quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Considerações sobre as eleições legislativas de 2022

 Caros colegas de pombal, vêm aí as eleições!

 

Dia 30 temos eleições legislativas. Sim, aquelas coisas que os políticos dizem que servem para eleger deputados mas que toda a gente sabe que são para escolher quem vai formar o Governo. Na minha modesta opinião, acredito que o Partido Socialista vai continuar a ser o detentor do Executivo. Não direi que seja a melhor opção. Olhando para a conduta do partido ao longo da vigência da Geringonça, muitas vezes correctíssima mas outras discutível e noutras ainda reprovável, e nas vezes anteriores em que ocupou o poder (vêm-me à lembrança os governos de Mário Soares e Sócrates, por exemplo), «melhor» não é decerto a palavra mais indicada. Contudo, se fizermos o comparativo com os restantes partidos com assento parlamentar, depressa concluímos que é a opção menos má. Senão vejamos.


- O P.S.D. parece estar vazio de ideias. É um bando de gente sorridente mas com punhais escondidos atrás das costas, ansiosa por chegar ao poder. Se vem de lá algo, é só para contrariar o P.S., ainda que possam mais tarde apresentar a mesma ideia como se fosse dele. O mesmo se aplica em vice-versa. Olhando para o passado, tem um longo historial de gosto por austeridade e tendências para o autoritarismo. Só de pensar nos 10 anos de Governo do Cavaco, até me dá uma coisinha má. A evitar.

 

- O C.D.S. não existe mais enquanto partido. É uma mera sucursal do P.S.D. caída há décadas numa espiral de auto-destruição. o Chicão tem-lhe dado uns golpes de misericórdia bem fortes. Por este andar, extinguir-se-á em breve.


- O P.C.P. só não parece a mesma jarretice de sempre porque tem imitado o Bloco de Esquerda desde que este apareceu para parecer moderno. No entanto, continua a ser a mesma cassete, com uma fita cada vez mais gasta. Vai definhando lentamente.


- O P.E.V., «Os Verdes», tem vivido colado ao P.C.P., como um gémeo siamês mais diminuto, o que é uma pena. Por um lado, tem tido alguma visibilidade. Por outro, acredito que a coligação, a C.D.U., não só tem vincado essa falta de identidade própria como, consequentemente, tem impedido que o partido evolua nas votações. É assim que nascem P.A.N.s.


- O Bloco de Esquerda é um partido de desresponsabilização, já para não dizer de irresponsabilidade. Basta olhar para as causas que sempre defenderam e defendem. Tem ideias muito interessantes mas outras que são atentados civilizacionais. Como se não bastasse, a «esquerda caviar», como é conhecida, tem-se dividido em diferendos e lutas fratricidas, das quais resultaram o Livre e o Movimento de Acção Socialista. Deverá vir a perder cerca de metade dos deputados. Admiro-me é como ainda conseguiu alguma vez ter um. De fugir.


- O P.A.N.... Ia para dizer que não é nem ave nem morcego mas se calhar é tudo isto e muito mais. É sectário, não tem um programa abrangente e promete vir a ser uma espécie de novo C.D.S., virando-se para o lado que mais lhe convém. Até na hipocrisia de quem o dirige já se parece com um partido dos clássicos.


- O Iniciativa Liberal é uma aberração. Por vontade dos seus membros, de acordo com o programa, privatizava-se ou extinguia-se tudo, reduzia-se o Estado a uma insignificância ainda maior do que aquela que já é e deixava-se sociedade e economia regerem-se por si próprios. Ora nós já vimos na Monarquia Constitucional que o Liberalismo não dá resultado. Na prática, se o Estado não detiver pontos-chave da gestão do país, por empresas e serviços, não só não há controlo como o Estado comporta-se como uma pessoa ou incapaz ou autista. De igual modo, sociedade e economia não se regem por eles próprios. A tendência natural é a dos grandes acabarem por abafar e subjugar os pequenos. Na teoria, há Liberalismo; na prática, há Anarquia.


- O Chega é um partido que anda à deriva, ainda em busca de uma identidade própria, mas que se tem radicalizado desde a campanha para as eleições presidenciais. Não inspira confiança. Muito menos o seu líder, André Ventura, que se tem apresentado com frequência com modos e comentários impróprios dum líder partidário. Prevendo-se vir a ser a terceira força política, depressa sentimos um arrepio na espinha.


- O Livre é só o Bloco de Esquerda com outro nome. Ah, e é verdade, e sem Joacines. Portanto, aplica-se o mesmo. Pena, porque o seu dirigente, Rui Tavares, parece simpático e animado e é alguém que eu decerto gostaria de ter tido como professor.


- A Geringonça está morta e enterrada. Não vai regressar.


- A Eco-Geringonça que Rui Tavares propõe não tem pernas para andar pois parece que mais ninguém a quer.


- Aliança Democrática ou Alternativa Democrática ou como quer que lhe chamem também não me cheira que haverá. Os sociais-democratas coligar-se-iam com quem? Com os centristas que estão à beira de desaparecer da Assembleia e de fora dela? Não me parece. Com o Chega? Não acredito que Rui Rio goste de brincar com frascos de nitroglicerina. Com o Iniciativa Liberal? Depressa se arrependerão.


-  Volta e meia e fala-se no regresso do Bloco Central. Eu só pergunto: mas está tudo doido? Essa já foi uma coligação contra-natura que não deu resultado. As relações entre socialistas e sociais-democratas não melhoraram desde então. Não me parece que dê certo agora. Isso seria uma jogadasuicida para ambos os partidos, que perderiam a credibilidade que lhes resta. Vamos mas é ganhar juízo e deixar esse acontecimento deprimente lá nos anos 80, onde nunca sequer deveria ter aparecido.


Enfim, quer-me cá parecer que o executivo que aí vem, seja a continuidade do Governo de António Costa seja a formação de um novo, deverá se minoritário, ou seja, não será algo para durar. As contas parecem estar a complicar-se e, ou muito me engano ou estamos a caminhar perigosamente a médio ou longo prazo para ou o pântano político, com a previsível ingovernabilidade, ou uma forma de governação mais severa.


Analizemos todas as opções atentamente, estas ou outras, que há muitos partidos por ode escolher. O importante é se sensato e ponderado na escolha e votar no que a razão e o coração dizem ser melhor para todos nós.


Que a caca esteja convosco!



P.S.(com ou sem António Costa): NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

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A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!