segunda-feira, 7 de outubro de 2019

«Fim da Inocência - A Idade da Palermice»

Continuando a análise a audiovisuais, tive a possibilidade de ver a mini-série em três episódios «Childhood's End - A Idade de Ouro», inspirada no romance de Sir Arthur Charles Clarke, «Fim da Inocência». A série prometia ser espectacular. Contudo, foi uma completa desilusão.

Episódio 1 - «Uau, isto vai ser do caraças!»

Episódio 2 - «Então? Isto não anda?»

Episódio 3 - «Quê!? Isto?!»

Sim, é verdade. Vi há anos atrás o «2001 - Odisseia no Espaço» e detestei o filme. Fiquei a pensar que decerto o livro que o originou deveria ser muito mais interessante. Agora que vi o «Fim da Infância», começo a ficar preocupado. É que ou as adaptações dos livros do Arthur C. Clarke são todas más ou as únicas coisas de eito que o homem fez foram as suas invenções e o «Mundo Misterioso» e sucedâneos.

ATENÇÃO: CONTÉM TODO O DESENROLAR DA HISTÓRIA ( QUE, ALIÁS, É MÁ).
Resumindo, a história trata dum dia normal em que, de repente, aparecem montes de enormes naves extraterrestres e só falta o Will Smith para termos uma reedição do «Dia da Independência». Assumindo a forma de entes queridos falecidos, o Supervisor da Terra, Karelen ou coisa parecida, manda mensagens tranquilizadoras a toda a gente. Depois, rapta um agricultor, que faz seu intermediário com os líderes mundiais de modo a, como quem não quer a coisa, fazer valer as suas vontades. O crime, as doenças e o sofrimento em geral acabam e a Humanidade entra na sua Idade de Ouro. Anos depois, uns 19, se bem me lembro, o Mundo é muito diferente. Não há poluição nem fome, nem sequer religiões, cultura ou investigação científica, e todos os países abdicaram das suas independências em favor de uma Federação Mundial. Então, o Supervisor decide mostrar a sua verdadeira forma, que é tal e qual ao estereótipo de demónio. Nem por isso a malta se importou. Só num único lugar, a Nova Atenas, permaneceu a vontade de continuar a viver como antes. Entretanto, há um cientista muito desconfiado com a marosca que insiste em continuar a pesquisar. Paralelamente, há uma mulher que tem um filho estranho e dá à luz uma filha, a Jennifer, ainda mais bizarra e dotada dum imenso poder oculto. Esta miúda revela-se uma espécie de agente infiltrada para lixar o Mundo. De repente, os extraterrestres fazem um rapto colectivo de todas as crianças do planeta e os humanos deixam de poder ter filhos. Em desespero, o Presidente da Câmara Municipal de Nova Atenas rebenta com a última cidade livre com a sua bomba atómica caseira. Estúpido. Entretanto, o cientista infiltra-se num cargueiro que vai até ao planeta dos mafarricos, um verdadeiro inferno, e estes explicam-lhe que eles estão a fazer aquilo à Terra, tal como fizeram a muitos planetas antes, porque uma tal de Supraconsciência, uma coisa lá do sítio que tem a mania que é Deus, assim lhes manda. No fim, ele deseja voltar à Terra. A Jennifer acaba de sugar toda a força vital do planeta e este explode. Era uma vez o Mundo, ponto final.

E nós ficamos a pensar: «isto é tudo tão estúpido...»

Eu não li o livro, pelo que é difícil extrair ilações de uma mini-série que, com certeza, o resume muito. Tudo deve ser melhor explicado no livro e, se não o for, temos o caldo entornado. É que muitas coisas não fazem sentido.

1 - Vêm os extraterrestres e quase todos nós, de repente, deixamos de acreditar no divino e em todas as religiões.  Ainda por cima quando os visitantes cósmicos são... como é que eu hei-de dizer, a fotocópia dos demónios, se é que não o são. Está bem que um acontecimento desta natureza põe em cheque as nossas crenças e leva-nos a questionar bastante mas não é de prever que, dum dia para o outro, tudo quanto é templo ficasse abandonado. Para isso só um jogo do Benfica ou da selecção. Os homenzinhos do outro mundo que não subestimem o poder do futebol.

2 - Vêm os extraterrestres e a cultura, de repente, desaparece. Tal como a religião, não faz sentido. Porquê? «Ai, há umas naves espaciais no céu com seres doutro planeta. Como tal, vou deixar de ir ao cinema, fazer desporto, dançar o fandango, ouvir uns faduchos, caiar a casa, comer bacalhau à Brás, ler livros da J. K. Rowling e ter qualquer manifestação de índole cultural.» É absurdo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. É absurdo.

3 - Vêm os extraterrestres, com toda a sua tecnologia e conhecimento, aliás nunca demonstrado, e, de repente, toda a gente acha que não vale a pena pesquisar mais e todas as investigações científicas cessam. Mas está tudo doido? Só o simples facto de se mostrar haver vida noutro ponto do Universo bastaria para acicatar ainda mais a curiosidade, agudizada pela constante aura de mistério que envolve os chifrudos vermelhos. Logo, a pesquisa não acabaria, antes se intensificaria. E depois haveriam sempre matérias sem resposta quer eles tivessem vindo quer não.

4 - Vêm os extraterrestres e, de repente, os países abdicam todos das suas independências em favor de uma Federação Mundial fantoche controlada pelos «Soberanos», isto é, os extraterrestres. Meus caros, mal Flamengos e Valões se dão uns com os outros e se mantém com dificuldade uma Bélgica unida, ou uma Espanha, quanto mais todos os povos do Mundo. A variedade de culturas, opiniões e maneiras de viver e encarar o todo é demasiada para haver uma sujeição a uma única autoridade central. Na Península Ibérica foi um desastre, a nível europeu não funciona, em todo o Mundo é tão possível quanto chá sem água.

5 - Vêm os extraterrestres e, de repente, vamos aceitar tudo o que eles mandam, nem que sejam a cara chapada do Diabo. Está-se mesmo a ver. Podem ser imensamente poderosos mas isso não queria dizer que baixássemos os braços, muito menos que nos tornássemos que nos tornássemos em pouco mais que gado estúpido em estado vegetativo. Por acaso o Santo Condestável desistiu em Aljubarrota perante o poder de Leão e Castela? Terá Xanana Gusmão fugido à vista da imensidão e força brutal da Indonésia? Viriato e depois Sertório renderam-se apesar da impossibilidade estatística de poderem vir a derrotar o Império Romano? Não, nunca, quer no caso daqueles, vencedores, quer no caso destes, derrotados. E depois aparece-nos Lúcifer em pessoa ou um sósia dele e jogamos foguetes ao ar? Não me parece. Será caso que não ocorreria a mais ninguém senão àquela jeitosa que afincou uma cartuxada no Karelen que, se os demónios são representados  como aqueles alienígenas eram, por alguma razão seria?

6 - Então e os palermas dos sobreditos extraterrestres? Destroem mundos inteiros porque a ressabiada egocêntrica da «Supraconsciência», uuuuiiiii, a «Supraconsciência...», lhes diz para o fazerem? E porque o fazem? Aaam... porque sim. A verdade é que nunca tinham pensado muito no assunto. É que até estes diabretes são umas cabeças de vento estúpidas até à quinta casa.

7 - Já agora, o que é que fazia o Presidente da Câmara de Nova Atenas com uma bomba atómica caseira? Isto é como aqueles que não se querem casar com medo que a coisa dê para o torto mais dia menos dia e depois tenham de se divorciar. Se aquele gajo tinha a bomba é porque já contava com vir a usá-la. Se, de facto, acreditasse no seu projecto, não a tinha. O mesmo é com os outros, que se casariam ou nem sequer se relacionariam.

8 - Então deixamos todos de trabalhar, certo? Pois se nada se produz, como é que vamos ter comida, roupas casas, carros, arranjos e outros bens e serviços importantes? Já sei, vamos aprender com o Luís de Matos a fazê-los aparecer do nada. Deve ser isso.

Ao menos numa coisa estamos de acordo. Se viesse a haver uma tipa demoníaca que viesse destruir o Mundo, ela só se poderia chamar Jennifer. Porquê? Ora vejamos alguns exemplos.

Jennifer Love-Hewitt


Jennifer Ellison
Jennifer Lawrence
Jennifer Connelly

É que, bem apreciado o caso, por muito que nós as achemos divinais, a única coisa que nos vai sair da boca é que elas são dos diabos!

Quanto à série, é decepcionante. Passamos o tempo todo à espera que a história evolua e se mexa mas não só não passa da pasmaceira como descamba num apocalipse de estupidez. Tal como no «2001 - Odisseia no Espaço», falta-lhe ritmo e emotividade. Não há reacção, só um incompreensível conformismo, resignação pateta e ingenuidade ao extremo da cegueira. Inverosímil, inconsequente e absurdo. Em suma, é algo a NÃO VER pois resultaré na na perda irrecuperável de preciosas horas de vida que poderíamos ter empregue em coisas sem dificuldade mais produtivas, nem que fosse a dormir ou a jogar ao berlinde.

Lamento, Arthur, mas parece-me que não davas uma para a caixa, fora dos documentários.

Vou ver pornografia, sempre tem um argumento melhor ao deste lixo televisivo e talvez literário.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

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A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!