segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

E mais uma vez... asneira!


Ora vamos lá ver se percebo:


Cavaco Silva, eleito para Primeiro-Ministro de um governo minoritário em 1985. Dois anos depois foi derrubado por uma moção de censura. Motivo? Entre outros, o Governo era acusado de manipulação da comunicação social. Reeleito com maioria absoluta, continuou a estoirar dinheiro público e a atropelar os direitos. Reeleito em 1991, continuou o seu ruinoso trabalho e a fazer tratados péssimos para o país. Se o pessoal se manifestava, levava porrada. Se era contra, estava «disponível». Eleito em 2006 para o cargo de Presidente da República. Desde que tomou posse, o Governo de José Sócrates nunca mais foi o mesmo. Reeleito agora.


Que parte será que as pessoas não compreenderam? Quando eu era pequeno, diziam-nos que os tolinhos levavam um puxão de orelhas e os delinquentes iam para a cadeia. Agora parece que sou eu é que tenho as orelhas quentes!


Às vezes fico a pensar que, se calhar, o Marquês de Pombal até tinha alguma razão quando dizia que os Portugueses só fazem algo se forem tocados a chicote. Por amor de Deus! Estou muito decepcionado com a vossa falta de memória!


Que a caca esteja convosco...


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!! O manifesto continua já a seguir.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O Desacordo Ortopédico (veemente protesto contra o «Acordo» Ortográfico) Parte I


O CONTEXTO DA ASNEIRA

Vamos agora a uma história sobre até que ponto há gente que pensa que sabe tanto e é tão esperta que, quando estes fulanos dão por eles, em vez de sabichões, já são sabões.

Era uma vez um lindo e pacífico país chamado Portugal onde os seus naturais, apesar de muito trabalhadores, tinham um pequeno problema, que era o de quase ninguém saber ler nem escrever. Mesmo os seus reis, que se alguns foram ilustres letrados, outros não conheciam uma letra do tamanho dum cavalo. É que aprender a ler e a escrever demora tempo e exige prática e treino regular. Ora quase ninguém tinha possibilidade para isso, havia que trabalhar para ganhar o sustento e as letras não enchiam as barrigas. Como tal, ninguém se importava com a maneira como se escrevia, nem mesmo os que o sabiam fazer, e cada um escrevia da maneira que considerava ser a mais correcta. Existiam, portanto, inúmeras ortografias.

Com o passar dos séculos, foram-se formando duas tendências. Uma era a etimológica, que defendia que, uma vez que a língua portuguesa era descendente de outras línguas mais antigas, em especial o latim, devia conservar na escrita a memória destas. Outra era a fonética, que entendia que isto já não era latim nem grego nem fosse o que fosse e que, portanto, as palavras escritas não deviam estar carregadas de letras atávicas mas sim descrever aquilo que, de facto, se dizia. As divergências duraram durante muito tempo mas a generalidade do povo não se importava porque era analfabeta. Só em 1945 é que membros da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira das Letras se reuniram e conseguiram chegar a um consenso. Visto que nem a ortografia etimológica nem a ortografia fonética traduziam bem na escrita a língua portuguesa, fez-se uma combinação de ambas e assim foi criada a chamada ortografia moderna, que finalmente trouxe a tão desejada ordem onde durante cerca de 800 anos só houve caos. Agora a língua já tinha uma forma fixa e todos podiam aprender e escrever da mesma maneira.

O Governo Português gostou tanto da ideia que decidiu pôr o entendimento em prática. Porém, o Congresso Brasileiro não foi da mesma opinião. É que, desde que aquela antiga colónia portuguesa se tinha tornado independente, em 1822, a maneira de falar no Brasil já tinha mudado muito e era agora bem diferente da falada em Portugal. Por isso, decidiram aplicar regras distintas das acordadas e o que as academias decidiram apenas foi posto em prática em Portugal, isto é, a Metrópole e as suas dependências.

Foram várias as tentativas de chegar a acordo com os responsáveis do Brasil, em vão. Entretanto, a generalidade dos Portugueses tornou-se alfabetizada , ainda que não fosse propriamente letrada, e a escrita tornou-se essencial no dia-a-dia e até um vital suporte para a língua.

Tudo estava bem quando, em 1990, foi feito um estudo com uma proposta de ortografia unificadora para os países ditos lusófonos. Era, à semelhança do tratado de 1945, o «Acordo Ortográfico». No entanto, apresentava soluções tão absurdas que foi posto na gaveta e esquecido. Por azar, quando Portugal estava em declínio, o Brasil entravanuma fase de prosperidade e assumia-se como um país rico, influente e uma potência emergente. Os governantes portugueses podiam ter procurado restaurar o esplendor de Portugal mas optaram sempre pela via mais fácil, que era a colagem aos grandes e poderosos países, como os Estados Unidos da América, a Inglaterra, a Alemanha e outros. Ora estando o Brasil a destacar-se, chegou-se ao ponto de, em certas ocasiões, como nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, por exemplo, quando se pretendia traduzir algo para português, esta era feita para o idioma do Brasil, em muito diferente quer na oralidade quer na escrita. Com o acentuar da velha crise, o Governo Português podia tentar incentivar o investimento e proteger a riqueza do país mas como isso implicava chatear a União Europeia, a quem tinha mais obediência e devoção que ao próprio país, enveredou por aliar-se ao antigo «irmão» mais novo, o Brasil. É nestas circunstâncias que, curiosamente, reaparece o «Acordo Ortográfico, do qual já ninguém se lembrava e poucos alguma vez deram por ter existido. Coincidência, não é?

Ora vamos lá ver. Português é a língua de Portugal, certo? E pronto. Uns dirão: mas Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncepe, Brasil e Timor-Leste também falam! Bem, quase. É que em Timor-Leste fala-se tetum e bahaza, poucos falam português e muitos menos de forma correcta. No Brasil, as diferenças são imensas, quer na forma de pronunciar as palavras quer na conjugação dos verbos, no quase desuso de preposições e vogais fechadas, na constante substituição da acentuação aguda pela circunflexa, no emprego dum léxico muito distinto do corrente em Portugal e na atribuição de significados muito próprios e diferentes dos atribuídos nas mesmas ou simileres palavras e expressões proferidas em qualquer outro país dito lusófono. No geral, o idioma falado em grande parte do Brasil pouco mantém de gramático e fonético com a língua portuguesa e tende, invariavelmente e mais cedo ou mais tarde, a derivar numa nova língua. Quanto aos países africanos, em particular Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, possuem uma diversidade de línguas nativas e dialectos croiulos, pelo que é reduzido o número de pessoas que fala português em exclusivo. Nestes casos, o português é pouco mais que uma língua franca, como o latim o foi na Europa durante a Idade Média e a Idade Moderna. Daqui se deduz que a questão da ortografia sempre foi um problema que praticamente se resume a Portugal e Brasil. Mesmo assim, não é invulgar reportagens de certas partes do Brasil terem de ser legendadas para que se perceba o que dizem os naturais. Agora imagine-se nos outros países referidos em que, sempre que há uma visita oficial, são necessários tradutores e intérpretes.

Alguns políticos, analistas, gramáticos e linguístas consideram que a língua portuguesa nunca será tida em grande conta enquanto tiver duas ortografias oficiais, uma de Portugal e outra do Brasil. Pois seria mais lógico achá-lo pelo facto de não haver uma ortografia fixa e duradoura. Em 100 anos, o Estado Português mudou a sua ortografia oficial três vezes (adoptou uma em 1915, mudou em 1945 e novamente em 2009 para pôr em prática em 2015) e fez uma série de adaptações, sempre com vista a aproximar-se da ortografia do Brasil. No entanto, se umas vezes a Academia Brasileira das Letras aceitou os acordos, noutras ocasiões voltou atrás e noutras manteve-se mas as entidades governantes não lho deram seguimento. Ao fim de tantas peripécias, não seria melhor manter a actual ortografia definitivamente e enveredar sim por um verdadeiro restauro da língua?

Claro que esta é uma visão muito simplificada da realidade mas, para o efeito, serve para ilustrá-la. Quem quiser saber mais sobre a sucessão dos acontecimentos, é só consultar a cronologia que consta aqui:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ortografia_da_l%C3%ADngua_portuguesa

Note-se que EU NADA TENHO CONTRA O BRASIL, NADA, NADA NADA! Agora vamos ao mais importante, que é o «Acordo Ortográfico» e porque é que é algo isento de coerência e, logo, de razão.

Que a caca esteja convosco!

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Crítica ao livro «12 Erros Que Mudaram Portugal»


Tive oportunidade de ler o livro «12 Erros Que Mudaram Portugal» e só de olhar para o título, fiquei a pensar «só 12?!» De facto deve ter sido bem difícil escolher uma dúzia, há imensas grosas por onde escolher! (Para quem não sabe, uma grosa são 12 dúzias.) Passando o espanto do título, devo dizer que gostei muito do livro, que considero ser de boa qualidade e cativar o leitor com a explicação em moldes simples e com muito humor, essencial para agarrar o leitor mais avesso à historiografia. Porém, sou obrigado a apontar-lhe alguns lapsos, aliás compreensíveis da parte de quem, como os autores admitem serem os seus casos, não é entendido em História. Vamos a eles.


Em primeiro lugar, um clássico, logo no primeiro capítulo. É certo que se diz à boca cheia que o Dom Afonso Henriques deu uma tareia na mãe e está documentado que a prendeu no Castelo do Lanhoso depois da Batalha de São Mamede mas esta dita tareia é em sentido figurado e é apenas válida em contexto de conversa de rua. Não existe qualquer documento coevo que refira que o nosso então futuro primeiro rei tenha batido na mãe e nunca tal coisa se ensinou em escola alguma. Enfim, um mito sem fundamento. Ele também não foi aclamado rei nessa circunstância mas mais tarde, em 1139, depois da Batalha de Ourique. Dizer que ele não criou nada senão uma sucorsal do «Império Hispânico» e que nem desejava a independência de Portugal é muito sagaz e não está de acordo com o que se conhece dos factos ocorridos na época. De resto, está um bom artigo.


Capítulo IV. Porto Santo não foi descoberto em 1425 mas sim 1418. Os Descobrimentos não falharam por falta de estratégia e muito menos por causa de um amuo do Dom Manuel I com o Pedro Álvares Cabral, falharam sim pela falta de fiscalização e consequente corrupção e laxismo administrativo e pela pressão, corso e pirataria de muitos adversários (em especial Mouros, Turcos, Castelhanos, Holandeses, Franceses e dos Ingleses, para mais nossos aliados), isto já para não falar na vastidão e descontinuidade do Império, na escassês de homens e recursos e na nefasta acção dos jesuítas e, principalmente, da Inquisição, entre outros. Muito foi ele conseguido para o que era possível e que a perda da independência veio ajudar a estragar.


Capítulo V. Está certo que os Judeus eram grandes conhecedores de negócios e coisas de ciência mas daí a fazer da sua expulsão a causa da desgraça e ruina completa de Portugal ainda vai um bom bocado. E onde está o facto de eles se terem então tornado grandes proprietários e burgueses poderosos e viverem às custas de parte da população, que se sentia explorada, o que motivou a célebre Matança dos Cristãos-Novos? Será caso que não existissem e viessem a existir grandes intelectuais, letrados e mestres de ofícios portugueses tanto ou mais capazes que os judeus? Pelo que vem escrito, dá-se a entender que nós somos uns incapazes e incompetentes natos, o que já se verificou não ser verdade nem de perto nem de longe. Amigos autores, estais a sobrestimar os Judeus, de quem eu não tenho nem contra nem a favor mas como semelhantes a nós, como de facto todos nós, humanos, somos.


Capítulo VII. Não será um bocado exagerado atribuir estes males de saúde aos Portugueses e Espanhóis? A introdução destes produtos na Europa pode ter sido feita por nós, sim, mas não fomos nós que os começámos a produzir fritos para comer ou, no caso do tabaco, para fumar, aos magotes. E já agora, a batata não tem nada de mal, o que se lhe adiciona é que pode fazer mal.


Capítulo X. Passo a citar. «Para a história, fica a marca de uma república que adoptou uma canção popularucha e sentimentalista para hino, sem cuidados sobre a letra nem música, uma adaptação de hinos estrangeiros com uma pitada de faduncho pobre e uma letra que foi alterada conforme a circunstância. O resultado foi um hino de que nenhum português gosta muito, melódica ou poeticamente, mas que emociona como qualquer símbolo.» Está tudo louco? De tempos a tempos aparece alguém a dizer que o hino é uma cópia d'«A Marselhesa». Não sei de onde vão buscar essa ideia. Tirando o nome («A Portuguesa») e o tal verso de «Às armas, às armas!», não há nada mais de parecença. O mesmo se passa quanto à comparação com o «Hino da Maria da Fonte». Alguém experimente ouvir estes três hinos de seguida e logo notará que semelhanças há entre eles. Eu poupo-vos esse trabalho: é nenhuma, até o «Hino da Restauração» é mais parecido! Nem consigo perceber onde conseguiram meter uma citação de fado nisto. Se a letra e a melodia não são cuidadas, acho curioso que o hino português, e não somos só nós que o dizemos, seja considerado um dos mais belos e bem conseguidos do Mundo. Essa de nenhum português gostar lá muito do hino é tão verdade quanto lombrigas serem descendentes dos pardais. Se mais ninguém gosta, eu digo-vos: eu gosto muito. Cuidado com o que se diz. Ainda assim, gostei muito daquela da Nelly Furtado.


Animado, conciso, acutilante e claro. Muito bem! Mas cuidado com as falhas... A História é o nosso passado e presente mas também o nosso futuro.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

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A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!