segunda-feira, 18 de novembro de 2024

COP-a-29... de natação

 Está a decorrer mais uma cimeira do clima, a COP 29, como é conhecida, desta feita em Baku, no Azerbaijão. A avaliar pela falta de entendimento entre os participantes, que me parecem mais interessados em questões económicas do que ambientais, e pela subida do nível médio do mar em consequência do degelo resultante das alterações climáticas, parece-me óbvio que se vai chegar à conclusão do costume: nada!


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Mais construção não, por favor!

 O Governo pretende facilitar os processos de construção e contratação de mão-de-obra, bem como mexer no Regime de Arrendamento Urbano, actualizar indirectamente as rendas e dar maior liberdade às autarquias em matérias de alteração aos planos directores municipais e licenciamentos. O objectivo é combater na habitação com incentivos à construção de modo a que se possam construir cerca de 59 000 casas até 2030.


Creio que a liberalização da construção não é solução para o problema mas antes mais um factor de agravamento deste. Se nada for feito em contrário, as novas casas acabarão por ser alvo da mesma ganância e consequente especulação que já atingem as que existem. Para além disso, a fúria construtiva que se tem verificado nas últimas décadas tem descaracterizado profundamente o nosso país, causando mais destruição do que melhoramentos. A qualidade de vida não tem melhorado. Na realidade, a urbanização de Portugal só tem piorado muitos aspectos, de entre os quais se destacam a falta de sossego,  segurança e com frequência infra-estruturas e um muito negativo impacto ambiental e, nalguns casos, também agrícola, visto que é normal áreas naturais, verdadeiros desafogos de vida, e alguns bons terrenos que produziam preciosos alimentos terem sido sacrificados em prol da amiúde desorganizada, desnecessária ou insensata edificação de prédios. Já que se fala em desnecessária, será que é preciso continuar a construir mais e mais casas? O mais provável é que em Portugal já existam casas para quase o dobro da população! Mas ai de mim, que sou tão ingénuo! Muitas das casas não se destinam sequer a serem habitadas mas sim a servirem de alojamento provisório a turistas. Quem quer arrendar uma casa, não consegue porque as rendas são demasiado elevadas ou os senhorios pretendem arrendá-las ao dia ou à semana a estrangeiros. O mesmo se passa com a compra e venda. Difìcilmente um português comprará um imóvel pois na maioria dos casos não tem o poder de compra que muitos estrangeiros têm. Aliás, muitos vendedores nem sequer querem vender a portugueses porque sabem que um estrangeiro pagará bem mais que um compatriota seu. Haja patriotismo, não é verdade? O patriotismo do dinheiro!


Portanto, se o Governo pretende combater a crise na habitação, deve antes é combater a especulação imobiliária e incentivar a reabilitação e requalificação dos imóveis existentes, bem como fiscalizar o arrendamento e o alojamento local, que está quase desregrado. E porque não também olhar para a metade do país que está ao abandono e dar de novo condições para que as pessoas lá continuem a viver ou a ela pretendam regressar?


Readaptando as palavras de Vasco Santana, «casas há muitas, senhores ministros!» Não creio que façam falta mais. Em vez de incentivos, deviam era haver sérias restrições à construção.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 17 de novembro de 2024

Mais uma vez... houve Trump(a)!

 Estou cá com uma sensação daquela doença francesa, o «déjà vú»! Porém, não se trata de nenhuma sensação de estar a presenciar algo pelo qual me parece ter já passado. Neste caso, é mesmo a repetição de um acontecimento.


Se a vitória de Donald Trump nas presidenciais norte-americanas de 2016 foi uma surpresa para todo o resto do Mundo, mas ao que parece nem por isso o foi para os cidadãos americanos, a reedição do triunfo neste ano não apanhou ninguém desprevenido. O Trump é doido, nós já o sabemos. Diz toda a espécie de asneiras que fariam, por comparação, o Nicolás Maduro parecer um doutor poli-diplomado. Nega o óbvio e defende o indefensável. Insulta este e aquele. De entre uma ou outra ideia acertada, apresenta um cento de propostas absurdas. Até parece que ele não queria cativar o eleitorado mas sim afugentá-lo. Kamala Harris, para ser fanco, não me parecia melhor. Apesar de à partida melhor intencionada e com um discurso mais coerente e conciliatório, não trazia consigo medidas que resolvessem os problemas do país. Perante este vácuo de possíveis soluções e ideias boas mas vazias de conteúdo, optou por granjear apoiantes de peso e explorar nichos de eleitorado descontente com a alternativa. Era evidente que lhe faltava matéria em concreto que cativasse eleitores e o que tinha jamais seria suficiente  para uma eleição. Para além disso, Trump beneficia de todo um conjunto de circunstâncias e de duas tentativas falhadas de atentado. Kamala veio tardiamente  e em substituição de um candidato, o actual presidente, Joe Biden, caído em descrédito.


Apesar da vitória esmagadora quer em votos quer em estados ganhos e quer em lugares do Congresso e do Senado, resta saber é que votação teria tido Trump se tivesse sido mais favorável às mulheres, se não tivesse insultado os Porto-Riquenhos, se não tivesse acusado os democratas das alterações climáticas que ele próprio nega, se não tivesse falado de alguém que devia enfrentar um pelotão de fuzilamento, enfim, se não tivesse dissertado todo um rol de disparates inqualificáveis. Posto isto e muito mais, fico a pensar que muitos americanos e estrangeiros residentes nos Estados Unidos da América vão passar por um mau bocado no mandato que se segue. Porém, olhando para a votação obtida, também me queda o pensamento na paradoxal ideia de que talvez os Estados Unidos da América tenham o presidente que merecem. Mas com o impacto que este gigante tem, mal empregado é o resto do Mundo não merecer tão triste sorte.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 3 de novembro de 2024

Cá se fazem, cá se pagam

Sei que há quem me vá dar nas orelhas mas que se lixe. Nesta fase da vida, acho que já me posso dar ao luxo de dizer o que me vai na cabeça, doa a quem doer.

 O Presidente da Câmara Municipal de Loures afirmou que pretende despejar das casas municipais os titulares do arrendamento que tenham participado nos tumultos que afectaram a área de Lisboa recentemente. Claro que muitos levantaram-se contra tal medida, mesmo correligionários seus, igualmente socialistas, que entendem que as famílias não têm culpa daquilo que um familiar seu fez. É verdade que todos não têm culpa da acção de um mas não deixo de apoiar a decisão do autarca. As pessoas têm de sentir que têm responsabilidades, nalguns casos que têm gente a seu cargo, uma família, por exemplo, e que devem sofrer as consequências por aquilo que fazem: recompensa se for bom ou castigo se for maldade. Pagando os outros por acréscimo, serve de lição e talvez isso contribua para um incremento de controlo social.

Estarei certo ou errado?

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 27 de outubro de 2024

Breves apontamentos sobre os tumultos de Lisboa e arredores

Por falar em incêndios...

Esta semana bem podia ter ficado marcada pela triste notícia da perda de mais um vulto na cultura nacional, que foi o célebre cantor Marco Paulo, personalidade que marcou a música portuguesa e várias gerações de admiradores. Porém, o que mais houve e há de destaque é outra tristeza, que tem sido a vaga de vandalismo que assola Lisboa e principalmente os arredores.

Acerca disto, não me quero alongar muito porque acho que já muito tem sido dito, de uma parte muito acertado e doutra muito errado. No entanto, arriscando-me a ser mal interpretado, apresento três pequenas afirmações nas quais não creio falhar demais.

1 - Só os intervenientes sabem dizer o que realmente aconteceu. Odair Moniz era mesmo um cidadão exemplar ou nem por isso? Fugiu à Polícia? Resistiu à detenção com violência? Tentou ou não esfaquear os polícias ou ameaçou-os com uma faca? Não sei, nós em geral não sabemos mas há indícios, provas, imagens que nos permitirão concluir com rapidez e facilidade o que se passou. Digo eu isto sem saber o que quer que seja do processo, atenção. Se os polícias envolvidos são culpados, deverão ser castigados. Se não e foi-o antes Odair, então não há já punição maior que a que já houve.

2 - Tenho ouvido falar a cada passo em manifestações. Aquilo a que temos assistido nestes dias não são manifestações, é vandalismo. Gente que não tem nada que fazer e menos uns quantos neurónios que um mosquito aproveita a ocasião e usa a morte de Odair Moniz como pretexto para dar largas aos seus desejos depravados de destruição, violência e arruaça. Qualquer que tivesse sido a reacção das autoridades face a esta maltesaria, terá sido sempre branda. Bens destruídos, pessoas feridas, motins? Não. Sejam eles quem forem, a Lei é igual para todos. Aqueles que não se sabem comportar jamais podem ficar impunes e têm de saber que só há o castigo severo como consequência das suas acções danosas.

3 - Acontecimentos deste género são já comuns (e portanto inacreditáveis) em vários países da Europa, principalmente em França, o que atesta bem a incompetência e frouxidão dos seus governantes. Todos nós sabemos as causas, os meios e as consequências. Portanto, era para que já tivéssemos aprendido a prevenir-nos, procurando tomar medidas políticas, económicas e sociais que evitem estas situações. Ao invés, tal como acontece com os incêndios e, em geral, com tudo, o que é de prever é que, como sempre, nada seja feito. Quais soluções? Temos agora é o circo da política em acção, com comentários exacerbados de extremos opostos. Parece-me que quer Chega quer Bloco de Esquerda, acima de todos, têm vindo a público com declarações irresponsáveis e que mais estorvam do que ajudam na resolução dos problemas.

Posto isto tudo, é só esperar que se faça justiça, que se aprenda e se tomem medidas. Mas o melhor é esperar sentado, quer-me cá parecer, que isto de frouxidão e outras coisas não é só de França.

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!


«Fiqueima-se» sempre na mesma

 Agora que o país respira de alívio com o regresso da chuvinha preciosa, que devolve a vida à terra e afasta para já o receio de mais incêndios, fica a dúvida do costume. Como acontece todos os anos, Portugal voltou a empobrecer-se mais com a perda de bens e vidas em consequência dos devastadores fogos que polvilharam o território com crueldade. Muito se falou, muito se discutiu, criminosos e suspeitos foram apanhados, problemas foram apontados, propostas e soluções foram apresentadas, tudo isto igual ao que se tem verificado no último meio século. E eu, que disse que os incêndios seriam a verdadeira prova de fogo deste governo, fiquei desta vez surpreendido ao ver, o Primeiro-Ministro falar em crimes que tinham de ser punidos, para logo pares seus no executivo e dirigentes de forças de segurança desvalorizarem as declarações. Não sei se a maioria dos ministros passou no teste mas parece-me que Luís Montenegro sim e com distinção, embora sem poder fazer nada perante oposições internas e de um grande sistema que nega aquilo que é do senso comum do povo miúdo há largas décadas.

Posto isto, e depois de muito acontecer e se falar, o que é que vai acontecer em concreto? O costume, que é o que acontece todos os anos: nada. A chuva ainda vai regressando, lavando da memória as tragédias que tanto se repetem que se tornam corriqueiras. Os detidos, invariàvelmente deficientes ou perturbados mentais, voltarão a ser soltos. Eucaliptos, acima de qualquer outra espécie exótica, continuarão a ser plantados às custas de vegetação autóctone, mais resistente aos fogos e menos nociva para os terrenos e as águas. Para o ano que vem, o país vai voltar a arder. Florestas, casas e demais bens ambientais e patrimoniais serão destruídos e humanos e não-humanos morrerão ou perderão tudo. Muito se falará, muito se discutirá, criminosos e suspeitos serão apanhados, propostas e soluções com décadas ou séculos serão apresentadas e, no final, a chuva virá para nos lavar a memória e aliviar-nos outra vez. Como sempre, o que será feito será NADA.

Que cobardia em enfrentar os problemas e tomar medidas...


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Crítica Literária: «Bichos», de Miguel Torga

 Era uma vez um transmontano de ar castiço chamado Adolfo Correia da Rocha que, a certa altura, começou a escrever. Não escreveu nada pouco. Entre prosa e poesia, sucederam-se várias dezenas de volumes, os quais ele próprio editou e lançou sob o pseudónimo de Miguel Torga. Um deles veio a tornar-se uma obra célebre e de referência, de tal modo que ainda hoje é ensinada nas escolas básicas e secundárias. Trata-se de «Bichos». Não cheguei a apanhar esse livro na escola. Contudo, a curiosidade e a insistência de letrados que conheço em ler o livro levaram a que eu pegasse num volume que me viera cair às mãos há uns anos. Vamos então abrir a «Caixa de Pandora».


- Género - Ficção. É uma colectânea de contos editada em Coimbra pelo próprio autor e publicada em 1940.


- Organização - A edição que eu li é a 16ª, a qual conta com um total de 135 páginas divididas em Prefácio e 14 contos.


- -História - Cada conto, em geral muito curto, narra a história de vida ou um episódio em particular de um bicho.


- Crítica - Esta obra pode ser apreciada quanto à forma e quanto ao conteúdo, ambas muito díspares. No que respeita à forma, os contos apresentam-se muito bem escritos, com frases bem construídas e de linguagem que é compreensível com facilidade a qualquer pessoa, mesmo que de baixa instrução. Está polvilhada de alguns regionalismos que nem por isso afectam o entendimento dos textos por alguém até do extremo oposto de Portugal. De facto, qualquer leitor fica desde logo encantado com a benevolência e ternura com que é tratado, numa escrita cuidada e sem mácula, logo no prefácio, que é digno de ser lido, ao contrário do que amiúde acontece. Porém, se toda esta redacção aprimorada acompanha o resto da obra, já o mesmo não se pode dizer dos afectos.

Ao mergulhar nas breves histórias, somos logo surpreendidos com um tom um bocado diferente. As coisas não são do mais fofinho e queriducho que se possa imaginar. Na realidade, abunda neles a tragédia e a violência. Outra constante é a morte. Dos 14 contos que compõem os «Bichos», apenas quatro não acabam na morte da personagem principal ou de uma outra às mãos desta. Numa, a da Cega-Rega, não há morte mas tudo dá a entender que a cigarra não perde pela demora para esticar o pernil. O mesmo acontece com o galo Tenório. A do sapo Bambo começa logo com morticínio e é de descrição particularmente macabra. Mas não quero dar trabalho aos leitores. Poupo-os à trabalheira e ao tempo perdido a ler o livro com os seguintes resumos dos contos.

NERO é um cão perdigueiro que conta a história da sua vida e no fim morre.

MAGO é um gato mal-agradecido que levava uma vida de vadiagem até ser acolhido pela Dona Maria da Glória Sância, que gosta e trata bem dele. Porém, ele despreza-a e parasita-a. Continuou a vadiar. Um dia levou um enxerto de porrada e ficou quase morto. Voltou aos detestados cuidados da sua dona, que cuidou bem dele. (Devia ter lerpado!)

MADALENA é uma mulher que se embebeda pelo São Martinho e enrola-se com o Armindo, um vizinho de falinhas mansas com castanhas e jeropiga à mão. Fica grávida, oculta de todos a gravidez e, chegada a hora de dar à luz, foge durante a noite para a casa de uma amiga, numa aldeia próxima. O bebé nasce a meio do caminho, na Serra Negra, morto. Ela enterra-o e segue a sua vida.

MORGADO é um macho, que, para quem não sabe, é o equivalente masculino à mula. Mais digo: que pelo trato que lhe dá («jerico»), é um macho burrinheiro, ou seja, filho de um cavalo e de uma burra. Foi comprado por um moleiro. Abalou com ele numa viagem para entregar farinha mas viram-se cercados de lobos. O dono fugiu e ele foi apanhado e morto pela alcateia.

BAMBO é o sapo. Caiu nas boas graças do Tio Arruda, um caseiro. Certo dia este morre e é substituído por um outro. O filho do novo caseiro era um miúdo bera do piorio e empalou o pobre sapo, deixando-o a apodrecer.

TENÓRIO é o galo. De pena, carne e osso, não de lata de conserva em folha de Flandres. Em frango, deu nas vistas e ficou a substituir o galo velho, que foi parar ao tacho. Contudo, e após anos de muita galadela, um frango novo deu nas vistas...

JESUS. Tirando Cristo Nosso Senhor, não é aqui explícito quem é Jesus. A história fala de um miúdo que subiu a um cedro e viu um ninho de pintassilgos. Nada mais.

CEGA-REGA é a cigarra. Nasce, canta e ignora «a morte que a espreitava já, com os olhos frios do Outubro...».

LADINO é o pardal. Um texto que fala da vida dele e maldiz um tal Padre Gonçalo. O Ladino safa-se bem a tudo.

RAMIRO não era um atum mas sim um homem de quem não se ouvia a voz. Não dizia uma palavra. Era tarado, comia uma rapariga, a Rosa, com os olhos mas não era capaz de lhe dirigir palavra. Tinha um rebanho de ovelhas. Um dia, um outro ovelheiro, o Ruela, deixou as suas ovelhas chegarem-se ao rebanho do Ramiro e misturarem-se com elas. O Ruela tentou enxotar as dele mas, com uma pedra mal lançada, por azar matou a melhor ovelha do Ramiro, ainda por cima prenha. Apesar dos pedidos de perdão e das súplicas, o Ramiro matou o Ruela a golpes de foice. De seguida, chamou o rebanho para recolher ao curral.

FARRUSCO é um melro. Uma rapariga, a Clara, pergunta aos cucos quantos anos vai ficar solteira. O cuco canta três vezes e a Clara vai-se queixar à Isaura, a alcoviteira lá do sítio. No fim do dia, o melro aparece e canta e pensam que é ele a rir-se daquilo.

MIURA é um touro que é levado para uma tourada e, no fim da lide, leva a estocada e morre.

O SENHOR NICOLAU começou por ser um aluno medíocre que só dava o ar da sua graça nas Ciências Naturais. De resto, um desastre. Por volta dos 30 anos, regressou à terra e passou o resto da vida a fazer nada mais que coleccionar bichos. Um dia, morreu de velho.

VICENTE é um corvo, pois claro! Muito antes do santo do seu nome ter sequer nascido, a Humanidade corrompida foi castigada com o Dilúvio. Este foi um dos que embarcou na Arca de Noé. Só que o bicho era rebelde e certo dia fartou-se da viagem que o pretendia salvar e foi-se embora à procura de terra firme. O gajo era suicida, que é que se há-de fazer? No entanto, encontrou o cume de uma montanha da Arménia que não estava submerso e aí poisou. Deus quis que ele regressasse à arca para se salvar mas ele não quis e ateimou contra a vontade divina. Ficou na dele e Deus desistiu.

Fixo-me agora num mero detalhe, com brevidade. Sem saber grande coisa sobre Miguel Torga e, para ser franco, também não quero perder tempo e neurónios com isso, a obra dá a entender que o autor não nutria grande apreço pelo Clero e pela religião. Isso é patente na forma como se refere aos padres, dos quais fala só de relance ou, no caso do Padre Gonçalo do conto «Ladino», com desdém, classificando-o de comilão parasitário e, indirectamente, mulherengo. A não ser que ele se referisse a alguém em particular e não necessàriamente a uma figura estereotipada de padre. A maneira como fala de Deus, em particular no conto «Vicente», também não é abonatória. O «duelo entre Vicente e Deus» é estúpido uma vez que Deus pretende salvar o idiota do corvo e, no final, a prevalência da teimosia do animal é vista como uma vitória sobre a divindade. Não se percebe.


Mantendo-me no domínio do divino, porque será que o conto «Jesus» tem esse nome? Se calhar porque não só ninguém morre como ainda nasce um pintassilgo. Podia também ter nascido a esperteza, o que não aconteceu. Os pais ficam preocupados porque o filho subiu a uma árvore. Oh, que arrepios... Até há meia-dúzia de anos, qualquer criança subia às árvores e os pais não se costumavam preocupar pois era um comportamento normal. Deveriam era preocupar-se porque o miúdo não sabia falar como deve ser. Podia ter dito «sei de um ninho» ou «sei onde há um ninho» ou «vi um ninho» ou «encontrei um ninho» ou coisa do género mas o pirralho dizia «sei um ninho». Não admira que tivesse de o dizer várias vezes, os pais não percebiam o que ele queria dizer.

Já que temos a mão na massa, também depressa se conclui que Miguel Torga pouco ou nada percebia de touradas, em particular lides apeadas. No conto «Miura», fala-se muito no «palhaço de lantejoulas», dourado, e não parece haver outro interveniente humano na arena.  Ora ele, que sendo com traje de luzes dourado é o matador, não é o único. Também intervêm peões de brega, de traje bordado a preto, e bandarilheiros, de traje bordado a prateado. No final, o touro deixa-se morrer precipitando-se contra o estoque para que ele penetre no seu tetuço. Isso é estúpido. Nem um touro se comporta assim, com suicídio consciente, nem tal acção é permitida. Parece que o escritor não sabia que há séculos que as touradas de morte são proibidas em Portugal. No final das lides a pé, não se dá a estocada, ela é simulada com uma bandarilha.

De uma forma geral, as histórias narradas limitam-se a acontecer e pouco ou nada acontece. As mais das vezes, morre-se. Não há aqui qualquer moral ou lição que se possa extrair, o que é uma pena, tendo em conta a simpatia com que o leitor é tratado no prefácio e que suscita curiosidade quanto ao que há-de vir.

Houve quem me tivesse dito que eu não estava a perceber a filosofia do livro mas eu acho que a percebo. Se formos a ver bem, os humanos são tratados como bichos e os bichos recebem tratos de humanos. Quer isto dizer que, no fundo, não há grandes distinções entre humanos e não-humanos, ou seja, que somos todos bichos.


- Veredicto - Se alguém vai ler o «Bichos» a pensar em algo do género das «Fábulas» de La Fontaine, do «Bambi», do «Dumbo», dos «Ursinhos Carinhosos» ou dos contos populares portugueses, engane-se. É mais ou menos como os contos dos irmãos Grimm só que com falta de Viagra mental. Ler este livro é como ouvir um álbum do Graciano Saga, tal não é a quantidade da sucessão de palermice e tragédias. Ao fim de alguns contos, até já dá vontade de rir. Fica-se com a mesma sensação que se tem ao ler as obras de Virgílio Ferreira ou Aquilino Ribeiro ou seja: não sei se alguma vez Miguel Torga foi alvo de perícia psiquiátrica mas decerto se o tivesse sido, seria classificado de psicopata. Como foi isto tornar-se uma obra de referência ensinada nas escolas? Mistério da Humanidade. Em suma, não vale a pena perder tempo com ele.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 28 de julho de 2024

Adeus amiga e até sempre, adeus Rádio Fóia


 Caros amigos.


Muitas personalidades ilustres vão saindo da convivência entre os vivos e eu, naturalmente, fico amiúde triste e até em choque perante a triste notícia da perda mas não tenho oportunidade de falar de muitos deles. Falar duns e doutros não seria injusto e então acabo, por norma, por me manter num respeitoso silêncio, ainda que os recorde no meu ser. Porém, desta vez vou falar acerca de uma perda que cala muitos daqueles nomes que por ela ainda se faziam ouvir e que agora ficam remetidos ao esquecimento.


Neste quente mês de Julho tenho a lamentar a morte de dois familiares. Um era um primo meu. Apesar de termos vivido a apenas um quilómetro um do outro durante largos anos, apenas tive oportunidade de conversar com ele uma única vez mas guardo desse dia uma muito boa impressão que se transformou agora na tristeza pela impossibilidade de dar seguimento a novas ocasiões de alegre convívio e o desaparecimento de alguém tão bem disposto que um cancro arrastou consigo.


O outro não era da minha família mas eu sentia-o como se fosse. A qualquer hora fazia-me companhia em casa, no trabalho ou em viagens. Não era sequer humana, nem mesmo animal. Porém, havia nela vida e habituei-me a rever nessas vidas parcerias de conhecimento, entretenimento e remédio para a solidão.

 

Quem se deslocasse até ao Sul de Portugal, haveria de, chegado a certa altura, conseguir captar num aparelho receptor radiofónico aos 97.1 MHz o mais castiço posto que eu alguma vez conheci: a minha amiga Rádio Fóia. Era só uma pequena estação de rádio de Monchique mas a sua emissão a partir do ponto mais alto do Algarve permitia-lhe ser ouvida em toda aquela província e ainda no Baixo Alentejo e grande parte do Alto Alentejo. Havia quem a conseguisse ouvir em Lisboa! A sua cobertura, programação animada e variada e constância levaram a que depressa a Rádio Fóia se tornasse, como anunciavam no seu anúncio, «a rádio local mais ouvida no Algarve (Distrito de Faro) e no Alentejo (distritos de Beja e Évora)».

 

Eu, com o meu velhinho aparelho mas de alcance notável, que até apanha um posto do Japão, habituei-me a ouvi-la desde há mais de 30 anos. Ouvir a emissão deste posto era apanhar uma banhada de boa disposição e portugalidade, dando-nos a ilusão de que a nossa cultura ainda existia e Portugal ainda era mais que uma mera mancha num mapa. Outrora, às 7:00 da manhã, a emissão abria solenemente com uma marcha de fanfarra, o que se repetia para o fecho, à 1:00 da madrugada. Há muito tempo que a emissão é contínua, salvo algum temporal ou incêndio, mas aquele toque foi mantido. Todos os dias despertávamos às 6:00 com música tradicional de todo o país. Pela manhã a fora, o «Rota do Sol» trazia-nos sonoridades mais modernas e internacionais. Das 3:00 às 6:00 da tarde, um clássico: o «Expresso da Tarde», com pelo menos uma hora de fados e de resto um sortido de música portuguesa em geral da década de 50 à de 70, com umas pitadas de 80. Discos pedidos das 7:00 da tarde às 8:30 ou 9:00 da noite, assim como nas manhãs dos fins-de-semana. Noticiários nacionais em simultâneo com a Rádio Renascença «através dos emissores ARIC» e também outros de âmbito regional, transmissão de eventos desportivos e religiosos, espaços para os ouvintes recitarem poemas seus ou de comentário a textos bíblicos, programas de comédia e até boletins de agricultura e pescas, tudo isto e muito mais narrado com a velha postura radiofónica característica da época clássica e áurea da rádio e da televisão, com vozes bem colocadas e de clara compreensão agraciadas com uma inconfundível pitada de sotaque monchiqueiro. A intercalar a programação, conselhos práticos de poupança de energia, de segurança com crianças, das autoridades e outros aspectos do quotidiano e anúncios, muitos deles iguais há décadas! Muitas coisas na Rádio Fóia nunca sequer mudaram e essa era uma das coisas que nela se achava piada, como quem já é adulto ou idoso e depara, como eu vi depararem, com uma sempre igual embalagem de Farinha Predilecta que trás ao de cima a alegria de boas recordações. E compraram por isso mesmo! Onde é que hoje em dia ainda se rematavam sempre certos programas com o «4éme Rendez-Vous» ou se anunciavam os resultados dos campeonatos distritais de futebol ao som de outros temas do Jean-Michel Jarre como há 30 e tal anos atrás? Na Rádio Fóia, com certeza! João Costa, Telma Santos, Fátima Peres, Idalete Marques e muitos outros nomes de pessoas de que agora não me recordo que se faziam ouvir e nos davam companhia eram para nós como se fossem conhecidos de longa data. Ficaram para a memória as gigantescas festas de aniversário com emissões contínuas a presentear os ouvintes ausentes do local com as participações dos artistas de renome do panorama musical popular e tradicional nacional, algo de impensável nos dias de hoje pelo custo exorbitante que envolvia. Em suma, a Rádio Fóia era como os bilhetes de cartão rijo da C.P., parecia que tudo sempre fora assim e seria assim para sempre.


Emitia desde 10 de Junho de 1983 e embora estivesse virada para o Algarve, depressa caiu nas boas graças dos alentejanos. E eu, de longe, ouvia-a. De repente, certa noite, fui ligar o rádio e só ouvi estática. Sintonizei e ressintonizei e só ouvi o mesmo ruído. Eu sabia que algo de mau acontecera. Podia ser que tivesse sido só o calor daqueles dias que tinha fritado o transmissor. Nada disso. A Rádio Fóia calou-se no dia 22 deste mês. Problemas financeiros ditaram a sua sentença. Não resistira à modernidade. No seu lugar veio a fazer-se ouvir um novo posto, a Mega Hits F.M., mais uma rádio cheia de barulho e correria, igual a tantas outras.

 

Nos anos 80 ou inícios de 90, uma familiar minha deitou fora uma relíquia, uma antiga telefonia Grundig, só mesmo porque não apanhava a Rádio Fóia. Para mim, quase que se poderia agora fazer o mesmo. Para mim ficou a saudade e a tristeza com a perda de mais alguém que comigo partilhava a vida. Calou-se «a voz mais alta do Sul de Portugal».


Adeus amiga e até sempre!


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Estado da Nação: idem idem, aspas aspas...

 O ano passado escrevi um extenso artigo acerca do estado da Nação, uma versão mais alongada do que já tenho advertido aquando das várias vezes que falei acerca das comemorações quase esquecidas da Restauração da Independência. Passado este ano, podia não só republicar o texto mas também acrescentá-lo, visto que muito mais se poderia dizer e a situação não conheceu melhorias, antes tem-se agravado.


Os políticos do rotativismo da Terceira República que continuem assim, que é para os radicais (bloquistas e afins, liberais e cheguistas) continuarem a ter cada vez mais protagonismo. É muito mais fácil vender barato uma coisa estragada que uma boa, certo?


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 9 de junho de 2024

Qual novo aeroporto?

 Já nem me lembro há quanto tempo se debate a construção de um novo lugar que sirva como alternativa ao velhinho e hoje diminuto Aeroporto da Portela.  Isto é como o T.G.V. ou a regionalização, há sempre quem se lembre disso de tempos a tempos. 


Não deixa de ser curioso que se pretenda aumentar ainda mais o tráfego aéreo num tempo em que para além das ligações estarem saturadas e do fluxo de gente se estar a aproximar de níveis excessivos, se tenha por garantido que o avião é o transporte mais poluente que hoje o cidadão comum dispõe. Resta saber se se pretende proteger o ambiente ou puxar ainda mais pela economia.


Mas voltemos à questão central. Recentemente, foi apresentada a decisão sobre a localização do novo aeroporto. Será em Alcochete e nem tem uma só pedra assilhada e até já tem nome e tudo: Aeroporto Luís de Camões. Não sei é se será construído, tendo em conta que este é um Governo a curto prazo e lá para o fim do ano ou início do seguinte teremos novas eleições.

 

Porém, uma dúvida logo à partida me assombra. Será que é mesmo necessário um novo aeroporto? A resposta parece-me óbvia: não. Que o da Portela já não dá resposta ao tráfego que se verifica e tende a crescer é certo e sabido mas também o é que os governos portugueses não são conhecidos por boas gestões de meios. A solução é simples e implica uma despesa muito inferior à do eventual provável ou não futuro Aeroporto de Alcochete. Acontece que a Portela não chega mas um novo aeroporto é desnecessário porque Portugal já dispõe de uma enorme infra-estrutura, o maior do seu género em terras lusas, que está subaproveitado, quase ao abandono, que é o Aeroporto de Beja, construído ainda há relativamente poucos anos. Bastaria seguir os seguintes passos:

- pelo menos numa primeira fase, desviar da Portela para Beja todos os voos que apenas fazem escala e não têm destino a Lisboa;

- rentabilizar ao máximo o Aeroporto de Beja;

- fazer as ligações rodoviárias que se achem necessárias ao Aeroporto de Beja e construir até ele um ramal ferroviário;

- reabrir o troço da Linha do Sul da Funcheira a Beja e a Linha do Sueste/Ramal de Moura;

- dotar os utentes dos respectivos meios de transporte;

- numa segunda fase, desviar mesmo da Portela voos que tivessem destino a Lisboa, quer a Portela se limite a aviões de menor dimensão ou não e continue a funcionar ou não, pois dispondo de várias vias e meios de transporte complementares, não haveria a necessidade das aeronaves terem de aterrar dentro de Lisboa..


Esta é a minha sugestão, a qual permitiria aliviar a capital de tanto tráfego, rentabilizar um aeroporto com todas as condições que tem sido sempre relegado para segundo plano e poupar muito dinheiro ao Erário Público. Lembro que os principais aeroportos não costumam ser dentro ou junto das cidades que servem mas arradados.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!


Confusão de género... na queijaria

Estava eu hoje a degustar um queijo, neste caso um Queijo de Vaca Por Si Viva Bem Light Cremoso (eu sei, parece o nome dum familiar do Dom Duarte) quando reparei no rótulo da embalagem. Convido-vos a analisá-lo com atenção.




Eu sei que a imagem não é muito nítida mas ainda assim arrisco a perguntar: ninguém repara em nada de invulgar na embalagem?  Pronto, vou contar. Alguém consegue reparar na zona entre as pernas dos animais? Pois, é que das duas uma: ou quem fez os rótulos não sabe como são as vacas e fez uma enorme confusão ou então está a querer dizer-nos que nós não estamos a comer queijo de leite de vaca mas sim de leite de touro... Garanto, pode coalhar mas se faz queijo ou não, não me atrevo a responder e muito menos a experimentar!


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Ainda o Festival da Politização da Eurovisão

 Cá estou eu, de novo, após tanto tempo. É assim, quem trabalha muito, e as mais das vezes apartado de rede, não tem possibilidade de estar sempre cravado na Internet.


Eu sei que já foi há umas semanas mas tinha um desenho engraçado e não resisti a abordar o tema por causa dele. Portanto, cá vou eu.


Confesso que deixei de prestar atenção tanto ao Festival da Canção da R.T.P. como ao da Eurovisão. Por um lado, porque a qualidade das canções anda muito por baixo nestas últimas décadas e ambos os acontecimentos, muito desvalorizados, pouco mais são que meros espectáculos de variedades em que se faz tudo e mais alguma coisa mas de cantar pouco ou nada. Creio que o meio ideal para apreciar qualquer festival da canção hoje em dia é este: a rádio. Só assim poderemos abstrair-nos de tudo quanto é supérfluo e teremos a certeza quanto aos dotes vocais do intérprete e ao valor artístico dos temas.


Por outro lado, pela mesma razão que me leva a não ligar nenhuma importância aos Óscares: a de que estão fortemente politizados. Na edição deste ano, isso foi particularmente evidente. Ora como estes eventos pouco ou nada para mim valem, vou comentá-los, pois claro.


Começo pela nossa Iolanda, com o tema «Grito». Continuo a dizer que não era a melhor canção do Festival da R.T.P., independentemente do talento da cantora, isto por o considerar um tanto ou quanto repetitivo. Não era dos melhores temas da Eurovisão mas também não dos piores, pelo que o décimo lugar que obteve ficou dentro do que eu esperava. A destacar pela positiva há o grande favoritismo entre o público quanto a outros dotes de Iolanda, que consideraram as suas amigas do peito como as mais protuberantes. Não sei dizer, deixo aos vossos critérios, mas lá que tem argumentos de peso, não haja dúvida.



Fiquei surpreendido com a classificação da música espanhola, que até me pareceu interessante e, no entanto, teve uma classificação medíocre. Ao invés, foi bem-feito o desprezo a que tanto público como júri votaram o outro tema espanhol, que foi o dos espanhóis que concorreram por São Marino. Quiseram fazer fífias ao seu próprio país, chateados por não terem sido escolhidos no reino de Filipe VI e convencidíssimos, com toda a arrogância, de que seriam os vencedores da Eurovisão. Pois passaram despercebidos... e a fazer triste figura.


Fiquei também admirado pela positiva com os temas da Arménia e da Áustria. No caso da primeira porque não só trouxe os músicos ao palco, o que já foi mais invulgar mas continua a não voltar a ser uma desejada regra, como constituiu uma grandiosa lufada de ar fresco de autenticidade. Alegremente interpretada na língua nativa por uma cantora enérgica e jovial, pode não ter a letra mais variada e complexa mas trouxe aos olhares do público um banho de folclore por um rancho trajado a quase rigor e que soube puxar pela assistência. No caso da segunda, porque pode não ser o género que as pessoas do meu tempo entendem como o mais festivaleiro, à semelhança do tema arménio, mas não está nada mau para o seu estilo e dá muito bem para abanar uns capacetes.



Chamo ainda a atenção para aqueles que apareceram nus ou quase, como os intérpretes da Finlândia ( o Salvador Sobral, crítico do «fogo de artifício», teve ter-se passado) ou da Eslovénia, ou que fizeram muito mas cantar nem por isso, como foram os casos de Reino Unido (que raio de porra foi aquela?) ou principalmente de Irlanda. Neste último exemplo, ninguém fica a saber se a «cantora», chamemos-lhe assim, canta ou não, visto que passa o tempo vestida como um demónio a grunhir e gritar.




Quanto à canção vencedora, a da Suíça, desde cedo começara-me a dizer que seria a galardoada. Porém, ao ver o Festival, depressa descartei essa hipótese pois parecia-me que o tema da França teria maiores probabilidades de ganhar. Aliás, a música trazida pela delegação helvética não me agradou nem um bocadinho e considerei-a próxima de lixo. Não há qualquer dúvida quanto ao talento e poder vocal do cantor. De facto, é notório que o tema foi composto e a apresentação, com todos aqueles equilibrismos, foi pensado com o propósito de extrair e mostrar a todos essas fabulosas capacidades. Contudo, toda a canção pareceu-me desconexa, cacofónica e desordenada. Passei mesmo aqueles minutos da exibição a desejar que o cantor desse um enorme trambolhão da plataforma onde se passeava em números circenses. Como me enganei! Para surpresa a minha, no dia seguinte vim a ver que tinha mesmo sido o vencedor.



Justiça seja dita, já que não foi feita. O melhor tema em concurso e que merecia ter ganho era o único que, por uma questão de coerência e uniformidade de critérios, não devia sequer ter participado, que era o de Israel. Antes, tal como agora, a Rússia foi banida do Festival por causa da invasão à Ucrânia. Israel também o deveria ter sido pelo ataque à Faixa de Gaza, que tem sido um morticínio geral. Este tema já de si não era o originalmente apresentado, que foi rejeitado por versar sobre matérias políticas, neste caso os ataques do Hamas em Outubro passado. Aparte de tudo isso e fosse a música boa ou má, o que é certo é que jamais ganharia, sob pena da organização vir a ter gigantescas dores de cabeça e sarilhos diplomáticos.



Acabo como comecei. Este festival foi politizado como nunca antes se viu e a política esteva muito acima da arte, tal como acontece com os Óscares. Jogadas de bastidores, insultos, agressões, desclassificações, manifestações, batalhas campais... Enfim, é por isto que decidi comentar este festival. Porque, tal como referi noutros anos, os festivais são boas amostras das suas contemporaneidades e os dias de hoje são assim, tornaram-se nisto, uma tristeza em misto de bizarria e agressividade.



Que saudades de há uns 20 ou 30 anos...


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!




sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Inspirações cavaquistas? Não,obrigado!

 De facto, não sei se os partidos querem ganhar as eleições ou perdê-las. Interrogado quanto a qual a pessoa que mais inspirou a sua vida, Luís Montenegro respondeu que, no campo da política, foi Cavaco Silva. Não sei se será apelativo ao eleitorado afirmar que se é um seguidor dum ditador de baixa categoria. Enfim, é a nossa democracia...

 

Que a caca esteja convosco!

 

 

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Pinto da Bosta, o «Medíocre»

 


O grande Jorge Nuno Pinto da Costa voltou a apresentar-se como candidato à Presidência do Futebol Clube do Porto, cargo que ocupa com astúcia e pulso firme e pesado desde 1982. E contudo, podem as décadas terem-se sucedido que a estratégia seguida é sempre a mesma: intimidação e repressão dos adversários e opositores e uso das entidades «de Lisboa» e da comunicação social como o seu bode expiatório, entre outras hipotéticas que as vozes e as letras replicam mas que as entidades não têm dado como provadas.

Pinto da Costa chegou ao seu auge há muito e não precisa provar mais nada a ninguém. É um líder incontestado, carismático e emblemático dos portistas. É uma verdadeira lenda. Podia ter saído em glória pela porta grande, retirando-se no momento certo. Porém, grudou-se ao poleiro como um Salazar do faz-de-conta-que-é-só-futebol e não larga o osso por nada deste Mundo. Como se costuma dizer, «não mija nem desocupa a moita». Às custas disso, vai começando a aparecer oposição e questionamento interno. Qualquer dia, não largando a direcção do clube a bem, largá-la-á não o querendo.

Passados tantos anos, continuo a interrogar-me quanto ao como é possível uma pessoa que se considera descaradamente imune à justiça e apela à violência não foi ainda indiciada pelas autoridades de nada do que é evidente perante os olhos de todos. Há tanto por onde escolher e não sou eu quem o diz, é do senso comum: corrupção, associação criminosa, incitação ao ódio, senão mesmo sedição, tal não é o sentimento de unidade nortenha e consequente aversão anti-Sul, Lisboa em particular, que tem fomentado.

Talvez seja este o presidente que o clube portuense merece. É pena é ver o homem que tornou uma pequena colectividade desportiva regional num clube internacional ser também o responsável pela sua ruína. É como dizia Camões: «ó glória, ó vã cobiça», pois tão grande e glorioso quer o homem ser que nem tem noção da sua mediocridade. Citando ainda outro artista a respeito do mesmo, já lá dizia Mr. T: «I pitty the fool!»

Que a caca esteja convosco!

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Perder ou não perder, eis a questão

 Juro-vos que não consigo compreender se P.S. e P.S.D. querem ganhar as eleições ou perdê-las. A sério, basta ver as condutas de ambos. Tanto num partido como no outro, os escândalos com acusações e investigações de casos de possível corrupção sucedem-se. O Partido Socialista mantém-se no poder com um governo demissionário que, apesar disso, continua com plenos poderes, pelo menos para o que lhe interessa, o que não deixa de ser um contra-senso. A cada passo, mete o pé na argola, seja com medidas tomada ou propostas e promessas para o futuro. Um novo e questionável líder, Pedro Nuno Santos, foi eleito para suceder a António Costa na liderança dos socialistas. Não sei é se terá pedalada e carisma para suceder na chefia do Governo. Se tal acontecer, talvez seja graças a Luís Montenegro, que me parece ainda menos susceptível para subir ao mais alto cargo da nação. (Ora essa, ninguém diga que não, que toda a gente sabe que é o Primeiro-Ministro quem realmente governa o país.) Para ajudar a compor o ramalhete, o Partido Social-Democrata , já de si com um passado pesado e um presente pouco melhor, ainda recompôs a Aliança Democrática, coligando-se, ninguém compreende bem porquê, a dois partidos moribundos. O Centro Democrático Social, que Paulo Portas arruinou e o «Chicão» acabou de sentenciar, há muito tempo que não existe enquanto partido, sendo há décadas uma mera filial do P.S.D., nesta legislatura sem sequer ter representação parlamentar.  O Partido Popular Monárquico, destruído pela acção fratricida nefasta dos manos da Câmara Pereira, a ponto do próprio Dom Duarte considerar que não representa os monárquicos portugueses, foi a força política menos votada nas eleições legislativas de 2022, com apenas 260 votos. Olhando para o porte e a conduta do seu dirigente, compreende-se. O mais provável é que nem sequer os militantes todos do partido nele tenham votado. Portanto, se a ideia era agregar mais votos com o intento de obter mais um ou dois deputados, tudo saiu ao contrário, visto que as sondagens apontam para que P.S.D. a concorrer a sós tenha maior votação que a A.D. em conjunto.


Uma coisa é certa. Quem quer que ganhe as eleições, acontece-lhe como o Benfica no Campeonato de Futebol: vence mas não convence.


Que a caca esteja convosco!



P.S. ou P.S.D., tanto faz que é tudo farinha do mesmo saco: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Borda d'Mete Água

 Caros pombos amigos, muito bom e feliz ano novo!


Quem não conhece o «Borda d'Água», o mais famoso almanaque de Portugal? O mais provável é que mesmo quem não tenha nunca comprado ou sequer lido a célebre «folhinha» já tenha, no mínimo, ouvido falar dela. Porém, e como «no melhor pano cai a nódoa», até aqui é inevitável que apareça uma ou outra falha.



Tirando uma ou outra inexactidão no que respeita aos dias de alguma feira ou mercado, o que é inevitável, pois são tantos, tem sido recorrente desde há alguns anos um erro bem mais evidente. Este tem surgido na última página, no bem conhecido «Juízo do Ano». Nele costumam apontar-se alguns problemas e críticas e possíveis soluções bem como fazer a caracterização e prognosticação do ano em causa. Ora uma das indicações refere-se ao planeta regente.


A muitas pessoas isto passa despercebido e assimila a informação porque não compreende o porquê de ser assim. Pois eu passo a explicar. Na Antiguidade Clássica, com a sucessão dos anos tornou-se notória uma ciclicidade de tudo: do estado do tempo, da natureza das colheitas e sua produtividade, das criações de animais domésticos e selvagens, dos acontecimentos, das características gerais das pessoas, dos acontecimentos, enfim, de tudo. Na Roma Antiga, atribuíram-se estas características às correspondentes divindades que supostamente as possuíam ou nelas influíam. Consequentemente, a cada divindade correspondia um astro. Portanto, os Romanos consideravam que cada ano estava debaixo da influência de um desses astros, aos quais chamaram de planetas regentes, os quais variavam, bem como a natureza do ano que regiam, consoante o dia da semana em que o ano começava. Ainda hoje, em várias línguas, como castelhano, francês ou inglês, por exemplo, isso é evidente nos nomes atribuídos a alguns dias da semana. As correspondências, para simplificar a explicação e não me alongar mais com detalhes, são as seguintes:

Domingo..............Sol

Segunda-feira.......Lua

Terça-feira.............Marte

Quarta-feira..........Mercúrio

Quinta-feira...........Júpiter

Sexta-feira..............Vénus

Sábado...................Saturno


Posto isto, voltemos ao «Borda d'Água», que desde há uns anos que parece não atinar com o planeta regente. Eu tenho exemplares de quase todos os anos das últimas três décadas e tal, acho que só falta um, mas aqui à mão tenho o de 2023 e o de 2024. No primeiro, o planeta regente era o Sol mas a «folhinha» diz que era a Lua. No segundo, este ano, rege a Lua mas a «folhinha» diz que é Saturno.


Então, pessoal? Quer os leitores acreditem quer não neste assunto, ao menos sejamos rigorosos. Não sei o que diz «O Seringador», se é que faz menção a este detalhe, mas não queremos que o «Borda d'Água caia em descrédito, pois não?


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 24 de dezembro de 2023

Mensagem de Boas Festas do Pombocaca

 Caros pombos amigos


Prometo não me demorar muito desta vez a atrapalhar a vossa consoada, até porque eu também tenho coisas bem mais importantes que ficar à frente dum ecrã de computador. Todos os dias são ocasiões importantes para isto mas, face à importância que é atribuída à quadra festiva por que passamos e ao ambiente de que ele se reveste, este é o tempo por excelência para olhar para as pessoas cara-a-cara tanto quanto possível e conviver com elas e não para ficar a olhar para ecrãs.


Mais um ano está quase terminado e para a História fica como outra jornada terrestre em torno do seu astro-rei não de iluminação, seja em sentido literal ou figurado, mas de egoísmo, estupidez, ódio e guerra. A Humanidade progride tecnològicamente a olhos vistos, demasiado depressa até para a evolução das mentalidades ou mesmo para a compreensão das descobertas e inovações que se vão sucedendo a um ritmo cada vez mais acelerado. Fazendo aqui um breve aparte, não estará a Humanidade a transformar-se num gigante com pés de barro? Arrisco uma resposta: sem dúvida que sim. Mas retomemos o fio condutor da explanação. Ao invés dos sucessos que se vão verificando nas áreas das ciências e das tecnologias, o ambiente e a Natureza em geral no Mundo vão-se deteriorando a olhos vistos. As pessoas continuam a sua rota destrutiva e auto-destrutiva olhando só para si e obcecadas por dinheiro, sucesso, fama, poder... futilidades! Todas aquelas coisas que são a delícia dos nossos sentidos mas que, uma vez passada a concessão vitalícia que é dada aos nossos corpos, deixam de servir para o que quer que seja. Estes e outros estúpidos caprichos têm manchado a nossa pequena esfera celestial, o nosso paraíso, de dor, tristeza e ódio. O ano passado, vimos um grande conflito sem sentido começar, de entre muitos outros que não chegam aos nossos conhecimentos, contenda esta que continua e nem se sabe quando é que possa vir a ter um termo, apesar do morticínio e da destruição que tem provocado. Eis que este ano um outro ainda mais brutal nos tem chocado, motivado pela fúria cega duns e pela sede de vingança sem limites de outros. E assim temos a morte espalhada em regime de produção industrial. Mas mesmo nas terras pacíficas a miséria progride como uma peste, com mil e uma formas de exploração dos próprios congéneres, já para não falar das outras espécies ou sequer do próprio planeta que nos alberga e dá vida. Tanta e tão crescente pobreza para uma tamanha e sempre maior e galopante ganância.


Para quê, meus amigos? Para quê isto, Humanidade? Um dia, todos nós, sejamos grandes ou pequenos, ricos ou pobres, poderosos ou humildes, não deixaremos para trás os nossos corpos inanimados sem que possamos levar connosco o que quer que seja que arrecadámos nesta vida? Então para quê a roubalheira, o ódio ou a exploração se no fim isso não nos vai valer de nada?

Visto de outra maneira, aonde chegou o que quer que fosse ou quem quer que fosse com a matança e a espoliação alheia? Não caiu por terra o poderoso Império Romano? Não se decompôs e ruiu a União Soviética? Contudo, e por outro lado, não é a crença de boa parte da Humanidade a fé na vida e palavra de Jesus Cristo? E porventura levou ele a sua passagem na Terra a espalhar o ódio, a roubar, matar, enganar ou explorar o alheio? Não! Ele levou a todos uma mensagem de paz, amor e fraternidade. O seu próprio nascimento, que comemoramos nesta época do ano, foi em si um exemplo de harmonia, alegria e proximidade entre todos. O burro não escocinhou a vaca, a vaca não escorneou o burro, a Virgem Maria e o São José não andavam à estalada, os visitantes não se degladiavam entre si, os reis magos não trouxeram armas nem venenos e os anjos não aniquilaram nada nem ninguém. E foi assim, que várias espécies e raças, todos juntos em prol dum bem maior, reunidos em torno de um recém-nascido indefeso e à partida sem esperanças, triunfaram. Com ódio, Herodes pereceu. Com amor, Jesus venceu! Então se eles todos juntos em harmonia triunfaram, porque não haveremos nós?


Meus irmãos e amigos. Ignoremos toda a parvatagem que nos tolhe o pensamento e, já agora, larguemos os computadores, telemóveis e televisões e olhemos e abracemos aqueles que temos logo ao pé de nós, seja um familiar, um amigo, um desconhecido, um inimigo, um cão, um periquito, um peixe-espada, uma iguana ou uma azinheira. Decerto a nossa vida e o Mundo parecerão muito melhores. Mais do que isso: serão muito melhores.


Boas festas a todos, com um santo Natal e um excelente 2024 repleto de saúde e esperança, são os sinceros votos do pessoal do Pombocaca: Migas-o-Sapo, X-Filer e Inácio Balakov.


Que a caca esteja sempre convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

P.P.S. (Não, não é um novo partido político.): A esta hora, já toda a gente deve estar a pensar que eu me esqueci de alguma coisa, nomeadamente do brinde, não é verdade? Pois não me esqueci não! Aqui está, com abraços e uma boa dose de... calor humano para todos!



domingo, 5 de novembro de 2023

Verdade de Marcelo

 Tem havido nos últimos dias uma enorme polémica quanto ao que o Presidente Marcelo disse ao Embaixador da Palestina, nomeadamente que desta vez tinham sido alguns palestinianos a iniciar o conflito. No fundo, é a constatação de um facto e algo que toda a gente diz. Porém, parece que isso calhou mal a algumas pessoas por cá, e de forma bastante exaltada, como se nós tivéssemos algo a ver com isso.

Não percebo o problema. Por acaso ele disse alguma mentira?

Parabéns, Excelência. A verdade é para ser dita.

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!



domingo, 29 de outubro de 2023

Em louvor das cisternas, parabéns Lisboa!

 Estão em curso as obras em Lisboa com vista a melhorar a drenagem e evitar assim os nefastos efeitos de potenciais inundações. Uma tuneladora, a H2O, vai ser a responsável pela execução dos trabalhos. Fabricada na China, pesa 70 toneladas e estima-se que avançará a um ritmo de cerca de 10 metros por dia.  Vai abrir dois túneis: um desde Monsanto a Santa Apolónia, com cinco quilómetros e meio de comprimento, e outro de Chelas ao Beato com cerca de um quilómetro. A primeiras águas, cheias de sujidade, serão ainda desviadas para estações de tratamento. Haverá ainda uma central mini-hídrica para a produção de electricidade. No entanto, para mim, a grande novidade é o aproveitamento de água em grandes reservatórios subterrâneos para posterior uso em rega de jardins e lavagem de espaços públicos.

Esta última medida não é novidade. Aliás, era comum até há poucos anos a construção de tanques e cisternas quer a nível particular quer, até há uns tempos um pouco mais recuados, a nível público. Ainda existem algumas dessas antigas cisternas tanto por terras de Portugal, como me lembro agora, por exemplo, da que há no castelo em Silves, como em partes do Mundo outrora sob a alçada dos Portugueses, com particular destaque para as antigas praças do Norte de África, em muitos casos ainda ao uso. Novidade sim, quanto a mim, foi alguém ter tido o bom-senso de olhar para o passado e ver nele uma lógica e sensata medida com potencial para aplicação futura, o que é particularmente evidente e crítico numa época em que a escassez de água se promete agravar.

Sem dúvida, um exemplo de louvar a seguir, retomar e dar continuidade um pouco por todo o lado! Muitos parabéns!

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Mistério Episcopal

 Há três dias atrás, Dom Américo Aguiar tomou posse como Bispo de Setúbal. A diocese sadina estava em situação de sede vacante, ou seja, sem bispo, desde Março de 2022. Esta seria uma notícia comum e quase imperceptível se não fosse um pequeno conjunto de dados adicionais.


Dom Manuel Clemente

Como se sabe, Dom Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa, tinha por seu bispo-auxiliar Dom Américo Aguiar, que entretanto o Papa Francisco agraciou com o estatuto de cardeal. Estando Dom Manuel prestes a chegar ao termo do seu exercício como Patriarca e sendo Dom Américo o seu auxiliar e igualmente cardeal, este seria o sucessor natural daquele. Porém, sem que se compreendesse bem o porquê, o Papa decidiu nomear antes um ilustre quase desconhecido, Dom Rui Valério, até então Bispo das Forças Armadas, para o cargo de Patriarca. Já o Cardeal Dom Américo, a quem, supostamente, tantas virtudes são atribuídas e de tantos feitos é merecido agradecimento, foi nomeado Bispo de Setúbal.


Dom Américo Aguiar



Dom Rui Valério

De certeza que o Papa Francisco sabe o que faz mas, não querendo desmerecer nem retirar mérito a Dom Rui Valério, que decerto o tem, a qualquer leigo ou mesmo clérigo que não esteja a par das razões e intenções do Sumo Pontífice, a nomeação do Cardeal Dom Américo Aguiar para a Diocese de Setúbal parece quase assemelhar-se a um prémio de consolação, senão um castigo. Como diria a antiga sabedoria popular, é como «ir de cavalo para burro». E note-se que os burros nem de perto nem de longe são inferiores aos cavalos.


Às tantas, isto é só impressão minha e eu estou errado.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!


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A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!