raw: «Casa do Dragão» versus «Senhor dos Anéis: Anéis do Poder»

 E já que falamos de Elrond...


Minhas senhoras e meus senhores, temos hoje perante nós... Hoje? Não, na realidade já foi há uns quantos meses, já nem me lembro há quantos. Mas seja como for, temos aqui um duelo de peso, o embate de gigantes, o choque de titãs, melhor, de «tetãs»! Bem-vindos uma vez mais e passado tanto tempo ao Caca Raw!


Num canto temos a altiva Princesa dos Sete Reinos e Tudo-o-Mais-Que-Eu-Não-Me-Vou-Pôr-a-Dizer-Senão-Perco-o-Fôlego-e-Caio-Para-o-Lado em defesa da «Casa do Dragão», Rhaenyra, Rhaenyris, Rianair, como quer que ela se chame!

 


Do lado oposto, representando «O Senhor dos Anéis: Anéis do Poder», a mais poderosa feiticeira da Terra Média, ainda que nunca lhe tenhamos visto um truque que não a meter água, a militar danadinha e encantadora de anões Galadriel!


Ainda nem o combate começou e já estão a mandar boca uma à outra. «O meu é maior que o teu?» Que vem a ser isto, meus senhores? Que golpe baixo! A princesa targaryen diz que a sua série é sucessora do sucesso da «Guerra dos Tronos». Mas a enérgica espécime dos Eldar cospe-lhe na fronha  que a produção da oponente teve um final rançoso que até mereceu mais petições a abaixo-assinados a nível mundial por uma alteração dos episódios da última temporada que qualquer outro por motivos humanitários ou ambientais, para além de que a trilogia do «Senhor dos Anéis» constituiu o expoente máximo da história da indústria cinematográfica! Rhaenyra apresenta um orçamento para a primeira temporada de 200 milhões de dólares! Ui, Galadriel riposta com 465 milhões de dólares de orçamento e um custo de mais de 715 milhões à Amazon! 


Bom, acho que, por este andar, nem deve chegar a haver duelo entre estas duas gatas assanhadas. É que parece-me que, logo à partida, está definido quem ganha, é de caras! Ambos têm guarda-roupas, cenários, efeitos especiais e dragões e bandas sonoras e cenas de acção do mais espectacular, é inegável. A «Casa do Dragão» pode ter um bom e vasto elenco, um argumento intrincado e tentar seduzir o público por meio de erotismo e sexo mas apresenta um mundo cheio de podridão, com conspirações, corrupção, subversão de valores e muita violência, com frequência gratuita. Já «Anéis do Poder» apresenta tudo como maravilhoso, até os orcs têm um lado humano, ou seja, a série conquista o público, acima de tudo, pelo encanto que tudo proporciona.


Não há hipótese, «O Senhor dos Anéis» parece ser insuperável, é o óbvio vencedor. Mas atenção, ainda só deu uma temporada de ambas as séries. Há muito por ver...


Que a caca esteja convosco!


Eh! A Rhaenyra jogou-se a puxar os cabelos à Galadriel mas, ai, que joelhada no ventre a outra teve por resposta! Isto promete.



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Cinema Purgatório: «Matrix Resurrections»

Lana Wachowsky estava certamente aborrecida com a vida e às tantas também com uns poucos tostanitos na carteira no dia em que teve os seguintes pensamentos.  «Caramba, não sei o que hei-de fazer. Tenho de trazer à luz algo de emocionante, cativante... algo de novo. Já sei! Vou fazer um quarto filme do «Matrix»!


Se foi assim ou não, não faço ideia. O que é certo é que em Dezembro de 2021, os cinemas passaram a projectar «Matrix Resurrections».



Pois é, já se passaram uns quantos aninhos desde as anteriores sequências absolutamente maradas ao máximo de artes marciais e outras cenas de pancadaria, tiros, explosões e criaturas electro-mecânicas computorizadas que parasitavam a Humanidade. Aqui temos o nosso velho Senhor Andersen, e se ele está mesmo velho, que é um programador e criador de video-jogos de grande sucesso. Porém, a vida nem por isso lhe corre bem. Parece-lhe ter sempre a sensação de que há algo que falta ou que está errado e depois há uns sacanas duns sonhos que ele começa a achar que são mais que sonhos. Enfim, o homem acha que está a ficar passado dos carretos e encharca-se nos tais famosos comprimidos azuis que já eram nossos conhecidos nos outros três filmes. Não, seus badalhocos, não é Viagra. Já um gajo não pode falar em comprimidos azuis que fica logo tudo empinado e a fazer piadolas marotas.  Entretanto, cruza-se com uma mulher que não lhe é nada estranha. O mesmo pensa ela.  E pronto, é assim, pouco mais ou menos que a coisa descamba, indo parar a novos comprimidos vermelhos, porrada, tiros, explosões e por aí a fora. Desta vez, não há é Laurence Fishburn, que o homem está agora a apresentar documentários, e o Agente Smith já não é interpretado pelo Hugo Weaving, que toda a gente sabe que deixou crescer o cabelo e as orelhas e foi morar para Valinor.


Passou-se mais de um ano e meio sem que eu falasse acerca do filme, por muito que desejasse. Por um lado, já se sabe, por falta de tempo. Por outro porque eu nem sabia o que haveria de dizer. Em bom rigor, como se vê, ainda não sei. Ao fim deste amplo período, continuo sem perceber se o filme é bom ou é mau. Contudo, não há a menor dúvida que está repleto de pequenos e grandes brindes que nos remetem para os três anteriores, ora de forma ficcionadamente séria ora num tom que roça a paródia, ou seja, que esta película foi feita por fãs e para fãs. Seja bom ou mau, uma coisa garanto: é entretenimento garantido para quem gosta do género e da série em particular, deixando uma certa vontade em ver o que mais há-de vir... ou não!


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 16 de julho de 2023

Então e a justiça?

Parece que, finalmente, as autoridades acordaram para o fenómeno que envolve a apanha ilegal de bivalves no Rio Tejo por hordas de milhares de imigrantes ilegais. Contudo, não deixo de ficar espantado com tudo isto pela negativa.


Depois da detenção e posterior libertação de centenas de mariscadores estrangeiros ilegais, uma responsável do Governo, que nem consegui fixar quem era e, para bem dela própria, é melhor nem tentar recordar, veio a público declarar que esta questão não tinha nada a ver com um delito da apanha não licenciada mas sim com a imigração ilegal. 


Fiquei pasmado, mesmo escandalizado. Não? Como assim? É verdade que eles estavam a apanhar por ordem dos mafiosos que os exploram mas o desconhecimento da lei, se é que eles não sabiam do errado que estavam a fazer, não é desculpa para a sua imputabilidade. A declaração e o tratamento todo dado a esta questão são totalmente absurdos. É óbvio que este é um problema de imigração mas também de apanha ilegais e, pior, de saúde pública! O único desfecho lógico que este caso pode ter é o que o cumprimento das leis exige: que os cabecilhas da rede sejam descobertos e condenados e estes mariscadores sejam julgados e cumpram as respectivas penas, sendo depois, dada a sua situação ilegal, deportados, pois claro. Se assim não for, acentuar-se-ão ainda mais entre a população os sentimentos de incompetência das instituições, de impunidade e de tratamento privilegiado dos estrangeiros face aos naturais de cá.

É assim que nascem os sentimentos racistas e xenófobos, caros governantes; fomentados por vós com mediocridade de boas intenções vazias de bom-senso e sentido de Estado! 


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Cinema Purgatório: «Indiana Jones e o Marcador do Destino»

 Já nós todos estávamos formatados à ideia de que as aventuras do louco do chapéu estavam restringidas a uma espectacular trilogia quando fomos agraciados com um quarto filme: «Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal», em 2008, de que aqui falámos. Passados 15 anos, tal não foi a surpresa, olhando à idade do célebre actor Harrison Ford, quando as salas de cinema tiveram a honra de exibir a quinta e, desta vez confirmado, derradeira grande aventura do maior arqueólogo que a sétima arte ficcionou.

Em «Indiana Jones e o Marcador do Destino», o Doutor Jones é um professor universitário decadente, solitário, idoso e a entrar na reforma sem pompa nem circunstância. É neste contexto de alguém caído em desgraça nos finais da década de 60 do século XX que aparecem uns marmanjos nazis, como não podia deixar de ser, e uma afilhada à partida pouco melhor à procura dum enigmático artefacto.


Este objecto é o «Antychitera», mais conhecido entre nós como a Máquina de Anticítera. Curiosamente, o artefacto chegou parcialmente aos dias de hoje, só que não tão bem estimado quanto no filme e sem que lhe sejam atribuídas as funções que ali lhe são conferidas.


Mais do filme não conto mas garanto que é uma cavalgada monumental, em parte literalmente, com montes de tiros, explosões, gargalhadas, nazis a levar no toutiço (pois claro), porradaria de criar bicho, chicotadas e até perseguições a alta velocidade com cavalos (eu avisei) e tuc-tucs! Esta película está pejada de todos os estereótipos e características que poderíamos esperar dum filme do Indiana Jones. Mais do que um filme de acção, esta obra é uma verdadeira ode de valorização da terceira idade, procurando demonstrar que velhos são os trapos... e nem todos!


Aconselho vivamente o visionamento do filme. É espectacular e de certeza que qualquer fã da saga irá adorar! Sem dúvida, é material que promete entretenimento garantido, que dá à personagem principal uma dimensão humana mais aprofundada e que faz sonhar e cantarolar o tema de John Williams por dias e dias a fio!


Adicionalmente, coloco a seguinte questão. Alguém sabe aonde fui ver o filme? Há uns largos anos atrás, seguramente há mais de 10, talvez uns 15 ou coisa assim, publiquei aqui um artigo acerca de alguns estabelecimentos pelo país que de certeza teriam rendimento garantido se fossem reabertos e bem geridos. Um deles foi um clássico cinema de 1930, o Cine-Teatro João de Deus, em São Bartolomeu de Messines, Concelho de Silves. Pois é, ele reabriu, ao que parece ainda antes da pandemia, sobrevivei e está a laborar. Para além das exibições regulares e outros eventos, dispõe de serviço de bar. Pois é, passei por lá há tempos e considerei espantosa a concretização de algo que eu imaginava. Não hesitei em regressar lá para esta ocasião. Recomendo uma visita! Parabéns e boa continuação ao investimento, que decerto é uma alegria a quem não está muito próximo dos grandes centros.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!





Reintroduções e considerações batráqueas no pombal

 Caros pombos amigos


Já lá vai muito tempo desde que aqui escrevi algo pela última vez. Infelizmente, tão intensa tem sido a minha vivência laboral, que me ocupa o tempo quase todo, que não só chego a estes dias de hoje exausto como não cheguei a ter grande vagar para ir acrescentando a este pombal umas quantas bostecadas. Porém, cá estou eu de novo!


Durante esta minha ausência, imagino que nada notada, cheguei a uma conclusão rápida e simples. De certeza que quem escreve e publica muitas coisas, seja na Internet ou na imprensa, ou não dorme e tem uma energia formidável ou não faz nada na vida. Como dos segundos costuma sair frequente asneira, dou-lhes um conselho: vão trabalhar, malandros!


Nada melhor para recomeçar a laboração fecal no Pombocaca que algumas breves críticas e comentários cinematográficos a três filmes.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

sábado, 24 de dezembro de 2022

Mensagem de Boas Festas do Pombocaca

 Caros pombos amigos.


Há um mal muito comum em mim e que este ano se agravou ainda mais. Trata-se da falta de tempo. O trabalho absorve-me a quase totalidade do tempo de vida, de que resulta um gigantesco contra-senso, que é o de trabalhar para ganhar a vida e depois pura e simplesmente não ter tempo para viver. Como eu gostaria, por exemplo, de ter aqui falado de filmes que vi, livros que li, dos desaires e sucessos no desporto, de parodiar ou criticar os ditos e feitos dos políticos ou elogiá-los, se a isso o caso se der, homenagear desde Christopher Lee a Claudisabel ou simplesmente dizer toda a habitual espécie de barbaridades a que eu habituei algum eventual e pouco provável leitor, enfim, escrever aqui algo para animar-me a mim e aos outros ou mesmo falar de algo sério. E quem diz isto aqui, no Pombocaca, diz toda a restante e natural vivência. Ver amigos e familiares, desfrutar dos encantos da Natureza, passear, ler, escrever, ver um pouco de televisão, um filme ou uma série, isto é, e em suma, aproveitar a oportunidade única que há para viver.


Toda a gente se queixa que a situação está má mas poucos são os que procuram fazer algo para melhorar as coisas. E estes que procuram as soluções têm assim trabalhos multiplicados. Por isso, vem-me ao pensamento o seguinte: se custa tanto a poucos fazerem muito, não custaria menos se todos nós fizéssemos um pouco? Um pouco de trabalho aqui e ali. Um pouco de entreajuda. Um pouco de preocupação e cuidado com os restantes viventes desta nossa grandiosa e ao mesmo tempo minúscula esfera astronómica. Um pouco de compreensão, também. E porque não um pouco menos de egoísmo, de ambição e ganância? Não teremos nós uma vista melhor para o que nos rodeia e para nós próprios se levantarmos os olhos? E porque não também olharmos todos um pouco uns para os outros, humanos ou não, animais ou não, e tentarmos compreender-nos mùtuamente?


Penso neste ano difícil que enfrentamos, que para mim, pessoalmente, foi mesmo muito desafiante, connosco ainda a braços com a pandemia e com o agravamento da crise daí resultante que, como se não bastasse, ainda contou com um empurrão da guerra na Ucrânia, cortesia de Pudim Estragado & Afins. Eu sei que brinco com o caso mas a verdade nua e crua não tem graça nenhuma. O facto é que 2022 é um quebra-cabeças e antevê um 2023 muito complicado. Temos tanto com que nos preocupar e para onde nos voltarmos que nem sabemos o que fazer e nem temos tempo para mais nada. Mas eis que chega o Natal e nos relembra uma resposta para todos estes desafios.


Lembremos aquela noite fria de Belém de há mais de 2000 anos. Todos nos seus afazeres, com vidas cheias de atribulações, dores e dificuldades mas todo o labor cessou para que todos se unissem em torno de um pobre recém-nascido instalado numa incómoda manjedoura, aquecido pelo gado e pelos cuidados dos seus pais. Quão improvável era a vida daquela criança naquela época dura. E porém, com a união de todos, vingou e trouxe consigo uma nova esperança para a Humanidade.


Que lição tiramos daqui? Quer acreditemos quer não em Jesus e quer sejamos ou não religiosos, o importante é pararmos por um pouco e vivermos. Unamo-nos uns aos outros, esquecendo as nossas diferenças. Mais importante que o que nos distingue e separa é o que nos une. Vamos enlaçar as nossas mãos, os nossos braços, os nossos olhares e pensamentos e assim todos, juntos em prol de um Mundo melhor, conseguiremos, como é facto comprovado, superar qualquer barreira e alcançar sempre qualquer objectivo.


É esta a Lição do Natal: união é vida e vida é vitória. Portanto, juntemo-nos para bem nosso e do futuro.


Boas Festas, é o que vos desejo profundamente. A vossa felicidade é a minha felicidade. Um santíssimo Natal, um esplêndido 2023 cheio de paz, alegria e saúde e que a caca esteja sempre convosco!


Não, eu sou um bolo rei a sério, não me esqueci do brinde!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

P.P.S. (não não é um novo partido): Vou deixar-me de conversas e fazer o que digo, vou unir-me!

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AVISO IMPORTANTE: DADO O ELEVADO TEOR EM EXCREMENTOS CORROSIVOS, NÃO SE RECOMENDA A VISUALIZAÇÃO DESTE BLOG EM DOSES SUPERIORES ÀS ACONSELHADAS PELO SEU MÉDICO DE FAMÍLIA, PODENDO OCORRER DANOS CEREBRAIS E CULTURAIS PROFUNDOS E PERMANENTES, PELO QUE A MESMA SE DESACONSELHA VIVAMENTE EM ESPECIAL A IDOSOS ACIMA DOS 90 ANOS, POLÍTICOS SUSCEPTÍVEIS, FREIRAS ENCLAUSURADAS, INDIVÍDUOS COM FALTA DE SENTIDO DE HUMOR, GRÁVIDAS DE HEPTAGÉMEOS E TREINADORES DE FUTEBOL COM PENTEADO DE RISCO AO MEIO. ISTO PORQUE...

A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!