quinta-feira, 2 de julho de 2020

Futebolopandemices

Escreve-vos isto quem tem à cabeceira da cama um quadro emoldurado do seu clube desportivo e, logo ao pé, um outro com o emblema. Pode parecer que o que eu vou dizer é fruto da circunstância dos resultados mas não é. Quem me conhece, sabe que eu sempre disse isto.

Apareceu o novo coronavírus. Começou a andar tudo por aí pneumónico e as competições desportivas foram, naturalmente, canceladas. Enquanto perdurou o estado de emergência, com o seu dever de confinamento, nem tampouco se ouviu falar de futebol. Aliás, nem sei como é que os vários diários futebolodependentes e pseudo-desportivos conseguiram sobreviver. Entretanto, passou aquela fase e o Campeonato Nacional de Futebol recomeçou. Quer dizer, só o masculino... de séniores... e da Primeira Divisão. E pronto, ficou tudo estragado.

Em primeiro lugar, interrogo-me ainda hoje quanto ao que justificaria uma situação de risco de contágio só para o entretenimento dum público ausente. Aliás, que piada tem jogar ou sequer assistir a uma transmissão televisiva ou radiofónica num recinto vazio, silêncioso, isento daquela matéria que faz os jogadores vibrarem, a batucada dos tambores, o toque das cornetas, os gritos, os assobios, os cânticos, o catalisador da euforia de quem disputa a partida, nos bancos, no campo ou à distância?

Em segundo lugar, porquê apenas retomar esta competição e não as outras? Esta tem mais direito que as outras ou quê? Então não somos todos iguais?

Problema: dinheiro. Este campeonato de futebol movimenta muito dinheiro, seja em publicidade, direitos de transmissão televisiva, transferências e tantas outras razões.

Outra questão ainda. Enquanto durou o confinamento, a comunicação social era mìnimamente visionável, se fizéssemos um pequeno esforço para ignorar a sobredosagem letal de pânico e aborrecimento com as referências quase exclusivas a COVID-19 nos noticiários. Agora regressou o circo mediático em torno do futebol, com os seus inúmeros comentadores, boletins, folhetins rascas, pseudo-polémicas e fofoquices sem qualquer interesse que fazem a anestesia geral da população nas últimas décadas. E já que falamos em coronavírus, sempre quero ver como é que vai ser quando o campeonato acabar. Lá vamos ter a Rotunda do Marquês ou, cenário mais provável, a Avenida dos Aliados a fervilhar de gente eufórica. Como se não bastassem já os ajuntamentos estúpidos e as inconsequentes e inexplicáveis festas que se sucedem todos os dias e noites, para difusão de uma doença que estava quase eliminada há um mês e tal atrás. Oh, que chato, lá teremos uma cerca sanitária a Lisboa ou ao Porto, como há 100 anos, ou o retomar do confinamento. Mas é bem feita, que é para ver se as pessoas aprendem.

Na minha muito humilde opinião, ou todas as competições eram retomadas ou não era nenhuma. Dadas as circunstâncias, como é óbvio nenhuma. Ou se cancelava pura e simplesmente todas elas ou logo se as retomavam quando houvessem condições de segurança para isso, nem que para tal as crónicas e almanaques registassem de futuro uma época 2019-2021, por exemplo.

E aqui fico a pensar no quanto miseráveis nós somos, pondo os interesses económicos e o nosso divertimento à frente da sensatez. Não há dúvida que nós, os Portugueses, estamos na curva descendente... mas da nossa civilização.

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

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A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!