quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Já chega de Martim Móiz-me (ou a vergonha da polémica em torno da rusga no Martim Moniz)

 De cada vez que a comunicação social dá com uma, já não desgruda. Os políticos então, valha-nos Deus!


A semana passada, a Polícia de Segurança Pública levou a cabo uma rusga na zona do Martim Moniz, em Lisboa. Dezenas de pessoas, na sua maioria imigrantes, foram encostadas às paredes e passadas a revista. Esta operação, que já estava a ser preparada desde Agosto na sequência de várias denúncias de casos de prostituição, assaltos, violência e tráfico de droga, resultou num saldo, apesar de tudo, bastante fraco: dois detidos apenas e ambos portugueses, um por posse de droga e outro de arma ilegal. À partida, a situação daria num quase nada, não fossem as sucessivas queixas que se seguiram de partidos políticos e, por contágio, particulares e organizações. Desde então, é um alarido enorme em torno da questão.

 

 Sinceramente, já não posso ouvir falar no assunto. Não compreendo o porquê de se falar tanto sobre esta operação que até é algo relativamente comum no nosso país e noutros e, uma vez justificando-se, ainda bem. O que não falta são as autoridades fazerem rusgas assim. Numa zona próxima a onde eu nasci, posso mesmo dizer que é mesmo corriqueiro, tendo em conta a quantidade de vezes que já ouvi dizer que lá fizeram isto. Alguma vez causou alarido como neste caso do Martim Moniz? Não, nunca. Nem mesmo quando de uma das vezes fizeram lá uma carga de cavalaria, há uns 15 ou 20 anos. Então fico a pensar no porquê desta ocorrência agora ter tido tanto mediatismo. A resposta é simples. Muitos dos visados eram de determinadas nacionalidades e o ocorrido deu-se agora. Se se tivesse dado há uns anos ou mesmo agora mas com outros imigrantes ou com portugueses, tudo teria passado ao lado. Como se não bastasse, não se assistiu a nenhuma brutalidade nem abuso de autoridade ou sequer falta de respeito da parte dos polícias. De facto, vejo para aí muitos caramelos queixarem-se do sucedido mas não consta que algum dos que foram revistados pela Polícia tenha apresentado queixa ou se tenha queixado de alguma outra forma. E mais afirmo: fala-se tanto em aproveitamento político da questão e não duvido que o haja mas acima de tudo da parte de bloquistas, comunistas e socialistas, acima de outros. Estes e outros continuem assim que decerto farão o Chega continuar a subir nas intenções de voto e depois logo se queixam.

 Fala-se muito em vergonha mas se alguma há é a de todo o falatório que se tem feito questionando o que se passou. Se as autoridades não tivessem feito nada, de certeza que queixas também se fariam ouvir. Deixo-me até ficar aqui com uma última questão que dá que pensar. Para uma acção desta envergadura, com tão prolongado planeamento e tão fortes indícios ter tido tão frouxos resultados, ou a Polícia caiu num erro gigantesco, ou foi alvo de falsas denúncias e caiu numa emboscada ou os que haveriam de ser detidos no Martim Moniz fugiram da zona antes das autoridades chegarem, se é que me faço entender.

A Lei não conhece nacionalidades. Apenas a necessidade de ser cumprida em prol da ordem pública e do bem-estar comum.

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 22 de dezembro de 2024

Mensagem de Boas Festas do Pombocaca

 Mais um ano está a chegar ao fim e com ele vem a mais encantadora das épocas.  Com a chegada do cúmulo das longas noites, inicia-se o Inverno que, com a sua aspereza aparente, trás apesar disso consigo a esperança de um renascimento da vida com uma quase de início imperceptível paragem da diminuição dos dias e depois com o seu novo crescimento. É neste contexto que temos logo a seguir o Natal, o verdadeiro carimbo cristão que certifica essa vitória da vida sobre a morte.

Muito já eu tenho falado sobre esta época e o seu significado face às tormentas e desvios de atenções que fazem padecer a Humanidade, pelo que não me porei com grandes dissertações pois creio já ter dito e repetido tudo diversas vezes sem que, contudo, a situação melhore, antes me pareça que esteja a agravar-se. Direi apenas que pode parecer que estamos no Outono dos Humanos, que a nossa felicidade, minada por invejas, diferenças, conflitos e ódios, se vai diminuindo. Que a noite dos tempos se aproxima para devorar a existência e que nós, apesar das evidências, permanecemos tão distraídos e alheios a tudo ou, ainda que conscientes, caídos em desespero. Porém, há mais de dois mil anos isso também parecia ser um facto e o nascimento de um pequeno e frágil rapaz em tão precárias condições trouxe um novo Inverno e uma promessa de nova Primavera, ou seja, esperança e vida nova para o Mundo. E se era assim tão improvável que sobrevivesse, como é que vingou? Com união, alegria e amor, pois claro. Com gente que pôs de lado as suas diferenças e rumou a Belém para ver e acarinhar a nova esperança de Deus para tudo e todos. Decerto teriam todos eles interesses, afazeres ou distracções próprias e não nutririam por alguns dos outros particular simpatia mas não deixaram de se juntar em prol de um bem comum.

Esqueçamos as nossas crenças por agora, se é que as há, e olhemos para este projecto. Porque não fazermos todos nós o mesmo hoje? Porque não deixamos para trás o que nos aparta e nos unimos para o benefício geral de toda a existência? Não constará isso apenas em deixar de fazer o mal que temos feito uns aos outros e às outras criaturas? De certeza que de uma acção destas só poderia resultar a nova Primavera da Humanidade.

Caros amigos. O Pombocaca gostaria de vos desejar um santíssimo Natal e um ano de 2025 com toda a felicidade desejada. Saúde e paz para todos!

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

sábado, 14 de dezembro de 2024

Ronda pelas tradições quase esquecidas: ramos de frasca

 Para quem acha que neste blog só se escrevem asneiras, aqui vai um assunto cultural, o qual já devia ter sido falado há bastante tempo.

Foi já em Setembro de 2022 que fui a Santa Clara-a-Velha, uma pacata aldeia do Concelho de Odemira, e me deparei com a ocorrência de um casamento, algo que ali não acontecia já há cinco anos, segundo me contaram. Contudo, havia algo de invulgar a acontecer. Um grupo etnográfico local, as Gentes do Alto Mira, com os elementos trajados a rigor, tocava temas tradicionais à saída do novo casal da igreja. Numa pausa entretanto feita, a que me parecia ser a líder do grupo, a Dona Odete, explicou o que ali se estava a passar bem como o significado de uns curiosos objectos que sustinham.

Antigamente, as bodas nesta parte do Alentejo processavam-se de maneira um bocado diferente da que hoje é o uso comum. Quando alguém se casava, não tinha grandes posses. No fundo, a vida conjugal ia-se construindo ao longo do tempo. Por isso, em vez de serem os noivos a proporcionar aos convidados o copo d'água, eram os convidados que traziam consigo muitos dos comes e bebes. Para o efeito, aproveitavam os aros de madeira de peneiras cuja rede se tinha estragado e montavam uma espécie de esfera armilar fixa a uma vara com que se erguia e segurava pela mão o objecto. A esfera era então decorada com recortes elaborados de papel colorido e nele costumavam também fixar-se biscoitos ou outros tipos de bolos secos, as mais das vezes simples bolinhos de manteiga. A estes objectos peculiares dava-se o nome de ramos de frasca. Estes seriam transportados à mão, fosse a pé ou em montadas, pelos convidados até ao local da celebração, normalmente num alegre cortejo que costumava contar com cantigas.

 


Grupo «Gentes do Alto Mira» com os curiosos ramos de frasca. Fotografia gentilmente cedida por um dos convidados para o casamento.

De acordo com a mesma narradora da ocasião, a última vez que tinha tido notícia de se ter levado a cabo este costume, teria sido 80 anos antes, aquando do casamento dos seus pais, e os ramos de frasca teriam sido feitos por Delfina de Góis. A reacção de alegria não se fez esperar. Ao que parece, era parente de muitos dos presentes. Outro dado curioso que obtive é que numa derradeira ocasião mais recente o costume ainda foi usado: nada mais nada menos que 78 anos antes, isto é, em 1944, aquando do casamento dos avós do noivo que agora se casava, sendo que a autora dos ramos de frasca foi a mesma Delfina de Góis.

Achei o costume tão curioso que me pus a investigá-lo. Porém, não encontrei qualquer menção nem em documentação nem na Internet. Passei então à pesquisa no terreno e encontrei ainda recordações disso entre as pessoas mais velhas. Noutros tempos, muitas pessoas iam do Algarve para o Alentejo trabalhar nas mondas e nas ceifas. Consequentemente, o costume foi levado também para a província mais meridional do nosso país, sendo que nos inícios do século XX era um hábito corrente em pelo menos parte dela. Se o mesmo aconteceu em terras a Norte do Alentejo, isso já não sei dizer. Contudo, em meados da mesma centúria, caiu quase sùbitamente em desuso e ficou no esquecimento até este grupo etnográfico o ter recuperado.

Fiquei tão admirado quanto curioso quanto a esta celebração e só tenho a dar os meus louvores às Gentes do Alto Mira, esperando que a bonita tradição tenha sido recuperada e continue a ser feita, devolvendo assim mais um pouco de brilho e riqueza à nossa cultura.

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 1 de dezembro de 2024

Viva Portugal! Viva a Restauração!

 Celebremos Portugueses

O dia da redenção

Em que valentes guerreiros

Nos deram livra a Nação!


Pois é, já foi há 384 anos que um punhado de conjurados patriotas resgatou Portugal da opressão, da ruína e da escravidão. É meu desejo que todos estejam a ter um feliz feriado e que se lembrem de quem se arriscou e sacrificou para que pudéssemos gozar da liberdade que passámos a ter.

Feliz Restauração!

Que a caca esteja convosco!

 

 

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Pensamento poético-batráqueo do dia

«Poesia que não rima é prosa encavalitada.»

Migas-o-Sapo


Que a caca esteja convosco!



P.S.NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

YYYYYYYYYYYYYYYYYYABADABADOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!

 Já que estamos a falar de pessoas que se tornaram conhecidas durante a pandemia de COVID-19, lembrei-me de alguém já antes conhecido mas que então ganhou uma certa notoriedade. Falo do Presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (sim, isto existe), Filinto Lima.  Já alguém imaginou na quantidade de piadolas que se fariam às custas dele se o seu nome fosse Filinto Pedra?




Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Já chega de bater no morto, quer dizer, vice-almirante!

 Há coisas que vão muito além da minha compreensão. Uma delas tem sido recorrente de tempos a tempos e ùltimamente regressou à baila com um força que me mete impressão. Desde que o Vice-Almirante Gouveia e Melo foi nomeado como o líder do grupo de trabalho responsável pela coordenação da vacinação durante a pandemia que parece ter dado uma travadinha na cabeça de parte considerável da comunicação social: a cada passo lá o homem é dado como candidato à Presidência da República, ainda que ele nunca tenha tido qualquer iniciativa de falar do assunto ou sequer tê-lo dado a entender, o que, aliás, seria contrário aos seus deveres militares. De facto, ninguém sabe dizer com precisão como é que nasceu esse rumor absurdo. Daí, é ver com frequência aflitiva alguém a chagar a cabeça de Gouveia e Melo com esse assunto. Quando há dias rejeitou a sua recondução para um novo mandato de dois anos como Chefe do Estado-Maior da Armada, logo as sirenes dos tablóides ecoaram sonoramente e obtiveram réplica até na imprensa mais sensata!



Corro o risco de me acontecer o mesmo agora que me aconteceu com a ida de Jorge Jesus para o Benfica e depois com o seu regresso. Nunca acreditei que ele fosse fazer isso, que era uma fantasia, e muito menos que o repetisse, e no entanto fê-lo e eu tive de engolir o que eu disse. Agora afirmo: não faz qualquer sentido que Gouveia e Melo se candidate à Presidência da República. A avaliar por aquilo que ele já disse antes, e recordo-me agora em específico de uma entrevista dada a Filomena Cautela, acredito que ele não só não se candidatará como está farto de ser chateado com isso e nem sequer quer ouvir falar no assunto.

Não seria melhor os meios de comunicação social dedicarem-se a temas e notícias de verdadeiro interesse? Às tantas o homem rejeitou a recondução no cargo para poder fugir para o outro lado do Universo e não ter quem lhe dê cabo do juízo com tamanho disparate.

Que a caca esteja convosco!



P.S.:NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 24 de novembro de 2024

Aumento populacional e imigração: bons mas como assim?

 Lá vem mais um daqueles textos que vai deixar gente enxofrada por aí. Contudo, não é esse o meu propósito. É apenas o de explanar algumas minhas ideias e opiniões. Vou apresentar o caso da forma mais objectiva possível. Se alguém achar que eu estou a ver mal, então contra-argumente, por favor.


Domingo passado vi o comentário de Luís Marques Mendes na S.I.C. e fiquei de testa franzida ao ouvir uma das suas opiniões. Concordo com muitas e discordo de outras. Apenas refiro esta agora porque tenho vagar para o fazer, nada mais. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, a população residente no nosso país ultrapassou os dez milhões e seiscentos mil habitantes, sendo que o aumento se deveu essencialmente ao enorme fluxo migratório que se tem verificado nos últimos anos, uma vez que os nascimentos conhecidos, já de si em boa parte de filhos de imigrantes, são inferiores aos óbitos. Sem este incremento de gente, a nossa população cifrar-se-ia em pouco mais de nove milhões, a avaliar pelo saldo negativo entre os que nascem e os que morrem e a contínua (e quanto a mim quase inacreditável) saída de congéneres nossos para o estrangeiro, de onde, tristemente, muitos não pretendem sequer voltar. Ora o popular comentador saudou este aumento populacional argumentando que era muito bom, constituía um aumento da força e da riqueza do país, com incremento de mais contribuintes e mão-de-obra.

Não é uma opinião nova. É comum verem-se empresários e políticos falarem da mesma maneira. De facto, hoje em dia parece que se uma empresa ou uma localidade não crescem em dimensão, então é porque estão estagnadas e prestes a entrar em declínio. Crescimento é sinónimo de progresso e existe uma obsessão nesse sentido que extravasou da economia para todas as outras áreas. Porém, eu fico a pensar que Marques Mendes e outros que tais estão redondamente enganados.

Crescer é bom?

Sim... mas só até certo nível. Recomendo a leitura do livro «Uma Vida no Nosso Planeta», de David Attenborough, só para citar este documento imprescindível e de leitura tão fácil quanto obrigatória. Nele, bem como noutros, é explicado algo que é do senso comum. Num sistema fechado, como é a Terra, pode crescer-se à vontade mas não indefinidamente. Há-de chegar-se a um ponto em que a capacidade chega ao limite e não dá para crescer-se mais porque não há recursos suficientes para este continuar a fazê-lo. A partir desse limite, ocorre uma sobre-exploração dos recursos. Como estes não chegam, a população entra em competição. O ambiente vai-se tornando cada vez mais tóxico e uma ou mais das partes sucumbe em prol do crescimento de outra ou outras. Por vezes, a degradação ambiental atinge o ponto em que toda a população se degrada e morre.

Este princípio está cientìficamente provado em culturas de bactérias, por exemplo, e é sabido que terá sido assim que os Maias ou os Rapa Nui colapsaram. Há muitos casos concretos que ilustram o princípio mas vou recorrer a um exemplo mais prático compreensível a todos. Conheci uma cidade no nosso país, não muito grande, que tinha uma rua quase em exclusivo dedicada ao comércio, até a alcunhavam de «Rua das Lojas», e uma série de pequenas mercearias e outros estabelecimentos espalhados pela malha urbana. A certa altura, foi construído um centro comercial. Depois outro e outro e outro. Nem sei quantos tem actualmente. Sei que por toda a cidade, pequenas casas de comércio foram fechando as portas e as que restam estão sufocadas e em agonia financeira. Chegou-se ao extremo de edificarem dois centros comerciais a par um do outro, logo à entrada da cidade. Quando construiram um terceiro, ainda maior, do outro lado da rua, até um dos dois já existentes não aguentou e fechou as portas. Não havia clientela para todos. Transpondo o caso para o princípio referido, o ambiente chegou ao seu limite, não foi possível crescer mais, isto é, haver aqui mais comércio, e alguns acabaram por morrer.

Claro que há uma forma de evitar que este colapso aconteça, que é não chegar aos limites nem os forçar. Curioso é que, em condições favoráveis, uma população não cresce indefinidamente. Tem uma explosão populacional, alcança um patamar máximo e depois entra em decréscimo até estabilizar numa espécie de meio termo sustentável.

Regresso ao livro. Toda a gente sabe que a população humana a nível mundial está a aumentar, o que tem sido um sufoco para os recursos, cada vez mais exaustivamente sobre-explorados e esgotados, e para uma progressiva degradação ambiental e, por consequência, das condições de vida. Contudo, há vários países no Mundo em que os habitantes gozam de razoáveis ou boas condições de vida em que a população conheceu esse crescimento repentino, alcançou um pico e depois reduziu-se até estabilizar, do qual o caso mais emblemático e estudado é o do Japão.  Fico eu a pensar se o mesmo não estaria a acontecer com o nosso país. É certo que Portugal está em franca decadência e já tem sido falado amplamente disso aqui, no Pombocaca, como quando falei do Estado da Nação, no ano passado, mas deixemos agora isso de parte e restrinjamo-nos à população em particular. Recorro ao meu velhinho «Almanaque de Portugal», ainda escrito à maneira etimológica como «Almanach», de 1855 e verifico que a população do Continente e Ilhas Adjacentes ascendia aos 3.814.771 habitantes em 1850, sendo que a população do referido Território Continental variou entre os 1.550.000 em 1527 e os 3.471.199 de 1850. Nos finais do século XIX e durante o século XX, a partir de dada altura, consequência da estabilização social e política, a melhoria das condições de vida levou a um aumento da população até estabilizar em cerca de dez milhões nas últimas décadas dessa centúria e princípios da presente. Porém, a população começou a diminuir. Pondo agora de parte a crise e mesmo fazendo de conta que não ocorreu a emigração massiva que se deu e dá, é notório o envelhecimento da população, uma diminuição da natalidade e um aumento da mortalidade. Portanto, interrogo-me quanto a se não estaria o nosso país já na fase de maturidade populacional em decréscimo rumo à estabilização demográfica.

Sabendo que Portugal é altamente deficitário e cada vez mais dependente do estrangeiro para o seu sustento, não será complicado que haja um aumento da população? É que quanto mais pessoas há, mais recursos são necessários ao seu sustento. Mais alimentos, mais casas (embora essas já as hajam em excesso), mais transportes, mais estradas, mais hospitais, mais escolas e muitas outra infra-estruturas, mais roupa e outras necessidades e comodidades e, por consequência, mais energia e água e redes que as permitam fornecer, bem como mais de outros artigos e matérias-primas. Tudo isto implica um aumento da despesa pública. Ora do pouco que ainda se vai produzindo, muito é para exportação, pelo que é necessário um incremento da importação e consequente aumento do défice da balança comercial, já que o que se importa é, de longe, sempre superior ao que se exporta, nas presentes condições.

Temos ainda que os sucessivos maus governos foram permitindo e até incentivando o abandono do interior do país com todo um rol de extinção de serviços públicos e postos de trabalho e outras péssimas opções que conduziram a que em metade do território tivesse deixado de haver Estado e na outra metade a população se atafulhasse amiúde sem condições. A capacidade produtiva de Portugal foi dràsticamente reduzida nos últimos 40 a 50 anos e recuperá-la implicaria um investimento que, nas actuais circunstâncias, exigiria um esforço económico e de recursos quase impossível de levar a cabo.

Em suma, a nossa economia é débil, reduzida e, como um dia logo hei-de explicar, fortemente inflacionada, pelo menos na parte sobrepovoada do território. Tem capacidade para providenciar meios para mais população mas de forma limitada e, em muitos casos, com ainda maior sacrifício de bens mais valiosos que importam também preservar.

Não sei se será necessário continuar e apresentar argumentos. Acho que já toda a gente percebeu a ideia.

A questão dos contribuintes

 No ano passado ou há dois anos, já nem me lembro, houve alguém que se apresentou em defesa da imigração com o argumento de que a Segurança Social passara a contar com mais 600.000 novos contribuintes, o que contribuíra para um aumento da receita e seu consequente saldo positivo. O que ele e outros iluminados esquecem ou omitem é que os imigrantes, tal como nós, Portugueses, descontam e, um dia mais tarde, tal como nós, terão naturalmente direito a beneficiar de subsídios, reformas e outras pensões. Olhando para a taxa de inflação, para o aumento da esperança média de vida e para o aumento dos benefícios sociais, entre outros factores, depressa se chega à conclusão que as despesas da Segurança Social serão sempre superiores às receitas. É normal. Portanto, seria necessário que houvesse um fluxo constante de novos contribuintes para que o sistema continuasse a ter liquidez. Mesmo assim, ao ritmo actual de novos contribuintes, o sistema entraria em sobrecarga e falência ao fim de escassas décadas. O aumento de novos contribuintes também levaria ao constante futuro aumento das despesas, a não ser que os benefícios sociais fossem restringidos, o que seria injusto para quem contribuiu. O mesmo se passa quanto ao Fisco, que pode contar com novas receitas mas estas depressa serão reencaminhadas para despesas em infra-estruturas, equipamentos e serviços públicos derivados ao acréscimo da população. Estes e outros sistemas só são viáveis em caso de estabilização ou diminuição da população.


Emprego e riqueza nacional

No ano passado, os empresários da hotelaria, restauração e outras actividades ligadas ao turismo alegavam que necessitavam desesperadamente de 20.000 novos empregados para cobrir as vagas de pessoal. Se durante décadas o sector não tivesse, de uma forma geral, usado e maltratado os naturais, decerto arranjar-se-ia quem ocupasse os empregos de entre os de cá. Tal não aconteceu. Por isso, o Governo de António Costa até estabeleceu protocolos para mandar vir pessoal de Marrocos e Cabo Verde. A burocracia foi muita, complicada e demorada e poucos foram os que chegaram a vir. Depressa os empresários também concluíram que, afinal, não eram necessários assim tantos empregados. Desta forma, este ano apenas se falava em 8000 empregados necessários. Já se sabe como são os empresários, sempre exagerados.

Já que falo em empresários, é verdade que muitos têm tido grande dificuldade em encontrar empregados portugueses. Contribuem numerosos factores para isso: sobredimensionamento da empresa ou da economia, economia nacional débil, falta de vontade em seguir certas carreiras profissionais seja por vontade ou preconceito, preguiça e subsidiodependência por parte da população, entre muitos outros. Porém, é comum ouvir empresários falarem em terem de recorrer a mão-de-obra estrangeira porque os portugueses não querem trabalhar. É verdade que há com fartura quem prefira andar a parasitar familiares, amigos e Estado do que trabalhar. No entanto, também não é menos verdade que muitos empresários nem sequer querem saber de empregados portugueses nas suas empresas e eu falo com conhecimento de causa. Os estrangeiros, face à sua situação, sujeitam-se a tudo e trabalham com frequência afincadamente para obterem sustento sem conhecerem horários, férias, folgas ou quaisquer direitos legais. Já os Portugueses estão cientes dos seus direitos e querem contratos, horários fixos, folgas certas, férias e tudo o que a legislação prevê. Há ainda aqueles, não poucos, que por terem formação superior é suposto receberem maior salário que os que não a têm. Daqui se gera a dicotomia «estrangeiro barato, português caro», um verdadeiro estereótipo bem vincado mas que nem sempre corresponde à verdade. Ora qualquer empregador quem escolheria para seu empregado? Naturalmente a quem tivesse de pagar menos.

Por outro lado, temos que muitos imigrantes vêm à procura emprego para obterem dinheiro e melhores condições de vida, quando não vêm também fugidos de conflitos, ditaduras ou outros tipos de perseguições. Se uns pretendem estabelecer-se em terra alheia à sua, outros há que ambicionam amealhar para mais tarde regressarem aos seus lugares naturais e aí terem uma vida melhorada com os ganhos obtidos.  Por isso, e à semelhança do que muitos portugueses fizeram pelo Mundo fora, trabalham, ganham e enviam o que podem para as suas terras de origem. Daí resulta o país onde estão estabelecidos a trabalhar ir empobrecendo com a saída de capitais para o estrangeiro, hoje em partes do ordenado e mais tarde em reformas e outras pensões. Pode parecer irrelevante mas não o é se hoje mais de uma décima parte da população é estrangeira. É verdade que nem todos pretendem ou conseguem mandar para os seus países algum dinheiro e é também verdade que nem todos eles alguma vez regressarão às suas terras-natal ou sequer venham a receber pensões ou subsídios de qualquer tipo. Porém, seja em pequena ou larga escala, a saída de capitais é sempre inevitável. Aconteceu connosco, acontecerá com eles.

No que diz respeito à economia, parece-me que a imigração só é benéfica para os empregadores do sector primário (o produtor, como na agricultura, pesca e pecuária) e, quanto muito, de parte do secundário (o que transforma, como a indústria) e áreas restritas do terciário (a prestação de serviços, neste caso em particular em certos lugares de hotelaria, restauração, comércio, limpezas, entre outros) em que não seja requerido grande grau de formação, o que encareceria a mão-de-obra, tudo isto, claro, no caso de pessoal com pouca ou nenhuma qualificação. De igual modo sê-la-á para lugares que exijam qualificação de categoria elevada quando não hajam portugueses em semelhantes condições ou havendo-os, se servir de complemento e mútua aprendizagem. No entanto, sempre é necessária alguma formação, independentemente do grau de instrução e especialização, para que as funções sejam desempenhadas conforme o pretendido e para que o empregado estrangeiro, sem compreensão do novo contexto em que se insere, possa ter alguma noção do que está a fazer, do que vai fazer e da sociedade que o rodeia. Mesmo isto só a curto ou médio prazo pois ao fim do estipulado pela Lei, passa a efectivo e a dispor dos correspondentes direitos, a não ser que isso seja desejável pelo empregador, e tudo isto se o imigrante não estiver a ser usado como um escravo ou algo do género, o que é comum, quase sempre por via de conterrâneos seus e muitas vezes com cúmplices ou parceiros entre nós, Portugueses.

Demografia e genética

Já vimos que o aumento da população por si só não acarreta nenhuma riqueza material, ao contrário do que defendem certos economistas e políticos. E humana? Se ela se desse apenas entre população nativa, não acarretaria nem vantagens nem desvantagens do ponto de vista genético e do demográfico só pelo povo passar a ser mais numeroso, o que, como já vimos, não trás consigo qualquer benefício material, só humano. E se este se desse por via da imigração? Acarretaria se a população nativa fosse de tal forma diminuta que a reduzida variabilidade genética e a consequente forte consanguinidade acabassem por dar origem a frequentes e sucessivas deficiências. Ora os Portugueses são cada vez menos mas ainda constituem um grupo amplo e variado mais que suficiente para que esta questão jamais se ponha. Porém, quando um fluxo migratório é muito expressivo, como aquele a que temos assistido, vemos que a população pré-existente venha a ser incorporada ou substituída por uma nova. Daqui resulta nenhum ganho demográfico, apenas uma perda do que já existia, visto que a nova gente tem características diferentes da antiga e em vez de ganhos em variabilidade genética, só há a perda de um grupo com as suas próprias características.

Diz-se ainda que «todos diferentes, todos iguais». É verdade indiscutível que somos todos humanos e, como tal, iguais, ainda que com as suas nuances de diferença. Nalguns casos, as distinções vão um bocado além de nuances e de meras características físicas. Por exemplo, os negróides, grupo a que pertence a maior parte dos povos de África e muitos habitantes principalmente da América e de antepassados  africanos, têm em geral uma intolerância à lactose superior à dos causásicos, a que pertencem, entre outros, os europeus, uma vez que não têm uma lidação com o leite tão antiga como estes e não desenvolveram a lactase, a enzima que a decompõe. Também têm os homens desse grupo da Humanidade níveis de testosterona superiores aos dos outros três, o que lhes confere maior força física e aptidão para esforços maiores de curta e média duração mas nem por isso de prolongados e resistência. Como este, há outros exemplos. Uma presença de indivíduos de povos distintos e distantes noutro contexto e o eventual cruzamento entre eles lançaria sem dúvida desafios e despesas maiores em áreas como a saúde, uma vez que seria necessária uma maior formação e mais meios de diagnóstico e tratamento, visto que há características e enfermidades mais comuns a certos povos que a outros.

No caso português, a situação só não é tão grave quanto ao estabelecimento de cidadãos estrangeiros e consequentes alterações populacionais, seja em número de habitantes seja em termos genéticos, porque uma parte significativa daqueles que ao nosso país aportam usa Portugal como uma porta de entrada para a União Europeia. Toda a gente sabe que a legislação por cá é das mais senão a mais permissiva da Europa quanto à admissão e regularização de imigrantes. As várias insistências da Comissão Europeia e de vários governos junto do Governo Português nos últimos anos com vista a tornar as regras mais restritas comprova-o. Por isso, muitos chegam, legalizam-se aqui e seguem para outros países.

Cultura

Quando duas culturas muito diferentes se encontram, é comum haverem incompreensões, atritos e, como é de prever, conflituosidade. Já dentro da mesma cultura, onde existe um maior ou menor grau de homogeneidade, isso é previsível. Quando ocorre um choque civilizacional, o resultado pode não ser o melhor. Fala-se muito em sociedades pluriculturais e não falta quem as defenda como formas de enriquecimento cultural dos países mas os acontecimentos dos finais dos anos 90 e princípios deste século em vários países, de onde se destacam França e Inglaterra, só para citar casos europeus, depressa frustraram essa teoria utópica, ainda que as evidencias tendam a ser repetidamente negadas e com os piores resultados, como se tem visto. Não quer dizer que os estrangeiros provoquem um aumento da criminalidade.  O que é lícito supor é que a criminalidade aumente na mesma proporção que a população aumente também mas que se mantenha estável em proporção relativa. O que acontece é que existem tipos de criminalidade característicos ou que se verificam mais entre imigrantes do que entre as populações nativas, o que é compreensível à luz das características culturais que lhes são próprias bem como a vicissitudes inerentes à sua introdução num novo território, como é o caso do tráfico de seres humanos e, quase inevitàvelmente, da prostituição, da extorsão, da exploração, do tráfico de droga, de crimes comuns mas com níveis de gravidade invulgares e de costumes que aos olhos das populações nativas sejam considerados criminosos. Não venham agora bloquistas, comunistas e afins dizer que não que toda a gente sabe que isto acontece e por isso não é preciso eu agora vir dar exemplos concretos disso. Quem diz o contrário, não tem a menor noção do que diz ou quer negar uma realidade tapando o Sol com uma peneira.

Quando uma cultura está estabelecida e os novos indivíduos introduzidos não são em número significativo, são integrados e aculturados com facilidade pelo povo nativo. Porém, quando a introdução é muito numerosa e ainda por cima os novos indivíduos são culturalmente muito diferentes da população pré-existente, duas coisas acontecem: os indivíduos estrangeiros, numerosos, não sentem necessidade de se adaptarem e agregam-se em comunidades e a presença é tão intensa que os naturais da terra acabam por se adaptarem às novas gentes e a aculturarem-se, ainda que possa haver uma resistência. Juntemos à equação uma outra variável: a da cultura nativa estar em franca decadência. Neste sentido, e consumando-se a aculturação, até a variedade cultural da Humanidade fica a perder. É como na Natureza, com a extinção de uma espécie, só que aqui é de uma cultura.

Em suma

Não creio que um aumento da população se traduza necessàriamente em aumento de riqueza e poder. Isso só seria possível no tempo em que o Estado pouca intervenção tinha em questões económicas e sociais, como a instrução, a saúde, a protecção e previdência, regulação empresarial, transportes, comunicações e toda uma infinidade de áreas que tornam a administração hoje complexa, difícil e dispendiosa. No que diz respeito à imigração, ela pode ser benéfica mas apenas se for regrada, com termos e critérios, de modo a que os imigrantes possam ser devidamente recebidos, acolhidos e integrados, para que daqui resulte em benefício para eles e para o país de acolhimento. A forma como tem sido feita em Portugal tem sido desastrosa e os sucessivos governos já deviam ter aprendido há décadas com o que se tem verificado noutros países. A verdade é que desde 1992 que as fronteiras estão escancaradas e não há qualquer controlo. Agora, a realidade está a bater-nos à porta. É necessário que seja implementado um controlo mínimo quer nas fronteiras, pelo menos nos termos de que já falei no «Estado da Nação», quer na imigração, que se deveria permitir na quantidade, qualidade e duração que as necessidades exigirem. A maioria dos estrangeiros que ruma aos países mais abonados vai com a ilusão de vir a encontrar um paraíso que já não existe ou nem sequer existiu. Se não houver algum cuidado, com brevidade a terra dos seus sonhos tornar-se-á no pesadelo do qual muitos deles procuraram sair.

 

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

COP-a-29... de natação

 Está a decorrer mais uma cimeira do clima, a COP 29, como é conhecida, desta feita em Baku, no Azerbaijão. A avaliar pela falta de entendimento entre os participantes, que me parecem mais interessados em questões económicas do que ambientais, e pela subida do nível médio do mar em consequência do degelo resultante das alterações climáticas, parece-me óbvio que se vai chegar à conclusão do costume: nada!


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Mais construção não, por favor!

 O Governo pretende facilitar os processos de construção e contratação de mão-de-obra, bem como mexer no Regime de Arrendamento Urbano, actualizar indirectamente as rendas e dar maior liberdade às autarquias em matérias de alteração aos planos directores municipais e licenciamentos. O objectivo é combater na habitação com incentivos à construção de modo a que se possam construir cerca de 59 000 casas até 2030.


Creio que a liberalização da construção não é solução para o problema mas antes mais um factor de agravamento deste. Se nada for feito em contrário, as novas casas acabarão por ser alvo da mesma ganância e consequente especulação que já atingem as que existem. Para além disso, a fúria construtiva que se tem verificado nas últimas décadas tem descaracterizado profundamente o nosso país, causando mais destruição do que melhoramentos. A qualidade de vida não tem melhorado. Na realidade, a urbanização de Portugal só tem piorado muitos aspectos, de entre os quais se destacam a falta de sossego,  segurança e com frequência infra-estruturas e um muito negativo impacto ambiental e, nalguns casos, também agrícola, visto que é normal áreas naturais, verdadeiros desafogos de vida, e alguns bons terrenos que produziam preciosos alimentos terem sido sacrificados em prol da amiúde desorganizada, desnecessária ou insensata edificação de prédios. Já que se fala em desnecessária, será que é preciso continuar a construir mais e mais casas? O mais provável é que em Portugal já existam casas para quase o dobro da população! Mas ai de mim, que sou tão ingénuo! Muitas das casas não se destinam sequer a serem habitadas mas sim a servirem de alojamento provisório a turistas. Quem quer arrendar uma casa, não consegue porque as rendas são demasiado elevadas ou os senhorios pretendem arrendá-las ao dia ou à semana a estrangeiros. O mesmo se passa com a compra e venda. Difìcilmente um português comprará um imóvel pois na maioria dos casos não tem o poder de compra que muitos estrangeiros têm. Aliás, muitos vendedores nem sequer querem vender a portugueses porque sabem que um estrangeiro pagará bem mais que um compatriota seu. Haja patriotismo, não é verdade? O patriotismo do dinheiro!


Portanto, se o Governo pretende combater a crise na habitação, deve antes é combater a especulação imobiliária e incentivar a reabilitação e requalificação dos imóveis existentes, bem como fiscalizar o arrendamento e o alojamento local, que está quase desregrado. E porque não também olhar para a metade do país que está ao abandono e dar de novo condições para que as pessoas lá continuem a viver ou a ela pretendam regressar?


Readaptando as palavras de Vasco Santana, «casas há muitas, senhores ministros!» Não creio que façam falta mais. Em vez de incentivos, deviam era haver sérias restrições à construção.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 17 de novembro de 2024

Mais uma vez... houve Trump(a)!

 Estou cá com uma sensação daquela doença francesa, o «déjà vú»! Porém, não se trata de nenhuma sensação de estar a presenciar algo pelo qual me parece ter já passado. Neste caso, é mesmo a repetição de um acontecimento.


Se a vitória de Donald Trump nas presidenciais norte-americanas de 2016 foi uma surpresa para todo o resto do Mundo, mas ao que parece nem por isso o foi para os cidadãos americanos, a reedição do triunfo neste ano não apanhou ninguém desprevenido. O Trump é doido, nós já o sabemos. Diz toda a espécie de asneiras que fariam, por comparação, o Nicolás Maduro parecer um doutor poli-diplomado. Nega o óbvio e defende o indefensável. Insulta este e aquele. De entre uma ou outra ideia acertada, apresenta um cento de propostas absurdas. Até parece que ele não queria cativar o eleitorado mas sim afugentá-lo. Kamala Harris, para ser fanco, não me parecia melhor. Apesar de à partida melhor intencionada e com um discurso mais coerente e conciliatório, não trazia consigo medidas que resolvessem os problemas do país. Perante este vácuo de possíveis soluções e ideias boas mas vazias de conteúdo, optou por granjear apoiantes de peso e explorar nichos de eleitorado descontente com a alternativa. Era evidente que lhe faltava matéria em concreto que cativasse eleitores e o que tinha jamais seria suficiente  para uma eleição. Para além disso, Trump beneficia de todo um conjunto de circunstâncias e de duas tentativas falhadas de atentado. Kamala veio tardiamente  e em substituição de um candidato, o actual presidente, Joe Biden, caído em descrédito.


Apesar da vitória esmagadora quer em votos quer em estados ganhos e quer em lugares do Congresso e do Senado, resta saber é que votação teria tido Trump se tivesse sido mais favorável às mulheres, se não tivesse insultado os Porto-Riquenhos, se não tivesse acusado os democratas das alterações climáticas que ele próprio nega, se não tivesse falado de alguém que devia enfrentar um pelotão de fuzilamento, enfim, se não tivesse dissertado todo um rol de disparates inqualificáveis. Posto isto e muito mais, fico a pensar que muitos americanos e estrangeiros residentes nos Estados Unidos da América vão passar por um mau bocado no mandato que se segue. Porém, olhando para a votação obtida, também me queda o pensamento na paradoxal ideia de que talvez os Estados Unidos da América tenham o presidente que merecem. Mas com o impacto que este gigante tem, mal empregado é o resto do Mundo não merecer tão triste sorte.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 3 de novembro de 2024

Cá se fazem, cá se pagam

Sei que há quem me vá dar nas orelhas mas que se lixe. Nesta fase da vida, acho que já me posso dar ao luxo de dizer o que me vai na cabeça, doa a quem doer.

 O Presidente da Câmara Municipal de Loures afirmou que pretende despejar das casas municipais os titulares do arrendamento que tenham participado nos tumultos que afectaram a área de Lisboa recentemente. Claro que muitos levantaram-se contra tal medida, mesmo correligionários seus, igualmente socialistas, que entendem que as famílias não têm culpa daquilo que um familiar seu fez. É verdade que todos não têm culpa da acção de um mas não deixo de apoiar a decisão do autarca. As pessoas têm de sentir que têm responsabilidades, nalguns casos que têm gente a seu cargo, uma família, por exemplo, e que devem sofrer as consequências por aquilo que fazem: recompensa se for bom ou castigo se for maldade. Pagando os outros por acréscimo, serve de lição e talvez isso contribua para um incremento de controlo social.

Estarei certo ou errado?

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 27 de outubro de 2024

Breves apontamentos sobre os tumultos de Lisboa e arredores

Por falar em incêndios...

Esta semana bem podia ter ficado marcada pela triste notícia da perda de mais um vulto na cultura nacional, que foi o célebre cantor Marco Paulo, personalidade que marcou a música portuguesa e várias gerações de admiradores. Porém, o que mais houve e há de destaque é outra tristeza, que tem sido a vaga de vandalismo que assola Lisboa e principalmente os arredores.

Acerca disto, não me quero alongar muito porque acho que já muito tem sido dito, de uma parte muito acertado e doutra muito errado. No entanto, arriscando-me a ser mal interpretado, apresento três pequenas afirmações nas quais não creio falhar demais.

1 - Só os intervenientes sabem dizer o que realmente aconteceu. Odair Moniz era mesmo um cidadão exemplar ou nem por isso? Fugiu à Polícia? Resistiu à detenção com violência? Tentou ou não esfaquear os polícias ou ameaçou-os com uma faca? Não sei, nós em geral não sabemos mas há indícios, provas, imagens que nos permitirão concluir com rapidez e facilidade o que se passou. Digo eu isto sem saber o que quer que seja do processo, atenção. Se os polícias envolvidos são culpados, deverão ser castigados. Se não e foi-o antes Odair, então não há já punição maior que a que já houve.

2 - Tenho ouvido falar a cada passo em manifestações. Aquilo a que temos assistido nestes dias não são manifestações, é vandalismo. Gente que não tem nada que fazer e menos uns quantos neurónios que um mosquito aproveita a ocasião e usa a morte de Odair Moniz como pretexto para dar largas aos seus desejos depravados de destruição, violência e arruaça. Qualquer que tivesse sido a reacção das autoridades face a esta maltesaria, terá sido sempre branda. Bens destruídos, pessoas feridas, motins? Não. Sejam eles quem forem, a Lei é igual para todos. Aqueles que não se sabem comportar jamais podem ficar impunes e têm de saber que só há o castigo severo como consequência das suas acções danosas.

3 - Acontecimentos deste género são já comuns (e portanto inacreditáveis) em vários países da Europa, principalmente em França, o que atesta bem a incompetência e frouxidão dos seus governantes. Todos nós sabemos as causas, os meios e as consequências. Portanto, era para que já tivéssemos aprendido a prevenir-nos, procurando tomar medidas políticas, económicas e sociais que evitem estas situações. Ao invés, tal como acontece com os incêndios e, em geral, com tudo, o que é de prever é que, como sempre, nada seja feito. Quais soluções? Temos agora é o circo da política em acção, com comentários exacerbados de extremos opostos. Parece-me que quer Chega quer Bloco de Esquerda, acima de todos, têm vindo a público com declarações irresponsáveis e que mais estorvam do que ajudam na resolução dos problemas.

Posto isto tudo, é só esperar que se faça justiça, que se aprenda e se tomem medidas. Mas o melhor é esperar sentado, quer-me cá parecer, que isto de frouxidão e outras coisas não é só de França.

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!


«Fiqueima-se» sempre na mesma

 Agora que o país respira de alívio com o regresso da chuvinha preciosa, que devolve a vida à terra e afasta para já o receio de mais incêndios, fica a dúvida do costume. Como acontece todos os anos, Portugal voltou a empobrecer-se mais com a perda de bens e vidas em consequência dos devastadores fogos que polvilharam o território com crueldade. Muito se falou, muito se discutiu, criminosos e suspeitos foram apanhados, problemas foram apontados, propostas e soluções foram apresentadas, tudo isto igual ao que se tem verificado no último meio século. E eu, que disse que os incêndios seriam a verdadeira prova de fogo deste governo, fiquei desta vez surpreendido ao ver, o Primeiro-Ministro falar em crimes que tinham de ser punidos, para logo pares seus no executivo e dirigentes de forças de segurança desvalorizarem as declarações. Não sei se a maioria dos ministros passou no teste mas parece-me que Luís Montenegro sim e com distinção, embora sem poder fazer nada perante oposições internas e de um grande sistema que nega aquilo que é do senso comum do povo miúdo há largas décadas.

Posto isto, e depois de muito acontecer e se falar, o que é que vai acontecer em concreto? O costume, que é o que acontece todos os anos: nada. A chuva ainda vai regressando, lavando da memória as tragédias que tanto se repetem que se tornam corriqueiras. Os detidos, invariàvelmente deficientes ou perturbados mentais, voltarão a ser soltos. Eucaliptos, acima de qualquer outra espécie exótica, continuarão a ser plantados às custas de vegetação autóctone, mais resistente aos fogos e menos nociva para os terrenos e as águas. Para o ano que vem, o país vai voltar a arder. Florestas, casas e demais bens ambientais e patrimoniais serão destruídos e humanos e não-humanos morrerão ou perderão tudo. Muito se falará, muito se discutirá, criminosos e suspeitos serão apanhados, propostas e soluções com décadas ou séculos serão apresentadas e, no final, a chuva virá para nos lavar a memória e aliviar-nos outra vez. Como sempre, o que será feito será NADA.

Que cobardia em enfrentar os problemas e tomar medidas...


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Crítica Literária: «Bichos», de Miguel Torga

 Era uma vez um transmontano de ar castiço chamado Adolfo Correia da Rocha que, a certa altura, começou a escrever. Não escreveu nada pouco. Entre prosa e poesia, sucederam-se várias dezenas de volumes, os quais ele próprio editou e lançou sob o pseudónimo de Miguel Torga. Um deles veio a tornar-se uma obra célebre e de referência, de tal modo que ainda hoje é ensinada nas escolas básicas e secundárias. Trata-se de «Bichos». Não cheguei a apanhar esse livro na escola. Contudo, a curiosidade e a insistência de letrados que conheço em ler o livro levaram a que eu pegasse num volume que me viera cair às mãos há uns anos. Vamos então abrir a «Caixa de Pandora».


- Género - Ficção. É uma colectânea de contos editada em Coimbra pelo próprio autor e publicada em 1940.


- Organização - A edição que eu li é a 16ª, a qual conta com um total de 135 páginas divididas em Prefácio e 14 contos.


- -História - Cada conto, em geral muito curto, narra a história de vida ou um episódio em particular de um bicho.


- Crítica - Esta obra pode ser apreciada quanto à forma e quanto ao conteúdo, ambas muito díspares. No que respeita à forma, os contos apresentam-se muito bem escritos, com frases bem construídas e de linguagem que é compreensível com facilidade a qualquer pessoa, mesmo que de baixa instrução. Está polvilhada de alguns regionalismos que nem por isso afectam o entendimento dos textos por alguém até do extremo oposto de Portugal. De facto, qualquer leitor fica desde logo encantado com a benevolência e ternura com que é tratado, numa escrita cuidada e sem mácula, logo no prefácio, que é digno de ser lido, ao contrário do que amiúde acontece. Porém, se toda esta redacção aprimorada acompanha o resto da obra, já o mesmo não se pode dizer dos afectos.

Ao mergulhar nas breves histórias, somos logo surpreendidos com um tom um bocado diferente. As coisas não são do mais fofinho e queriducho que se possa imaginar. Na realidade, abunda neles a tragédia e a violência. Outra constante é a morte. Dos 14 contos que compõem os «Bichos», apenas quatro não acabam na morte da personagem principal ou de uma outra às mãos desta. Numa, a da Cega-Rega, não há morte mas tudo dá a entender que a cigarra não perde pela demora para esticar o pernil. O mesmo acontece com o galo Tenório. A do sapo Bambo começa logo com morticínio e é de descrição particularmente macabra. Mas não quero dar trabalho aos leitores. Poupo-os à trabalheira e ao tempo perdido a ler o livro com os seguintes resumos dos contos.

NERO é um cão perdigueiro que conta a história da sua vida e no fim morre.

MAGO é um gato mal-agradecido que levava uma vida de vadiagem até ser acolhido pela Dona Maria da Glória Sância, que gosta e trata bem dele. Porém, ele despreza-a e parasita-a. Continuou a vadiar. Um dia levou um enxerto de porrada e ficou quase morto. Voltou aos detestados cuidados da sua dona, que cuidou bem dele. (Devia ter lerpado!)

MADALENA é uma mulher que se embebeda pelo São Martinho e enrola-se com o Armindo, um vizinho de falinhas mansas com castanhas e jeropiga à mão. Fica grávida, oculta de todos a gravidez e, chegada a hora de dar à luz, foge durante a noite para a casa de uma amiga, numa aldeia próxima. O bebé nasce a meio do caminho, na Serra Negra, morto. Ela enterra-o e segue a sua vida.

MORGADO é um macho, que, para quem não sabe, é o equivalente masculino à mula. Mais digo: que pelo trato que lhe dá («jerico»), é um macho burrinheiro, ou seja, filho de um cavalo e de uma burra. Foi comprado por um moleiro. Abalou com ele numa viagem para entregar farinha mas viram-se cercados de lobos. O dono fugiu e ele foi apanhado e morto pela alcateia.

BAMBO é o sapo. Caiu nas boas graças do Tio Arruda, um caseiro. Certo dia este morre e é substituído por um outro. O filho do novo caseiro era um miúdo bera do piorio e empalou o pobre sapo, deixando-o a apodrecer.

TENÓRIO é o galo. De pena, carne e osso, não de lata de conserva em folha de Flandres. Em frango, deu nas vistas e ficou a substituir o galo velho, que foi parar ao tacho. Contudo, e após anos de muita galadela, um frango novo deu nas vistas...

JESUS. Tirando Cristo Nosso Senhor, não é aqui explícito quem é Jesus. A história fala de um miúdo que subiu a um cedro e viu um ninho de pintassilgos. Nada mais.

CEGA-REGA é a cigarra. Nasce, canta e ignora «a morte que a espreitava já, com os olhos frios do Outubro...».

LADINO é o pardal. Um texto que fala da vida dele e maldiz um tal Padre Gonçalo. O Ladino safa-se bem a tudo.

RAMIRO não era um atum mas sim um homem de quem não se ouvia a voz. Não dizia uma palavra. Era tarado, comia uma rapariga, a Rosa, com os olhos mas não era capaz de lhe dirigir palavra. Tinha um rebanho de ovelhas. Um dia, um outro ovelheiro, o Ruela, deixou as suas ovelhas chegarem-se ao rebanho do Ramiro e misturarem-se com elas. O Ruela tentou enxotar as dele mas, com uma pedra mal lançada, por azar matou a melhor ovelha do Ramiro, ainda por cima prenha. Apesar dos pedidos de perdão e das súplicas, o Ramiro matou o Ruela a golpes de foice. De seguida, chamou o rebanho para recolher ao curral.

FARRUSCO é um melro. Uma rapariga, a Clara, pergunta aos cucos quantos anos vai ficar solteira. O cuco canta três vezes e a Clara vai-se queixar à Isaura, a alcoviteira lá do sítio. No fim do dia, o melro aparece e canta e pensam que é ele a rir-se daquilo.

MIURA é um touro que é levado para uma tourada e, no fim da lide, leva a estocada e morre.

O SENHOR NICOLAU começou por ser um aluno medíocre que só dava o ar da sua graça nas Ciências Naturais. De resto, um desastre. Por volta dos 30 anos, regressou à terra e passou o resto da vida a fazer nada mais que coleccionar bichos. Um dia, morreu de velho.

VICENTE é um corvo, pois claro! Muito antes do santo do seu nome ter sequer nascido, a Humanidade corrompida foi castigada com o Dilúvio. Este foi um dos que embarcou na Arca de Noé. Só que o bicho era rebelde e certo dia fartou-se da viagem que o pretendia salvar e foi-se embora à procura de terra firme. O gajo era suicida, que é que se há-de fazer? No entanto, encontrou o cume de uma montanha da Arménia que não estava submerso e aí poisou. Deus quis que ele regressasse à arca para se salvar mas ele não quis e ateimou contra a vontade divina. Ficou na dele e Deus desistiu.

Fixo-me agora num mero detalhe, com brevidade. Sem saber grande coisa sobre Miguel Torga e, para ser franco, também não quero perder tempo e neurónios com isso, a obra dá a entender que o autor não nutria grande apreço pelo Clero e pela religião. Isso é patente na forma como se refere aos padres, dos quais fala só de relance ou, no caso do Padre Gonçalo do conto «Ladino», com desdém, classificando-o de comilão parasitário e, indirectamente, mulherengo. A não ser que ele se referisse a alguém em particular e não necessàriamente a uma figura estereotipada de padre. A maneira como fala de Deus, em particular no conto «Vicente», também não é abonatória. O «duelo entre Vicente e Deus» é estúpido uma vez que Deus pretende salvar o idiota do corvo e, no final, a prevalência da teimosia do animal é vista como uma vitória sobre a divindade. Não se percebe.


Mantendo-me no domínio do divino, porque será que o conto «Jesus» tem esse nome? Se calhar porque não só ninguém morre como ainda nasce um pintassilgo. Podia também ter nascido a esperteza, o que não aconteceu. Os pais ficam preocupados porque o filho subiu a uma árvore. Oh, que arrepios... Até há meia-dúzia de anos, qualquer criança subia às árvores e os pais não se costumavam preocupar pois era um comportamento normal. Deveriam era preocupar-se porque o miúdo não sabia falar como deve ser. Podia ter dito «sei de um ninho» ou «sei onde há um ninho» ou «vi um ninho» ou «encontrei um ninho» ou coisa do género mas o pirralho dizia «sei um ninho». Não admira que tivesse de o dizer várias vezes, os pais não percebiam o que ele queria dizer.

Já que temos a mão na massa, também depressa se conclui que Miguel Torga pouco ou nada percebia de touradas, em particular lides apeadas. No conto «Miura», fala-se muito no «palhaço de lantejoulas», dourado, e não parece haver outro interveniente humano na arena.  Ora ele, que sendo com traje de luzes dourado é o matador, não é o único. Também intervêm peões de brega, de traje bordado a preto, e bandarilheiros, de traje bordado a prateado. No final, o touro deixa-se morrer precipitando-se contra o estoque para que ele penetre no seu tetuço. Isso é estúpido. Nem um touro se comporta assim, com suicídio consciente, nem tal acção é permitida. Parece que o escritor não sabia que há séculos que as touradas de morte são proibidas em Portugal. No final das lides a pé, não se dá a estocada, ela é simulada com uma bandarilha.

De uma forma geral, as histórias narradas limitam-se a acontecer e pouco ou nada acontece. As mais das vezes, morre-se. Não há aqui qualquer moral ou lição que se possa extrair, o que é uma pena, tendo em conta a simpatia com que o leitor é tratado no prefácio e que suscita curiosidade quanto ao que há-de vir.

Houve quem me tivesse dito que eu não estava a perceber a filosofia do livro mas eu acho que a percebo. Se formos a ver bem, os humanos são tratados como bichos e os bichos recebem tratos de humanos. Quer isto dizer que, no fundo, não há grandes distinções entre humanos e não-humanos, ou seja, que somos todos bichos.


- Veredicto - Se alguém vai ler o «Bichos» a pensar em algo do género das «Fábulas» de La Fontaine, do «Bambi», do «Dumbo», dos «Ursinhos Carinhosos» ou dos contos populares portugueses, engane-se. É mais ou menos como os contos dos irmãos Grimm só que com falta de Viagra mental. Ler este livro é como ouvir um álbum do Graciano Saga, tal não é a quantidade da sucessão de palermice e tragédias. Ao fim de alguns contos, até já dá vontade de rir. Fica-se com a mesma sensação que se tem ao ler as obras de Virgílio Ferreira ou Aquilino Ribeiro ou seja: não sei se alguma vez Miguel Torga foi alvo de perícia psiquiátrica mas decerto se o tivesse sido, seria classificado de psicopata. Como foi isto tornar-se uma obra de referência ensinada nas escolas? Mistério da Humanidade. Em suma, não vale a pena perder tempo com ele.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 28 de julho de 2024

Adeus amiga e até sempre, adeus Rádio Fóia


 Caros amigos.


Muitas personalidades ilustres vão saindo da convivência entre os vivos e eu, naturalmente, fico amiúde triste e até em choque perante a triste notícia da perda mas não tenho oportunidade de falar de muitos deles. Falar duns e doutros não seria injusto e então acabo, por norma, por me manter num respeitoso silêncio, ainda que os recorde no meu ser. Porém, desta vez vou falar acerca de uma perda que cala muitos daqueles nomes que por ela ainda se faziam ouvir e que agora ficam remetidos ao esquecimento.


Neste quente mês de Julho tenho a lamentar a morte de dois familiares. Um era um primo meu. Apesar de termos vivido a apenas um quilómetro um do outro durante largos anos, apenas tive oportunidade de conversar com ele uma única vez mas guardo desse dia uma muito boa impressão que se transformou agora na tristeza pela impossibilidade de dar seguimento a novas ocasiões de alegre convívio e o desaparecimento de alguém tão bem disposto que um cancro arrastou consigo.


O outro não era da minha família mas eu sentia-o como se fosse. A qualquer hora fazia-me companhia em casa, no trabalho ou em viagens. Não era sequer humana, nem mesmo animal. Porém, havia nela vida e habituei-me a rever nessas vidas parcerias de conhecimento, entretenimento e remédio para a solidão.

 

Quem se deslocasse até ao Sul de Portugal, haveria de, chegado a certa altura, conseguir captar num aparelho receptor radiofónico aos 97.1 MHz o mais castiço posto que eu alguma vez conheci: a minha amiga Rádio Fóia. Era só uma pequena estação de rádio de Monchique mas a sua emissão a partir do ponto mais alto do Algarve permitia-lhe ser ouvida em toda aquela província e ainda no Baixo Alentejo e grande parte do Alto Alentejo. Havia quem a conseguisse ouvir em Lisboa! A sua cobertura, programação animada e variada e constância levaram a que depressa a Rádio Fóia se tornasse, como anunciavam no seu anúncio, «a rádio local mais ouvida no Algarve (Distrito de Faro) e no Alentejo (distritos de Beja e Évora)».

 

Eu, com o meu velhinho aparelho mas de alcance notável, que até apanha um posto do Japão, habituei-me a ouvi-la desde há mais de 30 anos. Ouvir a emissão deste posto era apanhar uma banhada de boa disposição e portugalidade, dando-nos a ilusão de que a nossa cultura ainda existia e Portugal ainda era mais que uma mera mancha num mapa. Outrora, às 7:00 da manhã, a emissão abria solenemente com uma marcha de fanfarra, o que se repetia para o fecho, à 1:00 da madrugada. Há muito tempo que a emissão é contínua, salvo algum temporal ou incêndio, mas aquele toque foi mantido. Todos os dias despertávamos às 6:00 com música tradicional de todo o país. Pela manhã a fora, o «Rota do Sol» trazia-nos sonoridades mais modernas e internacionais. Das 3:00 às 6:00 da tarde, um clássico: o «Expresso da Tarde», com pelo menos uma hora de fados e de resto um sortido de música portuguesa em geral da década de 50 à de 70, com umas pitadas de 80. Discos pedidos das 7:00 da tarde às 8:30 ou 9:00 da noite, assim como nas manhãs dos fins-de-semana. Noticiários nacionais em simultâneo com a Rádio Renascença «através dos emissores ARIC» e também outros de âmbito regional, transmissão de eventos desportivos e religiosos, espaços para os ouvintes recitarem poemas seus ou de comentário a textos bíblicos, programas de comédia e até boletins de agricultura e pescas, tudo isto e muito mais narrado com a velha postura radiofónica característica da época clássica e áurea da rádio e da televisão, com vozes bem colocadas e de clara compreensão agraciadas com uma inconfundível pitada de sotaque monchiqueiro. A intercalar a programação, conselhos práticos de poupança de energia, de segurança com crianças, das autoridades e outros aspectos do quotidiano e anúncios, muitos deles iguais há décadas! Muitas coisas na Rádio Fóia nunca sequer mudaram e essa era uma das coisas que nela se achava piada, como quem já é adulto ou idoso e depara, como eu vi depararem, com uma sempre igual embalagem de Farinha Predilecta que trás ao de cima a alegria de boas recordações. E compraram por isso mesmo! Onde é que hoje em dia ainda se rematavam sempre certos programas com o «4éme Rendez-Vous» ou se anunciavam os resultados dos campeonatos distritais de futebol ao som de outros temas do Jean-Michel Jarre como há 30 e tal anos atrás? Na Rádio Fóia, com certeza! João Costa, Telma Santos, Fátima Peres, Idalete Marques e muitos outros nomes de pessoas de que agora não me recordo que se faziam ouvir e nos davam companhia eram para nós como se fossem conhecidos de longa data. Ficaram para a memória as gigantescas festas de aniversário com emissões contínuas a presentear os ouvintes ausentes do local com as participações dos artistas de renome do panorama musical popular e tradicional nacional, algo de impensável nos dias de hoje pelo custo exorbitante que envolvia. Em suma, a Rádio Fóia era como os bilhetes de cartão rijo da C.P., parecia que tudo sempre fora assim e seria assim para sempre.


Emitia desde 10 de Junho de 1983 e embora estivesse virada para o Algarve, depressa caiu nas boas graças dos alentejanos. E eu, de longe, ouvia-a. De repente, certa noite, fui ligar o rádio e só ouvi estática. Sintonizei e ressintonizei e só ouvi o mesmo ruído. Eu sabia que algo de mau acontecera. Podia ser que tivesse sido só o calor daqueles dias que tinha fritado o transmissor. Nada disso. A Rádio Fóia calou-se no dia 22 deste mês. Problemas financeiros ditaram a sua sentença. Não resistira à modernidade. No seu lugar veio a fazer-se ouvir um novo posto, a Mega Hits F.M., mais uma rádio cheia de barulho e correria, igual a tantas outras.

 

Nos anos 80 ou inícios de 90, uma familiar minha deitou fora uma relíquia, uma antiga telefonia Grundig, só mesmo porque não apanhava a Rádio Fóia. Para mim, quase que se poderia agora fazer o mesmo. Para mim ficou a saudade e a tristeza com a perda de mais alguém que comigo partilhava a vida. Calou-se «a voz mais alta do Sul de Portugal».


Adeus amiga e até sempre!


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Estado da Nação: idem idem, aspas aspas...

 O ano passado escrevi um extenso artigo acerca do estado da Nação, uma versão mais alongada do que já tenho advertido aquando das várias vezes que falei acerca das comemorações quase esquecidas da Restauração da Independência. Passado este ano, podia não só republicar o texto mas também acrescentá-lo, visto que muito mais se poderia dizer e a situação não conheceu melhorias, antes tem-se agravado.


Os políticos do rotativismo da Terceira República que continuem assim, que é para os radicais (bloquistas e afins, liberais e cheguistas) continuarem a ter cada vez mais protagonismo. É muito mais fácil vender barato uma coisa estragada que uma boa, certo?


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 9 de junho de 2024

Qual novo aeroporto?

 Já nem me lembro há quanto tempo se debate a construção de um novo lugar que sirva como alternativa ao velhinho e hoje diminuto Aeroporto da Portela.  Isto é como o T.G.V. ou a regionalização, há sempre quem se lembre disso de tempos a tempos. 


Não deixa de ser curioso que se pretenda aumentar ainda mais o tráfego aéreo num tempo em que para além das ligações estarem saturadas e do fluxo de gente se estar a aproximar de níveis excessivos, se tenha por garantido que o avião é o transporte mais poluente que hoje o cidadão comum dispõe. Resta saber se se pretende proteger o ambiente ou puxar ainda mais pela economia.


Mas voltemos à questão central. Recentemente, foi apresentada a decisão sobre a localização do novo aeroporto. Será em Alcochete e nem tem uma só pedra assilhada e até já tem nome e tudo: Aeroporto Luís de Camões. Não sei é se será construído, tendo em conta que este é um Governo a curto prazo e lá para o fim do ano ou início do seguinte teremos novas eleições.

 

Porém, uma dúvida logo à partida me assombra. Será que é mesmo necessário um novo aeroporto? A resposta parece-me óbvia: não. Que o da Portela já não dá resposta ao tráfego que se verifica e tende a crescer é certo e sabido mas também o é que os governos portugueses não são conhecidos por boas gestões de meios. A solução é simples e implica uma despesa muito inferior à do eventual provável ou não futuro Aeroporto de Alcochete. Acontece que a Portela não chega mas um novo aeroporto é desnecessário porque Portugal já dispõe de uma enorme infra-estrutura, o maior do seu género em terras lusas, que está subaproveitado, quase ao abandono, que é o Aeroporto de Beja, construído ainda há relativamente poucos anos. Bastaria seguir os seguintes passos:

- pelo menos numa primeira fase, desviar da Portela para Beja todos os voos que apenas fazem escala e não têm destino a Lisboa;

- rentabilizar ao máximo o Aeroporto de Beja;

- fazer as ligações rodoviárias que se achem necessárias ao Aeroporto de Beja e construir até ele um ramal ferroviário;

- reabrir o troço da Linha do Sul da Funcheira a Beja e a Linha do Sueste/Ramal de Moura;

- dotar os utentes dos respectivos meios de transporte;

- numa segunda fase, desviar mesmo da Portela voos que tivessem destino a Lisboa, quer a Portela se limite a aviões de menor dimensão ou não e continue a funcionar ou não, pois dispondo de várias vias e meios de transporte complementares, não haveria a necessidade das aeronaves terem de aterrar dentro de Lisboa..


Esta é a minha sugestão, a qual permitiria aliviar a capital de tanto tráfego, rentabilizar um aeroporto com todas as condições que tem sido sempre relegado para segundo plano e poupar muito dinheiro ao Erário Público. Lembro que os principais aeroportos não costumam ser dentro ou junto das cidades que servem mas arradados.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!


Confusão de género... na queijaria

Estava eu hoje a degustar um queijo, neste caso um Queijo de Vaca Por Si Viva Bem Light Cremoso (eu sei, parece o nome dum familiar do Dom Duarte) quando reparei no rótulo da embalagem. Convido-vos a analisá-lo com atenção.




Eu sei que a imagem não é muito nítida mas ainda assim arrisco a perguntar: ninguém repara em nada de invulgar na embalagem?  Pronto, vou contar. Alguém consegue reparar na zona entre as pernas dos animais? Pois, é que das duas uma: ou quem fez os rótulos não sabe como são as vacas e fez uma enorme confusão ou então está a querer dizer-nos que nós não estamos a comer queijo de leite de vaca mas sim de leite de touro... Garanto, pode coalhar mas se faz queijo ou não, não me atrevo a responder e muito menos a experimentar!


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Ainda o Festival da Politização da Eurovisão

 Cá estou eu, de novo, após tanto tempo. É assim, quem trabalha muito, e as mais das vezes apartado de rede, não tem possibilidade de estar sempre cravado na Internet.


Eu sei que já foi há umas semanas mas tinha um desenho engraçado e não resisti a abordar o tema por causa dele. Portanto, cá vou eu.


Confesso que deixei de prestar atenção tanto ao Festival da Canção da R.T.P. como ao da Eurovisão. Por um lado, porque a qualidade das canções anda muito por baixo nestas últimas décadas e ambos os acontecimentos, muito desvalorizados, pouco mais são que meros espectáculos de variedades em que se faz tudo e mais alguma coisa mas de cantar pouco ou nada. Creio que o meio ideal para apreciar qualquer festival da canção hoje em dia é este: a rádio. Só assim poderemos abstrair-nos de tudo quanto é supérfluo e teremos a certeza quanto aos dotes vocais do intérprete e ao valor artístico dos temas.


Por outro lado, pela mesma razão que me leva a não ligar nenhuma importância aos Óscares: a de que estão fortemente politizados. Na edição deste ano, isso foi particularmente evidente. Ora como estes eventos pouco ou nada para mim valem, vou comentá-los, pois claro.


Começo pela nossa Iolanda, com o tema «Grito». Continuo a dizer que não era a melhor canção do Festival da R.T.P., independentemente do talento da cantora, isto por o considerar um tanto ou quanto repetitivo. Não era dos melhores temas da Eurovisão mas também não dos piores, pelo que o décimo lugar que obteve ficou dentro do que eu esperava. A destacar pela positiva há o grande favoritismo entre o público quanto a outros dotes de Iolanda, que consideraram as suas amigas do peito como as mais protuberantes. Não sei dizer, deixo aos vossos critérios, mas lá que tem argumentos de peso, não haja dúvida.



Fiquei surpreendido com a classificação da música espanhola, que até me pareceu interessante e, no entanto, teve uma classificação medíocre. Ao invés, foi bem-feito o desprezo a que tanto público como júri votaram o outro tema espanhol, que foi o dos espanhóis que concorreram por São Marino. Quiseram fazer fífias ao seu próprio país, chateados por não terem sido escolhidos no reino de Filipe VI e convencidíssimos, com toda a arrogância, de que seriam os vencedores da Eurovisão. Pois passaram despercebidos... e a fazer triste figura.


Fiquei também admirado pela positiva com os temas da Arménia e da Áustria. No caso da primeira porque não só trouxe os músicos ao palco, o que já foi mais invulgar mas continua a não voltar a ser uma desejada regra, como constituiu uma grandiosa lufada de ar fresco de autenticidade. Alegremente interpretada na língua nativa por uma cantora enérgica e jovial, pode não ter a letra mais variada e complexa mas trouxe aos olhares do público um banho de folclore por um rancho trajado a quase rigor e que soube puxar pela assistência. No caso da segunda, porque pode não ser o género que as pessoas do meu tempo entendem como o mais festivaleiro, à semelhança do tema arménio, mas não está nada mau para o seu estilo e dá muito bem para abanar uns capacetes.



Chamo ainda a atenção para aqueles que apareceram nus ou quase, como os intérpretes da Finlândia ( o Salvador Sobral, crítico do «fogo de artifício», teve ter-se passado) ou da Eslovénia, ou que fizeram muito mas cantar nem por isso, como foram os casos de Reino Unido (que raio de porra foi aquela?) ou principalmente de Irlanda. Neste último exemplo, ninguém fica a saber se a «cantora», chamemos-lhe assim, canta ou não, visto que passa o tempo vestida como um demónio a grunhir e gritar.




Quanto à canção vencedora, a da Suíça, desde cedo começara-me a dizer que seria a galardoada. Porém, ao ver o Festival, depressa descartei essa hipótese pois parecia-me que o tema da França teria maiores probabilidades de ganhar. Aliás, a música trazida pela delegação helvética não me agradou nem um bocadinho e considerei-a próxima de lixo. Não há qualquer dúvida quanto ao talento e poder vocal do cantor. De facto, é notório que o tema foi composto e a apresentação, com todos aqueles equilibrismos, foi pensado com o propósito de extrair e mostrar a todos essas fabulosas capacidades. Contudo, toda a canção pareceu-me desconexa, cacofónica e desordenada. Passei mesmo aqueles minutos da exibição a desejar que o cantor desse um enorme trambolhão da plataforma onde se passeava em números circenses. Como me enganei! Para surpresa a minha, no dia seguinte vim a ver que tinha mesmo sido o vencedor.



Justiça seja dita, já que não foi feita. O melhor tema em concurso e que merecia ter ganho era o único que, por uma questão de coerência e uniformidade de critérios, não devia sequer ter participado, que era o de Israel. Antes, tal como agora, a Rússia foi banida do Festival por causa da invasão à Ucrânia. Israel também o deveria ter sido pelo ataque à Faixa de Gaza, que tem sido um morticínio geral. Este tema já de si não era o originalmente apresentado, que foi rejeitado por versar sobre matérias políticas, neste caso os ataques do Hamas em Outubro passado. Aparte de tudo isso e fosse a música boa ou má, o que é certo é que jamais ganharia, sob pena da organização vir a ter gigantescas dores de cabeça e sarilhos diplomáticos.



Acabo como comecei. Este festival foi politizado como nunca antes se viu e a política esteva muito acima da arte, tal como acontece com os Óscares. Jogadas de bastidores, insultos, agressões, desclassificações, manifestações, batalhas campais... Enfim, é por isto que decidi comentar este festival. Porque, tal como referi noutros anos, os festivais são boas amostras das suas contemporaneidades e os dias de hoje são assim, tornaram-se nisto, uma tristeza em misto de bizarria e agressividade.



Que saudades de há uns 20 ou 30 anos...


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!




sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Inspirações cavaquistas? Não,obrigado!

 De facto, não sei se os partidos querem ganhar as eleições ou perdê-las. Interrogado quanto a qual a pessoa que mais inspirou a sua vida, Luís Montenegro respondeu que, no campo da política, foi Cavaco Silva. Não sei se será apelativo ao eleitorado afirmar que se é um seguidor dum ditador de baixa categoria. Enfim, é a nossa democracia...

 

Que a caca esteja convosco!

 

 

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Pinto da Bosta, o «Medíocre»

 


O grande Jorge Nuno Pinto da Costa voltou a apresentar-se como candidato à Presidência do Futebol Clube do Porto, cargo que ocupa com astúcia e pulso firme e pesado desde 1982. E contudo, podem as décadas terem-se sucedido que a estratégia seguida é sempre a mesma: intimidação e repressão dos adversários e opositores e uso das entidades «de Lisboa» e da comunicação social como o seu bode expiatório, entre outras hipotéticas que as vozes e as letras replicam mas que as entidades não têm dado como provadas.

Pinto da Costa chegou ao seu auge há muito e não precisa provar mais nada a ninguém. É um líder incontestado, carismático e emblemático dos portistas. É uma verdadeira lenda. Podia ter saído em glória pela porta grande, retirando-se no momento certo. Porém, grudou-se ao poleiro como um Salazar do faz-de-conta-que-é-só-futebol e não larga o osso por nada deste Mundo. Como se costuma dizer, «não mija nem desocupa a moita». Às custas disso, vai começando a aparecer oposição e questionamento interno. Qualquer dia, não largando a direcção do clube a bem, largá-la-á não o querendo.

Passados tantos anos, continuo a interrogar-me quanto ao como é possível uma pessoa que se considera descaradamente imune à justiça e apela à violência não foi ainda indiciada pelas autoridades de nada do que é evidente perante os olhos de todos. Há tanto por onde escolher e não sou eu quem o diz, é do senso comum: corrupção, associação criminosa, incitação ao ódio, senão mesmo sedição, tal não é o sentimento de unidade nortenha e consequente aversão anti-Sul, Lisboa em particular, que tem fomentado.

Talvez seja este o presidente que o clube portuense merece. É pena é ver o homem que tornou uma pequena colectividade desportiva regional num clube internacional ser também o responsável pela sua ruína. É como dizia Camões: «ó glória, ó vã cobiça», pois tão grande e glorioso quer o homem ser que nem tem noção da sua mediocridade. Citando ainda outro artista a respeito do mesmo, já lá dizia Mr. T: «I pitty the fool!»

Que a caca esteja convosco!

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Perder ou não perder, eis a questão

 Juro-vos que não consigo compreender se P.S. e P.S.D. querem ganhar as eleições ou perdê-las. A sério, basta ver as condutas de ambos. Tanto num partido como no outro, os escândalos com acusações e investigações de casos de possível corrupção sucedem-se. O Partido Socialista mantém-se no poder com um governo demissionário que, apesar disso, continua com plenos poderes, pelo menos para o que lhe interessa, o que não deixa de ser um contra-senso. A cada passo, mete o pé na argola, seja com medidas tomada ou propostas e promessas para o futuro. Um novo e questionável líder, Pedro Nuno Santos, foi eleito para suceder a António Costa na liderança dos socialistas. Não sei é se terá pedalada e carisma para suceder na chefia do Governo. Se tal acontecer, talvez seja graças a Luís Montenegro, que me parece ainda menos susceptível para subir ao mais alto cargo da nação. (Ora essa, ninguém diga que não, que toda a gente sabe que é o Primeiro-Ministro quem realmente governa o país.) Para ajudar a compor o ramalhete, o Partido Social-Democrata , já de si com um passado pesado e um presente pouco melhor, ainda recompôs a Aliança Democrática, coligando-se, ninguém compreende bem porquê, a dois partidos moribundos. O Centro Democrático Social, que Paulo Portas arruinou e o «Chicão» acabou de sentenciar, há muito tempo que não existe enquanto partido, sendo há décadas uma mera filial do P.S.D., nesta legislatura sem sequer ter representação parlamentar.  O Partido Popular Monárquico, destruído pela acção fratricida nefasta dos manos da Câmara Pereira, a ponto do próprio Dom Duarte considerar que não representa os monárquicos portugueses, foi a força política menos votada nas eleições legislativas de 2022, com apenas 260 votos. Olhando para o porte e a conduta do seu dirigente, compreende-se. O mais provável é que nem sequer os militantes todos do partido nele tenham votado. Portanto, se a ideia era agregar mais votos com o intento de obter mais um ou dois deputados, tudo saiu ao contrário, visto que as sondagens apontam para que P.S.D. a concorrer a sós tenha maior votação que a A.D. em conjunto.


Uma coisa é certa. Quem quer que ganhe as eleições, acontece-lhe como o Benfica no Campeonato de Futebol: vence mas não convence.


Que a caca esteja convosco!



P.S. ou P.S.D., tanto faz que é tudo farinha do mesmo saco: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Borda d'Mete Água

 Caros pombos amigos, muito bom e feliz ano novo!


Quem não conhece o «Borda d'Água», o mais famoso almanaque de Portugal? O mais provável é que mesmo quem não tenha nunca comprado ou sequer lido a célebre «folhinha» já tenha, no mínimo, ouvido falar dela. Porém, e como «no melhor pano cai a nódoa», até aqui é inevitável que apareça uma ou outra falha.



Tirando uma ou outra inexactidão no que respeita aos dias de alguma feira ou mercado, o que é inevitável, pois são tantos, tem sido recorrente desde há alguns anos um erro bem mais evidente. Este tem surgido na última página, no bem conhecido «Juízo do Ano». Nele costumam apontar-se alguns problemas e críticas e possíveis soluções bem como fazer a caracterização e prognosticação do ano em causa. Ora uma das indicações refere-se ao planeta regente.


A muitas pessoas isto passa despercebido e assimila a informação porque não compreende o porquê de ser assim. Pois eu passo a explicar. Na Antiguidade Clássica, com a sucessão dos anos tornou-se notória uma ciclicidade de tudo: do estado do tempo, da natureza das colheitas e sua produtividade, das criações de animais domésticos e selvagens, dos acontecimentos, das características gerais das pessoas, dos acontecimentos, enfim, de tudo. Na Roma Antiga, atribuíram-se estas características às correspondentes divindades que supostamente as possuíam ou nelas influíam. Consequentemente, a cada divindade correspondia um astro. Portanto, os Romanos consideravam que cada ano estava debaixo da influência de um desses astros, aos quais chamaram de planetas regentes, os quais variavam, bem como a natureza do ano que regiam, consoante o dia da semana em que o ano começava. Ainda hoje, em várias línguas, como castelhano, francês ou inglês, por exemplo, isso é evidente nos nomes atribuídos a alguns dias da semana. As correspondências, para simplificar a explicação e não me alongar mais com detalhes, são as seguintes:

Domingo..............Sol

Segunda-feira.......Lua

Terça-feira.............Marte

Quarta-feira..........Mercúrio

Quinta-feira...........Júpiter

Sexta-feira..............Vénus

Sábado...................Saturno


Posto isto, voltemos ao «Borda d'Água», que desde há uns anos que parece não atinar com o planeta regente. Eu tenho exemplares de quase todos os anos das últimas três décadas e tal, acho que só falta um, mas aqui à mão tenho o de 2023 e o de 2024. No primeiro, o planeta regente era o Sol mas a «folhinha» diz que era a Lua. No segundo, este ano, rege a Lua mas a «folhinha» diz que é Saturno.


Então, pessoal? Quer os leitores acreditem quer não neste assunto, ao menos sejamos rigorosos. Não sei o que diz «O Seringador», se é que faz menção a este detalhe, mas não queremos que o «Borda d'Água caia em descrédito, pois não?


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

---------------- ATENÇÃO -----------------

AVISO IMPORTANTE: DADO O ELEVADO TEOR EM EXCREMENTOS CORROSIVOS, NÃO SE RECOMENDA A VISUALIZAÇÃO DESTE BLOG EM DOSES SUPERIORES ÀS ACONSELHADAS PELO SEU MÉDICO DE FAMÍLIA, PODENDO OCORRER DANOS CEREBRAIS E CULTURAIS PROFUNDOS E PERMANENTES, PELO QUE A MESMA SE DESACONSELHA VIVAMENTE EM ESPECIAL A IDOSOS ACIMA DOS 90 ANOS, POLÍTICOS SUSCEPTÍVEIS, FREIRAS ENCLAUSURADAS, INDIVÍDUOS COM FALTA DE SENTIDO DE HUMOR, GRÁVIDAS DE HEPTAGÉMEOS E TREINADORES DE FUTEBOL COM PENTEADO DE RISCO AO MEIO. ISTO PORQUE...

A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!