terça-feira, 20 de março de 2007

Morte condigna

Ora aqui está um tema que ultimamente tem andado muito na berra. Especialmente desde o recente julgamento da enfermeira Chantal Chanel e da médica Laurence Tramois que a discussão acerca dos contornos legais que esta problemática deve ter voltou a figurar nos órgãos de comunicação social. Já para não falar na ajudinha que o referendo ao aborto deu para levantar o pó a esta questão (como com a criação das salas de injecção assistida), entre outros. E já que a caca do pombo é corrosiva, foi dado o mote para mais alguma corrosão por parte desta ave irrequieta.
Já anteriormente o filme espanhol "Mar Adentro", magistralmente realizado por Alejandro Amenábar, havia agitado as águas deste assunto há 3 anos com o assunto, baseado na história verídica de Ramón Sampedro, que havia sofrido um acidente que o deixou um tetraplégico em novo e que o havia prendido a uma cama por 28 anos. Um filme a ver, não apenas pela temática que aborda (ou pelo Óscar de Melhor Filme Estrangeiro desse ano) mas pela excelente interpretação de Javier Bardem e restante elenco que engloba. Vejam quando puderem.

O que está, portanto, em questão, é se deve ou não permitir-se que membros da comunidade médica, cobertos pelo juramento de Hipócrates de zelar sempre em primeiro lugar pela vida dos pacientes / doentes, possam ajudar aqueles que, padecendo de uma doença incurável e em estado terminal, desejem por termo a todo o sofrimento que já passaram devido à doença de que sofrem ou com o tratamento da mesma, que é como quem diz, se deve ser legalizada a eutanásia quando expressamente pedida pelo próprio a um médico ou a um enfermeiro.
É sabido que em certos países, como é o caso da França, é permitida a eutanásia passiva, que é como quem diz, permitir a morte do paciente que requereu a ajuda médica para morrer através da não prestação dos cuidados médicos correntes. Eu pessoalmente acho essa forma ainda mais desumana que pura e simplesmente acabar com o sofrimento de um ser humano! O que será mais aceitável: acabar com o sofrimento atroz de uma pessoa ou deixar de a ajudar? Sabe-se lá quantos dias não passarão ainda até que uma pessoa nessas condições dê o último suspiro? E em que sofrimento acabará os seus dias?

Pois, como devem ter reparado, eu sou a favor da eutanásia. Defendo que toda a gente, como direito que tem à vida, da mesma forma deve poder ter a opção de a terminar quando acha que a dor proveniente desta é de tal forma insuportável que decide acabar com ela. E uma vez que, em situações-limite de doença em fase terminal irreversível, defendo que as pessoas que tomaram essa opção devem pedir ajuda a que acha por bem ajudá-las a ultrapassar a dor.
Quem segue este blogI, sabe que eu era (e sou) contra o aborto por defender a vida. Mas não julguem que defender a eutanásia faz com que me contradiga. Tanto que eu defendo que a lei (ainda)em vigor é a ideal. Isto porque eu penso que CADA SER HUMANO tem o direito de optar por o que faz da sua vida, desde que a sua opção não interfira com a vida dos outros no seu sentido mais biológico! Como tal acho degradante que uma sociedade em pleno séc. XXI penalize quem auxilie a realizar o último desejo de alguém que está a sofrer! Como podemos dizer-nos humanos se deixamos sofrer outros deliberadamente, sabendo que a única opção que lhes resta é a paz eterna? Os meus parabéns às senhoras
Chantal Chanel e Laurence Tramois por ajudarem a quem precisa e o meu maior bem-haja.
Fica aberta a discussão.

Que a caca esteja convosco!

4 comentários:

Migas-o-Sapo disse...

Pôssa! Fala um tipo em coisas alegres e vem-me este marmanjo com assuntos deprimentes. Também não admira, ele é deprimente...
Ora bem, eu sou contra a eutanásia, evidentemente. Violar o Juramento de Hipócrates isso sim seria uma hipocrisia! Se a missão dos médicos e enfermeiros é ajudar as pessoas a alcançarem a cura ou a minorarem o seu sofrimento, porque haveriam de ajudá-las a morrer? E além disso, isto é de um gigantesco contra-senso. Matar é crime! A vida humana é inviolável! Haja coerência! As outras foram presas por terem feito eutanásia? Óptimo, parece-me justo, elas que apodreçam na cadeia.Mesmo que seja a pedido do paciente, é sempre morte e sempre morte de um indefeso!
Claro que temos de ter também em conta que as pessoas nessas condições têm uma existência vegetativa e degradante mas não será melhor do que condená-las à inexistência? E a esperança? "Enquanto há vida há esperança." "A esperança é a última coisa a morrer." Há sempre a possibilidade de se poder alcançar uma cura entretanto!
Desumano não é ajudar a viver, desumano sim é em pleno século XXi haverem países que se degradem ao ponto de regredirem a padrões legais selváticos.
Viva a vida!
Viva a esperança!
Não à eutanásia (=aberração legislativa)!
Que a caca esteja convosco!

X-Filer disse...

O quê? Hipocrisia? Haverá maior hipocrisia que não dar alguma dignidade a quem já não tem nada senão a sua própria dor? Haverá algo mais humano que retirar o sofrimento a quem sente dor? Hipocrisia é olhar para o lado em casos destes e refugiar-se atrás da lei, quando no fundo apenas se estão a esconder para não terem de lidar com o problema!

Para além disso, que parte de DOENÇA INCURÁVEL EM FASE TERMINAL é que não percebeste? É que é precisamente nesta morada que morreu a esperança! A única esperança que estas pessoas têm nesta altura é apenas de que irão morrer da forma mais rápida e indolor possível! Pensas que isto é a televisão? De repente aparece a cura para um cancro em fase terminal??? Isto é a vida real! Não há nada que esteja em investigação que possa curar um tumor inoperável! Ou será melhor deixar que a pessoa caia em estado vegetativo durante 30 anos até se descobrir a cura para o cancro?

Deixar alguém deliberadamente a sofrer é que é selvático! Isso sim é desumano! E mais: é tortura! Deliberadamente deixar que uma pessoa sofra até que finalmente o corpo se canse de tentativas infrutíferas de manter os órgãos em funcionamento e se desligue é que é inqualificável...

Dark_Angel disse...

Eu concordo com o X-Filer qdo ele diz k em caso de doença terminal a eutanásia seja uma opçao. Desconheço a lei vigente. Pco antes de publicares este post, uma mulher em espanha conseguiu com que lhe concedessem a eutanásia.Tinha uma doença incuravel,estava desde os 20 anos presa a uma cama, respirava com auxilio de maquinas. Vejo que seja uma morte com dignidade, nao me parece k seja condenar a inexistencia, e essa pessoas agarram-se à esperança..esperança de quê? As curas nao aparecem dum dia para o outro, infelizmente a ciencia nao evolui assim tao rapidamente. acho que chega a um ponto em que a esperança ja se foi!
Como ja disse desconheço as leis,mas axo k em determinadas situaçoes clinicas, a pedido da pessoa, acho que nao deveria ser crime. As vezes nao parece k o melhor alivio para o sofrimento de doentes terminais, nao será a morte? Que esperança é a de uma pessoa numa cama, que precisa de ser diariamente sedada para nao ter dores, em que chega a um ponto em que diz k nao suporta mais e ker morrer!
Mas é um tema complicado, dakeles k nao keremos pensar, nem temos uma opiniao mto bem formada, a nao ser k tenhamos a infelicidade de nos bater a porta.
Acho que as pessoas, profissionais de saude precisam de ter coragem, nem sei se é este o termo k + se adequa, para por termo a uma vida. Se eu fosse medica, será que era capaz de por termo a uma vida em sofrimento....nao sei! É dificil imaginar...
Epá X-filer, so temas dificies, so temas dificeis, oh possas.Pá proxima kero um tema alegre e divertido po pessoal comentar! estes dificies tb fazem falta, mas tens de ekilibrar o prato da balança com um tema mais levezinho!

Migas-o-Sapo disse...

Eu tenho uma opinião bem formada e firmíssima quanto ao assunto: sou absolutamente contra, pelas razões já referidas, entre outras. Estou bem ciente das limitações e é óbvio que uma cura, salvo seja milagrosa, não aparece dum dia para o outro. Porém, a função dos médicos, enfermeiros e auxiliares é de curar ou minorar os efeitos das enfermidades, jamais matar. Isso seria rebaixarmo-nos ao extremo da barbárie.
Uns dirão "tu dizes isso porque nunca foste confrontado directamente com uma situação limite". Eu respondo-lhes: a minha avó morreu na maior das desgraças com um cancro e a um contra-tio meu foi-lhe diagnosticada a Doença de Alzheimer há pouco tempo e é certo que ele vai chegar ao extremo dos extremos da indigência. Eu gosto deles e prefiro martirizar-me a mim próprio e a eles com a falsa esperança de uma cura súbita do que deixá-los pura e simplesmente morrer.
Morrer com dignidade para mim não é suicidar-se, isso é a cobardia suprema, dignidade é lutar até ao fim. Até o estúpido do Dom Sebastião, louco e gravemente doente, preferiu lutar até à morte mesmo sabendo que ia morrer do que entregar-se, matar-se ou fugir. É insanidade, sim, senhores, mas não será mais ainda dar a pena capital a nós próprios? Infelizmente, nos nossos tempos chegou-se ao baixo nível de preferirmos o caminho mais curto e simples para tudo, seja ou não o acertado.
A nossa lei já está suficientemente corrompida, daqui a bocado ainda chegamos ao nível degradante da Espanha ou, pior ainda, da Holanda.
Bem, já chega de temas tristonhos. A vida, tal como eu disse, é alegria! Alegremo-nos também um bocado. É por isso que escrevi a boa nova da "postagem" seguinte.
Que a caca esteja convosco!

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A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!