sexta-feira, 18 de abril de 2014

Adeus, Mocada!

Pois é, já lá dizia aquele famosíssimo tema dos Xutos e Pontapés, «O Homem do Leme», que «a vida é sempre a perder. Ao longo da vida vamos ganhando umas coisas e perdendo outras. Ganhamos amigos, experiência, conhecimento, habilidades, bens materais eàs vezes novos familiares. Ao invés, o tempo vai-nos retirando ora aos poucos ora aos moitões tudo aquilo que adquirimos, com frequência à custa de sacrifícios.

Já perdi a conta àqueles bons vizinhos, familiares e amigos que desapareceram da minha vida. Uns dispersados no seguimento das suas vidas próprias, outros tresmalhados por teias de enganos e outros infelizes cumpridores das mais elementares regras da existência, adormecidos no tenebroso sono perpétuo. E que dizer daqueles animais de estimação, desde os cães às galinhas e ao gado? Tantos foram eles, humanos e não humanos, desde a minha tenra idade até aos mais recentes dias, até às vésperas deste mesmo dia em que escrevo estas linhas. Porém, nem só os viventes trazem em si a vida, ainda que não vivam. Também os comuns objectos inanimados.

Às vezes, há pessoas que são censuradas por serem muito agarradas aos bens materiais e encherem as suas casas de trujias até ao tecto. Materialistas, chamam-lhes, ignorando que nem só o valor pecuniário ou o gosto de posse são associáveis a objectos. Algo de mais importante está neles depositado: as memórias. Frequentemente, a um objecto está associada uma ideia ou lembrança e só isso vale muito mais que qualquer associação monetária ou estética que se lhe possa fazer.

É no seguimento desta ideia que lamento a perda da Carrinha Mocada, ainda que para bem dela. A vida não está fácil, independentemente daquilo que o Governo e muitos dos economistas nos fazem crer, e a pobre exigia alguém que tivesse capacidade para a sustentar e dar-lhe os tratos de que ela tinha necessidade. Portanto, não tive outra solução senão deixá-la seguir para as mãos de quem melhor podia acarinhá-la do que eu. Para trás ficaram anos de viagens, tropelias, nervos, alegrias e muito trabalho, enfim, muitas lembranças, sem que eu tivesse concretizado o desejo dum quase solitário de viajar com ela repleta de gente.

Que será do Monstro da Estrada sem a sua enorme viatura só para doidos como eu? O tempo que tira tudo logo tirará também esta dúvida mas vai ficar aqui sempre a pena de, por muito bem aviado que venha a ficar, ter sido obrigado pelas circunstâncias a apartar-se da derradeira máquina de transporte rodoviário de passageiros e mercadorias.

Que a caca esteja contigo, saudosa Carrinha Mocada!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

2 comentários:

X-Filer disse...

Que eu saiba, quem enche a casa de trujia chama-se de "acumulador", não materialista... mas pronto.

Migas-o-Sapo disse...

Vá lá, antes acumulador que cleptomaníaco. Há para aí uma certa porção deles.

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A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!