Caros colegas de pombal, vêm aí as eleições!
Dia 30 temos eleições legislativas. Sim, aquelas coisas que os políticos dizem que servem para eleger deputados mas que toda a gente sabe que são para escolher quem vai formar o Governo. Na minha modesta opinião, acredito que o Partido Socialista vai continuar a ser o detentor do Executivo. Não direi que seja a melhor opção. Olhando para a conduta do partido ao longo da vigência da Geringonça, muitas vezes correctíssima mas outras discutível e noutras ainda reprovável, e nas vezes anteriores em que ocupou o poder (vêm-me à lembrança os governos de Mário Soares e Sócrates, por exemplo), «melhor» não é decerto a palavra mais indicada. Contudo, se fizermos o comparativo com os restantes partidos com assento parlamentar, depressa concluímos que é a opção menos má. Senão vejamos.
- O P.S.D. parece estar vazio de ideias. É um bando de gente sorridente mas com punhais escondidos atrás das costas, ansiosa por chegar ao poder. Se vem de lá algo, é só para contrariar o P.S., ainda que possam mais tarde apresentar a mesma ideia como se fosse dele. O mesmo se aplica em vice-versa. Olhando para o passado, tem um longo historial de gosto por austeridade e tendências para o autoritarismo. Só de pensar nos 10 anos de Governo do Cavaco, até me dá uma coisinha má. A evitar.
- O C.D.S. não existe mais enquanto partido. É uma mera sucursal do P.S.D. caída há décadas numa espiral de auto-destruição. o Chicão tem-lhe dado uns golpes de misericórdia bem fortes. Por este andar, extinguir-se-á em breve.
- O P.C.P. só não parece a mesma jarretice de sempre porque tem imitado o Bloco de Esquerda desde que este apareceu para parecer moderno. No entanto, continua a ser a mesma cassete, com uma fita cada vez mais gasta. Vai definhando lentamente.
- O P.E.V., «Os Verdes», tem vivido colado ao P.C.P., como um gémeo siamês mais diminuto, o que é uma pena. Por um lado, tem tido alguma visibilidade. Por outro, acredito que a coligação, a C.D.U., não só tem vincado essa falta de identidade própria como, consequentemente, tem impedido que o partido evolua nas votações. É assim que nascem P.A.N.s.
- O Bloco de Esquerda é um partido de desresponsabilização, já para não dizer de irresponsabilidade. Basta olhar para as causas que sempre defenderam e defendem. Tem ideias muito interessantes mas outras que são atentados civilizacionais. Como se não bastasse, a «esquerda caviar», como é conhecida, tem-se dividido em diferendos e lutas fratricidas, das quais resultaram o Livre e o Movimento de Acção Socialista. Deverá vir a perder cerca de metade dos deputados. Admiro-me é como ainda conseguiu alguma vez ter um. De fugir.
- O P.A.N.... Ia para dizer que não é nem ave nem morcego mas se calhar é tudo isto e muito mais. É sectário, não tem um programa abrangente e promete vir a ser uma espécie de novo C.D.S., virando-se para o lado que mais lhe convém. Até na hipocrisia de quem o dirige já se parece com um partido dos clássicos.
- O Iniciativa Liberal é uma aberração. Por vontade dos seus membros, de acordo com o programa, privatizava-se ou extinguia-se tudo, reduzia-se o Estado a uma insignificância ainda maior do que aquela que já é e deixava-se sociedade e economia regerem-se por si próprios. Ora nós já vimos na Monarquia Constitucional que o Liberalismo não dá resultado. Na prática, se o Estado não detiver pontos-chave da gestão do país, por empresas e serviços, não só não há controlo como o Estado comporta-se como uma pessoa ou incapaz ou autista. De igual modo, sociedade e economia não se regem por eles próprios. A tendência natural é a dos grandes acabarem por abafar e subjugar os pequenos. Na teoria, há Liberalismo; na prática, há Anarquia.
- O Chega é um partido que anda à deriva, ainda em busca de uma identidade própria, mas que se tem radicalizado desde a campanha para as eleições presidenciais. Não inspira confiança. Muito menos o seu líder, André Ventura, que se tem apresentado com frequência com modos e comentários impróprios dum líder partidário. Prevendo-se vir a ser a terceira força política, depressa sentimos um arrepio na espinha.
- O Livre é só o Bloco de Esquerda com outro nome. Ah, e é verdade, e sem Joacines. Portanto, aplica-se o mesmo. Pena, porque o seu dirigente, Rui Tavares, parece simpático e animado e é alguém que eu decerto gostaria de ter tido como professor.
- A Geringonça está morta e enterrada. Não vai regressar.
- A Eco-Geringonça que Rui Tavares propõe não tem pernas para andar pois parece que mais ninguém a quer.
- Aliança Democrática ou Alternativa Democrática ou como quer que lhe chamem também não me cheira que haverá. Os sociais-democratas coligar-se-iam com quem? Com os centristas que estão à beira de desaparecer da Assembleia e de fora dela? Não me parece. Com o Chega? Não acredito que Rui Rio goste de brincar com frascos de nitroglicerina. Com o Iniciativa Liberal? Depressa se arrependerão.
- Volta e meia e fala-se no regresso do Bloco Central. Eu só pergunto: mas está tudo doido? Essa já foi uma coligação contra-natura que não deu resultado. As relações entre socialistas e sociais-democratas não melhoraram desde então. Não me parece que dê certo agora. Isso seria uma jogadasuicida para ambos os partidos, que perderiam a credibilidade que lhes resta. Vamos mas é ganhar juízo e deixar esse acontecimento deprimente lá nos anos 80, onde nunca sequer deveria ter aparecido.
Enfim, quer-me cá parecer que o executivo que aí vem, seja a continuidade do Governo de António Costa seja a formação de um novo, deverá se minoritário, ou seja, não será algo para durar. As contas parecem estar a complicar-se e, ou muito me engano ou estamos a caminhar perigosamente a médio ou longo prazo para ou o pântano político, com a previsível ingovernabilidade, ou uma forma de governação mais severa.
Analizemos todas as opções atentamente, estas ou outras, que há muitos partidos por ode escolher. O importante é se sensato e ponderado na escolha e votar no que a razão e o coração dizem ser melhor para todos nós.
Que a caca esteja convosco!
P.S.(com ou sem António Costa): NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!
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