terça-feira, 28 de outubro de 2014

Demografia e audio-visuais

Há quem diga que os meios de comunicação social, em particular os audio-visuais, estão cada vez mais saturados de cenas capazes de ferir a susceptibilidade dos espectadores mais sensíveis, nomeadamente no que diz respeito a má língua, violência, nudez e sexo. Acerca da linguagem incorrecta e à violência, é, de facto, reprovável a todos os níveis e não existe motivo para tal. Quanto às cenas de nudez e sexo, talvez se lhe possa encontrar uma explicação, por muito absurda que possa parecer à primeira vista. Mas que Diabo, isto é o Pombocaca, não é a revista da National Geographic! Se há baboseira que se possa dizer, diz-se aqui ou a seguir ao Conselho de Ministros!

Antigamente, havia uma elevada taxa de natalidade. A malta até costuma dizer que «não tinham televisão, tinham de se entreter com qualquer coisa». Entretanto, surgiram e difundiram-se o cinema, a televisão, os computadores, a Internet... Tivesse algo a ver ou não, a natalidade diminuiu. Aí há uns anos, os responsáveis de alguns jardins zoológicos da China começaram a aplicar uma técnica para incentivar a reprodução de ursos pandas, em vias de extinção, e teve ela grande sucesso. É que os pandas são muito tímidos e, para os ajudar a vencer essa barreira, os responsáveis começaram a mostrar-lhes cenas de documentários sobre pandas em que era ver os ursinhos no arrefinfanço.

Posto isto, fico eu cá a pensar. Não será esta sobrecarga de erotismo e pornografia nos meios de comunicação social uma estratégia encapotada para incentivar a população à natalidade? Eu cá não sei e se é, pode não dar em nada mas ao menos sempre alegra a vista e incentiva a pinocada ou só que seja a auto-fricção.

Alguém viu o David Attenborough
? Não? Bem me parecia.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Ciência Bizarra: «Teoria Científica Que Explica Porque É Que Dizem Que Os Alentejanos São Lentos»

Que é que se há-de fazer, eu adoro livros. Acho que são a mais prática, fácil, duradoura e acessível forma de guardar, difundir e perpetuar o conhecimento. Já alguém viu um livro «crashar», como os informáticos dizem, ou deixar de funcionar por falta de luz? São como a televisão, a Internet e, em última análise, as pessoas: encontra-se neles tudo, desde o mais interessante ao mais enfadonho, do mais correcto ao mais estranho. Tivesse eu mais tempo disponível e mais dedicava a eles. Claro que os meus olhos depois é que se queixam mas já se sabe como é que são os vícios, há sempre um senão.

Há tempos, andava eu a vaguear, em busca de um título interessante nas prateleiras de uma biblioteca e eis que dou de caras com um manuscrito, sim, aquela coisa raríssima que se faz escrevendo à mão, de 30 páginas intitulado «Teoria Científica Que Explica Porque É Que Dizem Que Os Alentejanos São Lentos». E esta, ein? Após uma detalhada explanação dos factores que interagem sobre o objecto de estudo, chega toda a argumentação a um corolário, uma tese sob a seguinte forma:

«(...) um alentejano é tanto mais lento quanto maior for a resultante das forças e factores que sobre ele actuam mais a relação do ritmo de vida do Alentejo comparado com o local de proveniência do forasteiro visitante e a lentidão do Alentejo é directamente proporcional à lentidão do conjunto de todos os alentejanos ou à aparente lentidão dos alentejanos do ponto de vista do forasteiro visitante embora este não contribua em nada para a lentidão do Alentejo e dos alentejanos mas sim para a sua aparente lentidão. Quer isto dizer que só as forças e factores que actuam sobre os alentejanos fazem com que eles sejam lentos. O resto é só aparência devido ao diferente ritmo de vida de, por exemplo, Serpa e Coimbra.»

Muito bem.

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Pão Por Deus e Dia das Bruxas

Estamos a chegar a mais uma época festiva dos Santos e mais uma vez deixo aqui o apelo. Não nos esqueçamos daquilo que é nosso, puro e original. Lembremo-nos da nossa festa dos bolinhos ou do pão por Deus, festividade de raízes muito antigas e com origem nos tempos das culturas pré-romanas em que os vivos iam deixar oferendas aos seus entes queridos mortos e outros, normalmente os mais pobres, pediam pão como paga para rezarem pelas almas desses. Séculos após séculos, numerosas gerações de crianças (pois a uma criança não se nega pão) vagueavam pelas ruas e campos a pedir para depois, no dia 2 de Novembro, Dia dos Fiéis Defuntos e, como consta em alguns documentos antigos, «Dia do Pão Por Deus», repartir pelos mais carenciados, com frequência os próprios.

Hoje em dia, há quem diga que devia ser Natal todos os dias. Na realidade, bêque-me é mas é Carnaval todos os dias. O costume anglo-saxónico e fortemente americanizado e comercializado do Dia das Bruxas veio fazer tábua rasa sobre esta antiga tradição nossa. Agora, em vez de gaiatos a pedir bolinhos ou pão por Deus, temos bandos de pirralhos disfarçados de criaturas das trevas a pedir doces sob a ameaça de pregar alguma partida. Muito bem, temos aqui as bases dum curso para futuros chantagistas e os diabetes agradecem tanto açúcar.

Já sabes como é que é. Se veres alguém disfarçado de bruxa ou de Drácula «à lá Christopher Lee», aplica-lhes uma bolinhada na abóbora que é para lhes... derreter as calorias!

Que a caca esteja convosco!

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Considerações de um Monstro da Estrada

Pois é, há quase um ano que tirei a carta e chegou a altura de fazer um breve balanço. Até agora, continuo vivo e não matei nem aleijei ninguém, o que não é mau. Aleijei sim foi a minha algibeira. É que manter uma bicicleta não tem custo quase nenhum. Manter uma motorizada, pouco mais, há o seguro, o combustível, pouco, e a manutenção. Manter uma besta de montada anda ela por ela. Manter um automóvel é que é o Diabo. Seguro quase tão caro quanto o António José, selo, inspecção, mecânico a toda a hora, combustível a montes... Caramba, não há bolso que resista! Desde que me meti a conduzir, pouco dos meus parcos rendimentos sobra! Só no obrigatório por lei vai logo a maior fatia. Quererá o Estado dinheiro ou pôr-nos a andar a pé? Hummm... sabendo como aquela maltaza é, quer é o tostanito. Só pode, até porque muitas vezes ter viatura própria consegue sair mais barato que andar em transportes públicos. Depois há o outro lado. Uma viagem de carro é mais cómoda, principalmente em dias de condições atmosféricas mais adversas. No entanto, é uma carga de trabalhos metê-lo em muitos lugares sem garantirmos uma futura despesa numa oficina ou bate-chapas. Ter um carro é também bom para levarmos mais gente a passear connosco mas é uma garantia de que nos vamos meter num submundo de contornos pouco claros, lidando com mânfios que de outro modo seriam a evitar, desde mecânicos vampíricos, se não os soubermos escolher bem, a inspectores e eventuais agentes da autoridade pouco leais, que não vamos ser ceguinhos ao ponto de não admitirmos que não os há. Independentemente do nosso veículo, temos ainda de lidar com a gigantesca selvajaria que ocorre a toda a hora nas estradas. Há que ter olho muito vivo e uma boa dose de sorte para sobreviver num meio tão adverso, com criaturas perigosas a fazer manobras perigosas, desrespeitando tudo e todos e pondo as vidas deles e dos outros em risco.

Em suma, um carro é pior que uma renda. Não fosse a comodidade da viagem e a possibilidade de poderem ir eventualmente mais de duas pessoas num e uma pequena motorizada de 50cc seria de muito longe bem mais satisfatória e económica. Assim, para pequenos trajectos, o ideal é ir a pé ou de bicicleta. Para as médias distâncias, pé, bicicleta ou montada, que tem a desvantagem de não estar disponível a toda a hora mas vence em atravessar qualquer obstáculo. Motorizada ou mota também servem e não saem muito caras. Para longas distâncias, depende do caso e oscila entre automóvel e transporte público.

Aproveito a ocasião para tecer alguns comentários acerca das inspecções periódicas obrigatórias. Pessoalmente, acho que é importante haver uma fiscalização em prol da segurança. No entanto, o modo como as inspecções são feitas é um incentivo à corrupção. Vá lá, não sejamos ingénuos. Toda a gente já ouviu histórias acerca de malta que, a troco duns tostões, facilita a aprovação de veículos que, de outro modo, reprovariam sem pestanejar, se é que não passou por elas. É algo do senso comum, coisas que ninguém admite mas que se fala à boca cheia sem saber dizer quem, como e quando. E depois, para agravar a situação, há centros de inspecções que pertencem a donos de oficinas ou empresas de transportes ou que com elas têm relação. Quanto a mim, há que rever o modelo de centros que se pretende. É certo que não há modelos isentos de corrompimento mas ajudaria um que garantisse a independência de quem inspecciona, fosse a vistoria feita por autoridades do Estado ou não. Quanto menos subjectiva e mais objectiva, restringida a parâmetros específicos e efectuada por aparelhos sem possibilidade de manipulação humana melhor. Não é legítimo apontar o dedo aos governantes chamando-os corruptos e, ao mesmo tempo, falar em facilitismos. Não queremos que um dia nos apontem também o dedo, pois não?

Dito isto, vou ver se vou monstrualizar mais um bocado as vias públicas. BRLRRRAAAUUUUURR!!!

Que a caca esteja convosco!

P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

Maddie: breves passos de uma estranha conspiração

Há anos que a comunicação social nos bombardeia com o caso Maddie, um dos mais bizarros alguma vez investigados em Portugal. E quando pensamos que nada de mais estranho há-de aparecer acerca disto, eis que novos indícios e desenvolvimentos vêm a lume. Enumerá-los em pormenor é uma tarefa quase titânica, tal não é a complexidade de um caso aparentemente simples à partida e a quantidade de tinta que isso tem feito escorrer. Assim, vamos sintetizar tudo o mais possível, passo a passo, que é para chegarmos aonde é pretendido sem nos perdermos em demasiados pormenores.

1 - Madeleine McCann, mais conhecida como Maddie, desaparece do Ocean Club, na Praia da Luz. A janela foi partida de dentro para fora, os irmãos mais novos continuavam a dormir profundamente apesar do aparato de gente no local e os pais desde logo que afirmaram que nada mais podia ter acontecido que o rapto.

2 - A investigação levada a cabo pela Polícia Judiciária apontava em como o único cenário possível para o desaparecimento da miúda tivesse sido a morte e que os pais teriam algo a ver. Vamos ser sinceros. Nós cá em Portugal não somos assim tão ingénuos. Quase toda a gente ficou desde logo fortemente convencida disso.

3 - Mapa Cor-de-Rosa, Parte II. As autoridades diplomáticas e policiais da Inglaterra metem-se ao barulho e agem à vontade perante um Governo Português subserviente e fraco, fosse ele do Sócrates ou agora do Coelho. A Scotland Yard faz o que entende em Portugal, mandando e desmandando, pondo e dispondo, acusando, muito convenientemente, mortos da autoria do crime e, claro, passeando muito. Muitas operações de cosmética. Provas é que nem vê-las, até porque essas tem-as a Polícia Judiciária muito bem guardadas, sabe-se lá onde.

4 - Enquanto o casal McCann é apoiado de todos os modos, incluindo muito dinheiro, viaja que se farta, encontra-se com altas individualidades, até com o Papa, e goza de uma protecção diplomática e jurídica muito fora do comum, os investigadores portugueses são perseguidos e silenciados ou desacreditados quano possível. Que o diga o Inspector Gonçalo Amaral, expulso da Polícia Judiciária e alvo de vários processos em tribunal e até de censura (em democracia!).

5 - E eis que houve uma cidadã inglesa que quebrou o tabu existente em terras de Sua Majestade e questionou a seriedade da investigação levada a cabo pelas autoridades britânicas e a do casal McCann. Expôs o seu ponto de vista na Internet. Entretanto, foi descoberta e a sua identidade revelada na televisão por um jornalista pró-McCann que lhe fez uma espera à porta de casa. Começou a receber ameaças. Deixou o aviso de que se alguma coisa lhe acontecesse, toda a gente deveria duvidar da causa oficial da sua morte. Dias depois, apareceu morta num quarto de hotel em Leicestershire. A causa oficial de morte foi apontada como sendo... suicídio! O médico legista recusou-se a aceitar esta conclusão pois os indícios por ele encontrados não apontam senão no sentido oposto e entrou em rota de colisão com as autoridades.

 6 - Para adensar ainda mais o caso, descobre-se que as autoridades do Reino Unido têm uma lista de gente céptica e crítica à investigação e ao casal McCann.

Perante tudo isto, só me ocorre uma pergunta. Independentemente do casal McCann ter sido ou não o responsável pela morte da própria filha, é por demais evidente que goza de um estatuto junto do Estado Britânico que nenhum outro goza. E a pergunta é: porquê? Será que as autoridades inglesas mantêm esta fachada para não admitirem que erraram a respeito deles? E seja a resposta sim ou não, porquê? Sempre o porquê! Serão os McCann mais importantes do que aquilo que nós pensamos? Porquê?

Que a caca esteja convosco!

P.S.: O Hernâni Carvalho que se ponha a pau, até porque a malta gosta dele mas ele sabe umas quantas coisas. Força, Hernâni!


P.P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Crítica Literária: «A Ponte» e «A Pastora Liza» de Guilhermina Filipe

Há malta que me diz que eu sou um inculto, um analfabruto troglodita. Pois eu agora e num outro artigo de futuro vou provar que sou mesmo um troglodita «aincultural», se é que me faço entender. Ora não há melhor modo de demonstrar esta brutidade toda que analisando um livro. Melhor: dois livros!

Hoje temos «A Ponte» e «A Pastora Liza», de Guilhermina Filipe, ou Ghilhermina, como, por lapso ou de propósito, aparece escrito nos livros. Vamos ao ataque.

«A PONTE»
- Género - Trata-se de uma auto-biografia parcial. A autora descreve parte da sua vida, com foco em certos episódios encadeados, desde a sua infância, na aldeia de Tinalhas, Concelho de Castelo Branco, Beira Baixa, até à época em que morava e trabalhava em Albufeira, Algarve. Foi publicado em Dezembro de 2013, em simultâneo a «A Pastora Liza».  

- Organização - O livro tem uma introdução, com uma ligeira descrição de Tinalhas e onde se lança o mote para o livro, como se verá na «crítica» deste artigo. Desenrola-se depois a narrativa sem divisão por capítulos, ao longo de 31 páginas, às quais se seguem três dum poema em rimas brancas, ou seja, que não rima coisa alguma.

- Crítica - Este livro é de uma edição de autor, como vem na capa, pelo que não saiu ao público pela mão de nenhuma editora. Vendo nem se quer é preciso que seja muito bem a coisa, instantaneamente chegamos à conclusão que jamais editora alguma cometeria o suicídio de o fazer. Quando agarramos num exemplar, olhamos para a capa e temos logo a particularidade de lhe encontrar escrito aquilo que deveríamos constatar só no fim, que é a moral da história (não «História», como ela erradamente escreveu, que é outra coisa diferente). Diz ela:

«Moral da História: NÃO DESCUIDES VOSSOS FILHOS MENORES NAS MÃOS DE UM MÉDICO. PODE SER FATAL!»

Médico? Mas médico quê? Médico psicopata? Médico pedófilo? Médico político? Não? Então com uma construção da frase assim, não são os menores que precisam de ir ao médico. «Não descuides vossos filhos...» Logo aqui ficamos com a sensação de que isto não vai acabar nada bem... Os nossos receios ficam confirmados ao ler a Introdução, nomeadamente logo no primeiro parágrafo, onde se lê: «Ele dizia-me, se escreveres um livro, escreve com merda, porque isto é tudo merda, e maldito seja a hora em que nesta terra nasci.» A citação está tal e qual, letra por letra e acho que aqui ficou logo tudo dito. Temos aqui os primeiros ingredientes de uma receita para o desastre. Depois, a história desenrola-se, cheia de analepses e prolepses com frequência introduzidas sem dizer «água vai», ao sabor caprichoso e inconsequente de uma memória divagante. Não? Então vamos só ver um de vários casos. Página 23:

«E o milagre aconteceu, deixei de sentir quele [sic] pús [sic] que me empava [sic] a boca
Tudo isto eu tinha esquecido, não fora a compra da casa onde passei a minha primeira infância.
Casa essa que com alma viva me fez lembrar tudo o que eu esquecera em quarenta anos.
Mas ainda não falei da minha primeira escola.
Quando ia para a escola (...).»

Mais bizarro ainda é que aparece aquele tal aviso na capa sob a forma duma ridícula «moral da história» e ficamos com a sensação de virmos a deparar com alguma situação que, de qualquer modo, constituiu uma violação ao código ontológico, uma grosseria sob o ponto de vista ético, algo que um qualquer médico tivesse feito a ela enquanto menor ou a algum seu familiar ou amigo. Não, nada de mais acontece. É visado um tal Dr. Calaça ou Calassa, visto que aparecem as duas formas no texto e ficamos sem saber qual é a correcta mas nunca em nenhuma situação comprometedora sob qualquer ponto de vista. Apenas a autora tinha uma raiz dum dente infectada e andou anos amedrontada com a possibilidade da morte iminente com um cancro imaginário pois o médico procurou explicar-lhe melhor qual o problema dizendo-lhe que era provocado por uns bichinhos na boca. Que outra coisa poderia dizer a uma criança sem qualquer noção básica de Medicina? Para além disso, a narrativa oscila entre as considerações biográficas, a crítica política e social, as fadas, as descrições e sabe-se lá que mais com frequência sem grandes cuidados de manter uma relação entre os temas ou um fio condutor. O próprio porquê do nome ser «A Ponte» permanece um mistério aos distraídos. Já os atentos reparam que, no quarto parágrafo da página 18, diz:

«O Alentejo é como um mar que eu tenho de atravessar, para fazer a ponte entre Tinalhas e Albufeira.»

Sùbitamente, tudo acaba na página 31 e dá lugar ao tal poema onde não há métrica nem rima. Os próprios «versos» não fazem grande sentido. Eis um exemplo. Quinta estrofe:

«Mas a poesia essa vem atrás
do despravado amor
aproveitando a ocasião
pois ela sabe decerto
que o passarinho canta melhor
se lhe cortarem as asas»
[sic, sic, sic, tvi, rtp...]

Reminiscência da obra de Vincent Price ou alegoria sobre o efeito da depilação púbica? Boa pergunta... E por fim a cereja no topo do bolo. Na décima terceira de 16 estrofes, eis que se dá a estranha invocação... pela Síria?! Estranho para uma auto-biografia, o que só não estranha mais porque, a esta hora, já estamos entranhados de tantas coisas estranhas.

- Veredicto - O livro apresenta alguns retratos muito interessantes da vida em Tinalhas e Albufeira nas décadas de 60, 70 e 80 do século XX, testemunhos curiosos e preciosos para um estudo futuro e melhor compreensão da vida nas duas terras. Também ocorrem pontualmente boas tiradas e passagens de génio da melhor qualidade literária. Contudo, isto são gotas de água num oceano. Nota-se que o livro teve como único objectivo criticar algumas pessoas em específico, com destaque para o Dr. Calaça/Calassa/Chalaça, mas nem nisso foi bem sucedida. Em geral, tudo aqui é mau a um nível atroz. A história não está bem contada, é de estrutura anárquica, não tem um fio condutor, está pejada de desvios e divagações, já para não falar nos saltos espaço-temporais que deixariam o Doutor Emmett L. Brown a largar fumo pelas orelhas e dizer «great scot!» em modo de disco riscado. A linguagem é péssima, pejada de más construções das frases, arrepiantes conjugações verbais, gralhas e erros ortográficos impossíveis de inserir como correctos em qualquer regra de escrita da língua portuguesa. Portanto, este é um livro a não ler, a não ser que procuremos os tais retratos da vida quotidiana ou nos queiramos urinar a rir com tantos atentados à literatura, à língua e à escrita. A bem dizer, maior atentado cometeu a autora, ao ter tido a despesa de publicar tamanha nulidade literária.

«A PASTORA LIZA»

- Género - É um pequeno romance que foi concebido como conto infantil mas que, como a saga do Harry Potter, degenerou em algo muito diferente. Foi publicado em Dezembro de 2013, em simultâneo a «A Ponte».

- Organização - Nenhuma, a história decorre em 14 páginas sem divisão por capítulos.

- História - Liza, uma jovem pastora, andava a apascentar o seu rebanho no Monte de Balfeche, perto de Tinalhas, quando apareceu Eiateclil, o rapaz, mais ou menos da mesma idade de Liza. Ordena-lhe com rudeza que abandone com as suas cabras a terra, que lhe pertencia. Depois de uma discussão, vai cada um para seu lado mas ficam ambos a matutar no sucedido. Tanto era o ódio que nutriam um pelo outro que se apaixonaram. Tudo acaba com os dois juntos.

- Crítica - O livro junta um conjunto de frases e ideias feitas de modo encapotado a uma história que se pretende romântica mas que acaba por ser patética. Como podem dois tipos de classes sociais muito distintas que se encontram uma vez, mordem-se que nem cães, ficam com ódio um ao outro e, no encontro seguinte, já derretidos de amores, abraçam-se calorosamente? Mais inverosímil que os «Transformers»...

- Veredicto - Ainda bem que a autora gosta de nos pôr de sobreaviso. Na contracapa aparece escrito:

«Em Tinalhas no Monte do Balfeche um cavaleiro surge por entre pedras e tojos Liza reivindica o direito universal da terra a reforma agrária.»

A ausência da quase totalidade da pontuação e a menção à reforma agrária remete-nos para o P.R.E.C. e aí ficamos logo outra vez com a impressão que aquilo, tal como «A Ponte», também não vai dar nada bom resultado. Toda a gente sabe que juntar ideologia comunista a um romance pseudo-infantil não é das misturas que melhor se digerem. Ao abrir o livro, obtemos a confirmação na dedicatória, que está no reverso da capa:

«Dedico aos mais belos pirilampos que na noite escura brilham Dedico à Susana e Beatriz duas luzes brilhantes na noite escura»

Dedicar o livro aos pirilampos é estranho mas dedicar duas luzes brilhantes a uma tal Susana e Beatriz é algo verdadeiramente bizarro. Quanto à história, é inconsequente, irracional e, de tão má que é, apesar de simples e linear, de desfecho paradoxalmente previsível. O resto é o mesmo que se diz acerca d'«A Ponte». A linguagem é péssima, pejada de más construções das frases, arrepiantes conjugações verbais, gralhas e erros ortográficos impossíveis de inserir como correctos em qualquer regra de escrita da língua portuguesa. Portanto, este é um livro a não ler, a não ser que nos queiramos descascar a rir com tantos atentados à literatura, à língua e à escrita ou, pelos mesmos motivos, cortar os pulsos e vazar os olhos como garantia de que nunca mais iremos ler um crime daqueles. A bem dizer, maior atentado cometeu a autora, ao ter tido a despesa de publicar tamanha nulidade literária.

***

Fala-se tanto em proteger o meio ambiente e a saúde pública. Porque não começar a fazê-lo evitando publicar coisas destas. Não só não seriam sacrificadas árvores para virem a ser transformadas em papel para tão tristes finalidades como se evitaria o enlouquecimento de eventuais leitores, em particular os letrados e intelectuais, e seu consequente internamento nos hospícios. Bizarria das bizarrias é que ambos os volumes contam com uma segunda edição! Tenebroso, não é?

Que a caca esteja convosco!


P.S.: NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO!!!


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A CACA DE POMBO É CORROSIVA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!