quarta-feira, 23 de março de 2011

Iniciativa Legislativa do Cidadão: REVOGAÇÃO DO ACORDO ORTOGRÁFICO


Pois é, esta pode ser uma das últimas hipóteses de salvar a língua portuguesa desta agressão.

Existe um mecanismo que pode ser usado pelos cidadãos. Raramente é empregue pois é quase desconhecido mas já tem sortido efeitos em várias ocasiões. Trata-se da iniciativa legislativa do cidadão. Está uma em curso com vista a revogar e banir definitivamente o Acordo Ortográfico da face da Terra. Há conhecimento, tal como eu tinha previsto e falado aqui atrás, há uns tempos, de que há projectos de novos planos de regulamentação da grafia com vista a tornarmo-nos cada vez mais parecidos aos Brasileiros, no que diz respeito à maneira de escrever e, por consequência, falar. Para travar esta degeneração e corrompimento anunciado, é só adquirir o impresso, que se encontra de graça em

http://ilcao.cedilha.net/?page_id=273

preencher com os dados pedidos e enviar para a morada indicada. Temos de ser é rápidos pois o prazo expira no final de Abril são necessárias 35 000 assinaturas.

Mais não somos demais para salvar e salvaguardar a nossa língua-mãe. Já que a Academia das Ciências abdicou dessa função vamos nós todos mostrar que somos os derradeiros guardiões da língua e, em última análise, de Portugal.

PELA NOSSA ILUSTRE LÍNGUA PORTUGUESA!
POR PORTUGAL!
NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Que a caca esteja convosco!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Como criar uma televisão pirata


Por falar no Festival da Canção, houve uma intérprete que, na entrevista que era mostrada antes da apresentação da canção dela, dizia que o desejo secreto dela era criar um canal de televisão. Ó Senhora! Não seja por falta de conhecimento! Para os que dizem que eu sou contra as tecnologias, aqui vai uma lição.


Note-se que eu nunca fiz isto, apenas o achei escrito num livrete de uma exposição em Bruxelas, em 2008, e passo a dizer o que lá vem.


É necessário, em primeiro lugar, algum material.

1 - Modulador de alta frequência. É um dispositivo que serve para converter um sinal de vídeo em sinais que possam ser emitidos pela antena. Pode ser comprado numa loja da especialidade ou retirado de qualquer leitor ou gravador de cassetes de vídeo que tenha ligação à antena, vulgarmente designada por «antenna-out». É este dispositivo que define a frequência e o canal em que será emitido o sinal. Existem vários modelos com espectros de frequência de diferentes amplitudes mas a maior parte emite dos 175 aos 862MHz, correspondentes aos canais 5 a 69. Os moduladores dos leitores de vídeo costumam emitir para os canais 3 e 4. Alguns fabricantes actuais são a Axing e a HAMA.

2 - Emissor ou amplificador de sinal. Como o sinal que sai do modulador é relativamente fraco, tem de ser amplificado. A maior parte, de 20, 25 ou 30dB, emite entre os 82 e os 862MHz. Existem à venda em lojas da especialidade. Pode haver um ou vários ligados em cadeia. Fabricante mais comum: Axing.

3 - Antena dipolar ou «yagi». Quanto mais baixa for a frequência em que se transmite o sinal, maior e mais precisa a antena tem de ser. É dificil encontrar a antena certa. Como tal, sugere-se aconselhamento junto dos rádio-amadores. Existe uma boa antena fabricada pela companhia alemã HAM, a Flexayagi 7015. Pode ser usada para transmitir entre os 430 e os 440MHz (canal 21) e tem a vantagem de ser portátil.

4 - Cabos coaxiais com tomadas variadas, nomeadamente:

a - com machos F para ligar o modulador ao amplificador ou, se forem vários, os amplificadores entre si;

b - com tomada N, para ligação à antena;

c - se tal for desejado, com tomada de antena para ligar a televisão directamente ao modulador, o que normalmente se faz para testar.


Agora que temos o material, vamos fazer as montagens passo a passo.

1º - Ligar o modulador desde a sua saída TV/VCR-OUT à correspondente IN do amplificador com um cabo com machos F em ambas as pontas.

2º - Caso haja um segundo amplificador, ligar a saída OUT do primeiro à IN do segundo com um pequeno cabo coaxial de machos F em ambas as pontas.

3º - Ligar a saída OUT do último ou único amplificador à antena. Normalmente, as antenas têm uma Tomada N Um cabo coaxial com machos F em ambas as pontas serve perfeitamente. Converte-se com facilidade um macho F em tomada BNC e uma BNC em N.

4º - Ligar o aparelho necessário (computador, leitor de vídeo ou DVD ou outro qualquer) ao modulador.


Muito bem, minha senhora, aqui está montado o «estaminé» para que Vossa Senhoria possa começar as emissões regulares dum canal local. O alcance do sinal pode ir desde as casas mais próximas até a largas centenas ou até alguns milhares de metros! Dada a qualidade miserável a que chegou a programação em geral (lá escapa um ou outro programa) dos nossos quatro manipuladores/manipulados ou sensacionalistas canais, onde se fala e escreve mal e depressa e escasseia o bom exemplo, é sempre bem-vinda uma alternativa para os felizardos que a consigam captar. No entanto, há um pequeno problema, que é o que me levou a não montar o meu canal pirata. É que diz no número 1 do Artigo 66º da Lei da Televisão (32/2003 de 22 de Agosto) que a difusão não autorizada é punível com 320 dias de multa ou até 3 anos de prisão.


Enfim, há que esperar por uma lei menos castradora ou então, vendo o estado decadente das coisas, pela mais provável extinção definitiva do sistema judicial.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

O Festival é bom para a luta!

Mais uma vez, o Festival da Canção surpreendeu. Depois de termos falado do tema «pimba» de há anos, o «Dança Comigo», do Emanuel e interpretado pela Sabrina, vencedora com todo o mérito, ainda que com um poder vocal limitado, eis que surgem os Homens da Luta com «Luta é Alegria». Confesso, não vi o Festival, o que me deixou a pensar, no dia seguinte, quando soube do acontecido, que das duas uma: ou o Festival foi mesmo mau ou o povo confundiu as coisas e aproveitou a ocasião para mostrar outro cartão vermelho aos jogadores do costume, que teimam em não sair do campo. Entretanto, vi a repetição do Festival e cheguei à conclusão que foi um pouco das duas coisas.
Em relação ao ano passado, o Festival foi bem mais fraco. Contou com alguns temas dotados de boa sonoridade mas que falharam num ou outro aspecto. Não querendo nomear, um era bem interpretado e era chamativo ao ouvido mas era muito repetitivo; noutro havia uma voz notável para uma melodia do tipo de disco riscado e outra tinha tudo de bom menos a voz do intérprete, que não tinha grande projecção. De resto, há a assinalar um problema na transmissão comum aos últimos anos, que é um eco brutal que parece ensurdecer-nos com os instrumentos e não deixa ouvir as vozes com a nitidez desejada.
Em suma, deu-me graça o Senhor Feist ter dedicado a música dele aos que acreditam no Festival. Quê? Ainda há alguém que acredita no Festival?
Quanto à vencedora, não me pareceu uma má canção. É animada, um tanto ou quanto repetitiva (há piores) só que peca pela interpretação, que não tem vozes que se apresentem. Vejamos se afinam melhor na Eurovisão. E dadas as circunstâncias, como não podiam eles ganhar? Basta ver a ruina a que o país chegou, agora com os camionistas e os maquinistas parados e os protestos do passado fim-de-semana. Nós estamos mortinhos para ver o Sócrates e os seus comparsas darem o pinote! Vendo o que se avizinha, até já desejo que o previsível sucessor (P.S.D.) caia logo também. Então não é? Aumentar impostos, facilitar despedimentos, privatizar, encerrar, extinguir... Força! Isso é bom para a luta!
Que a caca esteja convosco!
P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

terça-feira, 1 de março de 2011

Estudo sobre as letras «mudas» (será que o são?)

Esta coisa do «Acordo» Ortográfico deu-me a volta à cabeça desde o início e não sei se descansarei enquanto não erradicarem essa treta da face da Terra. Mas vamos ser neutros e olhar tudo de uma perspectiva científica.
Tal como já referi, NADA TENHO CONTRA O BRASIL.
Desde que o «Acordo» se reergueu das cinzas e foi aprovado pelos nossos políticos da treta, tenho andado a fazer um simples estudo que incide sobre a maior teimosia dos acordistas (ainda que não a mais grave na escrita, se bem que a pior na oralidade) e que passo a explicar.
Serão as letras erradamente designadas por mudas mesmo mudas? Já vimos que não o são na medida em que podem não ser ditas mas servem de indicadoras da abertura de vogais quando a acentuação não pode ser usada e desambiguadoras, agrupando e apartando palavras idênticas nas respectivas famílias. Mas, excluindo estes factores, não serão, de facto, ditas? Comecei a pensar nessa hipótese quando constatei que muitas das consoantes que os «ilustres» académicos consideravam mudas e que, portanto, deviam ser excluídas da grafia, eram proferidas por mim. E não o seriam pelos outros também? Comecei a prestar atenção à dicção de cada pessoa que ouvia falar, das mais variadas partes do país.
Conclusões
A maneira de falar difere muito de pessoa para pessoa, mais do que de região para região, ou seja, podem haver diferenças de pronúncia de zona para zona mas, dentro de cada área e, logo, pronúncia, há maior variação entre cada indivíduo, sendo que a maioria dos familiares se assemelham entre si. No que concerne às consoantes em causa, não são proferidas em absoluto com o valor alfabético correspondente (isto é, o c como em cão, etc.) o c da sequência se antecedido por a e na quase totalidade das palavras em que é antecedido por e (note-se, por exemplo, secção) e o p de baptismo e suas derivadas. No respeitante a todas ou quase todas as restantes, denotei gente que as pronunciava (até mesmo um miúdo que dizia «tractor» com o seu respectivo c), o que indica que são passíveis de serem pronunciadas. Sendo assim, aplicar o «Acordo» implica banir a possibilidade de poderem ser pronunciadas, alterando no sentido dum abrasileiramento e empobrecendo a língua.
Meus amigos, por algum motivo estas letras não foram excluídas na regulamentação de 1945, ao contrário de outras «igualmente» mudas. Acrescento ainda e por fim que talvez fosse boa ideia falarmos mais devagar para sermos mais explicados, melhor entendidos e não comermos letras, pois é evidente que a pressa é o principal motivo da supressão de letras na oralidade e já se sabe que a pressa é inimiga da perfeição.
Não tenho dados concretos registados para vos mostrar mas desafio-vos a sair à rua e repetir o meu exercício. Num ápice se verá que, se nem as pedras são mudas, como o podem ser as letras?
Que a caca esteja convosco!
P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Refinada Selecção: O Melhor dos Moonspell

Continuando num tom sério, como se nós nunca falássemos a sério aqui no Pombocaca (vá lá, às vezes até falamos, como nos casos anteriores, está bem?) profiramos algumas palavras sobre os Moonspell, o mais famoso conjunto rocalheiro-metaleiro do país. Têm uma relativamente vasta variedade de temas e têm tido grande êxito, principalmente nestes últimos anos. Eis então a questão. Qual será o melhor de todos os temas que eles já tocaram? Sinceramente, confesso que o seu género não é o da minha preferência e poucos temas conheço mas, ainda assim, arrisco dizer que estamos todos em total acordo se eu disser que é, sem sombra de dúvida, o que se segue:

Sim, senhores, a interpretação que eles fizeram para os Gato Fedorento do tema de abertura do «Abram Alas ao Noddy» (Noddy!). Não há como negar. Aquelas caras de choque dos miúdos e de todos os telespectadores em geral perante as vozes guturais, o dedilhar pesado das guitarras eléctricas, o som trovejante da bateria e o boneco enforcado diziam tudo.

É ou não é o melhor de todos os temas que os Moonspell alguma vez interpretaram?

Que a caca esteja convosco!

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Desacordo Ortopédico (veemente protesto contra o «Acordo» Ortográfico) Parte VI

AS 23 TESES CONTRA O «ACORDO» ORTOGRÁFICO
Depois de tudo isto, pode-se chegar a, pelo menos, 23 conclusões quanto a este «Acordo» Ortográfico.
1 - Na traduz na escrita a oralidade da língua portuguesa.
2 - Vai contra a noção de ortografia.
3 - Não unifica a grafia, antes a divide ainda mais e corrompe a língua.
4 - Apenas pode ser usado na tradução para escrito da linguagem empregue no Brasil, a qual tende, invariavelmente e mais cedo ou mais tarde, a tornar-se numa nova língua.
5 - Tem fundamentos tão fracos que qualquer pessoa de pouca instrução vê que não está correcto. Basta um simples exercício de comparação de palavras para o comprovar.
6 - Torna um estudo etimológico quase impossível em muitas palavras devido às confusões que cria.
7 - Faz com que palavras sem relação de qualquer tipo fiquem a pertencer à mesma família.
8 - Cria problemas onde não os há.
9 - Alega e emprega falsidades nas suas elacções.
10 - Cria a discussão das letras mudas, que antes não existia, a qual é uma falsa questão porque elas não são mudas, apenas são lidas de forma diferente da mais comum, assumindo à mesma um papel activo na construção e leitura das palavras. Daqui se antevê um hipotético futuro questionamento quanto ao h quando não antecedido de c, n ou l e ao u mudo.
11 - Não foi feito por gramáticos, linguístas ou qualquer tipo de especialistas sobre a matéria mas provavelmente por políticos ou alguém a seu cargo pois revela, quer nas bases quer nas notas explicativas, completo desconhecimento do funcionamento da língua e da realidade da oralidade.
12 - Constitui um atestado de estupidez à população em geral e às crianças em particular por considerar que lhes é difícil decorar o modo de escrever das palavras com letras mudas e compreender o porquê da sua existência, como se as que aprendem línguas de ortografia mais complexa fossem mais espertas que as lusófonas.
13 - É desnecessário, já para não falar em inútil.
14 - Torna obsoletos, sem razão para isso, inúmeros livros, em particular técnicos e escolares.
15 - Torna evidente que os acordistas e aqueles que por este diploma se regerem nada percebem da língua e nunca dela terão pleno conhecimento.
16 - Viola, pelo menos, a Constituição (Artigo 9º) e a Lei do Património (Lei Nº107/2001 de 8 de Setembro, artigo 2º) e é punido pelo Código Penal.
17 - Torna evidente que a Academia das Ciências de Lisboa e o Instituto Camões falharam a sua missão de proteger a língua portuguesa e devem, por isso, ser sanados se querem reabilitar a sua credibilidade.
18 - Serve interesses políticos e económicos do Brasil, em detrimento da pureza da língua.
19 - Torna evidente a já sabida inaptidão e incompetência dos governantes portugueses.
20 - Faz de Portugal motivo de chacota por se rebaixar e submeter a uma ex-colónia (é só ver a imprensa estrangeira).
21 - Trás descrédito à língua portuguesa por nunca ter grafias fixas por muito tempo.
22 - Faz antever uma nova reforma ortográfica para breve.
23 - Nunca será empregue por alguémsensato e minimamente conhecedor da língua portuguesa.
A língua é uma ciência. Pode ser catalogada e explicada por uma série de normas e fundamentos mas não é domínio de ninguém e, como tal, não pode ser legislada. É como decretar que os planetas são obrigados a circular no sentido inverso ao que tem sido comum até hoje. A ortografia é uma teoria científica sobre a língua que isa explicá-la de forma visível e em concordância com a sua gramática. Actualmente, nenhuma norma traduz melhor a língua portuguesa na escrita que a estabelecida pelo acordo firmado em 1945 na sequência da Conferência Interacadémica de Lisboa, com as devidas correcções. A insistência em continuar a mudar sucessivamente a grafia da língua não lhe trará qualquer benefício, antes descredibilizá-la-á ainda mais. Perante estes argumentos, usemos da nossa razão, sejamos sensatos e digamos «NÃO» a este acordo que nunca o foi e mais não é que o mais grave dos pontapés na nossa língua.
Que a caca esteja convosco!
P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

O Desacordo Ortopédico (veemente protesto contra o «Acordo» Ortográgico) Parte V


A VERDADEIRA RAZÃO DE SER DO «ACORDO» E CORRECÇÕES SUGERIDAS À NORMA VIGENTE


Todos os erros constantes no «Acordo» Ortográfico de 1990 podem e devem ser corrigidos. Claro que fazendo-o, ficava-se com a regulamentação de 1945 que, quer queiramos quer não, é a que melhor se adapta à língua portuguesa. É provável que existam mais erros mas os apresentados são os que mais se destacam à primeira vista. As normas de 1945 também não eram perfeitas, como nada o é neste mundo, eram-no tanto quanto possível e também têm algumas falhas. Eis três lapsos que podiam ser corrigidos.


1 - Em relação aos tratos, no que respeita a graus académicos e cargos ocupados ou dignidades, é previsto o uso de inicial maiúscula em casos protocolares e minúscula nos restantes. Recorrendo à regra geral, o que é sensato é escrever cominicial maiúscula quando designe o nome próprioda condição ou cargo e com minúscula nos casos vagos, gerais ou comuns.


2 - As palavras salve e ave. Em qualquer caso não levam acento na segunda sílaba, o que cria confusões entre as formas em que as respectivas vogais são fechadas e aquelas em que são abertas e acentuadas. Pela lógica, deve haver distinção gráfica, já que a há oral e com notória disparidade, entre salve (conjugação do verbo salvar na primeira ou terceira pessoa do singular no Presente do Modo Condicional) e salvé (cumprimento) e entre ave (animal) e avé (cumprimento).


3 - O problema principesco. Oficialmente escreve-se príncipe, o que não faz sentido porque ninguém diz príncipe mas sim príncepe. Mais: a raiz etimológica desta palavra é o termo latino princeps. Alguns pseudo-gramáticos falam num fenómenode dissimulação do i em e, o que não convence ninguém nem faz sentido porque só é possível o contrário, que é o e em i, como em preocupação, por exemplo. Haja bom-senso. Diz-se príncepe? O étimo é com e? Então escreva-se com e e não com i, ficando assim em concordância com o seu feminino, princesa, não princisa, do latim princepsa. Há quem possa dizer que não se pode nem deve alterar por causa de principado, que é um estado chefeado por um príncepe. Acontece que não pertencem ambas à mesma família de palavras. Principado é da família de principal, não de príncepe. Principal provem do latim principalis. Ora se por um lado «príncepe» é um título vago e pouco exacto, por outro, nem todos os principados são encabeçados por príncepes. Logo, príncepe e principado são dissociados em quase tudo.


Se o «Acordo» Ortográfico não serve para a escrita do português, porquê pô-lo em prática? Por causa do poder. Por um lado, a ortografia brasileira é só aplicada no Brasil mas a portuguesa é-o em Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncepe e Timor-Leste. A adopção de uma ortografia única em todos os países ditos lusófonos (e melhor ainda se brasileira, visto que, com o «Acordo, só 0,6% das suas palavras sofrem alterações) permitiria aos livreiros e editoras do Brasil alargar o seu mercado a um domínio hoje quase exclusivo de Portugal. Se a língua sai prejudicada, isso pouco importa, o lucro está acima de tudo. Por outro lado, e mesmo que não seja essa a intenção dos responsáveis brasileiros, este «Acordo» é um verdadeiro marco simbólico de domínio. Ao submeter-se a um tipo de tratado que descaradamente favorece o Brasil, Portugal, o antigo dominador e actualmente um país decadente, ficará sempre visto aos olhos dos outros como se tendo rebaixado à sua ex-colónia, agora uma potência em ascenção.


Insisto em repetir que NADA, MESMO NADA tenho contra o Brasil.


(CONTINUA e segue-se a última parte)



Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

O Desacordo Ortopédico (veemente protesto contra o «Acordo» Ortográfico) Parte IV

O NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO EXPLICADO DE MODO FÁCIL (3)
5ª - Base XVII - A parte respeitante ao hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver guarda outra bácora que ninguém percebe para que foi feita. Vejamos então o número 2: «Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: hei de, hás de, hão de, etc..» Esta medida não tem razão de ser porque cria uma incoerência. Como é sabido, o discurso procede-se em três vozes: activa, passiva e reflexiva. A voz reflexa ou reflexiva, que é a que interessa para o caso, emprega-se quando a acção recai sobre quem a pratica (ele cortou-se, eles pintaram-se, eu trato-me). O verbo haver, usado quase em exclusivo como verbo auxiliar, é, para esse efeito, muitas vezes conjugado na voz reflexiva. Deste modo, o de não tem aqui função de preposição, é sim equivalente ao me, ao te, ao se, ao nos e ao vos para conjugar os outros verbos na voz reflexiva. Portanto, se se escreve cortou-se, pintaram-se e trato-me, também se deve escrever hei-de, hás-de, há-de e hão-de.
6ª - Base XIX - O uso das minúsculas e das maiúsculas sempre foi discutido. Por isso, apenas foi sempre tido como dado garantido e inegável, como um dogma, que os nomes próprios e as frases tinham como primeira letra uma maiúscula e o resto era minúsculo. Sempre assim se ensinou na escola. O «Acordo Ortográfico» vem acabar com isso. Indica assim no seu número 1: «A letra minúscula inicial é usada: (...)
b) Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira, outubro, primavera.» Quanto aos dias da semana está certo, desde que não designem nomes próprios de dias em concreto, como Domingo Gordo, Sábado de Aleluia ou Sexta-Feira Santa. Os restantes não podem estar correctos e a Base XXXIX do diploma de 1945 previa esta situação e explicava porque é que não podia ser assim: isso iria criar cofusões com nomes comuns. Verão, por exemplo, seria confundido com a conjugação do verbo haver na terceira pessoa do plural do Futuro do Modo Indicativo: verão, e eles verão o quê? Já outono é um cereal e primavera uma planta. Em relação aos meses, o caso é mais caricato: Janeiro é o primeiro mês do ano, janeiro é o cio dos gatos; Fevereiro é osegundo mês, fevereiro é uma ave; Maio é o quinto mês, maio é um boneco usado numas festas populares em algumas partes do Algarve. Assim, 19 de janeiro não é uma data, são 19 gatos com o cio. Portanto, concui-se que tem de haver uma distinção gráfica para evitar confusões entre os nomes próprios dos períodos e nomes comuns de variadas coisas, nomeadamente mantendo a inicial maiúscula nos primeiros, como indica, aliás, a regra geral.
«c) Nos bibliónimos (após o primeiro elemento, os demais vocábulos podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): O Senhor do Paço de Ninães, O Senhor do paço de Ninães; Menino de Engenho, Menino de engenho; Árvore e Tambor ou Árvore e tambor.» Nem é necessário ser especialista para ver que há aqui uma incongruência, basta seguir o bom-senso. Cada palavra constituinte do título faz parte do nome próprio da obra e como tal deve ser tratada. Portanto, da mesma maneira que o nome, por exemplo, do Marquês de Pombal se escreve Sebastião José de Carvalho e Melo e não Sebastião josé de carvalho e melo, também o célebre livro de Júlio Dinis (idem) é As Pupilas do Senhor Reitor e não As pupilas do senhor reitor. Senhores acordistas, haja coerência e respeito pelos nomes próprios!
«d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano.» A Base XL de 1945 diz exactamente o contrário e tem razão lógica para tal. Quando estas palavras são empregues para designar algum indivíduo em sentido vago, devem sim ser escritas com inicial minúscula. Porém, se surgem em substituição de um nome próprio em concreto, devem ter inicial maiúscula. Exemplo: ali o Senhor Fulano quer uma caldeirada.
A alínea e está muito pobre e incompleta, parece um resumo feito à pressa da Base XLVI de 1945.
«f) Nos nomes que designam domínios do saber, cursos, disciplinas (opcionalmente, também com maiúscula): português (ou Português), matemática (ou Matemática), línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas).» Diz a lógica e a regra geral que, nestes sentidos, tais palavras, que são nomes próprios, devem ter iniciais maiúsculas. Tal só não é necessário quando designem nomes comuns: filosofia de vida; é a matemática das coisas; falam-se muitas línguas no Mundo; eu gosto das literaturas modernas.
7ª - As facultatividades - Por todo o texto do «Acordo» proliferam as possibilidades de escrever um vasto leque de palavras da maneira que bem se entender, dentro das restrições impostas. Parece curioso um documento que pretende unificar a ortografia da língua portuguesa permitir uma tão grande variedade de grafias. Os seus defensores dirão que já na regulamentação de 1945 se admitiam facultatividades na escrita. É verdade mas essas tinham como base diferenças na oralidade, como as relativas aos ditongos oi e ou, de que resultavam palavras diferentes, ainda que sinónimos. Agora não, podem haver diferenças na oralidade, como as há de região para região dentro de qualquer língua, mas sobre a mesma palavra. Tendo em conta as distinções entre a oralidade portuguesa e brasileira, uma facultatividade só se deveria verificar a nível da acentuação em casos pontuais. Em rigor nem isso, se considerarmos que a língua é única, una e portuguesa. Ao invés, o «Acordo» não só não unifica a escrita como cria várias escritas possíveis. Onde antes existiam duas grafias, portuguesa e brasileira, passam a haver a portuguesa (que os sensatos saberão compreender e manter), a brasileira e uma série de variações dentro de um género abrasileirado.
(CONTINUA)
Que a caca esteja convosco!
P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

O Desacordo Ortopédico (veemente protesto contra o «Acordo» Ortográfico) Parte III

O NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO EXPLICADO DE MODO FÁCIL (2)

2ª - Base IX - Outra sucessão de incongruências, só para ser simpático, aparece na secção da acentuação gráfica das palavras paroxítonas, que são as acentuadas na penúltima sílaba. Diz no número 7: «Prescinde-se do acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contêm um e tónico oral fechado em hiato com a terminação -em da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo, conforme os casos: creem, deem (conj.), descreem, desdeem (conj.), leem, preveem, redeem (conj.), releem, reveem, tresleem, veem.» Ora ao retirar o acento circunflexo do primeiro e da sequência êem, como em crêem, ficamos com ee, como nas seguintes palavras: compreende, repreensão, surpreendem e veemente. Em conformidade com as novas regras, todas estas palavras compartilhariam a sequência ee. No entanto, se aquelas às quais se pretende retirar o acento circunflexo se lêem e, como tal, devem ser escritas êem, todas as outras lêem-se iem. Se são casos diferentes, porquê meter tudo no mesmo saco?
Bacorada seguinte, no número 9, que diz: «Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tónica aberta ou fechada, são homógrafas de palavras proclíticas. Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, e pelo(s), substantivo ou combinação de per e lo(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s); etc..» Vamos lá ver se nos entendemos. Não são funções primárias e essenciais dos acentos gráficos assinalar as vogais acentuadas, distinguindo assim na escrita palavras de igual grafia mas diferente acentuação, deste modo possibilitando uma mais correcta tradução da escrita para a oralidade e vice-versa? Suprimindo a acentuação, não deixará isso de acontecer? Não criará isso uma enorme confusão para quem lê? Tal medida só faria sentido numa língua em que não houvesse grande variedede e distinção entre vogais abertas, fechadas e acentuadas. Se em Portugal há essa variedade e distinção, no Brasil não.
3ª - Base XV - Sigamos para a base que trata do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares. Também aqui há asneiras. Diz a observação do número 1: «Certos compostos em relação aos quais se perdeu, em certa medida,a noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, etc..» Quanto a girassol ou pontapé não há qualquer questão mas se o mandachuva levanta dúvidas (guarda-chuva, manda-chuva, meus amigos), paraquedas e paraquedista são, no mínimo, problemáticos. Em primeiro lugar, quem lê as palavras lê para e não pára, pois falta lá o acento. Como aquela sílaba () é antes da esdrúxula, a antepenúltima, pára tem de ficar destacado do resto para receber acento. Em segundo, para é o prefixo que designa algo em prol ou que é quase outra coisa, como um paramédico é alguém com um estatuto próximo do de um médico mas não é médico ou uma parafarmácia não é uma farmácia mas um é estabelecimento parecido. Logo, umas «paraquedas» devem ser umas quase quedas ou algo parecido a quedas. Quanto a um «paraquedista» não sei mas deve ser alguém doutrinário e defensor das «paraquedas». Em suma, um tiro no pé.
Vem escrito no número 6: «Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjectivas, pronominais, adverbiais, propositativas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas excepções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-prefeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa). Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções:
Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar; (...)» Os autores do «Acordo» estiveram muito distraídos porque é costume e hábito entre nós escrever pelo menos fim-de-semana com hífenes.
4ª - Base XVI - Os pontapés na Gramática parecem alcançar o ilimitado na base do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação, nomeadamente no número 2, que cito: «Não se emprega, pois, o hífen:
a) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se, prática aliás já generalizada em palavras deste tipo pertencentes aos domínios científico e técnico. Assim: antirreligioso, antissemita, contrarregra, contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, tal como biorritmo, biossatélite, eletrossiderurgia, microrradiografia.
b) Nas formações em que o prefixo ou pseudo-prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente, prática esta em geral já adoptada também para os termos técnicos e científicos. Assim: antiaéreo, coeducação, extraescolar, aeroespacial, autoestrada, autoaprendizagem, agroindustrial, hidroelétrico, plurianual.»
Estas regras acarretam três problemas:
1 - são uma insignificância desnecessária, ou seja, trazem alterações ridículas e sem necessidade e propósito;
2 - o o da sequência co, quando não acentuado, é fechado se ligado a outra vogal que o suceda (conferir com coelho, Coimbra ou coordenar), o que o obriga a ficar destacado do resto da palavra, até porque em muitas palavras este prefixo fica antes da antepenúltima sílaba, pelo que não pode receber qualquer acento gráfico;
3 - o argumento que baseia as regras, o de que é uma prática adoptada e generalizada, é falso e basta olhar para qualquer documento técnico para constatar essa gigantesca e descarada mentira.
Mais uma vez, relembro que nada, NADA, NADICA DE NADA, tenho contra o Brasil.
(Continua)
Que a caca esteja convosco!
P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Desacordo Ortopédico (veemente protesto contra o «Acordo» Ortográfico) Parte II

O NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO EXPLICADO DE MODO FÁCIL (1)


O «Acordo» de 1990 fundamenta a ortografia em 21 bases (o diploma de 1945 fazia-o em 51, o que, só por si, já pode servir para ilustrar o grau de qualidade, inversamente proporcional ao da asneira). Uma boa parte do texto é uma fiel cópia do do «Acordo» de 1945. Das que não são, algumas são da categoria do «não aquece nem arrefece», que é o caso da Base I, que diz o mesmo que já antes se dizia salvo na parte em que se considera que o alfabeto português tem 26 em vez de 23 letras, ou seja, mantêm-se as circunstâncias do uso do k, do w e do y só que agora passam a ser consideradas parte do alfabeto português. Sinceramente, é uma picuinhice. Outras coisas há que são asneiras de bradar aos céus, as quais passo a enumerar e explicar da maneira mais simples possível. O texto do «Acordo» será aqui adaptado à ortografia moderna (a de 1945) para ser minimamente perceptível.


1ª - Base IV - O cavalo de batalha dos defensores do «Acordo», que dizem que só se deve escrever o que se diz, isto é, não se diz, não se escreve. É uma excelente ideia que já tinha sido aplicada em 1945. Estes indivíduos armados em entendidos consideraram que não e daqui resultou patacoada, senão vejamos. O texto diz:


«1 - O c com valor de oclusiva velar, das sequências interiores cc (segundo c com valor de sibilante), e ct e o p das sequências interiores pc (c com valor de sibilante), e pt, ora se conservam ora se eliminam. Assim:

a) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias cultas da língua: compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar, pacto, pictural, adepto, apto, díptico, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto;

b) Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias cultas da língua: ação, acionarafetivo, aflição, aflito, ato, coleção, coletivo, direção, diretor, exato, objeção, adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo;

c) Conservam-se ou eliminam-se facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e carateres, dicção e dição, facto e fato, sector e setor, ceptro e cetro, concepção e conceção, corrupto e corruto, recepção e receção;

d) Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt se eliminar o p de acordo com o determinado nos parágrafos precedentes, o m passa a n, escrevendo-se, respectivamente, nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista, assumpção e assunção, assumptível e assuntível, peremptório e perentório, sumptuoso e suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade.

2 - Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento: o b da sequência bd, em súbdito; o b da sequência bt, em subtil e seus derivados; o g da sequência gd em amigdala, amigdalácea, amigdalar, amigdalato, amigdalite, amigdalóide, amigdalopatia, amigdalotomia; o m da sequência mn, em amnistia, amnistiar, indemne, indemnidade, indemnizar, omnímodo, omnipotente, omnisciente, etc.; o t da sequência tm, em aritmética e aritmético.»


As línguas, nas suas escritas, são como as máquinas: as porcas e os parafusos podem não ser intervenientes directos para o funcionamento dos motores, ou seja, não fazem com que ele trabalhe ou não, como o fazem a água, o vento, os combustíveis, a corda ou seja o que for, mas experimente-se a tirarem-se-lhos e logo se verá o engenho a avariar e largar peças por todo o lado, deixando de funcionar. De igual modo, por exemplo, em francês escreve-se «cadeaux» e diz-se «cádô» ou em inglês «although» para quando é dito «aldou». Tal como as porcas e os parafusos estão nas máquinas por algum motivo, também aquelas letras ali estão na escrita e, em ambos os casos, pela mesma razão, que é que tudo funcione bem.


No que diz respeito à Base IV, a alínea a do número 1 está correctíssima, assim como o princípio que argumenta a alínea d. Já os exemplos desta segunda não. O erro surge quanto às duas últimas palavras. Toda a gente diz «sumptuoso» e «sumptuosidade», não faz sentido passar a escrever e, logo, a dizer «suntuoso» e «suntuosidade». Estas palavras só são ditas assim... no Brasil. De igual modo, todo o número 2 não tem qualquer lógica porque as letras em causa são sempre, em qualquer lado e circunstância, pronunciadas. A alínea c do número 1 é outra que não faz sentido, tal como inúmeras outras alíneas do «Acordo», visto que também aqui estas letras apontadas só não são pronunciadas no Brasil, o que é o argumento que sustenta o princípio das facultatividades, do qual se falará adiante. A alínea b é, de todas deste número e das partes do «Acordo», a mais discutida e discutível. Para compreender o porquê do seu erro, é necessário um recuo no tempo.


Os Romanos não usavam acentos. Aliás, os acentos são invenções relativamente recentes. Como não os tinham, usavam certas letras colocadas em determinados lugares de maneira a saber que, de determinada sequência de letras, uma delas seria acentuada graças à tónica que outra lhe conferia. Olhando o caso numa perspectiva meramente metafórica, para que todos possam compreender, era como se uma letra desse a sua força a outra para que esta se pudesse ouvir melhor e acabasse por ficar tão cansada e fraca que deixava de se conseguir fazer ouvir. Esta letra que se sacrificava não era uma letra ao acaso, tinha de ser uma em específico, por variadas razões próprias da língua. Ora o latim deu lugar ao português mas o hábito e a necessidade de explicar certos fenómenos que ocorriam na oralidade tornou imperativa a manutenção desta regra em alguns casos pontuais, como explica e demonstra o «Acordo» de 1945, senão vejamos.

Vamos proceder a um simplícimo exercício de comparação usando palavras dadas como exemplo na alínea b do número 1 da Base IV e outras escolhidas à sorte. Acção, accionar, fracção, Mação, cação e implicação. Que denotamos? Que o a que antecede a sequência é sempre aberto mas o que antecede o ç sozinho é sempre fechado. Que conclusão se tira daqui? Que o c colocado antes do ç abre o a que o antecede. Logo, retirando o c, o a fica fechado. Assim sendo, e acção, accionar e fracção não são as mesmas coisas que ação, acionar e fração. Sempre se podia pôr um acento no a mas o resultado seria desastroso pois a tónica dada ao a tenderia a tornar as outras vogais fechadas e criaria confusões. Áção, por exemplo, dir-se-ia de maneira igual a assam (terceira pessoa do plural do verbo assar no Presente do Modo Indicativo). Vamos a outros casos: direcção, objecção, infecção, secreção, colecção. Também aqui o e, quando fica antes de fica aberto e o que antecede só o ç fica fechado. Experimente-se a acentuar o e tendo só o a seguir e já se vê a asneira que sai. Deixe-se ficar sem o acento e ficaremos com o e fechado. O princípio é o mesmo que nos casos de acç. Consequentemente, e por uma questão de coerência, colectivo, director e objecto devem manter os seus c antes do t porque têm o e aberto. Alguns dirão que feto, por exemplo, tem o e aberto, tal como o e de afecto, e não é sucedido por nenhum c. é verdade mas é aqui que volta a entrar a coerência. Se colectivo é da família de colecção, director de direcção e objecto de objecção, também afecto é de afecção. Há ainda uma razão etimológica, que é a da palavra que está na origem de feto não ter qualquer consoante que hoje tivesse de ser empregue como muda. Deste exercício se conclui que as consoantes ditas mudas são também essenciais para o agrupamento e distinção de famílias de palavras. Sem elas haveria confusão e, por exemplo, «afetar» não pode ser outra coisa senão atribuir a algo características de feto.

Os mesmos princípios aplicam-se a acto e exacto, aliás palavras da mesma família mas com uma diferença entre elas, que é a de, em rigor, o c de acto e suas derivadas não ser mudo, como diz o enunciado na alínea b. Mas agora, para efeitos do debate académico, vamos abrasileirar-nos e fazer de conta que é mesmo mudo. Alguém dirá: «mas o primeiro a de actividade é fechado e há um c mudo a seguir.» É verdade, é uma excepção à regra, como as há em tudo. No entanto, mesmo que o c fosse mudo, teria de ser escrito para que se soubesse que pertencia à família de acto, activo e activação.

O caso de adopção e adoptar é idêntico. Comparado com adoçar e dotar, vemos que o o é aberto antes de ou de pt mas, sem o p, é fechado. Repare-se que aqui o p é considerado mudo mas, em palavras muito idênticas, como opção e optar, não é. O emprego do p em adoptar e adopção segue as razões já apontadas. E porquê o p e não outra letra? Porque é esta a empregue na sua raiz etimológica, em latim. Sem ele, «adoção» seria um eventual sinónimo de «adoçamento» e «adotar» qualquer coisa relativa a dotar ou atribuir dote.

O p de baptizar existe pelas mesmas razões (abre o a antes do p, o que não acontece em batedor ou bateria, cujo a antes do t é fechado) e garante-nos que um baptista, seguidor e crente em São João Baptista, não tem nada a ver com um batista, defensor de que é a bater que se resolvem as coisas. Baptizar não é da família de bater.

Óptimo revela-nos o problema oposto ao de acto e actividade: o o inicial é acentuado e há um p considerado mudo logo a seguir. Para quê? Não seria mais lógico escrever «ótimo», como prevê o «Acordo» de 1990? Não porque assim incorria-se em incoerência. Não nos podemos esquecer que se o p de óptimo é dito mudo, já o p de algumas palavras da mesma família, como optimizar ou optimização, costuma ser pronunciado e, em rigor, deve sê-lo.

O caso de Egipto é o mais bizarro dos exemplos dados. Ninguém sabe sequer o que é que ele lá faz. Para quê retirar-lhe o p? Não conheço uma única pessoa que diga «Egito». O p aqui não é mudo! E, porventura, serão os seus naturais os «Egícios» e os seus estudiosos os «egitólogos»? Não, são os «Egipcios» e os «egiptólogos». Logo, o país é o Egipto e não o «Egito». Para mais, a subtracção do p retira tónica ao i e a palavra deixa de ter sílaba tónica.

Antes de dizermos já que as alterações apresentadas pelo diploma de 1990 (ou deverei dizer 2009) não fazem qualquer sentido, façamos o oposto do que se tem feito até agora, que é tentar encontrar uma lógica para tudo. Na realidade, estas novas regras ortográficas têm aplicação prática numa língua em que não haja grande distinção entre vogais abertas e fachadas. Ora em Portugal a distinção é enorme, muito complexa e variada. Já no Brasil nem por isso.

Mais uma vez afirmo que NÃO TENHO ABSOLUTAMENTE NADA CONTRA O BRASIL!

(CONTINUA)




Que a caca esteja convosco!

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

E mais uma vez... asneira!


Ora vamos lá ver se percebo:


Cavaco Silva, eleito para Primeiro-Ministro de um governo minoritário em 1985. Dois anos depois foi derrubado por uma moção de censura. Motivo? Entre outros, o Governo era acusado de manipulação da comunicação social. Reeleito com maioria absoluta, continuou a estoirar dinheiro público e a atropelar os direitos. Reeleito em 1991, continuou o seu ruinoso trabalho e a fazer tratados péssimos para o país. Se o pessoal se manifestava, levava porrada. Se era contra, estava «disponível». Eleito em 2006 para o cargo de Presidente da República. Desde que tomou posse, o Governo de José Sócrates nunca mais foi o mesmo. Reeleito agora.


Que parte será que as pessoas não compreenderam? Quando eu era pequeno, diziam-nos que os tolinhos levavam um puxão de orelhas e os delinquentes iam para a cadeia. Agora parece que sou eu é que tenho as orelhas quentes!


Às vezes fico a pensar que, se calhar, o Marquês de Pombal até tinha alguma razão quando dizia que os Portugueses só fazem algo se forem tocados a chicote. Por amor de Deus! Estou muito decepcionado com a vossa falta de memória!


Que a caca esteja convosco...


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!! O manifesto continua já a seguir.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O Desacordo Ortopédico (veemente protesto contra o «Acordo» Ortográfico) Parte I


O CONTEXTO DA ASNEIRA

Vamos agora a uma história sobre até que ponto há gente que pensa que sabe tanto e é tão esperta que, quando estes fulanos dão por eles, em vez de sabichões, já são sabões.

Era uma vez um lindo e pacífico país chamado Portugal onde os seus naturais, apesar de muito trabalhadores, tinham um pequeno problema, que era o de quase ninguém saber ler nem escrever. Mesmo os seus reis, que se alguns foram ilustres letrados, outros não conheciam uma letra do tamanho dum cavalo. É que aprender a ler e a escrever demora tempo e exige prática e treino regular. Ora quase ninguém tinha possibilidade para isso, havia que trabalhar para ganhar o sustento e as letras não enchiam as barrigas. Como tal, ninguém se importava com a maneira como se escrevia, nem mesmo os que o sabiam fazer, e cada um escrevia da maneira que considerava ser a mais correcta. Existiam, portanto, inúmeras ortografias.

Com o passar dos séculos, foram-se formando duas tendências. Uma era a etimológica, que defendia que, uma vez que a língua portuguesa era descendente de outras línguas mais antigas, em especial o latim, devia conservar na escrita a memória destas. Outra era a fonética, que entendia que isto já não era latim nem grego nem fosse o que fosse e que, portanto, as palavras escritas não deviam estar carregadas de letras atávicas mas sim descrever aquilo que, de facto, se dizia. As divergências duraram durante muito tempo mas a generalidade do povo não se importava porque era analfabeta. Só em 1945 é que membros da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira das Letras se reuniram e conseguiram chegar a um consenso. Visto que nem a ortografia etimológica nem a ortografia fonética traduziam bem na escrita a língua portuguesa, fez-se uma combinação de ambas e assim foi criada a chamada ortografia moderna, que finalmente trouxe a tão desejada ordem onde durante cerca de 800 anos só houve caos. Agora a língua já tinha uma forma fixa e todos podiam aprender e escrever da mesma maneira.

O Governo Português gostou tanto da ideia que decidiu pôr o entendimento em prática. Porém, o Congresso Brasileiro não foi da mesma opinião. É que, desde que aquela antiga colónia portuguesa se tinha tornado independente, em 1822, a maneira de falar no Brasil já tinha mudado muito e era agora bem diferente da falada em Portugal. Por isso, decidiram aplicar regras distintas das acordadas e o que as academias decidiram apenas foi posto em prática em Portugal, isto é, a Metrópole e as suas dependências.

Foram várias as tentativas de chegar a acordo com os responsáveis do Brasil, em vão. Entretanto, a generalidade dos Portugueses tornou-se alfabetizada , ainda que não fosse propriamente letrada, e a escrita tornou-se essencial no dia-a-dia e até um vital suporte para a língua.

Tudo estava bem quando, em 1990, foi feito um estudo com uma proposta de ortografia unificadora para os países ditos lusófonos. Era, à semelhança do tratado de 1945, o «Acordo Ortográfico». No entanto, apresentava soluções tão absurdas que foi posto na gaveta e esquecido. Por azar, quando Portugal estava em declínio, o Brasil entravanuma fase de prosperidade e assumia-se como um país rico, influente e uma potência emergente. Os governantes portugueses podiam ter procurado restaurar o esplendor de Portugal mas optaram sempre pela via mais fácil, que era a colagem aos grandes e poderosos países, como os Estados Unidos da América, a Inglaterra, a Alemanha e outros. Ora estando o Brasil a destacar-se, chegou-se ao ponto de, em certas ocasiões, como nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, por exemplo, quando se pretendia traduzir algo para português, esta era feita para o idioma do Brasil, em muito diferente quer na oralidade quer na escrita. Com o acentuar da velha crise, o Governo Português podia tentar incentivar o investimento e proteger a riqueza do país mas como isso implicava chatear a União Europeia, a quem tinha mais obediência e devoção que ao próprio país, enveredou por aliar-se ao antigo «irmão» mais novo, o Brasil. É nestas circunstâncias que, curiosamente, reaparece o «Acordo Ortográfico, do qual já ninguém se lembrava e poucos alguma vez deram por ter existido. Coincidência, não é?

Ora vamos lá ver. Português é a língua de Portugal, certo? E pronto. Uns dirão: mas Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncepe, Brasil e Timor-Leste também falam! Bem, quase. É que em Timor-Leste fala-se tetum e bahaza, poucos falam português e muitos menos de forma correcta. No Brasil, as diferenças são imensas, quer na forma de pronunciar as palavras quer na conjugação dos verbos, no quase desuso de preposições e vogais fechadas, na constante substituição da acentuação aguda pela circunflexa, no emprego dum léxico muito distinto do corrente em Portugal e na atribuição de significados muito próprios e diferentes dos atribuídos nas mesmas ou simileres palavras e expressões proferidas em qualquer outro país dito lusófono. No geral, o idioma falado em grande parte do Brasil pouco mantém de gramático e fonético com a língua portuguesa e tende, invariavelmente e mais cedo ou mais tarde, a derivar numa nova língua. Quanto aos países africanos, em particular Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, possuem uma diversidade de línguas nativas e dialectos croiulos, pelo que é reduzido o número de pessoas que fala português em exclusivo. Nestes casos, o português é pouco mais que uma língua franca, como o latim o foi na Europa durante a Idade Média e a Idade Moderna. Daqui se deduz que a questão da ortografia sempre foi um problema que praticamente se resume a Portugal e Brasil. Mesmo assim, não é invulgar reportagens de certas partes do Brasil terem de ser legendadas para que se perceba o que dizem os naturais. Agora imagine-se nos outros países referidos em que, sempre que há uma visita oficial, são necessários tradutores e intérpretes.

Alguns políticos, analistas, gramáticos e linguístas consideram que a língua portuguesa nunca será tida em grande conta enquanto tiver duas ortografias oficiais, uma de Portugal e outra do Brasil. Pois seria mais lógico achá-lo pelo facto de não haver uma ortografia fixa e duradoura. Em 100 anos, o Estado Português mudou a sua ortografia oficial três vezes (adoptou uma em 1915, mudou em 1945 e novamente em 2009 para pôr em prática em 2015) e fez uma série de adaptações, sempre com vista a aproximar-se da ortografia do Brasil. No entanto, se umas vezes a Academia Brasileira das Letras aceitou os acordos, noutras ocasiões voltou atrás e noutras manteve-se mas as entidades governantes não lho deram seguimento. Ao fim de tantas peripécias, não seria melhor manter a actual ortografia definitivamente e enveredar sim por um verdadeiro restauro da língua?

Claro que esta é uma visão muito simplificada da realidade mas, para o efeito, serve para ilustrá-la. Quem quiser saber mais sobre a sucessão dos acontecimentos, é só consultar a cronologia que consta aqui:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ortografia_da_l%C3%ADngua_portuguesa

Note-se que EU NADA TENHO CONTRA O BRASIL, NADA, NADA NADA! Agora vamos ao mais importante, que é o «Acordo Ortográfico» e porque é que é algo isento de coerência e, logo, de razão.

Que a caca esteja convosco!

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Crítica ao livro «12 Erros Que Mudaram Portugal»


Tive oportunidade de ler o livro «12 Erros Que Mudaram Portugal» e só de olhar para o título, fiquei a pensar «só 12?!» De facto deve ter sido bem difícil escolher uma dúzia, há imensas grosas por onde escolher! (Para quem não sabe, uma grosa são 12 dúzias.) Passando o espanto do título, devo dizer que gostei muito do livro, que considero ser de boa qualidade e cativar o leitor com a explicação em moldes simples e com muito humor, essencial para agarrar o leitor mais avesso à historiografia. Porém, sou obrigado a apontar-lhe alguns lapsos, aliás compreensíveis da parte de quem, como os autores admitem serem os seus casos, não é entendido em História. Vamos a eles.


Em primeiro lugar, um clássico, logo no primeiro capítulo. É certo que se diz à boca cheia que o Dom Afonso Henriques deu uma tareia na mãe e está documentado que a prendeu no Castelo do Lanhoso depois da Batalha de São Mamede mas esta dita tareia é em sentido figurado e é apenas válida em contexto de conversa de rua. Não existe qualquer documento coevo que refira que o nosso então futuro primeiro rei tenha batido na mãe e nunca tal coisa se ensinou em escola alguma. Enfim, um mito sem fundamento. Ele também não foi aclamado rei nessa circunstância mas mais tarde, em 1139, depois da Batalha de Ourique. Dizer que ele não criou nada senão uma sucorsal do «Império Hispânico» e que nem desejava a independência de Portugal é muito sagaz e não está de acordo com o que se conhece dos factos ocorridos na época. De resto, está um bom artigo.


Capítulo IV. Porto Santo não foi descoberto em 1425 mas sim 1418. Os Descobrimentos não falharam por falta de estratégia e muito menos por causa de um amuo do Dom Manuel I com o Pedro Álvares Cabral, falharam sim pela falta de fiscalização e consequente corrupção e laxismo administrativo e pela pressão, corso e pirataria de muitos adversários (em especial Mouros, Turcos, Castelhanos, Holandeses, Franceses e dos Ingleses, para mais nossos aliados), isto já para não falar na vastidão e descontinuidade do Império, na escassês de homens e recursos e na nefasta acção dos jesuítas e, principalmente, da Inquisição, entre outros. Muito foi ele conseguido para o que era possível e que a perda da independência veio ajudar a estragar.


Capítulo V. Está certo que os Judeus eram grandes conhecedores de negócios e coisas de ciência mas daí a fazer da sua expulsão a causa da desgraça e ruina completa de Portugal ainda vai um bom bocado. E onde está o facto de eles se terem então tornado grandes proprietários e burgueses poderosos e viverem às custas de parte da população, que se sentia explorada, o que motivou a célebre Matança dos Cristãos-Novos? Será caso que não existissem e viessem a existir grandes intelectuais, letrados e mestres de ofícios portugueses tanto ou mais capazes que os judeus? Pelo que vem escrito, dá-se a entender que nós somos uns incapazes e incompetentes natos, o que já se verificou não ser verdade nem de perto nem de longe. Amigos autores, estais a sobrestimar os Judeus, de quem eu não tenho nem contra nem a favor mas como semelhantes a nós, como de facto todos nós, humanos, somos.


Capítulo VII. Não será um bocado exagerado atribuir estes males de saúde aos Portugueses e Espanhóis? A introdução destes produtos na Europa pode ter sido feita por nós, sim, mas não fomos nós que os começámos a produzir fritos para comer ou, no caso do tabaco, para fumar, aos magotes. E já agora, a batata não tem nada de mal, o que se lhe adiciona é que pode fazer mal.


Capítulo X. Passo a citar. «Para a história, fica a marca de uma república que adoptou uma canção popularucha e sentimentalista para hino, sem cuidados sobre a letra nem música, uma adaptação de hinos estrangeiros com uma pitada de faduncho pobre e uma letra que foi alterada conforme a circunstância. O resultado foi um hino de que nenhum português gosta muito, melódica ou poeticamente, mas que emociona como qualquer símbolo.» Está tudo louco? De tempos a tempos aparece alguém a dizer que o hino é uma cópia d'«A Marselhesa». Não sei de onde vão buscar essa ideia. Tirando o nome («A Portuguesa») e o tal verso de «Às armas, às armas!», não há nada mais de parecença. O mesmo se passa quanto à comparação com o «Hino da Maria da Fonte». Alguém experimente ouvir estes três hinos de seguida e logo notará que semelhanças há entre eles. Eu poupo-vos esse trabalho: é nenhuma, até o «Hino da Restauração» é mais parecido! Nem consigo perceber onde conseguiram meter uma citação de fado nisto. Se a letra e a melodia não são cuidadas, acho curioso que o hino português, e não somos só nós que o dizemos, seja considerado um dos mais belos e bem conseguidos do Mundo. Essa de nenhum português gostar lá muito do hino é tão verdade quanto lombrigas serem descendentes dos pardais. Se mais ninguém gosta, eu digo-vos: eu gosto muito. Cuidado com o que se diz. Ainda assim, gostei muito daquela da Nelly Furtado.


Animado, conciso, acutilante e claro. Muito bem! Mas cuidado com as falhas... A História é o nosso passado e presente mas também o nosso futuro.


Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Mais uma vez, boas festas!

É verdade, já estamos a chegar outra vez ao fim de mais um ano e os balanços são inevitáveis, bem como os desejos e receios para com o ano que se avizinha. A verdade é que, no que diz respeito aqui ao pombal, o Pombocaca anda meio moribundo e parece que ninguém já lhe liga. Talvez esteja a chegar à sua recta final de existência. «Tudo passa, só Deus fica», já lá dizia o provérbio. O ano que vem também não se adivinha vir a ser nada bom, pelo que não sei se este marado blog lhe resistirá. Vejamos. Tendo isto em mente, apelo, porém, que não nos amedrontemos com as crises. Portugal já passou por tantas e, passados quase 900 anos, continua por cá. Falta cumprir-se o seu destino. E não há melhor receita para as crises que a alegria e o optimismo. É de alegria, este tempo que vivemos, a mais feliz época do ano, a da união das famílias, ou melhor, de toda a enorme e universal família da Criação, aquela que Jesus Cristo pregou ao Mundo há dois milénios e que ilustrou logo à partida com o episódio do seu nascimento. Mais importante do que qualquer religião e opinião, o importante é vivermos cada dia neste sentido pois só assim compreenderemos que todos os dias são natais e, portanto, dias de união.

O Natal não são compras, são dádivas, dádivas de afecto. Daqui do Pombocaca para todo o Universo, pomos a corrosão das fezes columbinas de lado para desejar um santo e muito feliz Natal e, independentemente do que aí venha, um tanto quanto possível ano de 2011 cheio de alegria, união e de cabeça erguida.

Que a caca esteja convosco!

P.S.: Se veres algum fulano barbudo que não conheces de lado nenhum a descer pela chaminé, sempre o podes estrangular com tanto afecto.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Terrorismo futebolístico


Pinto/Bimbo (riscar o que não interessa) da Costa disse:

«espero que esta exibição, com dez e nove jogadores, e com uma arbitragem inacreditável, cale de vez os Bin Ladens do futebol português».

Muito bem, apoiado, sim senhor! Resta saber porque é que ele ainda não fechou a matraca.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

domingo, 26 de setembro de 2010

Viva? Viva o quê?

Ainda bem que temos a felicidade de gozar, de vez em quando, de um feriado, se bem que não tenham hoje a mesma importância de outrora. Estes dias são dias de festa, de celebração de coisas boas, senão vejamos alguns casos:
- 1 de Janeiro - Dia da Paz (e mais não é preciso dizer);
- Carnaval e Páscoa - épocas de celebração da vida e do seu triunfo sobre a morte;
- 25 de Abril - Dia da Liberdade, aquele em que uns quantos militares tiveram o bom senso de acabar com uma ditadura da maneira mais limpa possível;
- 1 de Dezembro - Restauração da Independência, o venerável dia em que um punhado de 40 homens livrou o país de 60 anos de escravidão imposta por Castela, uma revolução quase impecável (2 mortos) e sem agitação social;
- 25 de Dezembro - Natal, a união fraterna, o nascimento de Jesus!
Dia 5 de Outubro também é feriado. Vão ser comemorados os 100 anos da República. Quer isto dizer que vai ser celebrado isto aqui abaixo.

Pombo amigo: sejas monárquico, republicano, anarquista ou o que quer que seja, sê racional e imparcial. Se os feriados celebram coisas boas, será que isto é motivo de celebração?

Felizmente, nesse mesmo dia de 1143 era assinado o Tratado de Zamora, que reconheceu Portugal como um reino e Dom Afonso Henriques como seu rei, o que, na prática, correspondeu à sua independência. Quer isto dizer que, a 5 de Outubro, Portugal, o nosso país, o nosso mundo, a nossa pátria-mãe, faz 867 anos! Quanto a vós não sei mas eu cá vou celebrar aquilo que fez de nós a gloriosa nação que fomos e podemos vir a ser, vou celebrar Portugal.

Valerá a pena comemorar esta república?
VIVA MAS É PORTUGAL!!!

Que a caca esteja convosco!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Fidel amigo!


Cada vez gosto mais do Fidel, senão vejamos:
- dá recados ao Hugo Chavez;
- diz ao Ahmadinejad para encarar os factos e assumir que houve Holocausto;
- defende que devíamos acabar todos com o armamento nuclear;
- reconhece que o pedido que fez aos soviéticos para atacar os Estados Unidos da América com mísseis nucleares se Cuba fosse atacada foi uma grande estupidez e que nunca o devia ter feito;
- defende que o modelo cubano não deve ser exportado porque nunca funcionou sequer em Cuba.

Caramba, ainda dizem que ficamos senis com a idade. Este parece cada vez mais lúcido! Ah, grande Fidel, és cá dos meus!

Que a caca esteja contigo!




(P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!)

sábado, 31 de julho de 2010

Farpas culturais


Para todos quantos acham que no Pombocaca não se fala de cultura, se é que aquilo que se tem constantemente tratado não é cultura, então aqui vão duas achegas.

1 - Já está aqui, já chegou, o único, o verdadeiro, sim, o «Borda d'Água» para 2011! O mais famoso almanaque de Portugal está à venda! Ah, ainda ontem recebi do carteiro um valente pacote da Minerva cujo conteúdo adivinhei de imediato. «Livros portugueses impressos em Portugal», lia-se a par do emblema da divindade pagã. Ainda me pus a desamarrar a corda mas como aquela bodega estava mais atada que o velame de uma caravela, saquei do canivete e dei-lhe a estocada. Lá estavam eles, a cheirar a novos. Melhor ainda, a editora fez juz ao seu nome e, no seguimento da máxima de inteligência que a Minerva representava na Antiguidade, as folhinhas, como são conhecidas, estavam escritas num bom português, nada de pseudo-Acordo Ortográfico. Vamos lá, pessoal, há muitas informações úteis e bons conselhos nas suas páginas para seguir nos campos e na vida. Nesta edição, para além do calendário com as suas informações culturais, liturgicas e astronómicas; trabalhos na horta, jardim e gado; feiras e mercados; prognóstico para o estado do tempo; marés; eclipses; o habitual Juízo do Ano e tantas outras coisas interessantes; temos uma generosa dose de provérbios, uma breve dica sobre a influência dos signos e da Lua Nova na Agricultura, um artigo sobre os caretos de Podence e uma tabela com o trânsito de Saturno. Não nos podemos esquecer que 2011 será um ano saturnino. Enfim, toca a adquirir e seguir as boas indicações!

2 - Foi aprovada a proibição das touradas na Catalunha pelo parlamento daquela região de Espanha. A decisão não é inédita, as Ilhas Canárias fizeram-no em 1991, mas acarreta consequências incalculáveis. Por um lado, é mais uma machadada na união com Castela. É sabido que a Catalunha é o motor económico e industrial de Espanha e que as touradas, se é que se pode chamar touradas aos espectáculos degradantes e sanguinários que por lá se fazem, são emblemáticas de Espanha. Bani-las é negar a «espanholidade» da Catalunha, à semelhança do que já aconteceu noutras situações. Por outro lado, eu sou um aficionado mas há anos que tenho dito que as touradas estão a chegar ao seu termo, pelo menos da maneira como as conhecemos. A proibição de fazer touradas numa região de um país que se diz a nação dos toureiros é a abertura de um precedente enorme rumo ao fim deste tipo de cerimónias. É certo que as corridas feitas em Portugal nada têm a ver com a selvajaria que se pratica além-fronteiras mas não deixarão de aparecer grupos e movimentos quer noutras regiões de Espanha e França e mesmo em terras lusas a pedir a mesma medida. Uma coisa é certa: de 2012 em diante nenhum touro mais será lidado na Catalunha. Pelos nossos lados, parece-me ser um bom momento para proceder à tão e há tanto tempo pedida e desejada redacção do novo regulamento taurino, para que a tradição subsista sem polémicas e não se extinga a raça de touros bravos.

Que a caca esteja convosco!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Zarolhos d'Água: O Espelho da Bobagem

Espera lá, eu disse bobagem? Oh, bolas...

Pois é, temos aqui um caso sério de várias personalidades que, às tantas, são duas pessoas apenas. Tudo isto porque, graças a Deus, voltou a dar o «Salve-se Quem Puder», o que sempre anima as tórridas noites, de resto aborrecidas quando não há eventos de maior.

Ora bem, vamos lá ver este assunto profundamente acutilante já introduzido aqui na Cacalândia Digital o ano passado. Quando alguém diz a tal palavra em questão, toca logo a música «Tuttti Frutti Summer Love» do aspirante a pseudo-latino Günther e as suas colegas Sunshine Girls. Devo dizer que tudo, desde as figuras aos nomes, é uma completa bobagem.

Então não é que há ali uma moçoila, aquela do cabelo encaracolado, que é a cara chapada da Diana Chaves? Huummm... quer-me cá parecer que a bob... a esquisitice vai mais além do concurso televisivo. Das duas uma: ou elas são umas daquelas «duas vidas separadas pelo tempo», como cantava o grande Toy, autênticas falsificações de gémeas meio verdadeiras semi-falsas, ou são a mesma pessoa. Lá teremos de puxar pelo Peixoto para saber se estamos aqui perante um caso de multiplicidade de carreiras profissionais ou uma hipotética bigamia...

Mais bicudo é o caso do caso do Abrunhosa nórdico, o pavoneante e porém magnífico Günther, principalmente desde que saíu o anúncio do Moche da TMN, este aqui:


Por aqui ficamos a saber que o homem quis ganhar uns tostões extra com a campanha do tarifário, um extra à parte das Sunshine Girls (ai se elas sabem...). O que é preocupante é isto:


Pois é, é a cara chapada do António Banderas! Estamos aqui perante um dilema lógico. Sabemos que o Banderas e o Gato das Botas são a mesma pessoa, certo? Ora se o Günther e o dito actor forem também as mesma pessoa, uau, deve ser dificil ver artista mais versátil no mundo do espectáculo! Se, ao invés, cada um for uma pessoa distinta, então temos aqui o verdadeiro fenómeno de uma irmandade inteira e do seu animal de estimação a tentar dominar os ecrãs e redio-telefonias.

Até eu estou confuso com esta bobagem...



Que a caca esteja convosco!

domingo, 20 de junho de 2010

Cinema Purgatório: «Machete»

Devo dizer que eu não sou adepto de filmes violentos, principalmente aqueles muito dramáticos ou em que a violência parece demasiado real, metem-me uma certa confusão e acho que recorrem à brutalidade desmedida como fútil forma de espectáculo. No entanto, quando esta assume um carácter ridículo, do género de um dá um tiro e meia dúzia de marmanjos caem que nem patos sem mácula de sangue ou outro dá um murro a metro e meio de distância do adversário, confesso que acho bastante divertido, isto porque não é realista e é óbvio que é um puro fingimento teatral. É neste contexto que se insere o que se segue.

Confesso que não vi nem o «Planeta Terror» nem o «Prova de Morte» mas tive oportunidade de ver a falsa apresentação de um filme ficcionado (esta é boa, ficção na ficção) chamado «Machete». Vi e adorei! Virei-me logo para o pessoal e disse:
- Ena, isto é espectacular! O Rodriguez e o Taralhoco deviam fazer este filme a sério!
Foi com grande surpresa minha que soube, há dias, que iam fazer este filme mesmo! Assim é que é! Só me falta adivinhar os números do totoloto, lotaria, euromelões ou resultados de testes de Matemática.

Em poucas palavras, aguardam-se elevadas expectativas quanto ao filme, que conta com um elenco de luxo e promete vir a ser de uma ridícula e desmesurada violência, e, consequentemente, cómico.

Porque a violência deve ser apenas obra de ficção, contenta-te com ela na tela , disfruta de uma suposta e prometida boa película e não te armes em carapau de corrida.

Para quem não sabe do que raio estou eu aqui a falar, aqui estão os «trailers» do «Grindhouse»

e o «ilegal».

Já se sabe como é que é, ele tem as armas, ele tem as miúdas... mais nada!

Que a caca esteja convosco!

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AVISO IMPORTANTE: DADO O ELEVADO TEOR EM EXCREMENTOS CORROSIVOS, NÃO SE RECOMENDA A VISUALIZAÇÃO DESTE BLOG EM DOSES SUPERIORES ÀS ACONSELHADAS PELO SEU MÉDICO DE FAMÍLIA, PODENDO OCORRER DANOS CEREBRAIS E CULTURAIS PROFUNDOS E PERMANENTES, PELO QUE A MESMA SE DESACONSELHA VIVAMENTE EM ESPECIAL A IDOSOS ACIMA DOS 90 ANOS, POLÍTICOS SUSCEPTÍVEIS, FREIRAS ENCLAUSURADAS, INDIVÍDUOS COM FALTA DE SENTIDO DE HUMOR, GRÁVIDAS DE HEPTAGÉMEOS E TREINADORES DE FUTEBOL COM PENTEADO DE RISCO AO MEIO. ISTO PORQUE...

A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!