terça-feira, 24 de março de 2020

O mistério do papel higiénico

Há uma coisa que me tem feito confusão e constato que também a muita gente e já assisti a isto pessoalmente. Não sei porquê, ainda mal se começavam a verificar casos de infectados com o COVID-19 em Portugal e tampouco se falava em estado de emergência e já haviam pessoas aos magotes a comprar montes de pacotes.

Pacotes de quê? Bolachas? Manteiga? Sal? Açúcar? Haxixe? Batatas fritas? Não, papel higiénico. E fica-se com a pulga atrás da orelha a interrogarmo-nos quanto ao porquê de determinada acção. Pus-me aqui a pensar e ocorrem-me algumas hipóteses para o fenómeno. Acredito que algumas delas possam verificar-se ao mesmo tempo.

1 - Toda a gente acordou de manhã, foi aos seus respectivos gabinetes dos azulejos começar o dia a pôr a escrita em ordem e então não é que muitos repararam que tinham o papel acabado ou quase a chegar ao fim? Então, ter-se-á dado uma afluência simultânea de proporções épicas, com todos ao mesmo tempo a raparem das prateleiras de mercearias e supermercados a fofa banda celulósica. Ninguém quer que o Trump ou a Merkel, entre outros, deixem de receber os nossos faxes, pois não?

2 - A malta amedrontou-se com a chegada do novo coronavírus e pensou que era melhor aviar-se de tudo um pouco para permanecer em casa tanto quanto possível e evitar sair à rua, tal como foi recomendado. Ora há que arrecadar material, papel incluído.

Há sítios piores que Portugal Na Austrália, a escassez era tanta que uma família decidiu encomendar 48 rolos de papel higiénico. Porém, enganou-se ao fazer a encomenda e vieram 48 caixas, o suficiente para 12 anos! Esta sim é a «Senhora dos Papéis»! «You shall not craaaap!»

3 - Depois há outra: mais gente em casa para mandar barro. Pois, é que eu fico em casa e tu também. Muitos não vão trabalhar fora, escola não há e agora é ficar sossegadinho entre quatro paredes mais um arraial de gente. É o que eu digo, há que arrecadar reservas, como os esquilos arrecadam bolotas. Agora imagine-se se a malta tivesse filhos como há uns 40 anos. Aí é que era preciso um orçamento rectificativo.

4 - Para além disso, é preciso ter agora certos cuidados para não contrair esta pneumonia viral marada. Como as luvas e máscaras estão esgotadas há perto de um mês, qual a hipótese mais prática? Uma pessoa vai a marcar um código numa caixa ou terminal de multibanco ou carregar num botão para entrar no prédio onde fica o seu apartamento ou para falar por um intercomunicador ou qualquer coisa que implique pôr o dedo onde metade da freguesia põe (sim, seus badalhocos irresponsáveis, e isso inclui as zonas passíveis de uso de parquímetro da moçoila de cabeleira postiça e meias chungas de renda à beira da estrada, se é que me faço entender) e sempre pode recorrer a uma ou duas folhinhas do seu precioso rolo, as quais podem ser descartadas logo a seguir, não vá elas ficarem impregnadas de mais que sebo e unhaca, também com COVID-19. De igual modo e pelas mesmas razões, uma pessoa tosse, espirra ou assoa-se e tem sempre ali à mão o papel. Sempre sai mais barato e dá para mais tempo um rolo de papel higiénico que 20 ou 30 pacotes de lenços.

5 - Estado de emergência! Está a malasanha por aí disseminada e nós temos de ficar em casa para evitar contactos e assim prevenir contágios. Ao fim de uma semana ou mais de confinamento, há sempre quem se comece a queixar de que não tem nada para fazer e está aborrecido. Os pirralhos também não ajudam e passam o tempo a chagar  juízo e fazer belharetas. Felizmente, preveniu-se amplamente com uma generosa reserva de papel higiénico. Dá para imensas coisas, desde serpentinas gigantes, como faziam nos estádios há uns anos, simulações de fitas nas metas de maratonas imaginárias ou interpretações alternativas d'«O Regresso da Múmia» como nem o Brandon Frasier e a Rachel Weiss alguma vez ousaram levar à grandiosa tela da sétima arte.

Será algum destes o teu motivo? Serão vários? Haverá outro? Já se sabe, a necessidade e a imaginação fazem prodígios, principalmente a escorrer tinta e dar motivos de conversa.

Boas mumificações celulósicas! E já agora, não sejas parvo: se puderes, fica em casa!

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

2 comentários:

AM disse...

Concordo em absoluto. Eu antes do confinamento comprei papel higiênico simplesmente porque já não tinha, mas ao passar na caixa senti que todos me olhavam. Se calhar até nem olhavam e era só impressão minha. Bom trabalho #Eu fico em casa. Se puderem farsa o mesmo se não der tenham cuidados redobrados.

Migas-o-Sapo disse...

Conselhos e comportamentos sensatos. Muito bem, os meus parabéns e louvores! Por estes dias, qualquer coisa mínima faz as pessoas olharem muito umas para as outras com desconfiança, censura e receio. Felizmente, tudo há-de passar.

Que a caca esteja contigo!

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A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!