
"Pois é, agora os rapazes e as raparigas vão ter de ficar 12 anos a ter de aturar aulas secantes", isto pensaria eu há uns 15 anos atrás ou isso assim se tivessem feito a alteração nesse tempo.
Diga-se de passagem que eu nunca fui muito à bola com a escola. Em primeiro lugar porque nunca me deixavam jogar à bola. Em segundo porque eu achava aquilo uma seca e andei lá enganado. Entrei na 1ª classe e pensei "bom, isto é só um ano, não deve custar muito". Acabei o ano e disseram-me:
-Muito bem, agora só faltam mais três e acabas a Primária.
-Mais três?! Mas isto não é só um?- protestei eu, indignado.
Lá fui eu gramando a coisa e cheguei ao fim da Primária. Depois disseram-me:
-Já está, agora tens é de ir para a Preparatória, a escolaridade é obrigatória até ao 6º ano.
-Quê?!- exclamei antes de ter de me deslocar da minha localidade para ir para uma nova escola. Azar dos azares, nesse ano prolongaram o ensino até ao 9º ano. Cheguei ao termo do 3º ciclo e pensei "já chega, estou farto, vou trabalhar". Caíram-me logo em cima aos magotes dizendo:
-Acabar aqui, qual quê? Desperdiçar uma cabecinha dessas, não não, vai mas é para a Secundária.
Ao cabo de seis anos de Secundária, já eu não via um quadro nem pintado, aconteceu-me o mesmo e tive de ir para a Universidade. Resultado: depois de 19 anos de escola, estou desempregado e pouco mais sei fazer do que ir às aulas.
Para o ano que vem, a escolaridade passa a ser obrigatória até ao 12º ano e eu pergunto: para quê? Será caso que nove anos não sejam mais do que suficientes para instruir uma pessoa e prepará-la com aprumo para uma vida social e laboral? No meu tempo, vi gente chumbar na 1ª classe seis anos seguidos. Hoje em dia já não se chumba ninguém. Então para que é que se vai à escola se não é para aprender? Para arruinar ainda mais as contas dos pais?
Pessoalmente, eu acho que a solução não passa por prolongar a escola ainda mais. Daqui a pouco somos uns velhos caquécticos e ainda estamos na escola. Nove anos é mais do que suficiente, deve-se sim é apostar numa instrução não só teórica mas de igual modo prática e com a garantia de que se possa dar emprego (ou pelo menos habilitação para isso) a quem conclua esse grau de ensino. Quem quiser prosseguir, força!
Querem fazer de todos doutores e engenheiros mas nem todos o podem ser. Pede-se o 9º ano para ser cantoneiro, por exemplo. Daqui a uns anos vejo exigir-se um Doutoramento em Ciências Tecno-Biológicas da Vassoura e dos Detritos para se poder varrer uma rua.
Haja bom senso! Prolongar o ensino para doze anos não resolve o problema da qualificação, agrava é o dos descontos para a Caixa e ajuda os moços a tornarem-se uns lancões profissionais. Doze anos de vadiagem é aliciante, ai nanques!
Rigor, qualidade, rapidez e eficácia, mais nada!
Que a caca esteja convosco!