domingo, 20 de fevereiro de 2011

Refinada Selecção: O Melhor dos Moonspell

Continuando num tom sério, como se nós nunca falássemos a sério aqui no Pombocaca (vá lá, às vezes até falamos, como nos casos anteriores, está bem?) profiramos algumas palavras sobre os Moonspell, o mais famoso conjunto rocalheiro-metaleiro do país. Têm uma relativamente vasta variedade de temas e têm tido grande êxito, principalmente nestes últimos anos. Eis então a questão. Qual será o melhor de todos os temas que eles já tocaram? Sinceramente, confesso que o seu género não é o da minha preferência e poucos temas conheço mas, ainda assim, arrisco dizer que estamos todos em total acordo se eu disser que é, sem sombra de dúvida, o que se segue:

Sim, senhores, a interpretação que eles fizeram para os Gato Fedorento do tema de abertura do «Abram Alas ao Noddy» (Noddy!). Não há como negar. Aquelas caras de choque dos miúdos e de todos os telespectadores em geral perante as vozes guturais, o dedilhar pesado das guitarras eléctricas, o som trovejante da bateria e o boneco enforcado diziam tudo.

É ou não é o melhor de todos os temas que os Moonspell alguma vez interpretaram?

Que a caca esteja convosco!

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Desacordo Ortopédico (veemente protesto contra o «Acordo» Ortográfico) Parte VI

AS 23 TESES CONTRA O «ACORDO» ORTOGRÁFICO
Depois de tudo isto, pode-se chegar a, pelo menos, 23 conclusões quanto a este «Acordo» Ortográfico.
1 - Na traduz na escrita a oralidade da língua portuguesa.
2 - Vai contra a noção de ortografia.
3 - Não unifica a grafia, antes a divide ainda mais e corrompe a língua.
4 - Apenas pode ser usado na tradução para escrito da linguagem empregue no Brasil, a qual tende, invariavelmente e mais cedo ou mais tarde, a tornar-se numa nova língua.
5 - Tem fundamentos tão fracos que qualquer pessoa de pouca instrução vê que não está correcto. Basta um simples exercício de comparação de palavras para o comprovar.
6 - Torna um estudo etimológico quase impossível em muitas palavras devido às confusões que cria.
7 - Faz com que palavras sem relação de qualquer tipo fiquem a pertencer à mesma família.
8 - Cria problemas onde não os há.
9 - Alega e emprega falsidades nas suas elacções.
10 - Cria a discussão das letras mudas, que antes não existia, a qual é uma falsa questão porque elas não são mudas, apenas são lidas de forma diferente da mais comum, assumindo à mesma um papel activo na construção e leitura das palavras. Daqui se antevê um hipotético futuro questionamento quanto ao h quando não antecedido de c, n ou l e ao u mudo.
11 - Não foi feito por gramáticos, linguístas ou qualquer tipo de especialistas sobre a matéria mas provavelmente por políticos ou alguém a seu cargo pois revela, quer nas bases quer nas notas explicativas, completo desconhecimento do funcionamento da língua e da realidade da oralidade.
12 - Constitui um atestado de estupidez à população em geral e às crianças em particular por considerar que lhes é difícil decorar o modo de escrever das palavras com letras mudas e compreender o porquê da sua existência, como se as que aprendem línguas de ortografia mais complexa fossem mais espertas que as lusófonas.
13 - É desnecessário, já para não falar em inútil.
14 - Torna obsoletos, sem razão para isso, inúmeros livros, em particular técnicos e escolares.
15 - Torna evidente que os acordistas e aqueles que por este diploma se regerem nada percebem da língua e nunca dela terão pleno conhecimento.
16 - Viola, pelo menos, a Constituição (Artigo 9º) e a Lei do Património (Lei Nº107/2001 de 8 de Setembro, artigo 2º) e é punido pelo Código Penal.
17 - Torna evidente que a Academia das Ciências de Lisboa e o Instituto Camões falharam a sua missão de proteger a língua portuguesa e devem, por isso, ser sanados se querem reabilitar a sua credibilidade.
18 - Serve interesses políticos e económicos do Brasil, em detrimento da pureza da língua.
19 - Torna evidente a já sabida inaptidão e incompetência dos governantes portugueses.
20 - Faz de Portugal motivo de chacota por se rebaixar e submeter a uma ex-colónia (é só ver a imprensa estrangeira).
21 - Trás descrédito à língua portuguesa por nunca ter grafias fixas por muito tempo.
22 - Faz antever uma nova reforma ortográfica para breve.
23 - Nunca será empregue por alguémsensato e minimamente conhecedor da língua portuguesa.
A língua é uma ciência. Pode ser catalogada e explicada por uma série de normas e fundamentos mas não é domínio de ninguém e, como tal, não pode ser legislada. É como decretar que os planetas são obrigados a circular no sentido inverso ao que tem sido comum até hoje. A ortografia é uma teoria científica sobre a língua que isa explicá-la de forma visível e em concordância com a sua gramática. Actualmente, nenhuma norma traduz melhor a língua portuguesa na escrita que a estabelecida pelo acordo firmado em 1945 na sequência da Conferência Interacadémica de Lisboa, com as devidas correcções. A insistência em continuar a mudar sucessivamente a grafia da língua não lhe trará qualquer benefício, antes descredibilizá-la-á ainda mais. Perante estes argumentos, usemos da nossa razão, sejamos sensatos e digamos «NÃO» a este acordo que nunca o foi e mais não é que o mais grave dos pontapés na nossa língua.
Que a caca esteja convosco!
P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

O Desacordo Ortopédico (veemente protesto contra o «Acordo» Ortográgico) Parte V


A VERDADEIRA RAZÃO DE SER DO «ACORDO» E CORRECÇÕES SUGERIDAS À NORMA VIGENTE


Todos os erros constantes no «Acordo» Ortográfico de 1990 podem e devem ser corrigidos. Claro que fazendo-o, ficava-se com a regulamentação de 1945 que, quer queiramos quer não, é a que melhor se adapta à língua portuguesa. É provável que existam mais erros mas os apresentados são os que mais se destacam à primeira vista. As normas de 1945 também não eram perfeitas, como nada o é neste mundo, eram-no tanto quanto possível e também têm algumas falhas. Eis três lapsos que podiam ser corrigidos.


1 - Em relação aos tratos, no que respeita a graus académicos e cargos ocupados ou dignidades, é previsto o uso de inicial maiúscula em casos protocolares e minúscula nos restantes. Recorrendo à regra geral, o que é sensato é escrever cominicial maiúscula quando designe o nome próprioda condição ou cargo e com minúscula nos casos vagos, gerais ou comuns.


2 - As palavras salve e ave. Em qualquer caso não levam acento na segunda sílaba, o que cria confusões entre as formas em que as respectivas vogais são fechadas e aquelas em que são abertas e acentuadas. Pela lógica, deve haver distinção gráfica, já que a há oral e com notória disparidade, entre salve (conjugação do verbo salvar na primeira ou terceira pessoa do singular no Presente do Modo Condicional) e salvé (cumprimento) e entre ave (animal) e avé (cumprimento).


3 - O problema principesco. Oficialmente escreve-se príncipe, o que não faz sentido porque ninguém diz príncipe mas sim príncepe. Mais: a raiz etimológica desta palavra é o termo latino princeps. Alguns pseudo-gramáticos falam num fenómenode dissimulação do i em e, o que não convence ninguém nem faz sentido porque só é possível o contrário, que é o e em i, como em preocupação, por exemplo. Haja bom-senso. Diz-se príncepe? O étimo é com e? Então escreva-se com e e não com i, ficando assim em concordância com o seu feminino, princesa, não princisa, do latim princepsa. Há quem possa dizer que não se pode nem deve alterar por causa de principado, que é um estado chefeado por um príncepe. Acontece que não pertencem ambas à mesma família de palavras. Principado é da família de principal, não de príncepe. Principal provem do latim principalis. Ora se por um lado «príncepe» é um título vago e pouco exacto, por outro, nem todos os principados são encabeçados por príncepes. Logo, príncepe e principado são dissociados em quase tudo.


Se o «Acordo» Ortográfico não serve para a escrita do português, porquê pô-lo em prática? Por causa do poder. Por um lado, a ortografia brasileira é só aplicada no Brasil mas a portuguesa é-o em Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncepe e Timor-Leste. A adopção de uma ortografia única em todos os países ditos lusófonos (e melhor ainda se brasileira, visto que, com o «Acordo, só 0,6% das suas palavras sofrem alterações) permitiria aos livreiros e editoras do Brasil alargar o seu mercado a um domínio hoje quase exclusivo de Portugal. Se a língua sai prejudicada, isso pouco importa, o lucro está acima de tudo. Por outro lado, e mesmo que não seja essa a intenção dos responsáveis brasileiros, este «Acordo» é um verdadeiro marco simbólico de domínio. Ao submeter-se a um tipo de tratado que descaradamente favorece o Brasil, Portugal, o antigo dominador e actualmente um país decadente, ficará sempre visto aos olhos dos outros como se tendo rebaixado à sua ex-colónia, agora uma potência em ascenção.


Insisto em repetir que NADA, MESMO NADA tenho contra o Brasil.


(CONTINUA e segue-se a última parte)



Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

O Desacordo Ortopédico (veemente protesto contra o «Acordo» Ortográfico) Parte IV

O NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO EXPLICADO DE MODO FÁCIL (3)
5ª - Base XVII - A parte respeitante ao hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver guarda outra bácora que ninguém percebe para que foi feita. Vejamos então o número 2: «Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: hei de, hás de, hão de, etc..» Esta medida não tem razão de ser porque cria uma incoerência. Como é sabido, o discurso procede-se em três vozes: activa, passiva e reflexiva. A voz reflexa ou reflexiva, que é a que interessa para o caso, emprega-se quando a acção recai sobre quem a pratica (ele cortou-se, eles pintaram-se, eu trato-me). O verbo haver, usado quase em exclusivo como verbo auxiliar, é, para esse efeito, muitas vezes conjugado na voz reflexiva. Deste modo, o de não tem aqui função de preposição, é sim equivalente ao me, ao te, ao se, ao nos e ao vos para conjugar os outros verbos na voz reflexiva. Portanto, se se escreve cortou-se, pintaram-se e trato-me, também se deve escrever hei-de, hás-de, há-de e hão-de.
6ª - Base XIX - O uso das minúsculas e das maiúsculas sempre foi discutido. Por isso, apenas foi sempre tido como dado garantido e inegável, como um dogma, que os nomes próprios e as frases tinham como primeira letra uma maiúscula e o resto era minúsculo. Sempre assim se ensinou na escola. O «Acordo Ortográfico» vem acabar com isso. Indica assim no seu número 1: «A letra minúscula inicial é usada: (...)
b) Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira, outubro, primavera.» Quanto aos dias da semana está certo, desde que não designem nomes próprios de dias em concreto, como Domingo Gordo, Sábado de Aleluia ou Sexta-Feira Santa. Os restantes não podem estar correctos e a Base XXXIX do diploma de 1945 previa esta situação e explicava porque é que não podia ser assim: isso iria criar cofusões com nomes comuns. Verão, por exemplo, seria confundido com a conjugação do verbo haver na terceira pessoa do plural do Futuro do Modo Indicativo: verão, e eles verão o quê? Já outono é um cereal e primavera uma planta. Em relação aos meses, o caso é mais caricato: Janeiro é o primeiro mês do ano, janeiro é o cio dos gatos; Fevereiro é osegundo mês, fevereiro é uma ave; Maio é o quinto mês, maio é um boneco usado numas festas populares em algumas partes do Algarve. Assim, 19 de janeiro não é uma data, são 19 gatos com o cio. Portanto, concui-se que tem de haver uma distinção gráfica para evitar confusões entre os nomes próprios dos períodos e nomes comuns de variadas coisas, nomeadamente mantendo a inicial maiúscula nos primeiros, como indica, aliás, a regra geral.
«c) Nos bibliónimos (após o primeiro elemento, os demais vocábulos podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): O Senhor do Paço de Ninães, O Senhor do paço de Ninães; Menino de Engenho, Menino de engenho; Árvore e Tambor ou Árvore e tambor.» Nem é necessário ser especialista para ver que há aqui uma incongruência, basta seguir o bom-senso. Cada palavra constituinte do título faz parte do nome próprio da obra e como tal deve ser tratada. Portanto, da mesma maneira que o nome, por exemplo, do Marquês de Pombal se escreve Sebastião José de Carvalho e Melo e não Sebastião josé de carvalho e melo, também o célebre livro de Júlio Dinis (idem) é As Pupilas do Senhor Reitor e não As pupilas do senhor reitor. Senhores acordistas, haja coerência e respeito pelos nomes próprios!
«d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano.» A Base XL de 1945 diz exactamente o contrário e tem razão lógica para tal. Quando estas palavras são empregues para designar algum indivíduo em sentido vago, devem sim ser escritas com inicial minúscula. Porém, se surgem em substituição de um nome próprio em concreto, devem ter inicial maiúscula. Exemplo: ali o Senhor Fulano quer uma caldeirada.
A alínea e está muito pobre e incompleta, parece um resumo feito à pressa da Base XLVI de 1945.
«f) Nos nomes que designam domínios do saber, cursos, disciplinas (opcionalmente, também com maiúscula): português (ou Português), matemática (ou Matemática), línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas).» Diz a lógica e a regra geral que, nestes sentidos, tais palavras, que são nomes próprios, devem ter iniciais maiúsculas. Tal só não é necessário quando designem nomes comuns: filosofia de vida; é a matemática das coisas; falam-se muitas línguas no Mundo; eu gosto das literaturas modernas.
7ª - As facultatividades - Por todo o texto do «Acordo» proliferam as possibilidades de escrever um vasto leque de palavras da maneira que bem se entender, dentro das restrições impostas. Parece curioso um documento que pretende unificar a ortografia da língua portuguesa permitir uma tão grande variedade de grafias. Os seus defensores dirão que já na regulamentação de 1945 se admitiam facultatividades na escrita. É verdade mas essas tinham como base diferenças na oralidade, como as relativas aos ditongos oi e ou, de que resultavam palavras diferentes, ainda que sinónimos. Agora não, podem haver diferenças na oralidade, como as há de região para região dentro de qualquer língua, mas sobre a mesma palavra. Tendo em conta as distinções entre a oralidade portuguesa e brasileira, uma facultatividade só se deveria verificar a nível da acentuação em casos pontuais. Em rigor nem isso, se considerarmos que a língua é única, una e portuguesa. Ao invés, o «Acordo» não só não unifica a escrita como cria várias escritas possíveis. Onde antes existiam duas grafias, portuguesa e brasileira, passam a haver a portuguesa (que os sensatos saberão compreender e manter), a brasileira e uma série de variações dentro de um género abrasileirado.
(CONTINUA)
Que a caca esteja convosco!
P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

O Desacordo Ortopédico (veemente protesto contra o «Acordo» Ortográfico) Parte III

O NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO EXPLICADO DE MODO FÁCIL (2)

2ª - Base IX - Outra sucessão de incongruências, só para ser simpático, aparece na secção da acentuação gráfica das palavras paroxítonas, que são as acentuadas na penúltima sílaba. Diz no número 7: «Prescinde-se do acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contêm um e tónico oral fechado em hiato com a terminação -em da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo, conforme os casos: creem, deem (conj.), descreem, desdeem (conj.), leem, preveem, redeem (conj.), releem, reveem, tresleem, veem.» Ora ao retirar o acento circunflexo do primeiro e da sequência êem, como em crêem, ficamos com ee, como nas seguintes palavras: compreende, repreensão, surpreendem e veemente. Em conformidade com as novas regras, todas estas palavras compartilhariam a sequência ee. No entanto, se aquelas às quais se pretende retirar o acento circunflexo se lêem e, como tal, devem ser escritas êem, todas as outras lêem-se iem. Se são casos diferentes, porquê meter tudo no mesmo saco?
Bacorada seguinte, no número 9, que diz: «Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tónica aberta ou fechada, são homógrafas de palavras proclíticas. Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, e pelo(s), substantivo ou combinação de per e lo(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s); etc..» Vamos lá ver se nos entendemos. Não são funções primárias e essenciais dos acentos gráficos assinalar as vogais acentuadas, distinguindo assim na escrita palavras de igual grafia mas diferente acentuação, deste modo possibilitando uma mais correcta tradução da escrita para a oralidade e vice-versa? Suprimindo a acentuação, não deixará isso de acontecer? Não criará isso uma enorme confusão para quem lê? Tal medida só faria sentido numa língua em que não houvesse grande variedede e distinção entre vogais abertas, fechadas e acentuadas. Se em Portugal há essa variedade e distinção, no Brasil não.
3ª - Base XV - Sigamos para a base que trata do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares. Também aqui há asneiras. Diz a observação do número 1: «Certos compostos em relação aos quais se perdeu, em certa medida,a noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, etc..» Quanto a girassol ou pontapé não há qualquer questão mas se o mandachuva levanta dúvidas (guarda-chuva, manda-chuva, meus amigos), paraquedas e paraquedista são, no mínimo, problemáticos. Em primeiro lugar, quem lê as palavras lê para e não pára, pois falta lá o acento. Como aquela sílaba () é antes da esdrúxula, a antepenúltima, pára tem de ficar destacado do resto para receber acento. Em segundo, para é o prefixo que designa algo em prol ou que é quase outra coisa, como um paramédico é alguém com um estatuto próximo do de um médico mas não é médico ou uma parafarmácia não é uma farmácia mas um é estabelecimento parecido. Logo, umas «paraquedas» devem ser umas quase quedas ou algo parecido a quedas. Quanto a um «paraquedista» não sei mas deve ser alguém doutrinário e defensor das «paraquedas». Em suma, um tiro no pé.
Vem escrito no número 6: «Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjectivas, pronominais, adverbiais, propositativas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas excepções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-prefeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa). Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções:
Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar; (...)» Os autores do «Acordo» estiveram muito distraídos porque é costume e hábito entre nós escrever pelo menos fim-de-semana com hífenes.
4ª - Base XVI - Os pontapés na Gramática parecem alcançar o ilimitado na base do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação, nomeadamente no número 2, que cito: «Não se emprega, pois, o hífen:
a) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se, prática aliás já generalizada em palavras deste tipo pertencentes aos domínios científico e técnico. Assim: antirreligioso, antissemita, contrarregra, contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, tal como biorritmo, biossatélite, eletrossiderurgia, microrradiografia.
b) Nas formações em que o prefixo ou pseudo-prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente, prática esta em geral já adoptada também para os termos técnicos e científicos. Assim: antiaéreo, coeducação, extraescolar, aeroespacial, autoestrada, autoaprendizagem, agroindustrial, hidroelétrico, plurianual.»
Estas regras acarretam três problemas:
1 - são uma insignificância desnecessária, ou seja, trazem alterações ridículas e sem necessidade e propósito;
2 - o o da sequência co, quando não acentuado, é fechado se ligado a outra vogal que o suceda (conferir com coelho, Coimbra ou coordenar), o que o obriga a ficar destacado do resto da palavra, até porque em muitas palavras este prefixo fica antes da antepenúltima sílaba, pelo que não pode receber qualquer acento gráfico;
3 - o argumento que baseia as regras, o de que é uma prática adoptada e generalizada, é falso e basta olhar para qualquer documento técnico para constatar essa gigantesca e descarada mentira.
Mais uma vez, relembro que nada, NADA, NADICA DE NADA, tenho contra o Brasil.
(Continua)
Que a caca esteja convosco!
P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Desacordo Ortopédico (veemente protesto contra o «Acordo» Ortográfico) Parte II

O NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO EXPLICADO DE MODO FÁCIL (1)


O «Acordo» de 1990 fundamenta a ortografia em 21 bases (o diploma de 1945 fazia-o em 51, o que, só por si, já pode servir para ilustrar o grau de qualidade, inversamente proporcional ao da asneira). Uma boa parte do texto é uma fiel cópia do do «Acordo» de 1945. Das que não são, algumas são da categoria do «não aquece nem arrefece», que é o caso da Base I, que diz o mesmo que já antes se dizia salvo na parte em que se considera que o alfabeto português tem 26 em vez de 23 letras, ou seja, mantêm-se as circunstâncias do uso do k, do w e do y só que agora passam a ser consideradas parte do alfabeto português. Sinceramente, é uma picuinhice. Outras coisas há que são asneiras de bradar aos céus, as quais passo a enumerar e explicar da maneira mais simples possível. O texto do «Acordo» será aqui adaptado à ortografia moderna (a de 1945) para ser minimamente perceptível.


1ª - Base IV - O cavalo de batalha dos defensores do «Acordo», que dizem que só se deve escrever o que se diz, isto é, não se diz, não se escreve. É uma excelente ideia que já tinha sido aplicada em 1945. Estes indivíduos armados em entendidos consideraram que não e daqui resultou patacoada, senão vejamos. O texto diz:


«1 - O c com valor de oclusiva velar, das sequências interiores cc (segundo c com valor de sibilante), e ct e o p das sequências interiores pc (c com valor de sibilante), e pt, ora se conservam ora se eliminam. Assim:

a) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias cultas da língua: compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar, pacto, pictural, adepto, apto, díptico, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto;

b) Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias cultas da língua: ação, acionarafetivo, aflição, aflito, ato, coleção, coletivo, direção, diretor, exato, objeção, adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo;

c) Conservam-se ou eliminam-se facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e carateres, dicção e dição, facto e fato, sector e setor, ceptro e cetro, concepção e conceção, corrupto e corruto, recepção e receção;

d) Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt se eliminar o p de acordo com o determinado nos parágrafos precedentes, o m passa a n, escrevendo-se, respectivamente, nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista, assumpção e assunção, assumptível e assuntível, peremptório e perentório, sumptuoso e suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade.

2 - Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: o b da sequência bd, em súbdito; o b da sequência bt, em subtil e seus derivados; o g da sequência gd em amigdala, amigdalácea, amigdalar, amigdalato, amigdalite, amigdalóide, amigdalopatia, amigdalotomia; o m da sequência mn, em amnistia, amnistiar, indemne, indemnidade, indemnizar, omnímodo, omnipotente, omnisciente, etc.; o t da sequência tm, em aritmética e aritmético.»


As línguas, nas suas escritas, são como as máquinas: as porcas e os parafusos podem não ser intervenientes directos para o funcionamento dos motores, ou seja, não fazem com que ele trabalhe ou não, como o fazem a água, o vento, os combustíveis, a corda ou seja o que for, mas experimente-se a tirarem-se-lhos e logo se verá o engenho a avariar e largar peças por todo o lado, deixando de funcionar. De igual modo, por exemplo, em francês escreve-se «cadeaux» e diz-se «cádô» ou em inglês «although» para quando é dito «aldou». Tal como as porcas e os parafusos estão nas máquinas por algum motivo, também aquelas letras ali estão na escrita e, em ambos os casos, pela mesma razão, que é que tudo funcione bem.


No que diz respeito à Base IV, a alínea a do número 1 está correctíssima, assim como o princípio que argumenta a alínea d. Já os exemplos desta segunda não. O erro surge quanto às duas últimas palavras. Toda a gente diz «sumptuoso» e «sumptuosidade», não faz sentido passar a escrever e, logo, a dizer «suntuoso» e «suntuosidade». Estas palavras só são ditas assim... no Brasil. De igual modo, todo o número 2 não tem qualquer lógica porque as letras em causa são sempre, em qualquer lado e circunstância, pronunciadas. A alínea c do número 1 é outra que não faz sentido, tal como inúmeras outras alíneas do «Acordo», visto que também aqui estas letras apontadas só não são pronunciadas no Brasil, o que é o argumento que sustenta o princípio das facultatividades, do qual se falará adiante. A alínea b é, de todas deste número e das partes do «Acordo», a mais discutida e discutível. Para compreender o porquê do seu erro, é necessário um recuo no tempo.


Os Romanos não usavam acentos. Aliás, os acentos são invenções relativamente recentes. Como não os tinham, usavam certas letras colocadas em determinados lugares de maneira a saber que, de determinada sequência de letras, uma delas seria acentuada graças à tónica que outra lhe conferia. Olhando o caso numa perspectiva meramente metafórica, para que todos possam compreender, era como se uma letra desse a sua força a outra para que esta se pudesse ouvir melhor e acabasse por ficar tão cansada e fraca que deixava de se conseguir fazer ouvir. Esta letra que se sacrificava não era uma letra ao acaso, tinha de ser uma em específico, por variadas razões próprias da língua. Ora o latim deu lugar ao português mas o hábito e a necessidade de explicar certos fenómenos que ocorriam na oralidade tornou imperativa a manutenção desta regra em alguns casos pontuais, como explica e demonstra o «Acordo» de 1945, senão vejamos.

Vamos proceder a um simplícimo exercício de comparação usando palavras dadas como exemplo na alínea b do número 1 da Base IV e outras escolhidas à sorte. Acção, accionar, fracção, Mação, cação e implicação. Que denotamos? Que o a que antecede a sequência é sempre aberto mas o que antecede o ç sozinho é sempre fechado. Que conclusão se tira daqui? Que o c colocado antes do ç abre o a que o antecede. Logo, retirando o c, o a fica fechado. Assim sendo, e acção, accionar e fracção não são as mesmas coisas que ação, acionar e fração. Sempre se podia pôr um acento no a mas o resultado seria desastroso pois a tónica dada ao a tenderia a tornar as outras vogais fechadas e criaria confusões. Áção, por exemplo, dir-se-ia de maneira igual a assam (terceira pessoa do plural do verbo assar no Presente do Modo Indicativo). Vamos a outros casos: direcção, objecção, infecção, secreção, colecção. Também aqui o e, quando fica antes de fica aberto e o que antecede só o ç fica fechado. Experimente-se a acentuar o e tendo só o a seguir e já se vê a asneira que sai. Deixe-se ficar sem o acento e ficaremos com o e fechado. O princípio é o mesmo que nos casos de acç. Consequentemente, e por uma questão de coerência, colectivo, director e objecto devem manter os seus c antes do t porque têm o e aberto. Alguns dirão que feto, por exemplo, tem o e aberto, tal como o e de afecto, e não é sucedido por nenhum c. é verdade mas é aqui que volta a entrar a coerência. Se colectivo é da família de colecção, director de direcção e objecto de objecção, também afecto é de afecção. Há ainda uma razão etimológica, que é a da palavra que está na origem de feto não ter qualquer consoante que hoje tivesse de ser empregue como muda. Deste exercício se conclui que as consoantes ditas mudas são também essenciais para o agrupamento e distinção de famílias de palavras. Sem elas haveria confusão e, por exemplo, «afetar» não pode ser outra coisa senão atribuir a algo características de feto.

Os mesmos princípios aplicam-se a acto e exacto, aliás palavras da mesma família mas com uma diferença entre elas, que é a de, em rigor, o c de acto e suas derivadas não ser mudo, como diz o enunciado na alínea b. Mas agora, para efeitos do debate académico, vamos abrasileirar-nos e fazer de conta que é mesmo mudo. Alguém dirá: «mas o primeiro a de actividade é fechado e há um c mudo a seguir.» É verdade, é uma excepção à regra, como as há em tudo. No entanto, mesmo que o c fosse mudo, teria de ser escrito para que se soubesse que pertencia à família de acto, activo e activação.

O caso de adopção e adoptar é idêntico. Comparado com adoçar e dotar, vemos que o o é aberto antes de ou de pt mas, sem o p, é fechado. Repare-se que aqui o p é considerado mudo mas, em palavras muito idênticas, como opção e optar, não é. O emprego do p em adoptar e adopção segue as razões já apontadas. E porquê o p e não outra letra? Porque é esta a empregue na sua raiz etimológica, em latim. Sem ele, «adoção» seria um eventual sinónimo de «adoçamento» e «adotar» qualquer coisa relativa a dotar ou atribuir dote.

O p de baptizar existe pelas mesmas razões (abre o a antes do p, o que não acontece em batedor ou bateria, cujo a antes do t é fechado) e garante-nos que um baptista, seguidor e crente em São João Baptista, não tem nada a ver com um batista, defensor de que é a bater que se resolvem as coisas. Baptizar não é da família de bater.

Óptimo revela-nos o problema oposto ao de acto e actividade: o o inicial é acentuado e há um p considerado mudo logo a seguir. Para quê? Não seria mais lógico escrever «ótimo», como prevê o «Acordo» de 1990? Não porque assim incorria-se em incoerência. Não nos podemos esquecer que se o p de óptimo é dito mudo, já o p de algumas palavras da mesma família, como optimizar ou optimização, costuma ser pronunciado e, em rigor, deve sê-lo.

O caso de Egipto é o mais bizarro dos exemplos dados. Ninguém sabe sequer o que é que ele lá faz. Para quê retirar-lhe o p? Não conheço uma única pessoa que diga «Egito». O p aqui não é mudo! E, porventura, serão os seus naturais os «Egícios» e os seus estudiosos os «egitólogos»? Não, são os «Egipcios» e os «egiptólogos». Logo, o país é o Egipto e não o «Egito». Para mais, a subtracção do p retira tónica ao i e a palavra deixa de ter sílaba tónica.

Antes de dizermos já que as alterações apresentadas pelo diploma de 1990 (ou deverei dizer 2009) não fazem qualquer sentido, façamos o oposto do que se tem feito até agora, que é tentar encontrar uma lógica para tudo. Na realidade, estas novas regras ortográficas têm aplicação prática numa língua em que não haja grande distinção entre vogais abertas e fachadas. Ora em Portugal a distinção é enorme, muito complexa e variada. Já no Brasil nem por isso.

Mais uma vez afirmo que NÃO TENHO ABSOLUTAMENTE NADA CONTRA O BRASIL!

(CONTINUA)




Que a caca esteja convosco!

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

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AVISO IMPORTANTE: DADO O ELEVADO TEOR EM EXCREMENTOS CORROSIVOS, NÃO SE RECOMENDA A VISUALIZAÇÃO DESTE BLOG EM DOSES SUPERIORES ÀS ACONSELHADAS PELO SEU MÉDICO DE FAMÍLIA, PODENDO OCORRER DANOS CEREBRAIS E CULTURAIS PROFUNDOS E PERMANENTES, PELO QUE A MESMA SE DESACONSELHA VIVAMENTE EM ESPECIAL A IDOSOS ACIMA DOS 90 ANOS, POLÍTICOS SUSCEPTÍVEIS, FREIRAS ENCLAUSURADAS, INDIVÍDUOS COM FALTA DE SENTIDO DE HUMOR, GRÁVIDAS DE HEPTAGÉMEOS E TREINADORES DE FUTEBOL COM PENTEADO DE RISCO AO MEIO. ISTO PORQUE...

A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!