Pois é, há quase um ano que tirei a carta e chegou a altura de fazer um breve balanço. Até agora, continuo vivo e não matei nem aleijei ninguém, o que não é mau. Aleijei sim foi a minha algibeira. É que manter uma bicicleta não tem custo quase nenhum. Manter uma motorizada, pouco mais, há o seguro, o combustível, pouco, e a manutenção. Manter uma besta de montada anda ela por ela. Manter um automóvel é que é o Diabo. Seguro quase tão caro quanto o António José, selo, inspecção, mecânico a toda a hora, combustível a montes... Caramba, não há bolso que resista! Desde que me meti a conduzir, pouco dos meus parcos rendimentos sobra! Só no obrigatório por lei vai logo a maior fatia. Quererá o Estado dinheiro ou pôr-nos a andar a pé? Hummm... sabendo como aquela maltaza é, quer é o tostanito. Só pode, até porque muitas vezes ter viatura própria consegue sair mais barato que andar em transportes públicos. Depois há o outro lado. Uma viagem de carro é mais cómoda, principalmente em dias de condições atmosféricas mais adversas. No entanto, é uma carga de trabalhos metê-lo em muitos lugares sem garantirmos uma futura despesa numa oficina ou bate-chapas. Ter um carro é também bom para levarmos mais gente a passear connosco mas é uma garantia de que nos vamos meter num submundo de contornos pouco claros, lidando com mânfios que de outro modo seriam a evitar, desde mecânicos vampíricos, se não os soubermos escolher bem, a inspectores e eventuais agentes da autoridade pouco leais, que não vamos ser ceguinhos ao ponto de não admitirmos que não os há. Independentemente do nosso veículo, temos ainda de lidar com a gigantesca selvajaria que ocorre a toda a hora nas estradas. Há que ter olho muito vivo e uma boa dose de sorte para sobreviver num meio tão adverso, com criaturas perigosas a fazer manobras perigosas, desrespeitando tudo e todos e pondo as vidas deles e dos outros em risco.
Em suma, um carro é pior que uma renda. Não fosse a comodidade da viagem e a possibilidade de poderem ir eventualmente mais de duas pessoas num e uma pequena motorizada de 50cc seria de muito longe bem mais satisfatória e económica. Assim, para pequenos trajectos, o ideal é ir a pé ou de bicicleta. Para as médias distâncias, pé, bicicleta ou montada, que tem a desvantagem de não estar disponível a toda a hora mas vence em atravessar qualquer obstáculo. Motorizada ou mota também servem e não saem muito caras. Para longas distâncias, depende do caso e oscila entre automóvel e transporte público.
Aproveito a ocasião para tecer alguns comentários acerca das inspecções periódicas obrigatórias. Pessoalmente, acho que é importante haver uma fiscalização em prol da segurança. No entanto, o modo como as inspecções são feitas é um incentivo à corrupção. Vá lá, não sejamos ingénuos. Toda a gente já ouviu histórias acerca de malta que, a troco duns tostões, facilita a aprovação de veículos que, de outro modo, reprovariam sem pestanejar, se é que não passou por elas. É algo do senso comum, coisas que ninguém admite mas que se fala à boca cheia sem saber dizer quem, como e quando. E depois, para agravar a situação, há centros de inspecções que pertencem a donos de oficinas ou empresas de transportes ou que com elas têm relação. Quanto a mim, há que rever o modelo de centros que se pretende. É certo que não há modelos isentos de corrompimento mas ajudaria um que garantisse a independência de quem inspecciona, fosse a vistoria feita por autoridades do Estado ou não. Quanto menos subjectiva e mais objectiva, restringida a parâmetros específicos e efectuada por aparelhos sem possibilidade de manipulação humana melhor. Não é legítimo apontar o dedo aos governantes chamando-os corruptos e, ao mesmo tempo, falar em facilitismos. Não queremos que um dia nos apontem também o dedo, pois não?
Dito isto, vou ver se vou monstrualizar mais um bocado as vias públicas. BRLRRRAAAUUUUURR!!!
Que a caca esteja convosco!
P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!
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