quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Chega de extremos

Tem-se falado muito nos últimos tempos na chegada da extrema direita à Assembleia da República, da mesma maneira que os sociais-democratas e centristas gostavam muito de alcunhar os do Bloco de Esquerda de «esquerda radical» ou «extrema-esquerda» há quatro anos atrás, aquando das últimas eleições. Desta vez, o rótulo de «extrema-direita» visa um dos novos partidos com assento parlamentar, o Chega. Ora quanto a isto, há que ter dois factores em consideração.

1 - Não existe nem esquerda nem direita em Portugal. A noção de esquerda e direita parlamentares advém de duas origens. Uma, de, no Parlamento Inglês, já de longa data, os partidários de cada um dos principais partidos, o Trabalhista e o Conservador, se sentarem à esquerda e à direita do Presidente da Câmara dos Comuns. Outra, mais condicente com o que se verificou daí em diante, de aquando da constituição da Assembleia Nacional, em França. Os ânimos estavam muito exaltados durante a Revolução Francesa, o que levou a que os deputados ficassem dispostos desde os mais revolucionários, na ponta esquerda, progressivamente até aos mais conservadores, na ponta direita, como forma de evitar confrontos, o que era comum. Em Portugal, essa questão não se pode colocar. Já todos nós vimos partidos ditos de esquerda a levar a cabo o que se esperava de direita e vice-versa, pelo que a diferença, neste aspecto, não é notória e, logo, não faz sentido fazer esta distinção.

2 - Eu não sou militante nem simpatizante de nenhum partido em particular, pelo que me acho com legitimidade para afirmar o que se segue. Agora quem lê isto diz «isso dizes tu» e é verdade, eu não o posso provar. Apenas posso dizer que quem me conhece pode comprová-lo. Não tive ocasião de ver nem ouvir qualquer tempo de antena nem ver o que quer que fosse de campanha. Obrigações laborais. Foi isto uma pena porque eu gosto de estar sempre bem esclarecido para melhor fundamentar a minha decisão. Portanto, considerei que o trabalho efectuado pelo socialista António Costa e o seu Governo da Geringonça, com todas as suas vicissitudes, erros e atribulações em muitas vezes evitáveis, tem tido um saldo positivo para o país, como se pode ver na acalmia social e no primeiro excedente orçamental desde o Estado Novo! Porém, depois de terem saído os resultados das eleições, verifiquei a entrada de três novos partidos na Assembleia e, mais ainda e com surpresa, as fortes hostilidades, em boa parte vindas de uma alegadamente isenta e apartidária comunicação social, para com um dos novatos, o recém-formado Chega, a toda a hora apelidado de «extrema-esquerda», perigoso, racista, machista, xenófobo e muito mais. Todas as bancadas parlamentares tiveram ocasião de discursar no dia da abertura da nova legislatura menos o Chega. Então que espécie de democracia vem a ser esta... e que partido vem a ser este? Curioso quanto aos novos ocupantes do Hemiciclo, pus-me a ler as declarações de princípios, manifestos e programas destes três partidos, bem como do P.A.N., em torno do qual muito se fala, com ou sem substância. Ao fim de muita leitura, cheguei à conclusão que o proposto e defendido pelo Chega é mais credível, verosímil, sensato, lógico, exequível e proveitoso ao país que os do Livre, que é um Bloco de Esquerda com outro nome, ou não resultasse de dissidentes deste,  ou do Iniciativa Liberal, uma espécie de Bloco de Esquerda com tiques americanos. Não lhes vi qualquer indício que fosse contrário aos mais elementares princípios democráticos. Em suma, ou muito me engano ou a haver aqui algum radical, ele seria mais depressa identificado entre as fileiras do Bloco de Esquerda, P.A.N., Iniciativa Liberal, Livre ou mesmo P.C.P. do que entre os apoiantes do Chega. Muito surpreendido fiquei pelos ideais destes últimos terem cativado mais o povo miúdo do interior, Alentejo em particular, que as altas esferas dos eruditos.

Portanto, das duas uma: ou o Chega professa uma coisa e pretende levar a cabo outra ou, por detrás daquela agressividade aparente do André Ventura, há boas intenções. O tempo esclarecerá tudo e mais vos digo: se se verificar a segunda hipótese, os outros partidos que se ponham a pau pois depressa o Chega despertará os sensatos e subirá nas intenções de voto.

Em caso de dúvida, é só ler os programas, manifestos e declarações de princípios, como eu fiz.

Que a caca esteja convosco!


P.S. (não o reeleito): NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

«Fim da Inocência» - Versão Taralhouca em dois actos

Vai daí e pomo-nos a pensar como é que se poderia melhorar esta fantochada de má qualidade. A solução natural é pormo-nos na pele do mestre Quentin Tarantino, pelo menos naquele dos primeiros tempos pois parece que desde há alguns anos para cá a mestria esgotou-se e deu lugar a uma gratuitidade da violência.

Apresento agora uma versão taralhouca para o fim daquela estupidez literário-televisiva em dois actos.
Elenco

- Carlos Heleno, o Supervisor da Terra: Samuel L. Jackson.
- Ajudante deste (ninguém me pergunte por nomes que eu não quero ocupar neurónios com algo tão foleiro como aquilo a não ser para fazer troça dele): John Travolta.
- Supraconsciência: Bridget Fonda.
- Povo extraterrestre: figurantes.

Acto I
Cena Única

(Os dois extraterrestres acabam de chegar com a sua nave ao Sistema Solar e apreciam a vista sobre a Terra a partir da cabine de comando.)

Carlos Heleno - Ah, então é este o planeta?

Ajudante - Sim, é giro, não é?

Carlos Heleno - É pois!

Ajudante - Os tais seres que vamos eliminar chamam-lhe «Terra».

Carlos Heleno - «Terra»? (Faz uma carentonha.) Mas aquilo tem mais água que terra!

Ajudante - É, eu sei. (Fecha os olhos e franze a testa em sinal de resignação.) Eles são tão estúpidos. Dão-lhe um nome ao contrário do que é, adoram-no e desejam-no mas destroem-no... São umas cabeças de pirilau...

Carlos Heleno - A sério? Bandalhos! Vamos mas é limpá-los logo.

Ajudante - Calma, tem de ser como manda o protocolo. E ademais, tu até gostarias deles, os «humanos». Eu já fui ali umas quantas vezes, durante uma coisa que eles fazem a que chamam «Carnaval», onde uns andam despidos e outros com umas fatiotas bizarras, a fingir serem o que não são.

Carlos Heleno - Criaturas peculiares...

Ajudante - Deveras, meu caro. Mas apesar das maldades que fazem, mesmo uns aos outros, por vezes revelam bondade, em especial nas coisas pequenas.

Carlos Heleno - Ai é? Como assim? Dá lá aí um exemplo.

Ajudante - Olha, eles gostam de ter outros animais, plantas e seres em geral aos seus cuidados. Na maior parte das vezes, até tratam bem deles. Imagina tu que dão-lhes nomes. Dão até a objectos. Alguns nomes são engraçados, outros são parvos. Melhor, eles têm de ingerir coisas a que chamam de «comida» para se manterem vivos e até à comida dão nomes. Mas a coisa mais estranha é que eles falam, só que não de igual modo em todo o lado.

Carlos Heleno - Ai não? São mesmo estranhos...

Ajudante - É, são pois. Olha, ali naquele lado (aponta para o planeta), é um lugar chamado Estados Unidos da América. Os humanos de lá chamam a uma comida «quarto de libra com queijo». A mesma comida do outro lado do mar, naquele sítio chamado França, já tem um nome diferente.

Carlos Heleno - Ai eles lá não lhe chamam «quarto de libra com queijo»?

Ajudante - Não, pá. Eles lá têm o Sistema Métrico.

Carlos Heleno - Que é isso?

Ajudante - Não sei, é lá qualquer religião deles ou jogo ou o camandro.

Carlos Heleno - Então como é que lhe chamam?

Ajudante - Chamam-lhe «royale com queijo».

Carlos Heleno - «Royale com queijo»...

Ajudante - Ouve lá. Então tu és o Supervisor da Terra e não sabes nada sobre ela?

Carlos Heleno - Não, eu fui recentemente recolocado. Eu estava em Alderan mas um indivíduo dum gang rival, o Império Galáctico, rebentou com aquilo. Como o gajo daqui andava a fazer bosta, a Supraconsciência «despachou-o» e mandou-me para cá a semana passada.

Ajudante - «Despachou-o»?

Carlos Heleno - Sim, ela despediu-o.

Ajudante - Chiça! Rameira intragável e sarnenta! Então e agora como é que ele vai orientar a mulher e os filhos?

Carlos Heleno - Acho que o cunhado lhe arranjou lugar numa fundição. Sempre é melhor que isto.

Ajudante - É, podes crer...

(Fez-se silêncio por alguns instantes.)

Ajudante (hesitante) - Ó Carlos Heleno...

Carlos Heleno - Sim?

Ajudante - Eu às vezes ponho-me a pensar...

Carlos Heleno - Sim? Tu fazes isso?

Ajudante - Sim... É que... Tu já viste o que nós fazemos? Andamos por aí, dum lado para o outro, e somos pagos, mal pagos, para enganar e matar viventes e destruir planetas... só porque a Supraconsciência manda. No fim, nós somos uns meros lacaios. Fazemos-lhe a papinha toda e ela é que fica cada dia mais poderosa.

Carlos Heleno - Sabes que mais? Tens razão! A gaja é bera e anda a usar-nos.

Ajudante - É! E depois nós é que ficamos como os maus da fita. Ela anda a parasitar-nos e a xaringar-nos o juízo e a reputação!

Carlos Heleno - Nunca tinha pensado nisso! Espera lá que ela já vai ver a quem é que anda a puxar o rabo.

(A nave fez inversão de marcha e entrou no hiper-espaço de volta à proveniência.)

Fim do primeiro acto.

Acto II

Cena I

(De regresso ao seu planeta de origem, Carlos Heleno e o seu ajudante pediram uma audiência com a sua patroa, a Supraconsciência. Chegaram junto dela, num amplo espaço de intensa luz branca.)

Carlos Heleno - Ó patroa! Podemos entrar?

Supraconsciência - Já entraste, tu e o teu ajudante.

Carlos Heleno - Excelente!

Ajudante (fecha a porta atrás de si) - Chefe, nós pedimos a audiência e estamos aqui porque temos uma coisinha a dizer.

Supraconsciência - Eu sei.

Carlos Heleno - Ai sim?

Supraconsciência - Sim.

Ajudante - A sério?

Supraconsciência - A sério. Eu sou a Supraconsciência. Eu sei tudo, pois claro! Se vos vejo aqui, é porque há algo para me ser dito.

(Os dois extraterrestres  fazem esgares de constatação da lógica da batata.)

Ajudante - Ah, bom...

Carlos Heleno - É que nós estamos fartos de sermos os moços de recados sujos. Andamos a fazer todo o trabalho de vilões para que tu, chefe, fiques mais poderosa.

Supraconsciência - Sim, e daí? Não é preciso ser Supraconsciência para saber isso.

Carlos Heleno - E daí que estamos fartos de sermos parasitados por ti, sua pêga chica-esperta armada em divindade. Agora é hora de cancelar o nosso contrato. (Saca de uma arma de raios laser super-concentrados e aponta-a à Supraconsciência.)

Supraconsciência - E é com isso que vais «cancelar o contrato»?  Tu? Mais ninguém? Só com esse pingalheto?
Ajudante (saca igualmente da sua arma) - Não, comigo também, mais esta menina. E com estes nossos amigos.

Cena II

(A porta abre-se e entra no compartimento toda a população do planeta, vermelhinha e chifruda, furiosa e de armas em riste.)

Supraconsciência (surpreendida e zangada) - Que rio de chibança vem a ser esta, seus cornudos dum cabresto? Porventura foi esquecido que essa bodega é uma violação à Lei? À minha lei?

Ajudante - Nem por isso. É que nós estamos a borrifar-nos para ti mais para a tua lei. Nós somos sacanas sem lei.

Carlos Heleno - Pois é, gaja! E agora, como é que é? Já pias fininho. Pois para que não fiques sem palavras, vou dar-te algumas dum texto que eu li. «Exequiel 25:17...» Ai como é que era o resto? Esqueci...

(Soa um tiro e logo depois, por impulso instintivo, todos desataram a esmifrar a Supraconsciência com tiros, a qual ficou feita passador por entre gritos até jazer cadavérica no chão, mais rilada que um saco de plástico num ninho de ratos.)

Ajudante - Calma, pessoal, alto! (Esbracejava e gritava e só algum tempo depois é que os tiros pararam.) 

Carlos Heleno (igualmente satisfeito mesmo sem se lembrar do texto que leu) - Huum... bem... também serve. Vamos a umas «jolas»?

Ajudante - «Bora»!

Alguém da multidão (grita) - Rodada de borla para todos!

( A populaça exultou de alegria e deixou o salão aos poucos.)

FIM

É mau, não é? Pois o original é pior ainda.

Que a caca esteja convosco!!!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

«Fim da Inocência - A Idade da Palermice»

Continuando a análise a audiovisuais, tive a possibilidade de ver a mini-série em três episódios «Childhood's End - A Idade de Ouro», inspirada no romance de Sir Arthur Charles Clarke, «Fim da Inocência». A série prometia ser espectacular. Contudo, foi uma completa desilusão.

Episódio 1 - «Uau, isto vai ser do caraças!»

Episódio 2 - «Então? Isto não anda?»

Episódio 3 - «Quê!? Isto?!»

Sim, é verdade. Vi há anos atrás o «2001 - Odisseia no Espaço» e detestei o filme. Fiquei a pensar que decerto o livro que o originou deveria ser muito mais interessante. Agora que vi o «Fim da Infância», começo a ficar preocupado. É que ou as adaptações dos livros do Arthur C. Clarke são todas más ou as únicas coisas de eito que o homem fez foram as suas invenções e o «Mundo Misterioso» e sucedâneos.

ATENÇÃO: CONTÉM TODO O DESENROLAR DA HISTÓRIA ( QUE, ALIÁS, É MÁ).
Resumindo, a história trata dum dia normal em que, de repente, aparecem montes de enormes naves extraterrestres e só falta o Will Smith para termos uma reedição do «Dia da Independência». Assumindo a forma de entes queridos falecidos, o Supervisor da Terra, Karelen ou coisa parecida, manda mensagens tranquilizadoras a toda a gente. Depois, rapta um agricultor, que faz seu intermediário com os líderes mundiais de modo a, como quem não quer a coisa, fazer valer as suas vontades. O crime, as doenças e o sofrimento em geral acabam e a Humanidade entra na sua Idade de Ouro. Anos depois, uns 19, se bem me lembro, o Mundo é muito diferente. Não há poluição nem fome, nem sequer religiões, cultura ou investigação científica, e todos os países abdicaram das suas independências em favor de uma Federação Mundial. Então, o Supervisor decide mostrar a sua verdadeira forma, que é tal e qual ao estereótipo de demónio. Nem por isso a malta se importou. Só num único lugar, a Nova Atenas, permaneceu a vontade de continuar a viver como antes. Entretanto, há um cientista muito desconfiado com a marosca que insiste em continuar a pesquisar. Paralelamente, há uma mulher que tem um filho estranho e dá à luz uma filha, a Jennifer, ainda mais bizarra e dotada dum imenso poder oculto. Esta miúda revela-se uma espécie de agente infiltrada para lixar o Mundo. De repente, os extraterrestres fazem um rapto colectivo de todas as crianças do planeta e os humanos deixam de poder ter filhos. Em desespero, o Presidente da Câmara Municipal de Nova Atenas rebenta com a última cidade livre com a sua bomba atómica caseira. Estúpido. Entretanto, o cientista infiltra-se num cargueiro que vai até ao planeta dos mafarricos, um verdadeiro inferno, e estes explicam-lhe que eles estão a fazer aquilo à Terra, tal como fizeram a muitos planetas antes, porque uma tal de Supraconsciência, uma coisa lá do sítio que tem a mania que é Deus, assim lhes manda. No fim, ele deseja voltar à Terra. A Jennifer acaba de sugar toda a força vital do planeta e este explode. Era uma vez o Mundo, ponto final.

E nós ficamos a pensar: «isto é tudo tão estúpido...»

Eu não li o livro, pelo que é difícil extrair ilações de uma mini-série que, com certeza, o resume muito. Tudo deve ser melhor explicado no livro e, se não o for, temos o caldo entornado. É que muitas coisas não fazem sentido.

1 - Vêm os extraterrestres e quase todos nós, de repente, deixamos de acreditar no divino e em todas as religiões.  Ainda por cima quando os visitantes cósmicos são... como é que eu hei-de dizer, a fotocópia dos demónios, se é que não o são. Está bem que um acontecimento desta natureza põe em cheque as nossas crenças e leva-nos a questionar bastante mas não é de prever que, dum dia para o outro, tudo quanto é templo ficasse abandonado. Para isso só um jogo do Benfica ou da selecção. Os homenzinhos do outro mundo que não subestimem o poder do futebol.

2 - Vêm os extraterrestres e a cultura, de repente, desaparece. Tal como a religião, não faz sentido. Porquê? «Ai, há umas naves espaciais no céu com seres doutro planeta. Como tal, vou deixar de ir ao cinema, fazer desporto, dançar o fandango, ouvir uns faduchos, caiar a casa, comer bacalhau à Brás, ler livros da J. K. Rowling e ter qualquer manifestação de índole cultural.» É absurdo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. É absurdo.

3 - Vêm os extraterrestres, com toda a sua tecnologia e conhecimento, aliás nunca demonstrado, e, de repente, toda a gente acha que não vale a pena pesquisar mais e todas as investigações científicas cessam. Mas está tudo doido? Só o simples facto de se mostrar haver vida noutro ponto do Universo bastaria para acicatar ainda mais a curiosidade, agudizada pela constante aura de mistério que envolve os chifrudos vermelhos. Logo, a pesquisa não acabaria, antes se intensificaria. E depois haveriam sempre matérias sem resposta quer eles tivessem vindo quer não.

4 - Vêm os extraterrestres e, de repente, os países abdicam todos das suas independências em favor de uma Federação Mundial fantoche controlada pelos «Soberanos», isto é, os extraterrestres. Meus caros, mal Flamengos e Valões se dão uns com os outros e se mantém com dificuldade uma Bélgica unida, ou uma Espanha, quanto mais todos os povos do Mundo. A variedade de culturas, opiniões e maneiras de viver e encarar o todo é demasiada para haver uma sujeição a uma única autoridade central. Na Península Ibérica foi um desastre, a nível europeu não funciona, em todo o Mundo é tão possível quanto chá sem água.

5 - Vêm os extraterrestres e, de repente, vamos aceitar tudo o que eles mandam, nem que sejam a cara chapada do Diabo. Está-se mesmo a ver. Podem ser imensamente poderosos mas isso não queria dizer que baixássemos os braços, muito menos que nos tornássemos que nos tornássemos em pouco mais que gado estúpido em estado vegetativo. Por acaso o Santo Condestável desistiu em Aljubarrota perante o poder de Leão e Castela? Terá Xanana Gusmão fugido à vista da imensidão e força brutal da Indonésia? Viriato e depois Sertório renderam-se apesar da impossibilidade estatística de poderem vir a derrotar o Império Romano? Não, nunca, quer no caso daqueles, vencedores, quer no caso destes, derrotados. E depois aparece-nos Lúcifer em pessoa ou um sósia dele e jogamos foguetes ao ar? Não me parece. Será caso que não ocorreria a mais ninguém senão àquela jeitosa que afincou uma cartuxada no Karelen que, se os demónios são representados  como aqueles alienígenas eram, por alguma razão seria?

6 - Então e os palermas dos sobreditos extraterrestres? Destroem mundos inteiros porque a ressabiada egocêntrica da «Supraconsciência», uuuuiiiii, a «Supraconsciência...», lhes diz para o fazerem? E porque o fazem? Aaam... porque sim. A verdade é que nunca tinham pensado muito no assunto. É que até estes diabretes são umas cabeças de vento estúpidas até à quinta casa.

7 - Já agora, o que é que fazia o Presidente da Câmara de Nova Atenas com uma bomba atómica caseira? Isto é como aqueles que não se querem casar com medo que a coisa dê para o torto mais dia menos dia e depois tenham de se divorciar. Se aquele gajo tinha a bomba é porque já contava com vir a usá-la. Se, de facto, acreditasse no seu projecto, não a tinha. O mesmo é com os outros, que se casariam ou nem sequer se relacionariam.

8 - Então deixamos todos de trabalhar, certo? Pois se nada se produz, como é que vamos ter comida, roupas casas, carros, arranjos e outros bens e serviços importantes? Já sei, vamos aprender com o Luís de Matos a fazê-los aparecer do nada. Deve ser isso.

Ao menos numa coisa estamos de acordo. Se viesse a haver uma tipa demoníaca que viesse destruir o Mundo, ela só se poderia chamar Jennifer. Porquê? Ora vejamos alguns exemplos.

Jennifer Love-Hewitt


Jennifer Ellison
Jennifer Lawrence
Jennifer Connelly

É que, bem apreciado o caso, por muito que nós as achemos divinais, a única coisa que nos vai sair da boca é que elas são dos diabos!

Quanto à série, é decepcionante. Passamos o tempo todo à espera que a história evolua e se mexa mas não só não passa da pasmaceira como descamba num apocalipse de estupidez. Tal como no «2001 - Odisseia no Espaço», falta-lhe ritmo e emotividade. Não há reacção, só um incompreensível conformismo, resignação pateta e ingenuidade ao extremo da cegueira. Inverosímil, inconsequente e absurdo. Em suma, é algo a NÃO VER pois resultaré na na perda irrecuperável de preciosas horas de vida que poderíamos ter empregue em coisas sem dificuldade mais produtivas, nem que fosse a dormir ou a jogar ao berlinde.

Lamento, Arthur, mas parece-me que não davas uma para a caixa, fora dos documentários.

Vou ver pornografia, sempre tem um argumento melhor ao deste lixo televisivo e talvez literário.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Como deveria ter acabado a «Guerra dos Tronos», uma sugestão

Posto isto, como é que deveria ter acabado a série erradamente traduzida por «Guerra dos Tronos»? Eis uma sugestão minha, certamente questionável como o é qualquer outra.

O Lorde Varys... bem, esse merecia morrer, que já me irritava. Por isso, que se lixe.

O Jamie ficava sossegadinho da vida e reconhecia que a Brienne era a mulher da sua vida. Afinal, ele gostava era delas tanganhonas, com garra! 

A Arya aceitava o pedido de casamento mas, ainda assim, sempre seguia nas hostes rumo ao Poiso do Rei (qual «Porto Real» qual carapuça). Depois da tomada, sim, haveria boda.

Às portas da cidade, a Cersei ameaçava matar a Missandei se a Daenerys não desistisse e se rendesse. A Mãe dos Dragões manda-a à fava e a Cersei manda degolar a rapariga. Esta esquiva-se dos braços que a mantêm cativa e atira-se da muralha. Nisto, o dragão que sobrou faz um voo rasante ao ângulo entre o chão e a muralha e apanha a aia da sua mãe contra-natura antes que ela se estatele no chão.

Aquando do ataque à cidade, as tropas fiéis a Cersei rendem-se.  Daenerys aceita a rendição, perdoa a soberana caída em desgraça e dá-lhe a possibilidade de tomar um barco e partir para o exílio. A seguir, a nova rainha é aclamada e coroada. Ela e Jon casam-se e dão origem a uma nova dinastia. Afinal, quem disse que ela era estéril? Uma bruxa? Claro. Se a Maria Helena ou a Maya o dissessem, o público acreditaria? Bem me parece. E depois, como era costume entre os Targaryens casarem entre si, como os antigos governantes egípcios faziam, não havia problema.

Quanto ao palermóide das Ilhas de Ferro, esse não desiste e a Arya acaba por lhe tratar da saúde.

Já agora, aquela coisa do Norte se separar... não funciona.

Outra hipótese seria seguir a sugestão ultra-totó e, porém, brilhante que vemos no vídeo que se segue dum fã. De certeza que seria um final e pêras!

https://www.youtube.com/watch?v=G0mncEl4nVU

Contudo, como foi feita caca a montes, resta-nos continuar a imaginar como poderia ter acabado a mais brilhante série épica de sempre.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Treta dos Tronos (sim, ainda continua a azia geral)

E já que falamos de finais da treta, lembro-me ainda da série épica que recebeu mais um prémio, o Emmy de Melhor Série de Drama há poucos dias, apesar do coro de protestos dos próprios fãs. É que drama foi o que, de facto, houve nos últimos dois episódios.

Que porra de ideia foi aquela da Arya recusar o pedido de casamento do bastardo Baratheon e partir em busca do que pudesse haver além-mar? Deu-lhe a panca do «deixa-me cá seguir o exemplo dos navegadores portugueses e pôr-me a descobrir que, como diz a canção, navegar é preciso», de certeza.

E a do Jamie Lannister ter abandonado a Brienne de Tarth para ter ido para junto da Cersei? Deve ter tido saudades do cabedal suave da sua maninha, não foi?

Ou aquela do Jon Snow, perdão, Aegon Targaryen, ter sido novamente desterrado para a Vigia da Noite?

Que raio, já agora, de eleição manhosa do novo rei? Que argumentos mais rançosos aqueles? «Uma boa história, é do que as pessoas gostam e logo um rei deve ter.» Afinal isto é uma eleição ou é uma sessão do «Levanta-te e Ri»?

E porque não Bran Stark, o Corvo de Três Olhos Aleijadinho, como rei? Um tipo que tudo vê quando se põe como se tivesse chupado umas brocas mas que, de resto, permanece pouco mais que apático, como se estivesse a curtir as ganzas recém fumadas? Sem dúvida que o Mundo conheceu soberanos mais fracos e que na ficção tudo é possível mas pede-se algum bom-senso.

Mas acima de tudo: o que é que calhou mal no jantar de quem escreveu esta temporada para pôr a Daenerys a destruir a capital depois desta se ter rendido? Mais ainda: porque é que os seus soldados haveriam de a seguir numa tão estúpida e contra-producente empreitada? Só seria desfavorável a eles e, principalmente, à nova rainha!

Já agora, alguém reparou no discurso megalómano dela? Aquele valiriano soava muito a alemão. Talvez lhe faltasse um bigodinho à escovinha e uma braçadeira com suástica.

No seguimento disso, temos uma rainha morta, com um punhal cravado no peito, um trono de espadas, um indivíduo suspeito, o Jon Snow, ao pé do cadáver e um dragão magoado e furioso com a morte da sua mãe. Que conclusão daí se tira. «Teria sido o gajo que se andava a arrefinfar à minha mãe e que não concordara nada com aquela destruição e morticínio gratuitos que fizera dela um novo suporte de cozinha para cutelos ou foi ela que se descuidou e espetou-se fatalmente ao sentar-se no Trono de Ferro tão à bruta que até lhe arrancou um facalhão? Não tenho qualquer dúvida, a culpa é da porcaria do trono, matou a minha mãe! Porque é que não fizeram uma coisa suave, em madeira? Vou mas é derreter esta trujia antes que alguém mais se aleije! BRRRRRAAAAAAHHHH!!!» 

Em poucas palavras, vê-se perfeitamente que quiseram despachar a série e acabaram-na à pressa. Grande porcaria...

Que a caca esteja convosco!



P.S.(não o que ganhou as eleições ontem): NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!

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