domingo, 30 de novembro de 2025

Refinada Selecção: Brutto Suave

Já há algum tempo que não publicava nada nesta rubrica. É que o tempo é pouco e a Internet está a fervilhar de tudo e mais alguma coisa, pelo que é difícil seleccionar algo. Contudo, aí há tempos  sugeriram-me o visionamento de um vídeo e, por extensão, de todo um canal de YouTube, o de Brutto Suave. 

Brutto Suave é, evidentemente, o nome artístico por qual é conhecido um rapper e produtor de conteúdos cómicos que ficou muito recentemente conhecido pela criação de vídeos, supostamente produzidos por inteligência artificial, em especial o «Marquês», relativo a José Sócrates, o «Isto Não É o Bangladesh» e, claro, o «Cripto-Moedas». Para além disso, teve tanto e tão súbito sucesso que deu origem a uma linha de produtos comerciais relacionados com estas paródias, em geral peças de vestuário.

Os vídeos começam ou acabam com a seguinte mensagem ou são por ela acompanhados:

«As personagens deste vídeo, embora baseadas em pessoas reais, são ficcionais e foram criadas através de técnicas ultra-avançadas de I.A. apenas acessíveis a meia-dúzia de humanos.»

Como se não bastasse, e ainda na sequência do artigo que anteriormente publiquei sobre inteligência artificial, o homem continua a fazer verdadeiro serviço público num vídeo em que coloca André Ventura e Mariana Mortágua muito amigos e a advertir os espectadores a terem cuidado e serem críticos para com aquilo que vêem porque nem tudo o que há na Internet é real, muito é ficção e pode induzir em erro. O exemplo dado é aquele mesmo vídeo, de entre os outros do canal.

Também achei muita piada àquele casal oriental em viagem que se perde pelo caminho, chega a Portugal e dá de caras com um enorme cartaz que diz «isto não é o Bangladesh». Ficam contentes por ver que há um sítio com gente tão simpática que dá logo a indicação de que não é este o lugar aonde eles pretendem chegar, retrocedem e continuam a jornada à procura do Bangladesh.

Então e o de André Ventura e Carlos Moedas no elevador? E de Moedas a telefonar a Marcelo? Ou o da reunião do Chega? Ou da tentativa de José Luís Carneiro, Eva e Joacine tentarem criar um rap mais fixe que os três já referidos? Hilariantes ao máximo!

Claro que os melhores são os raps, só comparáveis aos do canal e verdadeira saga «Epic Rap Battles of History». O primeiro que vi foi o «Cripto-Moedas», que é o que tem mais que se lhe diga.


Fogo, até o boneco é espectacular. Já o vídeo dá azo a tanto riso quanto críticas. Não foram poucas.

Nele, é feita uma paródia em que Carlos Moedas critica directamente o seu antecessor na liderança da Câmara Municipal de Lisboa e se ergue em força apesar de lhe apontarem o dedo por causa do desastre do Elevador da Glória e de ser considerado «um choninhas». 

Aprendi uma coisa com o vídeo: não sabia que Carlos Moedas era de Beja. Quem diria? 

Em grande parte, a paródia faz-se às custas do desastre do Elevador da Glória e talvez a maneira como isso é feito não tivesse sido a mais feliz, até porque, convém lembrar, morreram 16 pessoas e o sucedido foi traumatizante para a cidade e para o próprio Moedas. Mesmo o autarca não é o choninhas armado em mauzão que ali aparece, embora eu compreenda que isso foi concebido para efeitos humorísticos. A cada passo, atira-se contra os estrangeiros e quase que se sente da parte do personagem um certo desprezo para com eles. Talvez o Cripto-Moedas seja assim mas o Carlos Moedas não. Quando se começou a falar em impor limites à imigração, ele foi um dos principais defensores da medida. Foi acusado de tudo e mais alguma coisa mas, como ele próprio disse, tinha legitimidade para opinar sobre o assunto porque a sua esposa é estrangeira. Também não percebi a introdução de Mariana Mortágua e Greta Thunberg, que mais parece Catarina Martins, no vídeo. Aparecem na flotilha a caminho da Palestina, aos beijos e abraços, vem de lá um míssil e rebenta com elas e com os navios. Isso não tem nada a ver com Lisboa ou Carlos Moedas. E depois, se elas jogam ou não noutro campeonato, isso é lá com elas. Enfim, o humor tem de ter limites. Tirando isso, está porreiro! Muito bem feito, com imagens perfeitas de realismo assombroso e perturbador e rimas impecáveis e acutilantes. Se não se conseguir rir ao ver o tele-disco, é inegável que até o maior trombudo soltará sonoras gargalhadas ao ver o Fernando Medina ser surpreendido e bolsar ou ao dar de caras com o Cripto-Moedas. Então e aquela Lis Boa? E as «moedetes»?

Seguiu-se o «Bangladesh». A vaca tourina não está perfeita, parece que foi plantada ali, tem uma luminosidade diferente do resto, mas se esquecermos isso, o vídeo está fenomenal. Até a voz de André Ventura é aqui mais parecida que a de Carlos Moedas no outro acima referido. Houve quem me tivesse dito que Brutto Suave devia ser do Chega. Em entrevista ontem ao Diário de Notícias, ele nega-o. Para mim, não precisava. Neste vídeo, ele faz uma crítica feroz a André Ventura e a Pedro Pinto. Ao primeiro, acusa-o de ser incoerente quando diz que é defensor da família mas depois nem foi sequer capaz ainda de fazer um filho e dá-lhe a entender uma certa taradice ao falar das belas montanhas de Portugal e dando como exemplo as da sua correlegionária Rita Matias. Tanto ele como Pedro Pinto são caracterizados como racistas «embora tenha um guarda-costas preto» (e, se bem me lembro, o braço direito de Ventura no partido há uns anos era um antigo amigo e colega seu de seminário, Luc Mobito, não exactamente branco), sendo que Pinto parecia era ter vontade de matar os estrangeiros. Estrangeiros estes que, note-se, estão sempre sorridentes. Pedro Pinto também aparece a brincar com bonecos de touros e a fazer fífias a vacas. Por último, Rita Matias, que fica presa na cozinha, o que me parece um ataque ao Chega, chamando-o de partido machista. A própria, quando não surge como vítima, está sempre em pose de vaidosa e armada em vedeta. Portanto, muito me espanta um chegano fazer um vídeo destes, a não ser que fosse um opositor à presente liderança. Não. Logo na altura achei que era só alguém a fazer humor sobre política, nada de mais.

O «Marquês» foi o último que vi e é tão acutilante a José Sócrates, o «Dono Disto Tudo», e Ricardo Salgado como a Luís Montenegro, entre outros. A produção está, a todos os níveis, soberba e épica. Até teve direito a cantora lírica com capacete cornudo e tudo! Numa breve expressão muito à Sócrates: porreiro, pá!

Crítica, arte e humor em altos níveis. Porém, como o autor frisa a cada instante, é tudo ficção em prol de entretenimento, mais nada. Não consta que alguém tenha levado a mal. O Chega até aproveitou uma estrofe de um refrão para ilustrar um cartaz de campanha: «isto não é o Bangladesh».

Aguardaremos todos, creio eu, as próximas paródias. É que o que faz falta é animar a malta!

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Inteligência artificial ou parvoíce natural?

 Há tempos, foi noticiado algo de inédito na História da Humanidade. Resta o futuro responder à minha dúvida quanto a se será uma curiosidade histórica ou um marco histórico. A Albânia passaria a ter uma ministra responsável pelos contratos públicos. Chama-se Diella, nome que quer dizer «Sol» em albanês, está em funções desde Janeiro como assistente e desde Setembro como ministra e a intenção é a de livrar os contratos públicos de qualquer forma de corrupção e tornar os processos o mais transparentes possível. Mas em que medida isto pode funcionar ou ter relevância global? É que a Dona Diella não existe fìsicamente, é um programa informático que funciona por inteligência artificial.


 

Este acontecimento veio agravar alguns dos meus receios. Compreendo a intenção de isentar os procedimentos de influências humanas. Bem sabemos que, como diz o provérbio, «quem mexe no mel, lambe os dedos», ou seja, que há sempre quem aproveite o tratamento de certos assuntos dos quais é responsável para beneficiar alguém ou mesmo ele próprio. Neste aspecto, este tipo de «utensílio virtual» até pode ser bastante proveitoso. Porém, tem as suas restrições. Não estaremos também assim a ignorar uma capacidade muito humana de resolução de problemas? Os automatismos, sejam máquinas ou programas informáticos, estão programados para agir de determinada forma e esta acção é limitada por aquilo para o qual foram concebidos ou pela programação que lhes foi dada. Portanto, a sua forma de desempenhar funções e resolver problemas é restrita. Ao invés, a mente humana pode ter limitações físicas e de conhecimentos mas tem a capacidade de agir segundo uma forma para a qual não foi programada. E isto porque tem imaginação, pensamento abstracto e capacidade de adaptação a uma situação. Daí deriva a arte, uma certa maleabilidade para apreciar e agir e o génio inventivo. E isto, por muito bem preparado e programado que seja, um automatismo jamais poderá fazer pois só faz aquilo para o qual foi programado fazer. Estaremos nós, humanos, a ficar tão alheios à realidade e estupidificados que nem confiamos uns nos outros para nos regermos a ponto de entregarmos o poder a entidades virtuais?

Durante décadas, assistimos todos a filmes e livros de ficção científica, como o «Exterminador Implacável» ou o «Matrix», por exemplo, em que a Humanidade se via dominada e perseguida por máquinas. Ao longo de todos esses anos, divertiamo-nos com eles por não passarem de mera imaginação e entretenimento. Com o passar do tempo, a tecnologia foi evoluindo e trazendo à realidade algo que pertencia ao domínio da ficção. Neste último ano então, a inteligência artificial conheceu um avanço espantoso e fez-nos ver que aquilo que até há pouco tempo só existia no imaginário agora é a realidade dos nossos dias.

Têm-se levantado vozes de alerta face a estas novas tecnologias. Em primeiro lugar porque a evolução tecnológica tem sido tão repentina que não consegue acompanhar o progresso das mentalidades, o que gera sempre situações perigosas. Para além disso, tanto estas novas tecnologias nos facilitam a vida que nos tornam ociosos, mesmo preguiçosos. Mais: o que há pouco tempo era difícil e demorado fazer em programas de som e imagem gerados por computador, hoje é relativamente simples e rápido com programas de inteligência artificial. E é, em geral, perfeito. Fazem um tão esplêndido serviço que chegámos ao ponto de, nos audiovisuais, mal conseguir distinguir o que é real do que é ficção. Aliás, uma parte considerável dos conteúdos da Internet é fictício. Ao ritmo crescente, estima-se que, daqui por cerca de cinco anos ou pouco mais seja mais de 90%! Isto coloca um problema, pois a veiculação de informação falsa possa levar a conhecimentos e conclusões errados, condicionando assim o comportamento das pessoas e, consequentemente, as suas vidas, as eleições, as acções governativas e militares e o funcionamento da economia. E nós aqui, sem darmos por isso e ainda agradecendo aos gingarelhos e programas informáticos por fazerem tudo por nós. 

Outros então têm curiosidade ou pura vontade ou interesse, seja económico, político ou militar, em que a inteligência artificial progrida e desvalorizam os receios daqueles que acham que devem haver limites.

Estaremos nós, humanos, a ficar tão alheios à realidade e estupidificados que nem confiamos uns nos outros para nos regermos a ponto de entregarmos o poder a entidades virtuais? Posso estar enganado e espero que sim mas penso que não vai ser nada engraçado quando alguma «entidade» de inteligência artificial chegar ao raciocínio lógico segundo o qual nós somos geríveis como gado ou produtos fabris ou à conclusão de que nós somos uma ameaça para o planeta e precisamos de ser erradicados.

Não se delimitem fronteiras de acção, não, e logo veremos o que nos acontece.

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Chega de comissões... e campanhas

A A.D. e o P.S. chumbaram as propostas do Chega e do Bloco de Esquerda para a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar os incêndios de 2017. De nada serve pois o partido de André Ventura pretende forçar a formação da comissão por via potestativa.

Já que se fala em Bloco de Esquerda, está a passar por uma fase de convulsão e ameaça desintegrar-se. O mesmo com o P.C.P. que, por mão do seu braço inter-sindical, a C.G.T.P., e, em parceria com a U.G.T., pretende fazer o país avançar para uma greve geral que soa a duvidosa e inexplicável. É que se a proposta de alteração ao Código de Trabalho é insatisfatória, temos de recordar que as negociações continuam, pelo que não é legítimo agir de má fé, como as centrais inter-sindicais o têm aparentemente demonstrado. Para além dos trabalhadores e utentes em geral, como é costume, e também os trabalhadores, quem se lixam são estes dois partidos, já de si agarrados a ideias desconexas da realidade e por consequência em queda livre. Também, não se perde nada.

O Governo também tem literalmente descarrilado em vários aspectos. Apanhou uma certa «febre costina» e deu-lhe para variar, no sentido enfermo do termo, com a privatização da T.A.P., logo agora que era lucrativa. A Saúde, considerada sector prioritário e para a qual eram prometidas medidas e melhorias em escassos meses, continua a agoniar. De experiência em experiência, ou melhor dizendo, de punhado em punhado de areia para os olhos, o Serviço Nacional de Saúde vai-se encaminhando para o colapso e subsequente extinção. E o mesmo alerto eu para a Segurança Social, meus caros. Mais uns anos e não haverá torrente de brasileiros ou indianos e afins que a possa valer. Que faz o Governo? Avança com uma reforma às chefias da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, que vai passar a ter dois comandos, uma estupidez acerca da qual eu já tinha falado, não é Senhor Henrique Pereira dos Santos? Insiste numa ligação de T.G.V. a Espanha que, não sendo má ideia (e não passa disso, de ideia), não trás grande benefício em tempo de viagem e exige uma gigantesca despesa, a qual podia ser gasta ou em poupança ou na manutenção e recuperação da rede ferroviária que já existe e suas valências de apoio. Bate também na tecla do novo aeroporto para Lisboa, quando já há o desaproveitado de Beja, e ainda fala num outro novo, desta vez militar, que substitua o de Figo Maduro, vai-se lá saber porquê. A sorte é que a falta de dinheiro crónica e a obsessão com o défice e o excedente vão permitir que os nossos governantes sosseguem com os seus bichos carpinteiros. Como se não bastasse, perante a previsão de uma descida considerável do preço dos combustíveis, o Governo ainda descongelou há dias o imposto sobre produtos petrolíferos, anulando em grande parte esta quebra.

Está bem, sim senhores. É no meio deste circo, com umas pitadas de futebóis e debates eleitorais como de costume vazios de conteúdos que o país continua a afundar-se. Por este andar, o Chega nem precisa de fazer campanha nas próximas eleições legislativas. Não fosse as pessoas terem memória curta e seria trigo limpo.

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

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A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!