(Naturalmente que a situação é triste e eu não pretendo ferir susceptibilidades. O objectivo é sim criticar quem deve ser criticado.)
Bem-vindos a mais uma gala de entrega dos Prémios Pesadelo na Cozinha. Não, aqui não há Ljubomir Stanisic, pelo que podemos respirar de alívio. Mas só um bocadinho, que há quem faça de qualquer cozinhado algo digno de uma indigestão bem maior que as provocadas pelas rebocadas do nosso célebre chefe de cozinha. Estamos a analisar os cozinhados que hão-de sair da grande cozinha da Ucrânia. E digo-vos: está cá um caldinho!
Primeiro galardão da noite. Para o vencedor da categoria Entrada, também designada na gíria por «Fecha a Boca», tal não é a voracidade com que se pretende saciar o apetite com um petisquinho, é... Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos da América! É verdade, o homem mandou tantas postas de pescada ao Putin e bitaites que mais parecia querer provocar a guerra em vez de a evitar. Durante semanas a fio, foi desenrolando toda a espécie de acusações e suspeições à Rússia. «Os Russos têm isto e aquilo e vão fazer isto e aquilo e vai ser já amanhã; não, agora é que é mesmo amanhã; não, desta vez é que vão atacar mesmo mesmo amanhã, a sério; e vão também fazer pirataria informática e, pior, entrar na casa do «Big Brother»... já amanhã!» Enfim, é tão habitual as sucessivas administrações norte-americanas apresentarem falsos argumentos e falsas acusações que, se não fosse nós desta vez termos mesmo a certeza que o Putin estava a armar a estrangeirinha, faríamos orelhas moucas ao «Príncepe de Washington». É a típica história de Pedro e o Lobo.
Na categoria Sopa, a equiparidade de circunstâncias ditou que o prémio fosse repartido entre...
NATO,
União Europeia e
China!
Pois é, todos estes andam com paninhos quentes de volta da caçarola ao lume. Os dois primeiros, que, em geral, se agrupam na mesma equipa, bem querem lá meter a colher mas têm medo de se queimarem. Por isso, apesar do apelo da comida, mantêm-se na borda. Já a China tem-se mostrado surpreendentemente (ou para mim não) apaziguadora dos apetites alheios. Nós sabemos que uma guerra não é boa para ninguém mas um conflito na Europa seria péssimo para um país comunista rendido ao capitalismo e que tem no nosso continente uma vasta clientela para escoar os seus produtos. Para além disso, pretende dar-se bem com a sua vizinha Rússia e não pisar os calos dos Estados Unidos da América, logo agora que o palerma do Trump já não anda por aí a pôr os Chineses com os olhos ainda mais em bico. Atitude sensata. Muito bem!
Em terceiro lugar, o prémio do Prato Principal, conhecido por «Está-se Mesmo a Ver», vai para Volodymyr Zelenskyy, Presidente da Ucrânia. Naturalmente, tornou-se a refeição mais apetecida dos cardápios da actualidade. Bem se pretende servir este prato com uma boa União Europeia ou Aliança Atlântica mas Putin deseja-o cru e só para si, apesar de suspeitar que, uma vez comido, pretende alterar a ementa ucraniana, como fez com a da Geórgia.
Para o prémio Segundo Prato, aquele que também está sempre à mesa: Emmanuel Macron, Presidente de França. É verdade, ele está em todas e, apesar de ser um governante medíocre, tem-nos surpreendido pela positiva face a estes cozinhados. Não desiste perante o desânimo de todos os outros e continua sempre a negociar em prol da paz mesmo quando já tudo anda aos tiros e a amandar bombas para todos os lados. Um aplauso de pé!
Finalmente, na categoria de Sobremesa, ou «Prémio Já Estávamos à Espera», sem mais demoras: Pudim, quer dizer, Vladimir Putin, o Presidente-Que-Só-Falta-Mesmo-Auto-proclamar-se-Imperador da Rússia. Vá lá, só é cego quem não quer ver. Basta olhar para as acumulações de meios, riquezas e reservas dos últimos 15 anos, para o que aconteceu com a Geórgia (a estratégia parece semelhante, senão igual), para o aumento do orçamento para as Forças Armadas, para os discursos e artigos de opinião megalómanos e imperialistas, para as constantes tricas e ameaças e cortes de gás à Ucrânia, para, enfim, tudo e mais alguma coisa. O homem é ambicioso , extremamente calculista e inteligente e, sejamos francos, doido. Se a refeição não lhe calhar bem, o que se antevê pelo excesso de caramelo, já fala em recorrer aos supositórios nucleares... e não são para ele. Só nos resta saber é se nos ficaremos por este pudim ou se ainda haveremos de ter na Europa ou até em todo o Mundo uma verdadeira salada russa.
Feitas as contas, tudo isto é uma tristeza. Esperemos que tudo isto tenha uma resolução rápida e que os males para a Humanidade em geral e para a própria Rússia em particular não venham a conhecer um somatório bem mais avultado. É caso para dizer, não, rogar mesmo: Deus nos livre!
Que a caca esteja convosco!
P.S. NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!
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