Quero com isto dizer o seguinte: a Humanidade em geral pode estar num contínuo clima de evolução tecnológica mas a sua mentalidade amiúde não só não acompanha este movimento como por vezes parece seguir em contra-ciclo. Olhando para a História de forma isenta, imparcial e objectiva, diremos sem a menor ponta de dúvida que a Humanidade está a regredir. Uns povos mais que outros, claro. Vou dar apenas dois exemplos mais gritantes.
A arte é a suprema demonstração das capacidades cognitivas do ser humano mas, ao longo dos tempos, alguns espécimes antropóides não tiveram neurónios para compreender este facto e da sua impossibilidade mental resultou um dos mais estúpidos comportamentos: o vandalismo. Está certo, em todas as sociedades há idiotas que se divertem com a arruaça. Porém, há algumas cujos dirigentes a institucionalizam.
Uns foram (e são) os Talibãs, os paspalhos duns estudantes de Teologia que há anos lembraram-se de faltar às aulas para tomarem o poder e espalharem o terror no Afeganistão. A dada altura, entre outros atentados culturais e como se não bastassem as atrocidades cometidas sobre a população, lembraram-se que os Budas Gigantes de Vale Bamiyan eram uma heresia, uma afronta ao Islão. Vai daí e foi tudo pelos ares. Agora fomos aterrados com as imagens dos palonços do Estado Islâmico a destruirem à marretada estátuas assírias milenares no Museu de Mossul, isto depois de terem dado cabo de túmulos de antiquíssimos reis mesopotâmios e até patriarcas muçulmanos! Nem mesmo mesquitas escapam a esta loucura! E o pior é que dizem-se muçulmanos, como se eles soubessem o que é ser isso. Mas ficaram satisfeitos? Nem por isso. Alegando seguirem ordens do próprio Maomé, arrasaram há dias Nimrud e, ainda insaciada a sua sede de bandidagem, decidiram ir saquear e destruir Hatra!
Pombos amigos. Enquanto orgulhoso português e cristão, envergonho-me com os atentados a outras culturas e credos que os meus antecessores praticaram há séculos e congratulo-me com o facto de agora estarmos mais maduros neste aspecto enquanto povo e repudiarmos tamanhas más acções. Agora esses bandalhos... Até os Nazis roubaram e esconderam obras de arte em vez de as destruir, ainda que muito tivessem desfeito. Os Nazis! As pessoas morrem e a arte é uma garantia de sobrevivência das suas memórias e culturas, coisas que os palonços iconoclastas não compreendem ou não pretendem. A esses, em especial aos membros do Estado Islâmico, eu gostaria de dar dois conselhos. Primeiro, lembrai-vos que a maldição do dano à memória costuma recair sobre quem a pratica. Segundo, se quereis mostrar a vossa grandesa enquanto nação emergente, então exorto-vos à construção de grandes diques e barragens que tornem férteis as vossas terras, de esplêndidas mesquitas, de magníficos palácios, de bons caminhos-de-ferro, portos, estradas, aeroportos e demais infra-estruturas públicas que transmitam um tal brilho que seja capaz de ofuscar as ruínas das épocas passadas. Porém, se o vosso único desejo é destruir coisas antigas, eu mando-vos a um lugar, em especial a sua zona média frontal.
Há dúvidas? O Zé Povinho esclarece-vos.
P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!
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