A VERDADEIRA RAZÃO DE SER DO «ACORDO» E CORRECÇÕES SUGERIDAS À NORMA VIGENTE
Todos os erros constantes no «Acordo» Ortográfico de 1990 podem e devem ser corrigidos. Claro que fazendo-o, ficava-se com a regulamentação de 1945 que, quer queiramos quer não, é a que melhor se adapta à língua portuguesa. É provável que existam mais erros mas os apresentados são os que mais se destacam à primeira vista. As normas de 1945 também não eram perfeitas, como nada o é neste mundo, eram-no tanto quanto possível e também têm algumas falhas. Eis três lapsos que podiam ser corrigidos.
1 - Em relação aos tratos, no que respeita a graus académicos e cargos ocupados ou dignidades, é previsto o uso de inicial maiúscula em casos protocolares e minúscula nos restantes. Recorrendo à regra geral, o que é sensato é escrever cominicial maiúscula quando designe o nome próprioda condição ou cargo e com minúscula nos casos vagos, gerais ou comuns.
2 - As palavras salve e ave. Em qualquer caso não levam acento na segunda sílaba, o que cria confusões entre as formas em que as respectivas vogais são fechadas e aquelas em que são abertas e acentuadas. Pela lógica, deve haver distinção gráfica, já que a há oral e com notória disparidade, entre salve (conjugação do verbo salvar na primeira ou terceira pessoa do singular no Presente do Modo Condicional) e salvé (cumprimento) e entre ave (animal) e avé (cumprimento).
3 - O problema principesco. Oficialmente escreve-se príncipe, o que não faz sentido porque ninguém diz príncipe mas sim príncepe. Mais: a raiz etimológica desta palavra é o termo latino princeps. Alguns pseudo-gramáticos falam num fenómenode dissimulação do i em e, o que não convence ninguém nem faz sentido porque só é possível o contrário, que é o e em i, como em preocupação, por exemplo. Haja bom-senso. Diz-se príncepe? O étimo é com e? Então escreva-se com e e não com i, ficando assim em concordância com o seu feminino, princesa, não princisa, do latim princepsa. Há quem possa dizer que não se pode nem deve alterar por causa de principado, que é um estado chefeado por um príncepe. Acontece que não pertencem ambas à mesma família de palavras. Principado é da família de principal, não de príncepe. Principal provem do latim principalis. Ora se por um lado «príncepe» é um título vago e pouco exacto, por outro, nem todos os principados são encabeçados por príncepes. Logo, príncepe e principado são dissociados em quase tudo.
Se o «Acordo» Ortográfico não serve para a escrita do português, porquê pô-lo em prática? Por causa do poder. Por um lado, a ortografia brasileira é só aplicada no Brasil mas a portuguesa é-o em Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncepe e Timor-Leste. A adopção de uma ortografia única em todos os países ditos lusófonos (e melhor ainda se brasileira, visto que, com o «Acordo, só 0,6% das suas palavras sofrem alterações) permitiria aos livreiros e editoras do Brasil alargar o seu mercado a um domínio hoje quase exclusivo de Portugal. Se a língua sai prejudicada, isso pouco importa, o lucro está acima de tudo. Por outro lado, e mesmo que não seja essa a intenção dos responsáveis brasileiros, este «Acordo» é um verdadeiro marco simbólico de domínio. Ao submeter-se a um tipo de tratado que descaradamente favorece o Brasil, Portugal, o antigo dominador e actualmente um país decadente, ficará sempre visto aos olhos dos outros como se tendo rebaixado à sua ex-colónia, agora uma potência em ascenção.
Insisto em repetir que NADA, MESMO NADA tenho contra o Brasil.
(CONTINUA e segue-se a última parte)
Que a caca esteja convosco!
P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!
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