domingo, 19 de janeiro de 2025

Morte de Coimbra-A, mais um prego no caixão de ferrovia

A 18 de Outubro de 1885, foi inaugurada a Estação de Coimbra-A, também conhecida por Estação Nova, visto que já havia uma outra, a de Coimbra-B, que servia a Linha do Norte. Esta agora seria um terminal do Ramal da Lousã, ao serviço da nossa bem conhecida C.P., então denominada Companhia Real dos Caminhos-de-ferro Portugueses, e permitia acesso ao centro da cidade. Entretanto, o volume de passageiros e mercadorias obrigou a uma ampliação de raiz e a estação entrou em obras em 1925. Seis anos depois, em 1931, um novo edifício, de aspecto mais clássico mas requintado e imponente, projectado por Cottinelli Telmo, foi inaugurado. E assim se manteve durante muitos anos, ao serviço dos utentes, dos Coimbrões em particular e, num sentido mais amplo, do país. Conheceu a visita de reis, presidentes e outras personalidades ilustres e as muitas vidas anónimas que por lá passaram. Mas os tempos estavam a mudar para mostrar que nada era eterno, nem mesmo o mais útil, lógico, sensato e belo e que se há algo que prevalece são os interesses e, claro, a estupidez.

A intenção de transformar o Ramal da Lousã num metropolitano de superfície, lá nos anos 90, levou ao encerramento de quase toda esta via em 2009-2010, do qual se exceptuou o troço entre as estações de Coimbra-A e Coimbra-B, que se manteve em funcionamento. Em 2017, o Governo deixou cair por terra a ideia do metro de superfície e optou por ligações de autocarros. Era o fim definitivo anunciado para o que sobrava do Ramal da Lousã. À meia-noite e vinte do dia 12 deste mês, a ligação ferroviária entre as duas estações cessou, o que determinou o encerramento da primeira destas edificações, 139 anos, 2 meses e 25 dias depois da primeira viagem de comboio.

Muita incúria e politiquice se moveu ou primou pela inércia, contribuindo para este desfecho, em particular da parte de sucessivos governos incompetentes, dentro dos quais se destaca um do qual fazia parte alguém que tratou do assunto e nada fez (Pedro Nuno Santos, então Ministro das Infra-Estruturas), e de um executivo camarário, também socialista, que decerto não vai ser reeleito e, como tal, pode dar-se ao luxo de meter a pata na poça até se afogar com tanta palermice que o seu presidente tem proferido sobre esta questão. E quem fica a perder é o povo, que necessita dos tão apregoados transportes públicos e agora ficou privado de mais um, cuja uma única composição só pode ser substituída por vários autocarros e sem a mesma eficácia. Fica também a perder por outro motivo: porque perde um valor patrimonial quer material quer imaterial. O Presidente da Câmara Municipal de Coimbra afirma que a estação não vai ser demolida, como se nós ainda continuássemos a acreditar em políticos. Porém, ainda que seja mantida, perde a sua função, passa a ser só mais um edifício jeitoso no meio da cidade. Perde a honra de servir Portugal. Perdem-se memórias. Perde-se um elemento cultural com significado próprio. Todos ficarão a perder, até os idiotas que conduziram ao seu fecho.

Esta é só uma das inúmeras «Coimbras-Ás» que existem no nosso cada vez mais triste país. Há tantas estações ao abandono de Norte a Sul, centenas delas. Umas mais pequenas e modestas, outras tanto ou mais monumentais que esta, mas todas constituem testemunhas de um tempo glorioso que acabou e da pobreza cada vez maior em que a nossa triste nação caiu. Os políticos podem falar muito em investimentos nos caminhos-de-ferro e de vez em quando lembrarem-se da palermice do T.G.V. mas tudo não passa de propaganda e manobras de diversão partidária e parlamentar. Não interessa que os comboios passem cada vez mais depressa. Interessa sim é que eles parem... e daqui a bocado não passam e muito menos param em quase lado nenhum. A verdade, nua e crua, caros pombos amigos e políticos em particular, é que a «Idade dos Comboios» chegou ao fim. Este foi só mais um prego no caixão de um morto há décadas. Resta-nos apenas lembrar com saudade outros tempos e preservar, ao menos, a memória.

Adeus, Coimbra-A!


 Fotografia do «Campeão das Províncias»

Que a caca esteja convosco!



P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

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AVISO IMPORTANTE: DADO O ELEVADO TEOR EM EXCREMENTOS CORROSIVOS, NÃO SE RECOMENDA A VISUALIZAÇÃO DESTE BLOG EM DOSES SUPERIORES ÀS ACONSELHADAS PELO SEU MÉDICO DE FAMÍLIA, PODENDO OCORRER DANOS CEREBRAIS E CULTURAIS PROFUNDOS E PERMANENTES, PELO QUE A MESMA SE DESACONSELHA VIVAMENTE EM ESPECIAL A IDOSOS ACIMA DOS 90 ANOS, POLÍTICOS SUSCEPTÍVEIS, FREIRAS ENCLAUSURADAS, INDIVÍDUOS COM FALTA DE SENTIDO DE HUMOR, GRÁVIDAS DE HEPTAGÉMEOS E TREINADORES DE FUTEBOL COM PENTEADO DE RISCO AO MEIO. ISTO PORQUE...

A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!